E O ANÃO SE AGIGANTOU
Raras vezes uma decisão de política externa se mostrou tão
acertada, eficaz e oportuna quanto a que foi tomada pelo
Itamaraty no início da ofensiva militar em Gaza. Ao convocar o
embaixador brasileiro em Tel Aviv para consultas, o Brasil
demonstrou coragem e conquistou, aos olhos do mundo, uma
superioridade moral incontestável na questão Israel-Palestina.
Classificado como “anão moral” pelo porta-voz da chancelaria
israelense, que ainda ironizou os 7 a 1 sofridos contra a Alemanha,
numa provocação que ecoou entre os porta-vozes do vira-latismo
nacional, o Brasil se antecipou aos fatos e aplicou uma goleada
histórica no regime do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Basta notar o que aconteceu nos dias que se seguiram à posição
brasileira, prontamente seguida pelos demais países do Mercosul.
Estarrecido com a brutalidade de um bombardeio a uma escola
das Nações Unidas, o secretário-geral Ban Ki-moon responsabilizou
Israel e disse que “nada causa tanta vergonha quanto matar crianças dormindo”.
Também enfática, a alta comissária para Direitos Humanos da ONU,
Navi Pillay, disse que os “crimes de guerra” de Israel, devem ser
julgados e punidos.
A cena mais marcante da semana, no entanto, foi a de outro
representante da ONU, o porta-voz Christopher Gunness, que,
impotente diante de tanta violência e iniquidade, foi às lágrimas
diante das câmeras. “Não somos burocratas sem coração.”
Tamanha foi a onda de indignação internacional que até mesmo
os Estados Unidos, que fizeram de Israel sua base militar
apontada para o petróleo do Oriente Médio, se viram forçados a
recuar.
O presidente Barack Obama, que entope de armas Israel e,
portanto, é cúmplice da barbárie, classificou o ataque à escola
como “inaceitável” e “vergonhoso”. Ainda que tenha sido
hipócrita, já foi um avanço para um país imperialista que se
tornou refém de seu pequeno protetorado.
Resultado: o mundo, em peso, seguiu a posição do “anão” Brasil,
que se agigantou. E o regime brutal de Israel obteve uma proeza
inédita: o isolamento absoluto de um governo que, segundo a
ONU, envergonha não apenas seu povo, mas a humanidade
como um todo.
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