Queda dos juros incomoda o Estadão
Por Altamiro Borges
A ata da 167ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada ontem, não agradou os agiotas do capital financeiro. Ela sinaliza que a queda da taxa básica de juros, a Selic, deverá prosseguir nas suas próximas reuniões. Apesar da ata enfatizar que a redução será feita “com parcimônia”, os chamados analistas de mercado não gostaram do que leram. O jornal Estadão, hoje totalmente associado ao capital financeiro, foi um dos mais enfáticos nas críticas ao BC.
Em editorial hoje, o jornalão conservador afirma, já no título, que o “otimismo do Copom tem bases muitos frágeis”. Mesmo com os dados recentes sobre a queda da inflação, que desmoralizaram os urubólogos da mídia, o Estadão acha que é muito cedo para o governo adotar novas medidas de estímulo ao crescimento econômico – como a redução dos juros e o aumento do crédito.
Receituário neoliberal
“Existe a ilusão de que basta aumentar o crédito (o que em certas circunstâncias é um perigo) para que as famílias aumentem suas compras. Estamos, porém, diante de um quadro novo em que o aumento excessivo do endividamento conduz as famílias a reduzir seus gastos e a evitar novas dívidas, situação que pode se prolongar”, alerta o diário, que insiste em responsabilizar as “famílias” pelas dificuldades econômicas – sempre livrando a cara dos banqueiros e das corporações capitalistas.
Para o Estadão, o governo Dilma deveria se preocupar exclusivamente com a saúde do capital, reduzindo a “gastança” pública e estimulando a competitividade. Neste sentido, o jornal não se cansa de pregar a redução dos tributos dos ricaços, a flexibilização das leis trabalhistas, novas regressões na Previdência Social e outras medidas de corte neoliberal. A desculpa usada é sempre a do perigo da alta dos preços. Daí seu veredito final no editorial. “A inflação deveria merecer muito mais cuidado da parte do Copom”.
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