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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

AZENHA - AÉCIO CONSTRUIU AEROPORTO EM CIDADE SEM MATERNIDADE E MÉDICO!!!

Choque de gestão: Montezuma tem aeroporto, não tem maternidade

publicado em 22 de agosto de 2014 às 21:56
Cópia de cavalo e posto
Na Serra do Cafundó — ouvir trovão de lá, e retrovão, o senhor tapa os ouvidos, pode ser até que chore, de medo mau em ilusão, como quando foi menino. O senhor vê vaca parindo em tempestade. De em de, sempre, Urucúia acima, o Urucúia — tão as brabas vai… Tanta serra, esconde a lua. A serra ali corre torta. A serra faz ponta. (…) Hem? O senhor? Olhe: o rio Carinhanha é preto, o Paracatú moreno; meu, em belo, é o Urucúia — paz das águas… É vida! 
de Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas
por Luiz Carlos Azenha, de Montezuma, Minas Gerais
Dá até para imaginar Guimarães Rosa, nos anos 40, viajando por esta região do Brasil, fronteira de Minas Gerais com a Bahia, em busca de inspiração para sua obra-prima.
Hoje a tradição dos vaqueiros resiste, mas o cenário humano passou por grandes transformações.
Montezuma fica a leste do rio Urucuia, que Rosa tornou famoso, e do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, nomeado em homenagem ao autor. É a região do Alto Rio Pardo. Uma simpática cidade de cerca de 8 mil habitantes, que depende especialmente de atividades agrícolas e dos empregos públicos da Prefeitura local.
Em 1991, 64,7% dos moradores do município viviam na extrema pobreza. Em 2010, eram apenas 9,15%.
Aposentadorias rurais, Bolsa Família, investimentos federais e estaduais contribuiram muito para esta mudança.
Apesar disso, a melhoria foi relativa: hoje, só 26,75% dos moradores de mais de 18 anos de idade completaram o ensino fundamental.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio de Minas Gerais é de 0,731; o de Montezuma, 0,587.
O IDH de Montezuma ocupa a posição 804 dentre os 853 municípios mineiros.
Cópia de boi
Na região, agora entrecortada por estradas, muitas delas asfaltadas, ainda é comum ver as juntas de boi fazendo o trabalho pesado de carregar tambores de água ou material de construção.
Só uma coisa realmente distingue Montezuma de outras pequenas cidades pelas quais passamos nesta região de Minas Gerais.
Assim que você ultrapassa o portal amarelo, que convida os visitantes a tomar banho nas águas quentes da cidade, há do lado esquerdo uma imensa pista asfaltada, de cerca de 1.300 metros, com as laterais hoje tomadas pelo mato.
É o aeroporto da cidade!
A pista nunca foi certificada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que diz não ter em seus registros pedido de homologação.
Como mostramos anteriormente, hoje o aeroporto de Montezuma é utilizado pelos moradores da cidade para fazer caminhadas, de manhãzinha ou ao entardecer. Eles trataram de remover pedaços de concreto da cerca para garantir acesso ao asfalto. Crianças brincam no entorno. No passado, a prefeitura local chegou a organizar grupos de idosos que se reuniam periodicamente no local para atividades variadas.
Como uma cidade de população tão diminuta, onde ninguém é dono de avião, ganhou obra tão portentosa?
Quando Aécio Neves era governador de Minas Gerais, Montezuma foi incluída no ProAero, um plano para estimular a aviação regional. A ideia era garantir, até 2011, 69 aeroportos mineiros funcionando 24 horas por dia. Pelo menos em Montezuma, uma impossibilidade: o aeroporto não dispõe de sinalização noturna ou de qualquer outra infraestrutura, a não ser um pequeno galpão cujos vidros estão todos quebrados.
Cerca de 300 mil reais teriam sido investidos aqui, um dado espantoso. É que um aeroporto quase do mesmo tamanho do de Montezuma, em Cláudio, custou ao estado de Minas cerca de R$ 14 milhões.
