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terça-feira, 13 de outubro de 2015

JOVENS MÚSICOS DE SP INTEGRAM ORQUESTRA BINACIONAL NA VENEZUELA

Projeto Guri participa, pela primeira vez, do Festival Villa Lobos, da Venezuela, em outubro 

Jovens músicos do interior de São Paulo integram a Orquestra Binacional em Caracas, ao lado de músicos de diversas regiões do Brasil, entre os dias 18 e 25

Cinco integrantes do Projeto Guri – programa de educação musical gratuito, mantido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – foram selecionados pelo Festival Villa Lobos para fazer parte da Orquestra Binacional do evento. Considerado um dos maiores festivais de música clássica do mundo, é um trabalho conjunto com El Sistema, Embaixada do Brasil, Instituto Cultural Brasil-Venezuela e Fundação Meijer-Werner.  Este ano, a sétima edição do evento acontece entre 18 e 25 de outubro ehomenageia os 40 anos da fundação do El Sistema musical da Venezuela e seu fundador maestro José Antônio Abreu.
Thalita Da Silva Chaves, Cezar Donizete De Paula Junior, Giuliano Magno Panini Cruvinel de Oliveira, Alisson Oliveira de Aragão, do Grupo de Referência do Guri de Jundiaí, e Danilo Aguiar de Paula, do Grupo de Referência de Bauru, se juntam a outros 60 jovens músicos de diversos estado do país, como Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.  Ao lado dos músicos da Orquestra Sinfônica Jovem Simón Bolívar, da Venezuela, os brasileiros compõem a Orquestra Binacional do festival. Com regência do maestro Roberto Tibiriçá, apresentarão um repertório bastante robusto com músicas reconhecidas internacionalmente como, Bachianas nº 7, de Villa Lobos, Marcha Eslava, de Tchaikovsky, Alma Llanera, canção popular venezuelana, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, e Brasileirinho, de Waldir Azevedo, entre outras.
Esta é a primeira vez que o Projeto Guri participa do festival. Ao desembarcarem em Caracas os jovens do Guri participarão de aulas e ensaios com os demais brasileiros e os músicos venezuelanos. O resultado desta convivência será apresentado nos concertos dos dias 24 e 25 de outubro, na Sala Simón Bolivar.  Segundo Claudia Freixedas, diretora educacional da Amigos do Guri, trata-se de uma experiência técnica, musical e artística de alto nível. “Acredito que a possibilidade de integrar uma orquestra como a Orquestra Sinfônica Jovem Simón Bolívar, será incrível para nossos alunos. É uma oportunidade de refletir sobre suas próprias realidades, ampliando perspectivas, tanto musicais, quanto sociais e pessoais".
Os Grupos de Referência do Projeto Guri de Jundiaí e Bauru são patrocinados pelas empresas Capitale Energia e Catho. Estas formações são compostas por alunos de desempenho avançado, entre 13 e 18 anos.  A Orquestra do Grupo de Referência de Jundiaí, por exemplo, conta com 47 integrantes e tem como regente o maestro André Sanches. Os quatros integrantes da Orquestra, selecionados para ir para a Venezuela, têm de 17 a 19 anos e tocam violino e trompete. Já a Banda de Música do Guri de Bauru é formada por instrumentos de sopro e percussão, com regência de Devanildo Aparecido Balmant e conta com cerca de 40 jovens.  O aluno deste grupo que foi selecionado para o Festival Villa Lobos, Danilo Aguiar tem 20 anos e toca clarinete.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

