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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

BBB: CONTINUAM OS PROTESTOS PELOS CRIMES

Pela imediata responsabilização da TV Globo no caso BBB

19/01/2012 |
Dois fatos muito graves ocorreram esta semana envolvendo o Big Brother Brasil. O primeiro foi com a participante Monique, que pode ter sido vítima de crime praticado por outro integrante do programa. O segundo foi a absurda atitude da TV Globo frente ao ocorrido. Em relação ao primeiro, cabe à polícia apurar e à justiça julgar, buscando ouvir os envolvidos, garantindo que eles estejam livres de pressões e constrangimentos. Já em relação ao segundo, é preciso denunciar a emissora e os anunciantes que sustentam o programa, e cobrar as autoridades do setor.
Frente a indícios de um possível abuso sexual contra uma mulher participante de um de seus principais programas, a Globo, além de não impedir a violência no momento em que ela poderia estar ocorrendo, tentou escamotear o fato, depois buscou tirar de circulação as imagens e finalmente assumiu o ocorrido sem nomeá-lo. Na edição de domingo do programa, após todas as denúncias que aconteciam pela internet, ela transformou a suspeita de um crime em uma cena "de amor". O espírito da coisa foi resumido pelo próprio apresentador Pedro Bial: “o espetáculo tem que continuar”. A atitude é inaceitável para uma emissora que é concessionária pública há 46 anos e representa uma agressão contra toda a sociedade brasileira.

Pelas imagens publicadas, não é possível dizer a extensão da ação e saber se houve estupro. A apuração é fundamental, mas o mais importante é o que o episódio evidencia. Em primeiro lugar, a naturalização da violência contra as mulheres, que revela mais uma vez a profundidade da cultura machista no país. No debate público, foram inúmeras as tentativas de atribuir à possível vítima a responsabilidade pela agressão, num discurso ainda inacreditavelmente frequente. O próprio diretor do programa, Boninho, negou publicamente que as imagens apontassem para qualquer problema.

Em segundo lugar, o episódio revela o ponto a que pode chegar uma emissora em nome de seus interesses comerciais. A Globo fatura bilhões de reais anualmente pela exploração de uma concessão pública, e mostra, com esse episódio, a disposição de explorá-la sem qualquer limite nem nenhum cuidado com a dignidade da pessoa humana. O próprio formato do programa se alimenta da exploração dos desejos e das cizânias provocadas entre os participantes e busca explorar situações limite para conquistar mais audiência. Assim, o que aconteceu não é estranho ao formato do programa; ao contrário, é exatamente consequência dele.

Em terceiro lugar, fica evidente a ausência de mecanismos de regulação democrática capazes de apurar e providenciar ações imediatas para lidar com as infrações cometidas pelas emissoras. Como já vem sendo apontado há anos pelas organizações que atuam no setor, não há hoje regras claras que definam a responsabilidade das emissoras em casos como esse, nem tampouco instrumentos de monitoramento e aplicação dessas regras, como um Conselho Nacional de Comunicação ou órgãos reguladores.

Uma das poucas regras existentes para proteger os direitos de crianças e adolescentes – a classificação indicativa – está sendo questionada no STF, inclusive pela Globo. A emissora, que costuma tratar qualquer forma de regulação democrática como censura, é justamente quem agora pratica a censura privada para esconder sua irresponsabilidade. É lamentável que precise haver um fato como esse para que o debate sobre regulação possa ser feito publicamente.

Frente ao ocorrido, exigimos que as Organizações Globo e a direção do BBB sejam responsabilizados, entre outros fatos, por:

    • Ocultar um fato que pode constituir crime;
   • Prejudicar a integridade da vítima e enviar para o país uma mensagem de permissividade diante de uma suspeita de estupro de uma pessoa vulnerável;
    • Atrapalhar as investigações de um suposto crime;
   • Ocultar da vítima as informações sobre os fatos que teriam se passado com ela quando estava supostamente desacordada.

É preciso garantir, no mínimo, multas vultosas e um direito de resposta coletivo para as mulheres, que mais uma vez tiveram sua dignidade atingida nacionalmente pela ação e omissão da maior emissora de TV brasileira.

Os anunciantes do BBB – OMO (Unilever), Niely Gold, Devassa (Schincariol), Guaraná Antártica e Fusion (Ambev) e FIAT – também devem ser entendidos como corresponsáveis, e a sociedade deve cobrar que retirem seus anúncios do programa ou boicotá-los. Suas marcas estão ligadas a um reality show que, para além de toda a crítica sobre os valores que propaga à sociedade – da banalização do sexo e do consumo de álcool à mercantilização dos corpos – , permite a violação de direitos fundamentais.