Em março de 2008, o Departamento de Estradas de Rodagem mineiro adiantou-se e escolheu uma empreiteira para pavimentar a pista de terra de Montezuma. Contratou a Pavisan, por 268.460,65 reais. Segundo um ex-executivo da empresa, que lá trabalhava à época, a obra foi um mau negócio. O valor seria irrisório e não cobriria os custos. Ele não vê razão econômica para o estado investir no local, pois perto de Montezuma há cidades maiores que poderiam ter sido contempladas com um aeroporto. Qual seria a justificativa? A proximidade com as terras da família de Aécio? Facilitar o contato aéreo entre pai e filho? E se o negócio era ruim, por que a empreiteira topou? A Pavisan fechou vários contratos com o governo mineiro durante a administração de Aécio. O dono da construtora, Jamil Habib Cury, ocupou cargo público na gestão do tucano. Foi diretor do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais. Estava no posto quando a Pavisan foi escolhida para a pavimentação em Montezuma. Consta ainda na lista de doadores das duas campanhas vitoriosas de Aécio ao comando do estado, em 2002 e 2006. Na última, doou 51 mil reais.
O que há em comum entre Cláudio e Montezuma é que nos dois municípios existem terras da família do hoje candidato ao Planalto pelo PSDB, Aécio Neves.
Da avó Risoleta em Cláudio e do pai de Aécio, o ex-deputado Aécio Ferreira da Cunha, em Montezuma.
Aqui nos despedimos de Guimarães Rosa e ingressamos no mundo fantástico de  Gabriel Garcia Márquez.
Captura de Tela 2014-08-22 às 22.03.31
A 60 km de Montezuma há uma cidade três vezes maior, Rio Pardo de Minas cujo “aeroporto” (à esquerda) ainda é uma pista de terra. O mesmo vale para Taiobeiras (foto do avião de pequeno porte pousando), também de 30 mil habitantes, que dista pouco mais de 100 quilômetros.
A única construção equivalente à de Montezuma na região, em termos aeroviários, fica em Janaúba, a 150 quilômetros. Janaúba, no entanto, tem 70 mil habitantes e é tida como porta de entrada das atrações turísticas da Serra Geral de Minas, que inclui de cachoeiras ao Pico da Formosa.
Ou seja, o aeroporto de Montezuma é algo realmente extraordinário para a região!
Cópia de aeroescuro
Em nossa passagem por lá, moradores citaram o pouso de um avião trazendo o cantor Amado Batista, que estava a caminho de fazer um show na Bahia, como o mais recente guardado na memória local.
Vários atribuíram a existência da pista à extensão natural do poder da família Neves. O pai de Aécio, dono das terras da família em Montezuma, foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1955. Deixou de herança para os filhos Aécio e Andrea a Perfil Agropecuária e Florestal, de pouco mais de 900 hectares, onde há criação de gado e plantio de eucalipto. Fica na estrada que liga a cidade a Mortugaba, na Bahia.
A existência do aeroporto abandonado, um dos maiores investimentos estaduais já feitos na cidade, para os moradores de Montezuma não é algo extraordinário. É da política.
Hoje o governo de Minas reforma uma Unidade Básica de Saúde bem diante da pista, ao custo de R$ 163 mil reais, metade do que enterrou no aeroporto abandonado.
Bem pertinho dali, uma placa do governo federal anuncia investimento de R$ 5 milhões em saneamento básico.
Cópia de hospital
O único lamento que ouvimos relacionado à falta de prioridade nos gastos públicos diz respeito ao hospital de Montezuma, visto acima.
Hoje os montesumenses raramente nascem na cidade.
A Fundação Hospitalar Nossa Senhora de Santana, onde eram feitos os partos, passou a funcionar apenas como uma espécie de posto de saúde.
Faz o atendimento de casos básicos.
Para consultar algum especialista, é preciso sair da cidade. Janaúba, a 150 quilômetros, é um dos destinos.
Diante da Fundação, uma das mães presentes contou ter tido a filha ali mesmo, às pressas, por falta de tempo para viajar. Por sorte, foi parto natural e hoje a filha parece ser uma menina saudável.
Uma frase resume a situação: “Montezuma é a cidade que tem aeroporto mas não tem maternidade”.
Aqui ingressamos, finalmente, em Macondo: as grávidas de Montezuma, as vezes às pressas, chacoalham até Rio Pardo de Minas (60 km) ou Taiobeiras (100 km) — neste caso, literalmente, já que parte da estrada ainda é de terra — na hora de dar à luz. Não podem, obviamente, fazê-lo de avião.

