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sábado, 2 de julho de 2011

SERRA FALA, FALA, E NINGUÉM LIGA


No dia em que a presidente Dilma Rousseff completa seis meses no cargo, o candidato derrotado José Serra, após longa reflexão, reuniu o PSDB em Brasília para apresentar seu julgamento: o governo foi condenado.
Para surpresa de ninguém, Serra apareceu na reunião com um envelope na mão direita e uma cara de quem chega ao velório, ao lado do governador paulista Geraldo Alckmin.
Entre outros mimos, Serra qualifica o governo Dilma como "incompetente" e "autoritário", segundo apurou a "Folha", ao contrário do que vêm dizendo outros líderes tucanos, como Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso, que têm elogiado o desempenho da presidente.
Por isso mesmo, seu documento nem foi divulgado após a primeira reunião do Conselho Político do PSDB, uma gazua que o partido arranjou para colocá-lo em alguma presidência _ ele sempre quis ser presidente _ depois de ser derrotado nas últimas eleições internas tucanas pelo grupo do senador Aécio Neves.
"O governo não tem um rumo claro ainda", proclamou à saída da reunião, como se ele e seu partido tivessem em algum momento apresentado um rumo claríssimo para o país.
Participaram do convescote de Serra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os governadores Geraldo Alckmin e Marconi Perillo e o presidente reeleito do partido Sergio Guerra.
O único ausente foi Aécio Neves, que se recupera do acidente da queda de cavalo. Foi este o motivo alegado para manter em sigilo a "análise" de Serra. O documento, segundo Guerra, precisa ser aprovado pelo ex-governador mineiro antes de ser divulgado, como se isto não pudesse já ter sido feito via e-mail ou telefone.
FHC levou tudo na brincasdeira. Primeiro, não quis comentar nada; depois, disse "eu sigo o Serra" e, por último, mangou com os repórteres: "Vocês querem que eu fale mal da minha presidente?".
Ainda não foi desta vez que José Serra voltou às manchetes.

domingo, 17 de abril de 2011

FERNANDO HENRIQUE CONHECE A MÍDIA COMPRÁVEL?


No sítio "Carta Maior", excelente artigo do professor Vinício Lima, analisa as referências feitas à Mídia no artigo-suicida de Fernando Henrique Cardoso. 

A propósito, é preciso que se note a quantidade de jornalistas do PIG (Partido da Imprensa Golpista, isto é, Folha, Estadão, O Globo, veja e Época, principalmente) que tentam consertar as besteiras escritas pelo ex-sociólogo. 
Querem, mediante acrobacias com as palavras, "provar" que FHC não dispensou os votos do que chamou "povão" - este já estaria todo comprado pelo PT, através dos programas sociais. Fernando Henrique foi explícito ao afirmar que a oposição deve se concentrar na velha e nova classe média (aquela conectada às redes sociais, segundo FHC). Esqueceu-se de dizer que boa parte da nova classe média só passou a existir graças à expansão de escolas, empregos, oportunidades, nos oito anos de governo de Lula...


DEBATE ABERTO

FHC, a oposição e a mídia


O presidente de honra do PSDB teria prestado uma importante contribuição à moralidade pública se dissesse quais são os veículos de mídia que se sujeitam à “influência” do governo via verbas publicitárias. Será que ele estaria se referindo à revista Veja? Ou aos veículos das Organizações Globo? Ou, quem sabe, à Folha de São Paulo? Ou ao Estadão?


Venício Lima


O artigo sobre “O papel da oposição” que Fernando Henrique Cardoso publicou na revista “Interesse Nacional” teve grande repercussão, mas pouco se comentou sobre as afirmações que ele faz sobre o papel da mídia, velha e nova. Trata-se de ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, que sempre contou com a simpatia da grande mídia e, certamente, fala com autoridade de quem sabe. Vale a pena, portanto, verificar alguns dos conceitos e conselhos que oferece à oposição política.


PRIMEIRO: Para FHC opinião pública “são os setores da opinião nacional que recebem informações [da mídia]”, vale dizer, a opinião pública é apenas uma parte da população, aquela que se utiliza da mídia para obter informações [políticas].


O ex-presidente, portanto, ao contrário do que historicamente pensam e reivindicam muitos na grande mídia, faz uma importante distinção entre a opinião da mídia, a opinião pública e a opinião nacional [cf. nesta Carta Maior, “Golpe de 1964: os jornais e a “opinião pública” ].