Finalmente, é fundamental que o Ministério das Comunicações coloque em discussão imediatamente propostas para um novo marco regulatório das comunicações, com mecanismos que contemplem órgãos reguladores democráticos capazes de atuar sobre essas e outras questões.

Este é mais um caso cujas investigações não podem se restringir à esfera privada e à conduta do participante suspeito. Exigimos que o Poder Executivo cumpra seu papel de fiscal das concessionárias de radiodifusão e não trate o episódio com a mesma "naturalidade" dada pela TV Globo. Esperamos também que o Ministério Público Federal se coloque ao lado da defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana e responsabilize a emissora pela forma como agiu diante de uma questão tão séria como a violência sexual contra as mulheres.


Brasil, 18 de janeiro de 2012

sábado, 21 de janeiro de 2012

SEJA IDIOTA, MANDE GRANA PARA O BBB

É irritante ter que tratar da canalhice histórica da Rede Globo, e da imbecilidade de algumas pessoas que ainda a respeitam. Penso viver num país em pleno avanço cultural, vejo pessoas inteligentes no meu entorno, mas de repente, e frequentemente, acho que estou iludido.
Este lance do pseudo-estupro no BBB é um exemplo da manipulação que a velha mídia ainda consegue exercer sobre parte do povo brasileiro. Não é o BBB que transformou os brasileiros em idiotas: a Globo faz isso faz tempo.
Quando a Xuxa, atriz de filmes pornôs, amante do Pelé e do Airton Senna, virou apresentadora de programas infantis, o desastre estava anunciado. Escrevi e falei sobre isso na época. Seu programa era feito de competições entre crianças, que ganhavam brinquedos. Quem bolava os quadros eram as fábricas de brinquedos. Ou seja: criança, para ser inteligente, tem que desejar e competir e, afinal, ganhar, o brinquedo que eu produzo.
Muito educativo, né?
A Globo surgiu em 67 para ajudar a ditadura a se espalhar pelo país. Fazer a cabeça dos que não estavam sentindo os efeitos terríveis do governo militar. Quem era contra, morria. Quem apoiava ou ficava alheio, vibrava com o "Este é um país que vai prá frente". Enquanto o país era vendido, e os ricos de um século ficavam muito mais ricos, os sindicatos eram fechados, a imprensa era censurada, o salário era reduzido. E a Globo crescia.
Roberto Marinho aprendeu com Assis Chateaubriand, um gangster que montou 60 jornais, revistas e introduziu a televisão no Brasil à custa de chantagens e dinheiro público. Nunca pagou dívidas. Roberto Marinho aprendeu direitinho: até hoje um monte de dinheiro que lhe foi dado pela ditadura e governos posteriores. Não é a toa que em cada Estado os afiliados da Globo são políticos de direita, herdeiros da roubalheira da ditadura.
Os próprios militares perceberam que foram usados como bucha de canhão por civis sem-Pátria, pilantras sem limites. A ditadura acabou também pela fadiga dos militares de serem cúmplices desses civis criminosos.
BBB
A Globo sempre trabalhou para manter o povo brasileiro na ignorância. Ela jamais fez algum programa educativo ou cultural. Quem disser o contrário, estará pensando em concertos de música clássica transmitidos aos domingos às 9:00 horas da manhã, ou em novelas de autores importantes, como Dias Gomes. Mas isso eram petiscos, espaços espertamente usados pela Globo para não se distanciar totalmente das pessoas inteligentes que sempre existiram no Brasil. E algumas delas têm muito dinheiro, patrocinam a programação de melhor qualidade.
O BBB é uma invenção de holandeses, que na Holanda durou duas ou três versões. A audiência não gostou da baixaria, e hoje existem algumas cópias em emissoras de segunda classe, e mesmo assim, com um conteúdo muito superior ao que se faz no Brasil. Não se faz sexo na "casa" ou na "fazenda". Os participantes têm um nível cultural mil vezes melhor que aqui. E não se escolhe as pessoas pela bunda por pelos biceps, mas por algum real talento.
O que a Globo nos oferece (aos que têm a paciência de assistir esta merda) é lixo puro. Uma competição de ignorantes para ver quem é mais sacana, mais traidor, mais gostosa, mais submissa a um prêmio e a uma fama que não dura um ano. É uma vergonha, um péssimo exemplo para as crianças, uma lavagem cerebral criminosa.
Tomara que a Globo seja punida, nos termos da Lei que existe, por tais abusos. Ela pode fazer muito pelo povo brasileiro, se deixar do "vale-tudo" em que se meteu há décadas. Caso não se corrija, cabe ao Governo, em nosso nome, cassar a concessão que nós, via gOverno, demos aos Marinho.
É simples assim.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