RODRIGO VIANNA DÁ UMA IMPERDÍVEL AULA DE JORNALISMO


Ucrânia e Venezuela: lutar com palavras

publicada sexta-feira, 21/02/2014 às 11:03 e atualizada sexta-feira, 21/02/2014 às 12:55
“Lutar com palavras é a luta mais vã. No entanto lutamos mal rompe a manhã.” (Drummond)
por Rodrigo Vianna
Não se trata de poesia. Mas de política. A edição da “Folha” desta sexta-feira é mais uma demonstração de que a batalha nas ruas de Kiev ou Caracas não é feita só de coquetéis molotov, bombas e fuzis. A batalha se dá na mídia, na TV, na internet, nas páginas envelhecidas dos jornais. São Paulo, Caracas, Kiev, Moscou e Washington. A batalha é uma só.  
Reparemos bem. Ao lado, temos a primeira página do jornal conservador paulistano – o mesmo que apoiou o golpe de 64 e emprestou seus carros para transporte de presos durante a ditadura militar. Na capa da “Folha”, ucranianos escalam uma montanha de entulho no centro de Kiev, e a legenda avisa: “Manifestantes antigoverno usam pneus e entulho para montar barricadas…” Logo abaixo, uma chamada sobre reintegração de posse em São Paulo: “Em SP, invasores destroem imóveis do Minha Casa”. Numa página interna, o jornal informa que esse “invasores resistiram e, até a noite, praticavam atos de vandalismo”. (página C-1)
Ucranianos não praticam “vandalismo”. São tratados de forma heróica. Ainda que se saiba que parte dos manifestantes em Kiev tem um discurso racista, próximo do nazismo. Brasileiros são “vândalos”. Ucranianos são “manifestantes”.
Mas sigamos adiante. Nas páginas internas, a “Folha” traz vários textos do enviado especial a Kiev. Num deles, o repórter mostra uma pequena fábrica para produção de coquetéis Molotov, dentro do Metrô de Kiev. O cidadão que produz as bombas é descrito assim: “Sem afiliação a partidos ou uma proposta ideológica clara, o cidadão diz ter sido atraído pela praça e pelas manifestações a partir da ideia de que é necessário mudar o sistema político na Ucrânia.” 
Mudar o sistema político. Hum. Não fica claro se o cidadão quer uma ditadura. A Ucrânia não é uma democracia? O governo não foi eleito pela maioria? Hum… “Sem afiliação a partidos” – essa parece ser a chave para legitimar tudo nos dias que correm. A CIA, os EUA, a CNN, a Folha não tem filiação a partidos. Não. Nem o nobre manifestante de Kiev.
Ao lado da reportagem sobre os molotov, um texto opinativo assinado por Igor Gielow (sobrenome “eslavo”, muito bom! Isso dá credibilidade ao comentário). Basicamente, Gielow diz que a crise na Ucrânia é “reflexo da estratégia de Putin para a região”. Ele não está errado. Pena que esqueça de contar uma parte da história. “O importante não é o que eu publico, mas o que deixo de publicar”, dizia Roberto Marinho.
 Gielow e a “Folha” ensinam: Putin é um líder malvado, que pretende manter na Ucrânia “a esfera de poder dos tempos imperiais e soviéticos”. Aprendam: só a Rússia tem interesses imperiais na Ucrânia. Do outro lado, há cidadãos sem afiliação partidária, lutando contra um insano governo pró-Moscou.  Os EUA e a Europa não têm interesses na Ucrânia. Só Putin. A culpa é dos russos.
Na “Folha” luta-se com as palavras muito antes da manhã começar. Luta-se com as palavras em Kiev, em São Paulo, Moscou. Washington fica invisível. E toda a estratégia passa por aí. O poder imperial só existe por parte da Rússia. Washington não tem qualquer projeto imperial: nem na Ucrânia, nem na Síria, nem tampouco na América Latina…
Falando nisso, a cobertura sobre a Venezuela é também grandiosa no diário da família Frias. Declarações de Maduro aparecem entre aspas. Velho truque jornalistico para desqualificar, colocar no gueto da suspeição, qualquer fala dos chavistas. Segundo a Folha, o governo de Maduro afirma que o movimento (golpista? Isso a Folha não diz) é uma armação de “forças de ultradireita da Venezuela e de Miami”. No texto original a expressão está assim, entre aspas. Por que? Para dar a impressão de que Maduro é um lunático, e que não há forças de ultradireita lutando nas ruas. Não. Há só “estudantes” e “manifestantes” (e agora sou eu que coloco entre aspas).
A legenda da foto ao lado (também publicada pelo jornal conservador paulistano) diz: “Estudantes queimam lixo em atos contra Nicolás Maduro”. Primeiro, como se sabe que o sujeito é um “estudante”? Depois, reparem que queimar lixo na Venezuela é “ato contra Maduro“. Queimar prédios em desapropriação, em São Paulo, vira “vandalismo”.
Em Caracas não há “vândalos”.
Ao lado da foto, um texto assinado por repórter (que está em São Paulo!!!!!) narra  roubo de equipamento da CNN em Caracas: “o ataque à CNN se assemelha a inúmeros relatos de motociclistas intimidando manifestantes, com tolerância e até respaldo das forças de segurança do governo”. O roubo ocorreu em manifestação da oposição. Mas o roubo certamente é coisa dos chavistas. Claro. Nem é preciso ir até Caracas pra saber (registro a bem da verdade factual que o repórter - a quem conheço, ótima pessoa – foi correspondente em Caracas).
No mesmo texto (assinado, de São Paulo) os grupos que defendem o governo são chamados de “milícias”. Ok. Já estive em Caracas cinco ou seis vezes. E há grupos chavistas que se assemelham mesmo a milícias. Mas do lado da oposição há o que? Não há milícias? A turma de Leopoldo, que deu golpe em 2002, é formada por cidadãos inocentes. E só.
Quem lê a “Folha” aprende que, em Caracas,  há de um lado “milícias chavistas”. De outro, só “estudantes” e “manifestantes”.  
Não há neutralidade no uso das palavras. Nunca houve. Nunca haverá. E quanto mais agudas as crises, mais isso fica claro. Há escolhas. A “Folha” faz as suas. A CNN, a Telesur, a VTV – ou esse blogueiro. A diferença é que uns assumem que têm lado. Outros fingem que estão “a serviço do Brasil”.  
Lutemos, com as palavras. Não há saída. O outro lado luta todos os dias, todas horas.
“Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate” (Drummond).
http://www.rodrigovianna.com.br/vasto-mundo/ucrania-e-venezuela-lutar-com-palavras.html#more-25487