SEGUNDO: FHC considera que “existe um público distinto do que se prende ao jogo político tradicional e ao que é mais atingido pelos mecanismos governamentais de difusão televisiva e midiática em geral”. Esse público “mais atingido pelos mecanismos governamentais” é identificado como sendo “as massas carentes e pouco informadas” e, entre os “mecanismos governamentais”, se incluem a “influência que [o governo] exerce na mídia com as verbas publicitárias”.


O ex-presidente considera, então, que existe uma “massa” que vem sendo manipulada pelo governo através da “difusão televisiva e midiática em geral”. E mais: que o governo ainda conta com a conivência ou cumplicidade da mídia, cooptada por meio de verbas publicitárias.


Teriam sido essas “massas carentes e pouco informadas” que o elegeram duas vezes, em 1994 e 1998, para a presidência da República? Ou essa seria apenas a conhecida forma elitista de se desqualificar o voto que elegeu e reelegeu o ex-presidente Lula e ainda elegeu, em 2010, a presidente Dilma?


Vale relembrar uma passagem do precioso artigo de Maria Rita Kehl que provocou sua demissão do Estadão em outubro de 2010. Dizia ela:


O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola. (…) Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano. [cf.http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101002/not_imp618576,0.php].


Por outro lado, teria sido uma importante contribuição à moralidade pública se o presidente de honra do PSDB tivesse dado a conhecer quais são exatamente os veículos de mídia que se sujeitam à “influência” do governo via verbas publicitárias. Será que ele estaria se referindo à revista Veja? Ou aos veículos das Organizações Globo? Ou, quem sabe, à Folha de São Paulo? Ou ao Estadão?


TERCEIRO: O ex-presidente considera que “existe toda uma gama de classes médias” (…), “ausente do jogo político-partidário”, para a qual “as oposições devem dirigir suas mensagens prioritariamente, sobretudo no período entre as eleições”. Uma das características desses grupos é que, eles estão conectados às “redes de internet, Facebook, YouTube, Twitter, etc.”.


Mas, alerta ele, as oposições “não devem, obviamente, desacreditar do papel da mídia tradicional: com toda a modernização tecnológica, sem a sanção derivada da confiabilidade, que só a tradição da grande mídia assegura, tampouco as mensagens, mesmo que difundidas, se transformam em marcas reconhecidas.”


Certamente o ex-presidente não ignora a incrível capilaridade social da internet e de suas redes sociais no Brasil. Os usuários de Facebook, YouTube e Twitter estão em todas as classes sociais. E muitos dos usuários chegaram lá exatamente como resultado das políticas sociais dos governos que a oposição, segundo o ex-presidente, precisa combater.


O mais interessante, todavia, é a advertência em relação à mídia tradicional. Ela seria detentora exclusiva de uma “confiabilidade” capaz de assegurar a transformação das mensagens (políticas) em “marcas reconhecidas”.


Se considerarmos a oposição sistemática feita pela grande mídia aos dois governos Lula, comprovada por diferentes pesquisas e reconhecida pela própria presidente da Associação Nacional de Jornais, há razões de sobra para se desconfiar da “confiabilidade” da mídia tradicional. O ex-presidente Lula e seu governo, como se sabe, continuaram a receber aprovação recorde da imensa maioria da população.


Ao fim e ao cabo, parece que, a seguir as recomendações do ex- presidente FHC, a oposição política no Brasil terá um longo caminho pela frente.


A ver.


Venício A. de Lima é professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011.




terça-feira, 22 de março de 2011

A FALTA QUE FAZEM MÍDIA E OPOSIÇÃO HONESTAS

Meu querido amigo e exemplar cidadão Eduardo Guimarães, fundou em São Paulo o "Movimento dos Sem-Mídia", uma entidade civil que luta pela democratização da informação no Brasil, hoje controlada por seis ou sete famiglias. Em seu excelente blog, Cidadania (link à esquerda, não deixem de visitar), traz hoje um texto sobre a importância de uma imprensa honesta e de uma oposição responsável, do qual extraí um pequeno trecho, por resumir perfeitamente a questão. 
Leiam e procurem a íntegra no blog do Edú, porque vale a pena: 

