O grande mérito dos vídeos e fotos dos protestos feitos fora das empresas jornalísticas.
Por Paulo Nogueira
O grande mérito dos vídeos e fotos feitos fora do âmbito das empresas jornalísticas foi desfazer a farsa de que as manifestações são uma “festa pacífica da família brasileira”.
Não são.
Elas são um encontro do que há de mais obtuso, mas odioso, mais atrasado e mais lunático na sociedade brasileira.
E não venha dizer que os vídeos são forçações. Você vê que os documentaristas apenas captaram o que se passava nas ruas. Não tiveram que suar para encontrar malucos. (O melhor vídeo é o de um ‘reporter chileno’. Você pode ver aqui.)
Vou citar imagens ao acaso.
Pessoas rezando por um golpe militar. Uma velhinha lamentando que a ditadura não tenha matado “todos eles”. Outra senhora lamentando num cartaz que Dilma não tenha sido enforcada no Doi Codi. Um grupo reivindicando a volta da monarquia.
E mais figuras como que saídas de um hospício, fantasiadas de Capitão Brasil, Batman, Harry Potter, Coxinha e outras barbaridades.
Entrevistados nos vários vídeos realizados por pessoas independentes, os manifestantes demonstraram uma extraordinária dificuldade em articular uma frase coerente.
É como se eles vivessem numa alucinante realidade paralela, na qual enxergam comunistas perigosos em cada esquina, prontos a transformar o Brasil em Cuba.
Gritam, esperneiam, vociferam, vomitam incongruências tiradas de algum desvão obscuro do cérebro.
Me perguntei, depois de ver alguns vídeos, como vivem essas pessoas no mundo real.
Na segunda-feira, passado o piquenique, conseguem trabalhar? Conseguem conviver com gente normal? Ir ao emprego, cumprir tarefas?
Também fiquei curioso sobre onde buscam informações, ou pseudoinformações.
Está claro que a Veja é a fonte número 1 de notícias da maior parte dos manifestantes.
Isso quer dizer o seguinte: a Veja está formando imbecis raivosos em escala industrial.
Quando você trabalha numa revista, uma pergunta frequente que a equipe se faz, para ajudar a entender melhor a publicação, é a seguinte. “Se a revista fosse alguém, quem seria?”
As editoras de revistas femininas sempre gostaram de responder Madonna, ou Giselle, ou Meryl Streep.
A Veja é o Batman do Leblon, o Capitão Brasil e as velhinhas assassinas – tudo somado.
Não houvesse a internet, e dentro dela as vozes independentes, a narrativa dominante seria, repito, a de que os protestos são uma fraternal confraternização de brasileiros do bem, unidos na indignação contra a roubalheira.
Mas esta mentira não sobreviveu à realidade documentada por gente de fora das empresas jornalísticas.
Manifestações como a de domingo são um vexame nacional e internacional.
Estão absolutamente desmoralizadas.
E o responsável pela desmoralização foram os próprios participantes, ao serem expostos sem a pesada maquiagem cínica preparada pela imprensa.
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