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

PARA ENTENDERMOS A MÍDIA NA CRISE ARTIFICIAL DA VENEZUELA

Sobre a Venezuela: a guerra da informação

Escrito por: Manuel E. Gándara Carballido
Fonte: Carta Maior
Nós, venezuelanos, assistimos a um novo ciclo de fatos violentos e, mais uma vez, se faz necessário um talento crítico que permita avaliar a situação sem cair em leituras interessadamente distorcidas.
Na Venezuela, temos experiência de quanto o manejo (e a manipulação) da informação faz parte do desenvolvimento dos conflitos e das confrontações sociais.
Neste novo episódio, assistimos a bloqueios e auto-bloqueios informativos por parte de alguns meios de comunicação. Diante disso, muitas pessoas recorrem às redes sociais para saber o que está acontecendo. Nelas, encontram muitas fotos, vídeos e denúncias apresentadas como se fossem registros do que está acontecendo nestes dias no país quando, na verdade, pertencem a outros países e a outros momentos históricos. Assim, é preciso suspeitar da informação que nos chega sobre os acontecimentos. É necessário avaliá-la e contrastá-la antes de tomá-la como verdadeira.
Segundo declarações oficiais, divulgadas pela Procuradora Geral da República, Luisa Ortega Díaz, os acontecimentos deixaram até o dia 14 de fevereiro um saldo de 3 pessoas mortas, 66 feridas e 69 presas. Os três homicídios ocorreram na cidade de Caracas, onde perderam a vida os cidadãos Juan Montoya, membro do coletivo José Leonardo Pirela, da comunidade 23 de janeiro (que apoiava o governo de Maduro), Bassil Dacosta, estudante da Universidade Alejandro Humboldt (que participava dos protestos), e Roberto José Redman Orozco, todos vítimas de disparos de armas de fogo.
Em relação aos feridos, também segundo a Procuradoria Geral, entidade responsável pela investigação, 9 foram em Caracas, 41 em Aragua, 11 de Merida, 4 em Lara e 1 em Táchira. Dos 66 feridos, 17 são funcionários policiais e militares. Além disso, a sede do Ministério Público, Parque Carabobo e algumas instalações do Metrô de Caracas sofreram danos em suas instalações, produto da ação violenta ocorrida.
Em um processo de aprofundamento democrático é fundamental o exercício do direito de protesto, da manifestação pacífica, convertendo a rua em um espaço de construção política, de demandas; mas dificilmente se pode aceitar que o exercício desse direito seja instrumentalizado em função de outras agendas que pouco tem a ver com uma democracia participativa. Assim, boa parte do desconcerto que se vê nestes dias tem a ver com as mensagens cruzadas sobre as supostas motivações dos protestos. Entre as demandas que aparecem nos protestos da oposição se encontram a exigência de maior segurança (a principal necessidade sentidas por todos os setores da população venezuelana), a necessidade de atender ao problema do desabastecimento, e a exigência de respeito às universidades. Mas, ao mesmo tempo, circulam mensagens que pedem “a saída” do governo de Nicolas Maduro como razão das convocatórias das marchas e protestos.
Neste contexto, o governo anunciou a expulsão de três funcionários da Embaixada dos Estados Unidos, assinalando que os mesmos vinham participando da criação de organizações de jovens destinadas a promover ações violentas. O chanceler Elías Jaua manifestou que tais ações estavam sendo promovidas com o pretexto da entrega de vistos nas universidades do país. Os Estados Unidos responderam, chamando de falsas as acusações de ingerência formuladas pelo governo venezuelano.
Por outro lado, creio que não podemos deixar de lado a disputa pela liderança no interior da própria oposição venezuelana. Leopoldo López e María Corina Machado aparecem como as principais figuras que animam este novo ciclo de protestos, e pedem a radicalização das ações, frente a outros líderes opositores (entre os quais se encontra o próprio Henrique Capriles Radonski, ex-candidato presidencial e até agora apresentando como principal líder opositor frente ao chavismo), que são apresentados ultimamente como “fracos” diante da realidade do país.
Seja como for, o que não se pode permitir numa sociedade que pretende aprofundar seu caráter democrático e inclusivo é o estabelecimento da impunidade frente a fatos como os ocorridos nos últimos dias. É preciso abrir processos de investigação que permitam punir os responsáveis por esses fatos, determinar o uso excessivo e injustificado da força (incluindo aí a força letal) por parte de funcionários dos órgãos de segurança do Estado. Além disso, é preciso investigar os atos delituosos cometidos no marco dos protestos e punir seus autores intelectuais e materiais. Esse é um dos desafios que nós, venezuelanos, temos pela frente: superar a leitura ingênua dos meios de comunicação e do que circula nas redes sociais é outro.