http://www.viomundo.com.br/denuncias/choque-de-gestao-mulheres-de-montezuma-aeroporto-abandonado-viajam-60-km-da-dar-luz.html

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

AZENHA EXPLICA AVANÇO DA ESQUERDA EM NOVA IORQUE

Liberais enxergam guinada à esquerda 

com “vitória do PT” em Nova York

publicado em 14 de janeiro de 2014 às 1:36

Com os jornalistas Rodrigo Vianna e Luiz Carlos Azenha (autor deste belo texto)
por Luiz Carlos Azenha, em Nova York
Melissa Mark-Viverito foi eleita na semana passada a presidente da Câmara dos Vereadores de Nova York.
É a primeira vez que uma mulher de origem portorriquenha, do East Harlem, vai comandar a câmara.
Diante da penúria dos resultados da esquerda nos Estados Unidos, nas últimas duas décadas, a vitória de Melissa foi interpretada como sinal de que o prefeito recém-empossado, Bill de Blasio, fará um governo liberal puro sangue. Blasio é o primeiro democrata eleito prefeito da cidade em 20 anos.
Melissa só conquistou o cargo porque o Working Families Party, o Partido das Famílias Trabalhadoras, aliado dos democratas, colocou o peso da bancada que apoiou para trabalhar por ela.
Em Nova York, apenas 3 dos 51 vereadores recém-eleitos são republicanos.
Mas o Partido Democrata é um verdadeiro saco de gatos, onde cabe tudo.
Entra o WFP.
Nas eleições gerais, o partido tira proveito do que é chamado de “fusion vote”, uma figura da legislação eleitoral novaiorquina que permite a mais de um partido apoiar o mesmo candidato. Os votos são contados separadamente para cada partido, mas podem ser “fundidos” depois.
O WFP treina novas lideranças e eventualmente as apoia para disputar cargos públicos.
O partido conta com apoio de militantes de poderosos sindicatos de funcionários públicos de Nova York.
Ele se define como um partido social democrata clássico, na linha do Partido dos Trabalhadores brasileiro.
Prega financiamento público de campanhas, fim do resgate aos bancos de Wall Street, investimentos maciços em transporte público e o fechamento de uma brecha na lei que permite a proprietários de imóveis escapar da lei que estabiliza o valor do aluguel na cidade, dentre outras coisas.
O pessoal do WFP é bem pragmático: na campanha de Bill de Blasio, endossou uma plataforma curta, grossa, rápida e objetiva.
Sim, sim, há muitas outras promessas, mas o candidato disse que vai taxar os mais ricos e obter o dinheiro necessário para colocar todas as crianças de Nova York na escola pública a partir dos 4 anos de idade, o chamado Pre K. É uma das grandes preocupações das mães trabalhadoras da cidade.
A plataforma foi vendida como forma de combater a desigualdade: tira dos ricos para financiar a educação dos pobres.
De olho nas eleições parlamentares de 2014, os democratas já começaram a organizar a campanha em torno do mesmo tema, o combate à desigualdade, certos de que podem repetir em escala nacional o sucesso de Nova York (de Blasio se elegeu com 73% dos votos).
Enquanto isso, já se fala no impeachment do tucano Chris Christie, o falastrão que governa o estado vizinho, de New Jersey.
Até recentemente ele era visto como fortíssimo candidato à Casa Branca pelo Partido Republicano em 2016.
De procurador-geral durão, que colocou muita gente na cadeia, Christie ‘amoleceu’. Passou a propor ações bipartidárias para enfrentar os problemas do estado. Disse que este seria o modelo ideal também para o país. Puro marketing para tirar proveito da ideia disseminada entre os eleitores de que os problemas da política norte-americana derivam da falta de entendimento entre republicanos e democratas. Na verdade, os dois partidos hoje são reféns do dinheiro gordo, assim como o próprio Christie.
Mas o Demóstenes Torres de New Jersey — sem ofensa a Christie — é uma farsa.
Corre risco de se tornar vítima do Pontegate.
É um episódio tão bizarro quanto revelador do baixo nível da política dos Estados Unidos. No ano passado, assessores do governador mandaram fechar várias faixas da ponte mais movimentada do mundo, a George Washington Bridge, com o objetivo de punir um prefeito democrata de uma cidade onde se origina boa parte do tráfego do lado de New Jersey.
O prefeito havia se negado a apoiar a campanha de reeleição de Christie, o que o grupo político dele considerava essencial justamente para fazer o marketing do apoio bipartidário ao governador.
Durante três dias, milhares de pessoas passaram três, quatro horas presas no trânsito da GWB, que é infernal mesmo em condições normais.
Com esse tipo de oposição tucana, não é pouco provável que Hillary Clinton se eleja presidente em 2016.
Até lá, o minúsculo WFP não terá tempo de ter impacto em escala nacional.
Mas, num país em que a política vem guinando à direita, de forma ininterrupta, desde 1982 — ou seja, por mais de trinta anos — há no ar um pequeno sinal de que o pêndulo pode ter começado a se mover para o outro lado.

