quarta-feira, 30 de março de 2011

VERDADES SOBRE OS GOLPISTAS DE HONDURAS


Original no blog:


Por Sergio Ferrari | Tradução Cauê Seigne Ameni
Apesar do governo hondurenho apresentar sensíveis melhorias, “os direitos humanos continuam a ser violados sistematicamente” em Honduras. A denuncia foi apresentada na terceira semana de março em Genebra, por onze representantes da sociedade civil do país. O material foi sintetizado por Carolina Sierra, do Forum das Mulheres pela Vida, rede que trabalha principalmente no norte de seu país. Ela está em Genebra para observar, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o Exame Periódico Universal (EPU) sobre Honduras.
O Conselho dos Direitos Humanos da ONU, iniciou uma primeira fase do Exame Periódico Universal sobre Honduras em novembro de 2010. Definiu uma extensa lista de recomendações para corrigir as violações dos direitos fundamentais. Em 17 de março, avaliou o estado atual da situação. Representantes oficiais da Tailândia, Reino Unido e da Federação Russa, designados pelo Conselho, apresentaram seus informes.
Ana Pineda, Ministra de Justiça e dos Direitos Humanos de Honduras, foi a porta-voz do governo. Procurou afirmar com insistência, em sua fala, efetiva melhora no cenário. Sobre as 129 recomendações formuladas pelo Conselho, afirmou: “um certo número de medidas já estão sendo implementadas”.
Cada representante da sociedade civil hondurenha presente em Genebra, pode expressar sua visão crítica em minúsculos informes de dois minutos. Treze porta-vozes de organizações internacionais tomaram a palavra nos debates. Alguns deles reconheceram os progressos parciais. A maioria reiterou criticas substantivas.
Os relatos mais críticos foram da Organização Mundial contra Tortura, assinalando 92% de impunidade sobre as violações; a Federação Internacional das Ligas dos Direitos do Homem contabilizou 200 homicídios em 2010, com impunidade total; e o Centro pela Justiça e o Direito Internacional, afirmou que Honduras “não respeitou nenhuma recomendação para melhorar o sistema institucional e judicial”.
“O governo de Porfirio Lobo Sosa implementou uma campanha intensa para convencer a comunidade internacional, elaborando uma mensagem de respeito aos direito humanos”, explica Carolina Serra, jovem jornalista e comunicadora social. No entanto, “sabemos perfeitamente a verdadeira realidade daqueles que sofrem violações e repressões”, ressalta. “Um paradoxo, por exemplo: no mesmo 17 de março em que Honduras era submetida ao exame pelo Conselho de Genebra, repressão selvagem atingia greve convocada pela Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP)”.
Por isso, a organização Combater a Fome com Direitos Humanos (FIAN International) lançou em Tegucigalpa comunicado denunciando “ações brutais contra os manifestantes”. E pediu que a comunidade internacional mantenha a “pressão para parar com a repressão… de que são vítimas amplos setores da população hondurenha”.