HOJE, PROTESTO EM FRENTE A GLOBO-SP

Proteste em frente à Globo

    Publicado em 19/01/2012
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O Conversa Afiada publica convocação para protestar contra o Big Brothel Brasil:

Entidades realizam protesto contra a Globo nesta sexta, em São Paulo

A Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão (Frentex), a Rede Mulher e Mídia e o Fórum Nacional pela Democratização na Comunicação (FNDC) realizam um ato contra a Rede Globo por causa da postura da emissora diante da suspeita de estupro no programa Big Brother Brasil 12, e contra todas as formas de violência contra a mulher. A manifestação será na sexta-feira (20), a partir das 12h, em frente à emissora, em São Paulo.

Segundo as redes que convocam o ato, a Globo deveria ser responsabilizada por quatro motivos: ocultar um fato que pode constituir crime; prejudicar a integridade da vítima e enviar para o país uma mensagem de permissividade diante de uma suspeita de estupro de vulnerável; atrapalhar as investigações de um suposto crime e ocultar da vítima as informações sobre os fatos que teriam se passado com ela quando estava desacordada.

As entidades questionam também a naturalização da violência contra a mulher pela emissora, que transformou um possível abuso sexual em “caso de amor”. Para elas, o próprio formato do programa se alimenta da exploração dos desejos e das cizânias provocadas entre os participantes e busca explorar situações limite para conquistar mais audiência.

O protesto também co-responsabilizará os anunciantes do programa (OMO, Niely, Devassa, Guaraná Antarctica e Fiat), cobrando que eles se pronunciem, retirem seus anúncios do programa ou que os consumidores boicotem os produtos.

As entidades reforçam ainda a necessidade de o Ministério das Comunicações colocar em discussão imediatamente propostas para um novo marco regulatório das comunicações, com mecanismos que contemplem órgãos reguladores democráticos capazes de atuar sobre essas e outras questões.

Protesto contra a postura da Globo no caso BBB


Sexta-feira, dia 20, 12h às 14h


Av. Dr. Chucri Zaidan, esquina da Av. Roberto Marinho

Contatos:


Renata Mielli (Barão de Itararé/FNDC) – 9327-1747


João Brant (Intervozes/FNDC) – 8635-9825


Terezinha Ferreira (Rede Mulher e Mídia) – 9629-4892

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

BOICOTE OS PATROCINADORES DO ESTUPRO NA GLOBO!

Acusado é eliminado do BBB. E a Globo?

Por Conceição Oliveira, no blog Viomundo:

De acordo com o blog de Patrícia Kogut em O Globo.com, às 20:19: “O modelo Daniel, de 31 anos, acaba de ser eliminado da 12ª edição do “Big Brother Brasil”. A decisão foi tomada pela direção do programa no início da noite desta segunda-feira, 16, depois que a Polícia Civil esteve no Projac para investigar o possível abuso sexual cometido pelo participante na madrugada de domingo, 15. A eliminação de Daniel será anunciada ao público logo mais, ao vivo.”



Pelo visto com a visita da polícia ao Projac Pedro Bial deve ter mudado sua opinião. Entretanto, não tenho dúvidas de que hoje a audiência do programa vai aumentar e mesmo com seus comentários infelizes, Bial e Boninho ficarão contentes com isso.

Gostaria de deixar algumas perguntas:

Se for confirmada a eliminação do participante Daniel do programa, qual será o caminho a ser tomado pelo MPRJ, acionado pela SPM?

Ministério da Justiça, Ministério das Comunicações, os ministros do STF e Congresso Nacional como vão agir diante de uma emissora (concessão pública) que transmite ao vivo cenas de ‘um possível abuso sexual’?

