sexta-feira, 8 de abril de 2011

EL PAÍS COMENTA POSSÍVEL AJUDA DO BRASIL A PORTUGAL

A visita de Lula e Dilma dá um respiro político a Portugal

El País
Francesc Relea
Em Lisboa (Portugal)

  • O ex-presidente Lula recebe prêmio no Parlamento português, em Lisboa, pelo combate à pobreza
    O ex-presidente Lula recebe prêmio no Parlamento português, em Lisboa, pelo combate à pobreza
Agoniado por uma grave crise econômica e de governo, Portugal recebeu os dois pesos-pesados da política brasileira, a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, como um balão de oxigênio. O apoio dos dirigentes do gigante latino-americano à antiga metrópole tem por enquanto um conteúdo essencialmente simbólico. Um bom ponto de partida na situação desesperada de Portugal, em sério risco de ter de recorrer à ajuda financeira exterior, da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em suas primeiras declarações depois de chegar a Lisboa, na segunda-feira à noite, Lula disse que o FMI não é nenhuma solução para Portugal, "como não o foi em sua época para o Brasil", e deixou aberta a porta para uma eventual ajuda de seu país. "Isso cabe à presidente", disse sem mais precisões.
Pouco transcendeu da agenda de Dilma Rousseff em sua primeira visita à Europa desde a posse em 1º de janeiro. Uma viagem cercada de numerosas especulações em torno da possibilidade de que o Brasil compre títulos da dívida soberana de Portugal, como fez recentemente a China. O governo de Sócrates precisa desesperadamente de vias de financiamento suportáveis para enfrentar os próximos vencimentos de sua dívida pública, diante da pressão dos mercados, que mantém taxas de juros insustentáveis. O Banco Central do Brasil recebeu a proposta portuguesa para comprar bônus da dívida sob o governo Lula.
Formalmente, o principal motivo da visita do ex-presidente brasileiro e de sua sucessora tem a ver com a entrega a Lula do Prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa, que dividiu com Louise Arbour, ex-promotora do Tribunal Penal Internacional e ex-comissária da ONU para os direitos humanos, que ocorreu na terça-feira na Assembleia da República. E com o doutorado "honoris causa" que Lula recebeu nesta quarta-feira (30) na Universidade de Coimbra.
O interesse da mídia portuguesa vai além de ambos os eventos. Os olhares estão postos em uma eventual ajuda da robusta economia da ex-colônia, hoje transformada em uma potência emergente. No atual clima de pessimismo que reina em Portugal, não passou despercebido um comentário publicado, em tom sarcástico, pelo "Financial Times", que propunha a anexação de Portugal ao Brasil como solução para todos os males.
É verdade, dizia o comentarista, que a antiga metrópole perderia status, mas a ex-colônia ofereceria crédito mais barato, um governo mais reduzido (proporcionalmente) e um colchão econômico mais cômodo. Melhor abrigo que a velha e cansada UE, concluía o "FT". Não faltaram vozes em Portugal que, meio a sério, meio de brincadeira, apoiam a sugestão.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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