Em paralelo, a Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc) apresentou, no México, documento crítico denunciando que “a liberdade de expressão segue em retrocesso, apesar dos compromissos assumidos pelo governo (de Porfirio Lobo) ante as Nações Unidas”. A organização registrou, em 2010, dez casos de mortes violentas de jornalistas, uma das cifras mais altas de todo o continente latino-americano.
“Além desses assassinatos devem ser mencionadas a perseguição às rádios comunitárias e aos meios de comunicação alternativos”, enfatiza Carolina Sierra. A jornalista avança uma lista de exemplos: “Quase diariamente, dirigentes sociais da resistência são ameaçados, reprime-se toda manifestação cidadã contra o regime; e implanta-se uma política de exclusão permanente, com violência da gestão dos recursos naturais estratégicos, inclusive contra a vontade das comunidades locais”.
O último caso que comoveu a opinião pública hondurenha foi o assassinato da professora Ilse Velásquez, durante as manifestações realizadas na terceira semana de março. O Comitê dos Familiares Detentos e Desaparecidos de Honduras (Cofadeh) lamentou a morte desta defensora dos direitos humanos. Ela era irmã de Manfredo Velásquez, desaparecido na década de 1980, no primeiro caso desta natureza nesse país levado à Corte Internacional de Direitos Humanos. Honduras foi condenada na época.
Esses dramáticos exemplos “não nos fazem esquecer outros temas que se convertem em dramas, como o assassinato de mulheres. Registramos 64 casos nos dois primeiros meses de 2011 — ou um assassinato por dia, em média”.
Com o agravante, insiste Sierra, de que não há, nem  para esses crimes, nem nas violações de direitos humanos em geral, nenhum processo jurídico. Tudo cai na impunidade mais profunda. Apenas 13% dos assassinatos contra as mulheres convertem-se em investigações ou processos,” analisa.
“As organizações da sociedade civil devem apropriar-se do Exame Periódico realizado pelo Conselho de Direitos Humanos. É um mecanismo novo, que nos permite desmentir os relatos oficiais que falam em “melhoras significativas” irreais, reflete a ativista. E prossegue: “Estamos conscientes de que precisamos, a partir de Honduras, manter no imaginário coletivo de todos os compatriotas e da sociedade civil internacional, o apelo para que não nos esqueçam”.
Ainda que Honduras não seja, numa conjuntura tão complexa, um tema prioritário da agenda internacional, Sierra insiste: “é fundamental que os governos, as ONG, os movimentos sociais e dos direitos humanos sigam pressionando para que se enxergue realmente o que padecemos”.
Ela lembra que, meses após o golpe de estado de junho de 2009, houve eleições com direitos limitados, o que facilitou a chegada ao governo, em janeiro de 2010, do atual presidente Porfirio Lobo Sosa. O governante “representa a continuidade do golpe que atingiu a democracia e, portanto, não é reconhecido por uma parte importante da comunidade internacional, especialmente nos países latino-americanos”, conclui.

