“A IMAGEM DO IRÃ APRESENTADA PELA IMPRENSA OCIDENTAL NÃO NOS DEIXA CONTENTES”, DIZ EMBAIXADOR
Por Eduardo Sá, 01.04.2012
Para dar voz aos iranianos e quebrar estereótipos fabricados pela mídia ocidental, entidades da sociedade civil convidaram o embaixador do Irã no Brasil, Mohammad Ali Ghanezadeg Ezavladi, para conversar com intelectuais, artistas e jornalistas na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. O auditório ficou lotado durante o evento, que ocorreu na última quinta-feira (29) e contou com a presença da cantora Beth Carvalho.
Ezabadi fez um pequeno discurso e em seguida respondeu a todas as perguntas do público presente que, em sua maioria, era simpatizante do Irã. Bomba nuclear, holocausto, repressão às mulheres, relação do Irã com o Brasil, cobertura da mídia, dentre outros temas, foram analisados pelo diplomata. O Fazendo Media reproduz a seguir, com pequenos cortes para facilitar a leitura, os principais assuntos abordados durante a palestra.
Discurso de Mohammad Ali Ezayladi antes das perguntas
É importante que nós iranianos consigamos nos apresentar, porque infelizmente as notícias que são divulgadas sobre o Irã são tão escuras que às vezes escondem o país. Somos um país com 70 milhões de habitantes, um dos criadores de uma das três civilizações mundiais. Quero falar sobre a atualidade e de um país que há 33 anos a população fez uma revolução com o objetivo de não servir aos poderesos e grandes potências. Preciso anunciar essa independência, a soberania desse país, pois assim que começamos a mostrar isso apareceram problemas. Foi um caminho escolhido por nós, e à luz dessa determinação iraniana avançamos e conquistamos muitos espaços e desenvolvimento. Pelos dados das instituições internacionais, sobre atividades científicas no mundo, o Irã registrou grande média em nível mundial. Em estudos de nanotecnologia ficamos em 12º lugar no mundo, células tronco 6º país, e somos o único país islâmico que conseguiu lançar um satélite para órbita. Criamos boas condições para nossa população em diversos níveis, e a educação se tornou prioridade em nosso país. O nível da população estudantil era de 150 mil, e hoje depois da revolução é de 4 milhões estudantes universitários. Não era permitido estudar eletrônica e física nuclear, e até campos específicos da medicina, mas hoje podemos criar e educar doutorados da física atômica. Hoje é grande honra para nosso país. Apesar da propaganda contra o programa nuclear iraniano, nunca direcionamos nosso estudo para fins que não sejam pacíficos. A história mostra que países que produziam 10 mil bombas atômicas tiveram colapso e não conseguiram avançar. O nosso poder atual e a nossa vontade política e científica é para o desenvolvimento do país. Essa determinação é mais forte que mil bombas atômicas. Paralelamente, enfatizo que não existe doutrina iraniana para fabricar bombas atômicas. Quem tem uma noção sobre as doutrinas, sabe que há um decreto de nossos líderes proibindo o uso e produção atômica.
Hoje em dia fabricamos medicamentos com novas composições, e nossas mulheres estão presentes em diversos campos sociais. Seria interessante ouvir isso, 67% da população estudantil são mulheres. Elas estão em campos diferentes das universidades, no parlamento e em campos diferentes da socieade, como mortoristas de ônibus, por exemplo. Mas somos acusados de não respeitarmos os direitos das mulheres. Nós estamos determinados no caminho que escolhemos para o desenvolvimento e nossa soberania, e não privar ou abandonar o que é nosso direito. Nesse ponto de vista temos um parceiro sincero, que é o Brasil. São muitas semelhanças entre nós, certamente nosso papel a desempenhar no mundo será muito grande e essencial. Para além dos campos políticos e econômicos, eu acho que no de petróleo os dois países podem estabelecer e aumentar sua relação de contatos. A invasão do Iraque e problemas no Afeganistão, a presença americana nesses territórios tem a ver com o petróleo. O uso excessivo desse produto motiva os EUA e outros países a querer dominar o mundo e seus recursos. O Irã é o segundo país do mundo em gás natural e primeiro em petróleo, e somos o primeiro em nível de hidrocarbonetos. Haverá uma grande repercussão no mundo se conseguimos juntar esses recursos e tecnologias com o Brasil. No futuro certamente a energia será um ponto final das conversas.
LEIA A EXCELENTE ENTREVISTA DO EMBAIXADOR EM:
http://www.fazendomedia.com/a-imagem-do-ira-apresentada-pela-imprensa-ocidental-nao-nos-deixa-contentes-diz-embaixador/
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