(*) Ativista de direitos humanos, dedicado à educação popular em direitos humanos na Venezuela, onde acompanha processos de formação e organização com comunidades de base e organizações sociais. É membro da Rede de Apoio pela Justiça e pela Paz, na Venezuela, e do Instituto Joaquín Herrera Flores. Doutor em Direitos Humanos, professor de Teoria tradicional e teoria crítica dos direitos humanos”, no Programa Oficial de Máster em “Direitos Humanos, Interculturalidade e Desenvolvimento”, da Universidade Pablo de Olavide, de Sevilha (Espanha).
http://fndc.org.br/clipping/sobre-a-venezuela-a-guerra-da-informacao-935374/

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

NOBEL DA PAZ ACUSA EUA POR CRISE NA VENEZUELA


Esquivel, prêmio Nobel da Paz: “Protestos na Venezuela são movidos pelos EUA”

publicada segunda-feira, 17/02/2014 às 18:21 e atualizada segunda-feira, 17/02/2014 às 18:27
Em entrevista à imprensa argentina, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel garantiu que “há uma intenção de desestabilizar não apenas a economia como também a ação social e política” na Venezuela.
Ao comentar nesta segunda-feira (17/02) a série de protestos e marchas de opositores ao governo de Nicolás Maduro, o arquiteto, escritor e ativista pelos direitos humanos disse também que há uma “investida originada nos Estados Unidos”.
“Tudo isso para produzir mudanças que não se fazem por meio de eleições”, disse o argentino. Para Esquivel, quem move os “fios dos protestos são os EUA e seus aliados”.
Esquivel pediu também maior presença do Mercosul (Mercado Comum do Sul), bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela — em nota divulgada hoje, o Mercosul repudiu a violência e “ameaças de ruptura da ordem democrática” no país. “O Mercosul tem que se fortalecer. Estão muito lentos”, disse Esquivel, horas antes da publicação do comunicado do bloco.
O Nobel da Paz ainda elogiou as conquistas sociais da Venezuela, ressaltando que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) reconheceu o país latino-americano por ter erradicado o anafalbetismo da população.
“Fui até as zonas marginais. Ali, as pessoas não tinham água e nenhum médico se atrevia a entrar para prestar atendimentos. A Venezuela era um país que não produzia nada, era provida pelos EUA. Hoje, a Venezuela tem integração”, disse Esquivel.
http://www.rodrigovianna.com.br/vasto-mundo/esquivel-premio-nobel-da-paz-protestos-na-venezuela-sao-movidos-pelos-eua.html#more-25252