Nota do Viomundo (1): Ontem, segundo relatos, Pedro Bial referindo-se a Daniel e Monique disse que ‘o amor é lindo’. Hoje, Bial avisando que o participante Daniel havia sido eliminado disse que a ‘direção do programa’ analisou as cenas, verificou que houve ‘infração’ (sem explicar o que Daniel fez) e para encerrar com chave de ouro, disse: ‘o show tem de continuar!’ Incrível, cenas de um suposto estupro de vulnerável na visão da Globo é ‘infração’. O que a Globo pensa sobre você, espectador(a)? (Conceição Oliveira)

Nota do Viomundo (2): Não deixem de ler nos comentários as respostas dadas por Xad Camomila às minhas duas questões. (Conceição Oliveira)

Nota do Viomundo (3): Alguns dos patrocinadores que financiam o BBB: energético da Ambev Brasil; Avon, FIAT, Guarana Antartica, Niely (cosméticos), Unilever (OMO) cerveja Devassa, Fusion e Assolan. (Conceição Oliveira).

OBA! GLOBO TEM ESTUPRO AO VIVO!!!

Estupro não é escândalo na Globo?

Por Igor Felippe Santos, no blog Escrevinhador:

A Globo fez um escândalo sem precedente quando, em 2009, trabalhadores rurais derrubaram pés de laranjas (menos de 1% do total na área, contaminados por agrotóxicos, de acordo com o governo dos Estados Unidos) em protesto para denunciar que a fazenda era grilada pela Cutrale, as terras ficam no município de Borebi, na região de Iaras (SP).



Foram dias e dias de exposição por mais de uma semana, dia e noite, das imagens (sem contextualizá-las) de um trabalhador rural passando o trator sobre os pés de laranja. Esse escândalo teve como consequência a instalação de uma CPMI contra a Reforma Agrária, a paralisação da criação de assentamentos e tentativa de desmoralização do MST.

Agora suspeita-se que um integrante de um reality show, o BBB12, teria feito sexo sem consentimento com outra participante, desmaiada e sem consciência, o que configuraria estupro. Esta denúncia não vai aparecer no Jornal Nacional, no Bom Dia Brasil, no Jornal Hoje e no Jornal da Globo? As imagens, inclusive, não estão mais no arquivo da Globo…

Escândalo para a Globo é fazer um protesto contra a grilagem de uma empresa transnacional, contra a pobreza no campo e pela Reforma Agrária. Mas a suspeita de estupro dentro da suas instalações, transmitido ao vivo por suas câmeras (com consentimento da produção do programa?), não está sujeita a virar notícia.

Não dá nem para dizer que são dois pesos e duas medidas. Porque o escândalo no caso da Cutrale era a grilagem das terras, que foi omitida, assim como o episódio no BBB12. A Globo cria os escândalos que quer. E com todo o seu poder apaga aqueles que se configuram como tal que não convêm para seus interesses. Aposto que, daqui uma semana, o programa transcorrerá como se nada tivesse acontecido…

Tanto que a “história” e os “procedimentos” para a continuidade da “atração” já foram combinados entre produção e participantes, uma vez que “por volta das 19h30 desta segunda-feira, o áudio do pay-per-view do programa foi cortado e só voltou às 20h20. Às 20h, os brothers que estavam na área externa da casa tiveram que entrar imediatamente” (de acordo com o blog SRZD).

Não há democracia num país que tem uma emissora de TV que manda e desmanda, escandaliza e “des-escandaliza” (transforma verdadeiros escândalos em… nada). É hora da sociedade se movimentar e pressionar para que o governo federal jogue peso no projeto de regulamentação dos meios de comunicação. É preciso colocar amarras nesse monstro criado pela ditadura chamado Organizações Globo, que deveria escandalizar todos aqueles que defendem a democracia.

BBB: estupro ao vivo não cassa concessão ?

Na mesma linha de luta por audiência e faturamento a qualquer custo, as próximas versões do BBB trarão cenas de tortura, pedofilia, e assassinato. Na TV aberta, só as preliminares; na TV paga, o burro telespectador poderá saciar-se com as cenas completas.
Por incrível que pareça, a Globo é concessão de serviço público, e deveria perdê-la depois de mais este crime. Mas nada vai acontecer. A presidenta Dilma e seu "ministro" das Comunicaçõesapenas  usarão seu controle remoto...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

EX-BBB DESTRÓI CAMPANHA ANTI-HOMOSSEXUAIS

Homossexual assumido, vencedor de uma das edições do idiotizante programa BBB, da TV Globo, e professor universitário, Jean Wyllys de Matos Santos foi atacado em cartas publicadas no site do Jornal do Brasil, por defender o projeto que criminaliza a homofibia. O projeto tem sido combatido com todas as forças por fanáticos religiosos e picaretas do Evangelho, que costumam pregar que o homossexualismo é uma doença e um pecado mortal. 
Inteligente e culto, Jean Wyllis, que hoje é deputado federal pelo PSOL, enviou ao sítio uma carta-resposta que merece ser lida com toda atenção. Ele destrói os argumentos daqueles que pregam o ódio e a discriminação. Leiam e vejam se não é um documento da máxima importância, lúcido e contundente: 