A democracia funciona através de um sistema de pesos e contrapesos que interessa ao conjunto da sociedade independentemente de partidos, corporações ou ideologia. Nenhum governo pode funcionar sem fiscalização. Essa é uma premissa que garante à sociedade a transparência do uso dos recursos que ela provê ao Estado através de seus impostos, que não são nada baratos.
A todo cidadão, portanto, interessa a fiscalização do uso dos recursos públicos e do poder do Estado em si. E essa fiscalização se viabiliza, nas democracias, através de duas instituições, a imprensa e a oposição.
Obviamente que por fiscalização não se entende guerra como a que PSDB, DEM, PPS, Folha, Veja, Globo, Estadão e companhia limitada promoveram contra o governo Lula entre 2003 e 2010. Mas uma fiscalização responsável, serena, discreta, constante e minuciosa, que só pode se transformar em grande assunto diante de situações de extrema gravidade e com vastidão de provas. Até esse momento, do surgimento de provas concretas, a fiscalização deve ser exercida e os possíveis erros investigados, mas com bom senso na divulgação de acusações.
As acusações a um presidente da República como de que praticou assassinato, perversão sexual, alcoolismo ou roubo, por exemplo, não podem se tornar rotina sem a existência de provas muito fortes, que, existindo, certamente provocariam a deposição daquele chefe do Executivo federal. Não existindo tais provas, não se pode travar campanha como a que mídia e oposição travaram contra Lula durante seus oito anos de governo, desde o primeiro mês.

domingo, 30 de janeiro de 2011

ALCKMIN DESCONSTRÓI SERRA, MOSTRA REVISTA

A revista IstoÉ, em sua edição 2151, traz reveladora matéria sob o título "Os detetives de Alckmin". Assinada por Alan Rodrigues, a reportagem mostra mais detalhes da briga de foice dentro do PSDB e das oposições, especialmente as medidas que o governador Alckmin toma para desconstruir o que resta da liderança de José Serra.
Conheço bem Geraldo Alckmin (fomos companheiros no MDB-PMDB, e dirigimos o partido ao mesmo tempo em Pindamonhangaba e Taubaté), e afirmo há tempos que ele e seu grupo não perdoam as traições e perseguições de Serra. Quando Alckmin disputou a Prefeitura da capital paulista, o então governador Serra o traiu vergonhosamente, apoiando o candidato de outro partido, o poste Gilberto Kassab. Depois tentou atrair Geraldinho com um importante cargo no seu governo, como se Alckmin fosse um desses políticos que se acomodam com um emprego.
Serra enganou-se (também)  com Alckmin, e agora está tendo o troco. Se depender de Alckmin e de Aécio Neves (os dois tucanos com mais votos, isto é, força) Serra deixou de ser figura nacional: terá sempre uma vaga para disputar a vereança ou até um mandato no Congresso. E tá bom demais.








Se o ex-governador paulista José Serra tivesse como sucessor um adversário de partido, talvez sua vida hoje fosse mais tranquila. Apesar das juras públicas de mútua admiração, Serra e o atual governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, são, no mínimo, “desafetos”, como se costuma chamar dois tucanos que não se suportam. Serra não perdoa Alckmin, que não perdoa Serra. Pelo lado do ex-governador, pesa na conta negativa a candidatura à Presidência da República que Alckmin assegurou em 2006, tomando sua frente. Pelo lado de Alckmin, o passivo passa pelo apoio que lhe faltou na candidatura à prefeitura da capital, em 2008, quando Gilberto Kassab, do DEM, catalisou as simpatias serristas. Mais do que isso, o atual governador e seus correligionários ainda amargam o desprezo com que teriam sido tratados depois que Serra sucedeu Alckmin em 2006, anunciando revisão de contratos, suspensão de projetos e caça a funcionários fantasmas. A auditoria jamais foi divulgada. Agora vem o troco.

Logo depois da posse, sem alterar seu estilo manso de político interiorano, Alckmin ordenou a sua equipe que investigasse todos os contratos diretos e indiretos da administração Serra (2007-2010). A operação pente-fino foi entregue à chefia de Vicente Falconi, do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (Indg), um especialista indicado pelo senador mineiro Aécio Neves. Sua missão é virar pelo avesso os contratos, concorrências e licitações, principalmente de obras, foco de denúncias nunca comprovadas de superfaturamento e tráfico de influência no governo Serra. Para a plateia, Alckmin justifica q