domingo, 30 de janeiro de 2011

EUA NÃO QUEREM DEMOCRACIA NO ORIENTE MÉDIO

Leia um trecho do post publicado pelo Luiz Carlos Azenha em seu notável blog (viomundo.com.br). Azenha vai na mesma linha dos posts que temos colocado aqui sobre o assunto: o falso espanto do Ocidente com as revoltas no mundo árabe onde os EUA sempre apoiaram ditaduras desde que tenham portas abertas para os negócios e a importação de petróleo. 
Cinismo é uma personagem onipresente na Política Internacional. Não deixem de ler todo o artigo do Azenha no seu blog.


Washington sustenta o governo egípcio à base de cerca de 5 bilhões de dólares anuais.
É muito pouco provável que o governo Obama vá além de declarações vazias a respeito do governo ditatorial de Hosni Mubarak, ou de “platitudes” em defesa da liberdade de expressão da população.
A reticência dos Estados Unidos — e de todos os governos ocidentais — em relação ao Egito tem relação com o fato de que qualquer democratização para valer dos países árabes aumentará o poder dos partidos islâmicos (a Irmandade Islâmica, por exemplo, no Egito).
Foi prometendo combater a corrupção e promovendo serviços sociais que o Hamas  e o Hizbollah ganharam legitimidade respectivamente em Gaza e no Líbano.
Notem, nas próximas horas, como os governos ocidentais vão enfatizar a necessidade de “preservar a estabilidade” e a “segurança” dos governos árabes que estão na defensiva.
Democracia nos países árabes resultaria em governos menos submissos aos Estados Unidos, mais “antenados” com as ruas e, portanto, muito mais agressivos em defesa dos direitos e dos interesses dos palestinos — para não falar em defesa de seus próprios interesses.
Será muito curioso observar, nos próximos dias, a dança hipócrita dos que defendem apaixonadamente a democracia no Irã mas se esquecem de fazer o mesmo quando se trata do Egito. Inclusive no Brasil.
PS do Viomundo: Vamos ver se o governo Obama deixa de fornecer gás lacrimogêneo e outros equipamentos de “segurança” ao governo Mubarak, por exemplo.