sexta-feira, 20 de maio de 2011
ESTÃO SUJANDO NOSSA ÁGUA, E DE NOSSOS FILHOS!
Aquífero Guarani está contaminado por agrotóxicos
Do DCI
O Aquífero Guarani, manancial subterrâneo de onde sai 100% da água que abastece Ribeirão Preto, cidade do nordeste paulista localizada a 313 quilômetros da capital paulista, está ameaçado por herbicidas.
A conclusão vem de um estudo realizado a partir de um monitoramento do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores, que encontrou duas amostras de água de um poço artesiano na zona leste da cidade com traços de diurom e haxazinona, componentes de defensivo utilizado na cultura da cana-de-açúcar.
No período, foram investigados cem poços do Daerp com amostras colhidas a cada 15 dias. As concentrações do produto encontradas no local foram de 0,2 picograma por litro - ou um trilionésimo de grama. O índice fica muito abaixo do considerado perigoso para o consumo humano na Europa, que é de 0,5 miligrama (milésimo de grama) por litro, mas, ainda assim, preocupa os pesquisadores, que analisam como possível uma contaminação ainda maior.
No Brasil, não há níveis considerados inseguros para as substâncias. Ainda assim, a presença do herbicida na zona leste - onde o aquífero é menos profundo - acende a luz amarela para especialistas. Segundo Cristina Paschoalato, professora da Unaerp que coordenou a pesquisa, o resultado deve servir de alerta. "Não significa que a água está contaminada, mas é preciso evitar a aplicação de herbicidas e pesticidas em áreas de recarga do aquífero", disse ela.
O monitoramento também encontrou sinais dos mesmos produtos no Rio Pardo, considerado como alternativa para captação de água para a região no longo prazo. "Isso mostra que, se a situação não for resolvida e a prevenção feita de forma adequada, Ribeirão Preto pode sofrer perversamente, já que a opção de abastecimento também será inviável se houver a contaminação".
Aquífero ameaçado
O Sistema Aquífero Guarani, que faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, cobre uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 839., 8 mil no Brasil, 225,5 mil quilômetros na Argentina, 71,7 mil no Paraguai e 58,5 mil no Uruguai. Com uma reserva de água estimada em 46 mil quilômetros quadrados, a população atual em sua área de ocorrência está em quase 30 milhões de habitantes, dos quais 600 mil em Ribeirão Preto.
A água do SAG é de excelente qualidade em diversos locais, principalmente nas áreas de afloramento e próximo a elas, onde é remota a possibilidade de enriquecimento da água em sais e em outros compostos químicos. É justamente o caso de Ribeirão, conhecida nacionalmente pela qualidade de sua água.
Para o engenheiro químico Paulo Finotti, presidente da Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente (Soderma), Ribeirão corre o risco de inviabilizar o uso da água do aquífero in natura. "A zona leste registra plantações de cana em áreas coladas com lagos de água do aquífero. É um processo de muitos anos, mas esses defensivos fatalmente chegarão ao aquífero, o que poderá inviabilizar o consumo se nada for feito", explica.
Já para Marcos Massoli, especialista que integrou o grupo local de estudos sobre o aquífero, a construção de casas e condomínios na cidade, liberada através de um projeto de lei do ex-vereador Silvio Martins (PMDB) em 2005, é extremamente prejudicial à saúde do aquífero. "Prejudica muito a impermeabilidade, o que atinge em cheio o Aquífero", diz.
Captação
Outro problema que pode colocar em risco o abastecimento de água de Ribeirão no médio prazo é a extração exagerada de água do manancial subterrâneo. Se o mesmo ritmo de extração for mantido, o uso da água do Aquífero Guarani pode se tornar inviável nos próximos 50 anos em Ribeirão Preto.
Outro problema que pode colocar em risco o abastecimento de água de Ribeirão no médio prazo é a extração exagerada de água do manancial subterrâneo. Se o mesmo ritmo de extração for mantido, o uso da água do Aquífero Guarani pode se tornar inviável nos próximos 50 anos em Ribeirão Preto.
A alternativa, além de reduzir a captação, pode ser investir em estruturas de captação das águas de córregos e rios que, além de não terem a mesma qualidade, precisam de investimentos significativamente maiores para serem tratadas e tornadas potáveis. A perspectiva já é considerada pelos estudiosos do chamado Projeto Guarani, que envolveu quatro países com território sobre o reservatório subterrâneo. O cálculo final foi entregue no fim do ano.
O mapeamento mostrou que a velocidade do fluxo de água absorvida pela reserva é mais lenta do que se supunha. Pelas contas dos especialistas, a cidade extrai 4% mais do que poderia do manancial. A média de consumo diário de água em Ribeirão é de 400 litros por habitante, bem acima dos 250 litros da média nacional. Por hora, a cidade tira do aquífero 16 mil litros de água. Vale lembrar que a maior parcela de água doce do mundo, algo em torno de 70%, está localizada, em forma de gelo, nas calotas polares e em regiões montanhosas.