Em primeiro lugar, quero lembrar que nós vivemos em um Estado Democrático de Direito e laico. Para quem não sabe o que isso quer dizer, “Estado laico”, esclareço: O Estado, além de separado da Igreja (de qualquer igreja), não tem paixão religiosa, não se pauta nem deve se pautar por dogmas religiosos nem por interpretações fundamentalistas de textos religiosos (quaisquer textos religiosos). Num Estado Laico e Democrático de Direito, a lei maior é a Constituição Federal (e não a Bíblia, ou o Corão, ou a Torá).

Logo, eu, como representante eleito deste Estado Laico e Democrático de Direito, não me pauto pelo que diz A Carta de Paulo aos Romanos, mas sim pela Carta Magna, ou seja, pelo que está na Constituição Federal. E esta deixa claro, já no Artigo 1º, que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana e em seu artigo 3º coloca como objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A república Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios da prevalência dos Direitos Humanos e repúdio ao terrorismo e ao racismo.
Sendo a defesa da Dignidade Humana um princípio soberano da Constituição Federal e norte de todo ordenamento jurídico Brasileiro, ela deve ser tutelada pelo Estado e servir de limite à liberdade de expressão. Ou seja, o limite da liberdade de expressão de quem quer que seja é a dignidade da pessoa humana do outro. O que fanáticos e fundamentalistas religiosos mais têm feito nos últimos anos é violar a dignidade humana de homossexuais.
Seus discursos de ódio têm servido de pano de fundo para brutais assassinatos de homossexuais, numa proporção assustadora de 200 por ano, segundo dados levantados pelo Grupo Gay da Bahia e da Anistia Internacional. Incitar o ódio contra os homossexuais faz, do incitador, um cúmplice dos brutais assassinatos de gays e lésbicas, como o que ocorreu recentemente em Goiânia, em que a adolescente Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, que, segundo a mídia, foi brutalmente assassinada por parentes de sua namorada pelo fato de ser lésbica. Ou como o que ocorreu no Rio de Janeiro, em que o adolescente Alexandre Ivo, que foi enforcado, torturado e morto aos 14 anos por ser afeminado.
O PLC 122 , apesar de toda campanha para deturpá-lo junto à opinião pública, é um projeto que busca assegurar para os homossexuais os direitos à dignidade humana e à vida. O PLC 122 não atenta contra a liberdade de expressão de quem quer que seja, apenas assegura a dignidade da pessoa humana de homossexuais, o que necessariamente põe limite aos abusos de liberdade de expressão que fanáticos e fundamentalistas vêm praticando em sua cruzada contra LGBTs.
Assim como o trecho da Carta de Paulo aos Romanos que diz que o “homossexualismo é uma aberração” [sic] são os trechos da Bíblia em apologia à escravidão e à venda de pessoas (Levítico 25:44-46 – “E, quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas…”), e apedrejamento de mulheres adúlteras (Levítico 20:27 – “O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles…”) e violência em geral (Deuteronômio 20:13:14 – “E o SENHOR, teu Deus, a dará na tua mão; e todo varão que houver nela passarás ao fio da espada, salvo as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu o SENHOR, teu Deus…”).
A leitura da Bíblia deve ensejar uma religiosidade sadia e tolerante, livre de fundamentalismos. Ou seja, se não pratica a escravidão e o assassinato de adúlteras como recomenda a Bíblia, então não tem por que perseguir e ofender os homossexuais só por que há nela um trecho que os fundamentalistas interpretam como aval para sua homofobia odiosa.
Não declarei guerra aos cristãos. Declarei meu amor à vida dos injustiçados e oprimidos e ao outro. Se essa postura é interpretada como declaração de guerra aos cristãos, eu já não sei mais o que é o cristianismo. O cristianismo no qual fui formado – e do qual minha mãe, irmãos e muitos amigos fazem parte – valoriza a vida humana, prega o respeito aos diferentes e se dedica à proteção dos fracos e oprimidos. “Eu vim para que TODOS tenham vida; que TODOS tenham vida plenamente”, disse Jesus de Nazaré.
Não, eu não persigo cristãos. Essa é a injúria mais odiosa que se pode fazer em relação à minha atuação parlamentar. Mas os fundamentalistas e fanáticos cristãos vêm perseguindo sistematicamente os adeptos da Umbanda e do Candomblé, inclusive com invasões de terreiros e violências físicas contra lalorixás e babalorixás como denunciaram várias matérias de jornais: é o caso do ataque, por quatro integrantes de uma igreja evangélica, a um centro de Umbanda no Catete, no Rio de Janeiro; ou o de Bernadete Souza Ferreira dos Santos, Ialorixá e líder comunitária, que foi alvo de tortura, em Ilhéus, ao ser arrastada pelo cabelo e colocada em cima de um formigueiro por policiais evangélicos que pretendiam “exorcizá-la” do “demônio”.
O que se tem a dizer? Ou será que a liberdade de crença é um direito só dos cristãos?
Talvez não se saiba, mas quem garantiu, na Constituição Federal, o direito à liberdade de crença foi um ateu Obá de Xangô do Ilê Axé Opô Aforjá, Jorge Amado. Entretanto, fundamentalistas cristãos querem fazer uso dessa liberdade para perseguir religiões minoritárias e ateus.
Repito: eu não declarei guerra aos cristãos. Coloco-me contra o fanatismo e o fundamentalismo religioso – fanatismo que está presente inclusive na carta deixada pelo assassino das 13 crianças em Realengo, no Rio de Janeiro.

