O jornal francês Le Monde, de 22/08, traz a matéria "ONU critica utilização de uma lei anti-terrorista de Pinochet contra os Mapuche". Os Mapuche - informa a reportagem de Christine Legrand - ('Povo da Terra') vivem pobremente da agricultura e da criação. Reclamam a restituição de terras ancestrais nas mãos de grande proprietários e de multinacionais. Eles são um dos raros povos que resistiram, no século 16, à conquista espanhola. Os enfrentamentos os colocam regularmente contra as forças da ordem. Mais de uma dezena de Mapuches foram mortos a bala nos últimos anos, por uma repressão denunciada por entidades de defesa dos Direitos Humanos, como a Anistia Internacional".
Em 14 de agosto último foi a vez de Rodrigo Melinao, de 26 anos, assassinado por um policial . Os defensores dos indígenas enviaram uma carta ao presidente de direita Sebastian Piñera, exortando-o a não mais utilizar uma lei anti-terrorismo herdada da ditadura Pinochet contra esse Povo.
No mês de junho, pude conhecer a poeta Mapuche Graciela Huinao, com quem participei de um Sarau de poesia e música em San Pedro de Atacama, no norte do Chile (foto). A tragédia daquele povo tem sido a tomada de suas terras tradicionais por grupos que exploram madeira e indústrias que poluem os rios que cortam sua reserva, no sul do Chile e parte da Argentina.
No fim de julho, conforme informa o Le Monde, Ben Emerson, relator especial das Nações Unidas sobre a promoção e proteção dos Direitos do Homem e as Liberdades Fundamentais na luta anti-terror, recomendou que "cesse imediatamente todo uso desta legislação no caso da reivindicação territorial Mapuche". Os Mapuche são hoje a maior minoria indígena do Chile, com cerca de 700 mil indivíduos, ou seja, 7% da população daquele país. Cerca de dez processos são movidos hoje pelo governo direitista contra 85 indígenas, com base na lei imposta pelo ditador e genocida Augusto Pinochet.
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