VERDADES SOBRE OS GOLPISTAS DE HONDURAS


Original no blog:


Por Sergio Ferrari | Tradução Cauê Seigne Ameni
Apesar do governo hondurenho apresentar sensíveis melhorias, “os direitos humanos continuam a ser violados sistematicamente” em Honduras. A denuncia foi apresentada na terceira semana de março em Genebra, por onze representantes da sociedade civil do país. O material foi sintetizado por Carolina Sierra, do Forum das Mulheres pela Vida, rede que trabalha principalmente no norte de seu país. Ela está em Genebra para observar, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o Exame Periódico Universal (EPU) sobre Honduras.
O Conselho dos Direitos Humanos da ONU, iniciou uma primeira fase do Exame Periódico Universal sobre Honduras em novembro de 2010. Definiu uma extensa lista de recomendações para corrigir as violações dos direitos fundamentais. Em 17 de março, avaliou o estado atual da situação. Representantes oficiais da Tailândia, Reino Unido e da Federação Russa, designados pelo Conselho, apresentaram seus informes.
Ana Pineda, Ministra de Justiça e dos Direitos Humanos de Honduras, foi a porta-voz do governo. Procurou afirmar com insistência, em sua fala, efetiva melhora no cenário. Sobre as 129 recomendações formuladas pelo Conselho, afirmou: “um certo número de medidas já estão sendo implementadas”.
Cada representante da sociedade civil hondurenha presente em Genebra, pode expressar sua visão crítica em minúsculos informes de dois minutos. Treze porta-vozes de organizações internacionais tomaram a palavra nos debates. Alguns deles reconheceram os progressos parciais. A maioria reiterou criticas substantivas.
Os relatos mais críticos foram da Organização Mundial contra Tortura, assinalando 92% de impunidade sobre as violações; a Federação Internacional das Ligas dos Direitos do Homem contabilizou 200 homicídios em 2010, com impunidade total; e o Centro pela Justiça e o Direito Internacional, afirmou que Honduras “não respeitou nenhuma recomendação para melhorar o sistema institucional e judicial”.
“O governo de Porfirio Lobo Sosa implementou uma campanha intensa para convencer a comunidade internacional, elaborando uma mensagem de respeito aos direito humanos”, explica Carolina Serra, jovem jornalista e comunicadora social. No entanto, “sabemos perfeitamente a verdadeira realidade daqueles que sofrem violações e repressões”, ressalta. “Um paradoxo, por exemplo: no mesmo 17 de março em que Honduras era submetida ao exame pelo Conselho de Genebra, repressão selvagem atingia greve convocada pela Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP)”.
Por isso, a organização Combater a Fome com Direitos Humanos (FIAN International) lançou em Tegucigalpa comunicado denunciando “ações brutais contra os manifestantes”. E pediu que a comunidade internacional mantenha a “pressão para parar com a repressão… de que são vítimas amplos setores da população hondurenha”.
Em paralelo, a Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc) apresentou, no México, documento crítico denunciando que “a liberdade de expressão segue em retrocesso, apesar dos compromissos assumidos pelo governo (de Porfirio Lobo) ante as Nações Unidas”. A organização registrou, em 2010, dez casos de mortes violentas de jornalistas, uma das cifras mais altas de todo o continente latino-americano.
“Além desses assassinatos devem ser mencionadas a perseguição às rádios comunitárias e aos meios de comunicação alternativos”, enfatiza Carolina Sierra. A jornalista avança uma lista de exemplos: “Quase diariamente, dirigentes sociais da resistência são ameaçados, reprime-se toda manifestação cidadã contra o regime; e implanta-se uma política de exclusão permanente, com violência da gestão dos recursos naturais estratégicos, inclusive contra a vontade das comunidades locais”.
O último caso que comoveu a opinião pública hondurenha foi o assassinato da professora Ilse Velásquez, durante as manifestações realizadas na terceira semana de março. O Comitê dos Familiares Detentos e Desaparecidos de Honduras (Cofadeh) lamentou a morte desta defensora dos direitos humanos. Ela era irmã de Manfredo Velásquez, desaparecido na década de 1980, no primeiro caso desta natureza nesse país levado à Corte Internacional de Direitos Humanos. Honduras foi condenada na época.
Esses dramáticos exemplos “não nos fazem esquecer outros temas que se convertem em dramas, como o assassinato de mulheres. Registramos 64 casos nos dois primeiros meses de 2011 — ou um assassinato por dia, em média”.
Com o agravante, insiste Sierra, de que não há, nem  para esses crimes, nem nas violações de direitos humanos em geral, nenhum processo jurídico. Tudo cai na impunidade mais profunda. Apenas 13% dos assassinatos contra as mulheres convertem-se em investigações ou processos,” analisa.
“As organizações da sociedade civil devem apropriar-se do Exame Periódico realizado pelo Conselho de Direitos Humanos. É um mecanismo novo, que nos permite desmentir os relatos oficiais que falam em “melhoras significativas” irreais, reflete a ativista. E prossegue: “Estamos conscientes de que precisamos, a partir de Honduras, manter no imaginário coletivo de todos os compatriotas e da sociedade civil internacional, o apelo para que não nos esqueçam”.
Ainda que Honduras não seja, numa conjuntura tão complexa, um tema prioritário da agenda internacional, Sierra insiste: “é fundamental que os governos, as ONG, os movimentos sociais e dos direitos humanos sigam pressionando para que se enxergue realmente o que padecemos”.
Ela lembra que, meses após o golpe de estado de junho de 2009, houve eleições com direitos limitados, o que facilitou a chegada ao governo, em janeiro de 2010, do atual presidente Porfirio Lobo Sosa. O governante “representa a continuidade do golpe que atingiu a democracia e, portanto, não é reconhecido por uma parte importante da comunidade internacional, especialmente nos países latino-americanos”, conclui.

