Janer Cristaldo é uma besta. Discordo de tudo o que ele pensa e escreve, como intelectual de direita que é - se é que alguém possa ser um pensador e ainda defender o status quo vigente na maior parte do mundo e combater, mediante elocubrações pseudo-científicas, qualquer processo de mudança no rumo da Justiça Social e dos Direitos Humanos.
Porém, minha aversão ao pensamento deste professor não me impede de elogiar uma ou outra coisa que escreve, especialmente quando consegue distanciar-se da Política. É o caso da sua crônica "A afetos e desafetos", de 03.01.2006, onde descreve os encantos que viveu em suas viagens pelo mundo. Identifico-me totalmente com esse texto, e compartilho com ele esta paixão.
Como ele diz, se um dia o país falir, ou eu não tiver mais condições de viajar, terei ao menos maravilhosas lembranças, milhares de fotografias, saudade de lugares, pessoas, cidades, e ate a memória de um perfume de flor, do ruído de uma cascata, o som de um violino numa rua de Praga, o vento no rosto navegando pelo rio Nilo, o cheiro do acarajé nas ladeiras da minha querida Salvador, e muito mais. Podem tirar-me tudo, mas minhas viagens são minhas, e morrerão comigo.
E as viagens têm mais uma vantagem: posso compartilhá-las com meus amigos e quem mais queira, sem ficar nem um pouco mais pobre...
Trago uma frase desta bela crônica, pela qual felicito o escritor que, em outros temas, acho detestável:
Viajar é o mais requintado dos prazeres do espírito. Não permaneça imóvel na beira da
ferrovia olhando os trens que passam. Parta, que a vida é curta. E a Indesejada das Gentes
sempre é imprevisível. Viagem é patrimônio inalienável. Se o país afundar, se você entrar
em falência, sua memória guardará um amplo acervo de bens que não podem ser alienados
ou embargados.
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