Reitero que não vou deixar que inimigos do Estado Democrático de Direito tente destruir minha imagem com injúrias como as que fazem parte da matéria enviada para o Jornal do Brasil. Trata-se de uma ação orquestrada para me impedir de contribuir para uma sociedade justa e solidária. Reitero que injúria e difamação são crimes previstos no Código Penal. Eu declaro amor à vida, ao bem de todos sem preconceito de cor, raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de preconceito. Essa é a minha missão.

Jean Wyllys (Deputado Federal pelo PSOL Rio de Janeiro)

segunda-feira, 28 de março de 2011

BRIZOLA NETO E O ABSURDO DO BBB

N'O Globo, carreiras com menos integrantes do que a profissão de ex-BBB
Mais cedo postei o artigo (insuspeito, de um dirigente de bancomultinacional) falando do peso da educação no desenvolvimento chinês.
Agora, antes de almoçar, leio uma matéria que seria irônica, se não fosse trágica.
E, também, no insuspeitíssimo O Globo.
É que o blog do Big Brother, certamente por distração de seus mentores, publica a seguinte informação:
“Na quarta-feira, 30 de março, existirão 169 ex-integrantes do “Big Brother Brasil”. Um número que chama atenção ao ser posto, lado a lado, ao de profissionais com carteira assinada em algumas atividades regulamentadas pelo Ministério do Trabalho: hoje, no Brasil, existem 18 geoquímicos, 34 oceanógrafos, 77 médicos homeopatas e 147 arqueólogos, entre outros ofícios. No entanto, na mesma quarta, alguém estará R$ 1,5 milhão mais rico (ou menos pobre, dependendo do ponto de vista), e não será um desses trabalhadores.”
Pois é. Mas o que o “brother” vai ganhar é nada, perto do que a Globo fatura.Ano passado foram R$ 300 milhões; em 2011, estima-se, R$ 400 milhões. E fatura porque as grandes empresas pagam para patrocinar.
Não tenho notícia de uma grande empresa patrocinando uma Universidade. Não tenho notícia de uma multinacional investindo na formação de oceanógrafos, ou de arqueólogos, ou de homeopatas, ou geoquímicos.
Nem vejo os nossos gloriosos colunistas dizendo que as empresas devem ter uma função social, como prevê, desde 1946, a nossa Constituição.
Nada contra as moças e rapazes que estão ali tentando um lugar ao sol que, em nosso país, durante décadas,  nos acostumamos a não merecer pelo estudo, pelo trabalho, pela austeridade. “Faz parte”, como dizia o bordão de um ex-”brother”.
Mas tudo contra o império do interesse comercial moldando, a seu bel-prazer, um comportamento socialmarcado pela competição a qualquer preço, pelo exibicionismo, pelo vazio, para embolsar milhões.
Sempre é bom repetir o que diz o artigo 221 de nossa Constituição:
A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
É por isso que quando a Globo fala em princípios, em educação, em trabalho honesto, em respeito ao ser humano, o cheiro da hipocrisia se espalha no ar.