terça-feira, 29 de março de 2011

MÍDIA INVENTOU "BRIGA" ENTRE LULA E DILMA

Do blog do Miro (link à esquerda:

Reproduzo artigo de Emiliano José, publicado no sítio da revista CartaCapital:

Antes que fossem concluídos os 30 dias do governo Dilma, estabeleceu-se, em alguns órgãos da mídia hegemônica, um curioso debate em torno da personalidade da presidenta, descoberta agora como uma mulher decidida, capaz, com um estilo próprio, e simultaneamente, o discurso de que ela rompia com o estilo Lula, e que isso seria muito positivo. Deixava sempre trair o profundo preconceito contra Lula, pela comparação entre uma presidenta letrada (que cumprimenta em inglês a secretária Hillary Clinton…) e o outro, com seu português, essa língua desprezível. Não se sabe se seriam esquizofrenias da mídia hegemônica, ou táticas confluentes destinadas a diminuir o extraordinário legado do presidente-operário e a camuflar a continuidade de um mesmo projeto político.

Não custa tentar avaliar essa operação. Durante a campanha, a mídia seguiu a orientação de que Dilma era uma teleguiada, incapaz de pensar por conta própria. No governo, como era inexperiente, seria manipulada por Lula. Bem, ocorre que foi eleita. O que fazer diante da esfinge? Nos primeiros momentos, cobra que ela fale o tanto que Lula falava. Dilma, que tem estilo próprio, ao contrário do que a mídia dizia, seguia adiante, sem subordinar-se às cobranças. Toca o governo com toda firmeza, que é o que importa. Não se rende às expectativas midiáticas, sinal de uma personalidade forte, muito distante da figura de fácil manipulação que se tentou esculpir antes.

As coisas estão no mundo, minha nega, só é preciso entendê-las, é Paulinho da Viola. A mídia não raramente passa batida diante das coisas que estão no mundo. Ou tenta dar a interpretação que lhe interessa sobre a realidade já que de há muito se superou a idéia de um jornalismo objetivo e imparcial por parte de nossa mídia hegemônica. Todo o esforço para separar Lula e Dilma é inútil. Parece óbvio isso. Mas, não para a mídia. Ela prossegue em sua luta para isso. Lula e Dilma, e lá vamos nós com obviedades novamente, são diferentes. Personalidades diversas. E o estilo de um e de outro naturalmente não são os mesmos. O que não se pode ignorar é que Dilma dá continuidade ao projeto político transformador iniciado com a posse de Lula em 2003. Essa é a questão essencial.

Dilma seguirá com as políticas destinadas a superar a miséria no Brasil, tal e qual o fez Lula nos seus oito anos de mandato, coisa que até os adversários reconhecem, e o fazem porque as evidências são impressionantes. Mexeu-se para melhor na vida de mais de 60 milhões de pessoas, aquelas que saíram da miséria absoluta e as que ascenderam à classe média. Agora, a presidenta pretende aprofundar esse caminho, ao situar como principal objetivo de seu mandato combater a miséria absoluta que ainda afeta tantas pessoas no Brasil. Essa é a principal marca de esquerda desse projeto: perseguir a idéia de que é possível construir, pela ação do Estado, um país mais justo, que seja capaz de estabelecer patamares dignos de existência para a maioria da população. O desenvolvimento tem como centro a distribuição de renda, e o crescimento econômico deve estar a serviço disso. Aqui se encontram Dilma e Lula. O resto é procurar pêlo em ovo.

A terrorista cantada em prosa e verso pela mídia durante a campanha virou agora a heroína dos direitos humanos, e nós saudamos a chegada da mídia na defesa dos direitos humanos quando se trata de outros países. Que maravilha, do ponto de vista de pessoas que amargaram tortura e prisão no Brasil, ver a presidenta recebendo as Mães da Praça de Maio na Argentina e se emocionando com elas. E condenando qualquer tipo de violação dos direitos humanos no mundo.