Outros 29% estão em mananciais subterrâneos, enquanto rios e lagos não concentram sequer 1% do total. Entretanto, em se tratando da água potável, aproximadamente 98% se encontram no subsolo, sendo o Aquífero Guarani a maior delas. A alternativa para não desperdiçar esses recursos é investir em reflorestamento para garantir a recarga do aquífero, diz o secretário-geral do projeto, Luiz Amore.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
FINALMENTE, DEFESA CONJUNTA NA AMÉRICA LATINA
Até surpreendente, mas digna de todos os aplausos, a postura do ministro da Defesa Nelson Jobim, e de seu colega argentino. Finalmente temos uma visão de defesa latino-americana, superando antigas e impostas divisões que só convinham às potências extra-continentais. Tomara que as palavras resultem em ações concretas de integração, para prevenirmos futuras agressões e conflitos. Somos um continente pacífico, mas nossas riquezas são, ao mesmo tempo, nossas fragilidades. Matérias-primas valiosas estão escasseando no resto do mundo, e precisamos saber defendê-las em conjunto.
Basta-nos a lição da Guerra contra o Paraguai, quando Argentina, Brasil e Uruguai foram usados pela Grã-Bretanha num combate fraticida. Aliás, só agora o Brasil abrirá seus documentos sobre aquele conflito, quando a participação inglesa ficará bem clara.
Por Eugênio Issamu
Digo e reafirmo: Eu NÃO gosto do Nelsão, mas, ele tem me surpreendido. Parabéns ministro!!
Brasil e Argentina defendem adoção de estratégia comum de dissuasão por países sul-americanos
Por Wiltgen
Lima, Peru, 12/05/2011 - Os ministros da Defesa do Brasil e da Argentina, Nelson Jobim e Arturo Puricelli, defenderam a adoção, pelos países sul-americanos, de uma estratégia comum de DISSUASÃO. Segundo eles, para que possam MANTER SUA SOBERANIA e continuar a PROTEGER, elas próprias, as inúmeras RIQUEZAS da região, é NECESSÁRIO que as nações sul-americanas ADOTEM uma estratégia conjunta que seja capaz de DEMOVER eventuais iniciativas EXTERNAS contrárias aos INTERESSES do subcontinente.
A manifestação de ambos os ministros foi feita durante o primeiro dia da III Reunião Ordinária do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS), organismo multilateral criado no âmbito da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) como instância de consulta, cooperação e coordenação em matéria de defesa.
Partiu de Jobim a iniciativa de levantar, no encontro, o tema da estratégia comum de dissuasão. Para reforçar seu ponto de vista, o ministro brasileiro lembrou aos participantes que o continente sul-americano POSSUI algumas das principais riquezas que, dentro de alguns anos, com o aumento da população mundial e o esgotamento de parte desses bens, PODERÃO ser objeto da COBIÇAS de outros povos.
Dentre essas riquezas, citou o ministro, FIGURAM os aquíferos Guarani e da Amazônia, o POTENCIAL de produção de proteínas animais e vegetais, ALÉM das fontes renováveis de geração de energia. “O futuro vai exigir do subcontinente uma estratégia comum de dissuasão. Será que estaremos preparados para isso?”, provocou Jobim.
Segundo ele, os países sul-americanos têm, ATUALMENTE, “vulnerabilidades sérias” em seus meios de defesa. Como exemplo disso, ele citou a situação existente hoje em que diversas dessas nações, incluindo o Brasil, NECESSITAM de COMPRAR imagens de satélites geoestacionários de países de FORA do subcontinente para fins CIVIS e MILITARES.
Para Jobim, SOMENTE a construção de um ambiente de confiança e cooperação MÚTUA entre os países sul-americanos será capaz de reduzir as vulnerabilidades existentes na região no CAMPO DA DEFESA, dotando-os de capacidade real de PROTEGER as riquezas da maneira que JULGAREM MELHOR, para o BEM de SEUS povos e TODA a humanidade.
“TEMOS que nos CAPACITAR para dizer NÃO quando a região TIVER que dizer não”, afirmou.
A manifestação de Jobim RECEBEU o endosso imediato do ministro argentino. Purcelli afirmou que seu país compartilha com Brasil a ideia de que são os sul-americanos que devem garantir, para o bem de toda humanidade, as riquezas existentes na região.
O representante argentino recordou o conceito que levou à criação da UNASUL, baseado na ideia central de estabelecer uma zona de paz e cooperação na região. “Temos um compromisso firme de trabalhar pela UNIDADE latino-americana”, disse.
Além dos membros das comitivas do Brasil e da Argentina, integrantes de outros países, como COLÔMBIA e Equador, TAMBÉM se manifestaram no sentido da adoção de iniciativas concretas que levem ao AUMENTO da confiança entre as nações sul-americanas.
Entre os assuntos que deverão ser debatidos no encontro estão as tratativas para o DESENVOLVIMENTO do centro de estudos estratégicos de defesa e mecanismos conjuntos para atuação das Forças Armadas sul-americanas em ações de DEFESA CIVIL.
A criação do CDS foi proposta pelo BRASIL e discutida pela primeira vez numa reunião de presidentes sul-americanos, em abril de 2008.
O Conselho POSSUI 12 estados-membro: Brasil, Argentina, Peru, Venezuela, Colômbia, Uruguai, Chile, Bolívia, Paraguai, Equador, Guiana e Suriname.
O organismo tem como OBJETIVO CENTRAL consolidar a América do Sul como uma ZONA LIVRE, SOBERANA e PACÍFICA, base para a ESTABILIDADE democrática e para o DESENVOLVIMENTO dos povos da região. TAMBