quinta-feira, 29 de agosto de 2013

HOJE, SONHO DE LUTHER KING SERIA UMA SOCIEDADE ACROMÁTICA





John Lewis, hoje congressista democrata por Alabama, é o único sobrevivente entre os líderes da Marcha sobre Washington que há 50 anos marcou o auge da luta pelos Direitos Civis e contra as leis racistas nos EUA. Ele tem 73 anos de idade, e era então dirigente e fundador do Comitê de Ações Estudantis Não-Violentas, pelo que já havia sido preso e espancado pela polícia em 1965.
Em entrevista publicada pelo jornal espanhol El País do domingo, 25/08/2013), o veterano líder dá sua visão sobre o muito que ainda falta para a verdadeira integração racial em seu país:
"Falta ainda elegermos muitos mais políticos e autoridades das minorias raciais, latinos, asiáticos, afro-americanos. A eleição de um afro-americano como Barack Obama para a presidência pode fazer pensar que já conseguimos esse passo tão importante, mas há muitos outros candidatos que ficaram no meio do caminho. A chegada de Obama à Casa Branca não deve ser interpretada como uma era pós-racial. Todo mundo se pergunta se o seu mandato significa que está cumprido o sonho de Martin Luther King, e eu creio que isso foi só um sinal", afirma.
Perguntado pela repórter Cristina F. Pereda, do El País, sobre os desafios futuros, John Lewis responde que "O desafio atual é conseguir organizar e mobilizar um grande número de pessoas para que formem parte de outro grande movimento que converta este país em uma nação acromática, que não distinga entre raças, que seja verdadeiramente multi-racial. Porém isso exige trabalhar em várias frentes ao mesmo tempo: que mais cidadãos participem nas eleições e em todo o processo democrático, que mais afro-americanos acedam ao sistema judicial, que se convertam em advogados, promotores, juízes... que façam o possível para que de verdade a Justiça esteja ao alcance de todos".
Interpretando o pensamento de Martin Luther King, Lewis acrescenta: "Faltam mais asiáticos e hispânicos, e muitas mulheres, para que continuemos quebrando barreiras. O reverendo King sempre defendeu que não precisamos apenas de cidadãos livres, mas chegar a sermos uma Nação livre. Esse processo de mudanças nunca irá para trás, agora só podemos avançar. Nunca retrocederemos. (...) Eu gostaria que se cumprisse o sonho de King e verdadeiramente nos tornassemos uma Nação em comunidade, uma sociedade de paz, e creio que se fizermos tudo certo poderemos nos converter em um modelo de integração para o mundo. (...) Agora mesmo temos 11 milhões de pessoas neste país que têm que viver escondidas, nas sombras. Sei que se Martin Luther King fosse falar na marcha que se realiza esta semana, ele pediria ao Congresso que regularizasse todos os sem-documentos (imigrantes ilegais) e que o fizesse de maneira imediata".
(Texto e tradução, Antonio Barbosa Filho)

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