No caso da mídia, seria muito positivo que ela também apoiasse a instalação da Comissão da Verdade para apurar a impressionante violação dos direitos humanos no Brasil durante a ditadura militar. Foi Lula que encaminhou o projeto da Comissão da Verdade, apoiando proposta do então ministro Paulo Vannuchi. As últimas eleições consagraram o projeto político desse novo Brasil que começou em 2003. Dilma está sabendo honrar a confiança que foi depositada nela, uma digna sucessora de Lula.

A mídia não descansará em seus objetivos. O de agora é o de tentar desconstruir Lula, tarefa que, cá pra nós, é pra lá de inútil pela força não apenas do carisma extraordinário do ex-presidente operário, mas pelo significado real das políticas que ele conseguiu levar a cabo, mudando o Brasil pra valer. Com esse objetivo, a desconstrução de Lula, elogia Dilma e destrata Lula. Este, naturalmente, não está nem aí. Sabe que a mídia hegemônica nunca gostou dele, nunca vai gostar. Ele é uma afronta às classes conservadoras, às quais a mídia hegemônica pertence. A existência dele como o mais extraordinário presidente de nossa história afronta a consciência conservadora. Ele seguirá seu caminho de militante político, cujos compromissos políticos sempre estiveram vinculados ao povo brasileiro, às classes trabalhadoras de modo especial, às multidões.

O segundo passo, mesmo que não consiga nada com o primeiro, que seria desconstruir Lula, será o de vir pra cima da presidenta, que ninguém se engane. Nós não temos o direito de nos iludir. As classes conservadoras mais retrógradas não podem aceitar um projeto como este que vem sendo levado a cabo desde 2003, quando Lula assumiu. A mídia hegemônica integra as classes conservadoras, é a intérprete mais fiel delas. Por isso, não cabe a ninguém morder essa isca. As diferenças de estilo entre Lula e Dilma são positivas. E é evidente que uma nova conjuntura, inclusive no plano mundial, reclama medidas diferentes, embora, como óbvio para quem quer enxergar as coisas, dentro de um mesmo projeto global de mudanças do País, sobretudo com a mesma idéia central de acabar com a miséria extrema em nossa terra. O povo brasileiro sabe o quanto recolheu de positivo do governo Lula. E tem consciência de que estamos no mesmo rumo sob a direção da presidenta Dilma. Viva Lula. Viva Dilma.

* Emiliano José é jornalista, escritor, deputado federal (PT/BA).

OBRIGADO, ZÉ!

JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, PRESENTE!

