segunda-feira, 26 de março de 2012

MORRE ESCRITOR ITALIANO QUE AMAVA PORTUGAL



O escritor italiano Antonio Tabucchi, que morreu hoje em Lisboa, era considerado um autor de dimensão universal, com uma voz para lá da literatura e que dizia muitas vezes que sonhava em português.
Antonio Tabucchi, que nasceu em Vecchiano (Pisa) em 1943, descobriu a leitura na infância por culpa de uma fratura num joelho e por causa de um tio, que o ajudou a curar a maleita fornecendo-lhe muitos livros.
Apesar da naturalidade italiana, Tabucchi estava há várias décadas ligado a Portugal, por via de uma admiração profunda pela obra de Fernando Pessoa, que divulgou e traduziu para italiano.
A nacionalidade portuguesa foi-lhe concedida em 2004, uma mera formalidade para quem, como admitiu em várias entrevistas, sonhava frequentemente em português, condição involuntária de quem se considera cativo de um país.
O nome de Fernando Pessoa ficou-lhe marcado no percurso literário como nenhum outro autor, tinha como profissão "professor universitário" em Portugal e Itália, dirigiu o Instituto Italiano de Cultura, mas Antonio Tabucchi deixou sobretudo uma voz própria na literatura, comprometida com um grande sentido cívico.
Deixou publicadas obras como "Afirma Pereira" e "A cabeça perdida de Damasceno Monteiro", duas das que têm Portugal como cenário da ficção, "Nocturno Indiano", "Os últimos três dias de Fernando Pessoa" e "Requiem".

Zita Seabra: Portugal perde um grande escritor "que conhecia a nossa maneira de ser"

por LusaOntem

A literatura portuguesa perdeu um grande escritor com a morte de Antonio Tabucchi, que "conhecia a nossa maneira de ser", considerou a editora Zita Seabra, uma das antigas responsável da Quetzal, que divulgou no país a larga maioria da obra do romancista de origem italiana.
"Conheci-o muito bem, acho que a literatura portuguesa perde um grande escritor. Era um escritor tão português quanto italiano. A sua obra é marcada profundamente pela influência da literatura portuguesa, particularmente por Fernando Pessoa, mas era um escritor que conhecia muito bem Portugal e a maneira de ser portuguesa", disse em declarações à Lusa a atual editora da Alêtheia.
Tabucchi começou a editar na Quetzal quando Maria da Piedade Ferreira, que o traduzia e editava na Difel, decidiu fundar a nova casa editorial, com Zita Seabra e outros colaboradores.
"O seu texto mais espantoso na minha opinião, que é Mulher de Porto Pim, foi inicialmente editado na Difel e depois retomado pela Quetzal. Diria que no fundamental a sua obra foi editada pela Quetzal, à exceção dos mais recentes e que já não são livros tão significativos", refere.
"Conhecia a maneira de ser dos portugueses e isso refletia-se nos seus textos, romances e livros. Acho que é uma grande perda para Portugal e para Itália de um escritor que infelizmente morreu muito novo", acrescentou a editora.
Professor de literatura portuguesa em Siena, Antonio Tabucchi tinha casa em Lisboa e era casado com uma portuguesa, e Zita Zeabra recorda alguns aspetos particulares da personalidade do escritor, quando optava por se instalar no seu apartamento da capital.


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