quinta-feira, 14 de abril de 2011

EDÚ GUIMARÃES E A NOVELA DA DITADURA

Enquanto estou em Buenos Aires, acompanho a discussão sobre a novela do SBT que mostra depoimentos de ex-presos políticos sobre as torturas que sofreram. Independentemente da qualidade da novela em si (vi pouquíssimas novelas de conteúdo artístico razoável, e só um ou duas realmente memoráveis), é importante que um gênero tão popular revele a seu público alguma coisa sobre o que foi a ditadura cívico-militar de 1964-1985. 

Como as demais emissoras e toda a velha imprensa sempre trataram de esconder as verdades sobre aquele período do povão menos intelectualizado, a bronca está sendo grande contra a emissora do Sílvio Santos. Só por isso já vale a pena assistir e divulgar a novela.
É o que faz nosso amigo Eduardo Guimarães, em seu blog, do qual "roubo" este post:


Novela sobre a ditadura não é para intelectuais

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Por volta das 22:30 hs., no SBT, termina o programa do Ratinho. Ainda tive tempo de ver seus últimos instantes. O apresentador intermediava aquilo que se convencionou popularmente dizer “barraco” entre um casal. O auditório do programa vibrava.
O público do SBT é composto, essencialmente, pelas classes C e D. Essas são as pessoas que precisam ser informadas sobre o que aconteceu no Brasil há 47 anos e durante os vinte anos seguintes. E esse é o público que, em seguida ao Ratinho, assistirá à novela Amor e Revolução.
Os vencedores da guerra da comunicação – porque compraram toda ela – impediram, durante décadas a fio, que o povão soubesse da verdade. E, para não açular a reação das vítimas sobreviventes da ditadura, estabeleceram uma paz dos cemitérios, silenciosa e injusta.
Esse público foi e continua sendo mantido infantilizado por uma programação que o trata como criança, com cultos bobocas às idiossincrasias narcisistas das celebridades e outras atrações do gênero. Não adianta fazer uma teledramaturgia profunda para ele.
Contudo, uma história não muda devido à forma pela qual é contada se os fatos forem respeitados. Importa se os diálogos não são shakespearianos, se mostram o que aconteceu neste país e que jamais permitiram que fosse contado num grande meio de comunicação?
Ao fim do capítulo de quarta-feira, 13 de abril de 2011, o depoimento foi de Julio Senra, outro ex-torturado político. Após narrar as sevícias de que foi vítima, disse exatamente isso: a seus filhos e a seus netos, essa história não foi contada.
Assistir a essa novela é um tanto quanto desagradável para quem aprecia a literatura, a dramaturgia, as artes. De seu ponto de vista, é fraca. Todavia, Amor e Revolução não foi feita para esses. Até porque, já sabem da história – reconhecendo ou não os fatos sobre ela.

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