segunda-feira, 28 de março de 2011

BRIZOLA NETO E O ABSURDO DO BBB

N'O Globo, carreiras com menos integrantes do que a profissão de ex-BBB
Mais cedo postei o artigo (insuspeito, de um dirigente de bancomultinacional) falando do peso da educação no desenvolvimento chinês.
Agora, antes de almoçar, leio uma matéria que seria irônica, se não fosse trágica.
E, também, no insuspeitíssimo O Globo.
É que o blog do Big Brother, certamente por distração de seus mentores, publica a seguinte informação:
“Na quarta-feira, 30 de março, existirão 169 ex-integrantes do “Big Brother Brasil”. Um número que chama atenção ao ser posto, lado a lado, ao de profissionais com carteira assinada em algumas atividades regulamentadas pelo Ministério do Trabalho: hoje, no Brasil, existem 18 geoquímicos, 34 oceanógrafos, 77 médicos homeopatas e 147 arqueólogos, entre outros ofícios. No entanto, na mesma quarta, alguém estará R$ 1,5 milhão mais rico (ou menos pobre, dependendo do ponto de vista), e não será um desses trabalhadores.”
Pois é. Mas o que o “brother” vai ganhar é nada, perto do que a Globo fatura.Ano passado foram R$ 300 milhões; em 2011, estima-se, R$ 400 milhões. E fatura porque as grandes empresas pagam para patrocinar.
Não tenho notícia de uma grande empresa patrocinando uma Universidade. Não tenho notícia de uma multinacional investindo na formação de oceanógrafos, ou de arqueólogos, ou de homeopatas, ou geoquímicos.
Nem vejo os nossos gloriosos colunistas dizendo que as empresas devem ter uma função social, como prevê, desde 1946, a nossa Constituição.
Nada contra as moças e rapazes que estão ali tentando um lugar ao sol que, em nosso país, durante décadas,  nos acostumamos a não merecer pelo estudo, pelo trabalho, pela austeridade. “Faz parte”, como dizia o bordão de um ex-”brother”.
Mas tudo contra o império do interesse comercial moldando, a seu bel-prazer, um comportamento socialmarcado pela competição a qualquer preço, pelo exibicionismo, pelo vazio, para embolsar milhões.
Sempre é bom repetir o que diz o artigo 221 de nossa Constituição:
A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
É por isso que quando a Globo fala em princípios, em educação, em trabalho honesto, em respeito ao ser humano, o cheiro da hipocrisia se espalha no ar.

LULA É FANTASMA QUE ASSOMBRA A DIREITA

A torcida para que Lula abandone a política

por Luiz Carlos Azenha
Eles não descansam nunca. Primeiro, lá atrás, bem antes da eleição, eles diziam assim: Lula não fez nada, apenas não mexeu no governo Fernando Henrique que, para todos os efeitos, continua. Ou: Lula teve sorte, pegou uma conjuntura internacional favorável e apenas surfou nela (pré-crise econômica mundial). Mas os argumentos para desmerecer Lula e seu governo não pararam por aí. Lula não redistribuiu renda, apenas “transferiu” renda do governo para os mais pobres (este é o favorito da esquerda que a direita ama).
Depois que Lula escolheu Dilma, os argumentos passaram a ser: quem é este poste? O poste não dá conta. O poste não vence eleição. Vejam o caso do Chile, o poder de transferência de votos de Lula é limitado.
Com Dilma eleita, mudou o disco: não existe governo Dilma, Lula dá muito palpite, Lula está indicando ministro, ainda não ouvimos a voz de Dilma.
Com Dilma empossada, agora o disco é: Lula não consegue deixar o palácio, Lula não consegue se aposentar, Lula quer voltar em 2014. O objetivo, neste momento, é óbvio: tirar Lula do jogo político para enfraquecer Dilma.
Se um presidente fracassado como FHC continua na política, por que Lula se aposentaria?

DEU NA FOLHA: TORTURADORES CONDENADOS NA ARGENTINA

Argentina já tem 486 presos da ditadura 

Processos contra pessoas que cometeram crimes no último regime militar argentino geraram 200 condenações

País é um caso raro de julgamento de algozes por tribunais próprios; ações começaram na gestão Néstor Kirchner


LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES 

Os julgamentos dos crimes cometidos na última ditadura militar da Argentina (1976-83) já levaram à prisão 486 ex-militares envolvidos nas ações de terrorismo do Estado, que deixaram mais de 30 mil pessoas mortas ou desaparecidas, segundo entidades de direitos humanos.
Até agora, conforme o Ministério Público Federal, são 200 as condenações de ex-integrantes do Exército, Marinha, Aeronáutica, polícias, forças nacionais de segurança e civis envolvidos na repressão -40 casos foram transitados em julgado, sem direito a recursos.
Após 35 anos do início da última ditadura (lembrados no último dia 24, data do golpe em março de 76), os juízos pelos crimes contra a humanidade na Argentina chegaram a um patamar único.
Não há paralelo -na América Latina, no Leste Europeu ou na África- de país que viveu situação de terrorismo estatal e depois conseguiu julgar e prender seus algozes com suas próprias leis e nos tribunais do Estado, sem a necessidade de tribunais especiais ou de exceção.

POST DO BLOG DO MIRO, ABAIXO:

O post abaixo, sobre a crise na Grécia imposta pelo FMI, foi extraído do Blog do Miro, um dos melhores da blogosfera brasileira.

RECEITA DO FMI PIORA CRISE NA GRÉCIA

Reproduzo matéria do jornal portuguêsAvante:

Após mais de um ano de odiosas medidas antipopulares, que já provocaram 14 greves gerais, centenas de manifestações e protestos quase diários em diferentes setores, a Grécia afunda-se na recessão económica e os cofres do Estado estão cada vez mais vazios.

As receitas da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional impostas à Grécia estão a ter resultados catastróficos sob qualquer ponto de vista. Em 2010 a economia regrediu 4,5 por cento, a inflação disparou para 5,2 por cento (janeiro passado), os rendimentos médios da população baixaram nove por cento e o desemprego galgou para 12,9 por cento, atingindo os 34 por cento na camada etária até aos 25 anos.

Segundo as previsões da central sindical GSEE, o desemprego irá continuar a aumentar podendo atingir até ao final deste ano 22 por cento da população activa.

Como era de prever, os sucessivos pacotes de austeridade, impondo a redução dos salários dos funcionários públicos, drásticos cortes nas despesas sociais e um brutal aumento da carga fiscal mais não fizeram do que contrair o consumo das massas e dessa forma agravar a situação da economia cada vez mais moribunda.

Ao mesmo tempo, embora tenha reduzido o déficit em seis pontos percentuais à custa da redução da despesa, o governo social-democrata do PASOK continua a braços com um défice público elevado, que faz aumentar a cada dia que passa a enorme dívida do país.

Na área do próprio partido governante surgem vozes a pedir a revisão e a reestruturação da dívida grega. Sofia Sakarofa, deputada expulsa do PASOK por se ter recusado a votar a intervenção do FMI e da UE, defende a criação de uma comissão de auditores, com a participação de peritos internacionais, para examinar a dívida do Estado e verificar a existência de irregularidades, na base das quais se possa contestar o seu pagamento.

Face à ausência de resultados, a troika composta pelo FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu exigiu, em fevereiro último, ao governo de Papandreu a intensificação das "reformas" e o alargamento do plano de privatizações de modo a realizar um encaixe de 50 mil milhões de euros até 2013, dos quais mil milhões já este ano.

Uns dias depois, o ministro das Finanças, Gueorgui Papaconstantinou, apresentou um vasto programa de privatizações que inclui portos, aeroportos, caminhos-de-ferro, electricidade e até mesmo praias turísticas do país.

Mas enquanto anuncia a venda do país por atacado e condena o seu povo à miséria, o governo do PASOK continua a manter um elevado nível de despesas militares, decorrente, muito em particular, da compra de fragatas e helicópteros à França e submarinos à Alemanha.

Segundo o Instituto Internacional de Estocolmo para a Investigação da Paz (SIPRI), a Grécia é o país europeu com maiores gastos militares em proporção com o seu Produto Interno Bruto, figurando entre os dez principais compradores de armas do mundo.

Mas, ao que se constata, nenhum destes sumarentos contratos militares foi suspenso ou anulado no momento ou a seguir à intervenção financeira da UE e do FMI. Pelo contrário, como esclareceu o Ministério da Defesa francês, em Maio de 2010, nenhuma das restrições orçamentais impostas à Grécia deveria afectar as aquisições de material militar previstas pelo Ministério da Defesa grego.

domingo, 27 de março de 2011

SERRA "ABAFA" ESCÂNDALO DO RIO TIETÊ

Eduardo Guimarães publica este post bastante revelador dos métodos usados por José Serra para controlar a mídia paulista e nacional. Desta vez ele mandou os jornais e TVs se calarem sobre o escândalo que foi a interrupção da limpeza do rio Tietê durante seu (des) governo. se falarem no assunto, os órgãos da mídia terão revelados os valores que receberam em publicidade do Estado, que são maiores do que os gastos em setores importantes, como a prevenção de enchentes.


Serra faz ameaças e detém escândalo do Tietê

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Na manhã da última sexta-feira, segundo informações apuradas por este blog, as redações da imprensa paulista teriam voltado a ser bombardeadas por telefonemas de emissários ligados ao ex-governador José Serra. Esses telefonemas teriam exigido que o escândalo do Tietê sumisse das pautas.
Pouco após o alvorecer de 26 de março último, o portal UOL publicou reportagem dando conta de que foram jogados no lixo 2 bilhões de reais gastos durante 2005 e 2006 para pôr fim aos constantes transbordamentos do rio Tietê, pois a limpeza do rio foi interrompida por Serra, sucessor de Geraldo Alckmin, que fez a bilionária obra de rebaixamento da calha do rio.
A reportagem do UOL teria sido produto de uma revolta que, segundo as fontes, cresce nas redações da imprensa paulista. Em cursos de jornalismo de todo país, o acobertamento do escândalo do Tietê já teria se tornado referência de promiscuidade entre o poder público e a imprensa.
A dimensão do escândalo é tão ampla que se esperava que, com o UOL repercutindo, houvesse maior veiculação nacional das denúncias contra Serra, sobretudo no Jornal Nacional. Apesar de algumas veiculações no rádio e amplamente disseminadas na internet, nas tevês e nos jornais deste sábado a repercussão foi pífia ou inexistente.
Estaria correndo intramuros, na imprensa paulista, que a pouca repercussão de uma notícia antiga, a despeito das perdas imensas – patrimoniais e de vidas humanas – que causou, dever-se-ia a ameaça que Serra estaria fazendo de que, se o escândalo provocar investigação séria por pressão da imprensa, fará “revelações”.
O grande temor de Serra seria a comparação entre o aumento exponencial dos gastos com publicidade oficial durante o período de redução dos gastos com a limpeza do rio Tietê. Acredita-se que, para não estourar o orçamento, Serra retirou de vários investimentos do Estado os recursos usados para se promover visando a eleição de 2010.
Segundo o UOL, “(…) a bancada oposicionista da Assembleia Legislativa anunciou (…) que irá fazer um requerimento para que o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, o deputado estadual Edson Giriboni, compareça ao Legislativo para explicar os motivos que levaram as autoridades a suspender o trabalho de desassoreamento em 2006, 2007 e 2008”.
Todavia, a oposição paulista tem dúvidas de que o convite ao secretário será atendido, pois, na forma como será feito o tal requerimento, o convidado poderá comparecer ou não. Ainda segundo a oposição, se houvesse convocação a bancada governista a derrubaria, como já vez várias vezes valendo-se da maioria que tem.
Vereador da Câmara Municipal de São Paulo ouvido por este blog afirma que a única possibilidade de se apurar responsabilidades pelas tragédias geradas pela drástica redução da limpeza do rio Tietê será através de pressão da imprensa.
Se as denúncias do UOL ficarem restritas à internet, portanto, várias fontes afirmam que nem o Ministério Público de São Paulo, nem o Poder Legislativo tomarão qualquer medida no sentido de esclarecer o caso, restando à população paulistana a impunidade do crime de redução de obras que redundou em tragédias que todos conhecem.
A única possibilidade de o Ministério Público Estadual pelo menos se pronunciar sobre o assunto será através da provocação. Qualquer parlamentar paulista ou paulistano – ou qualquer outro cidadão – pode provocar o MPE. Resta saber se alguém se habilitará a fazê-lo, pois Serra estaria disposto a retaliar quem tente.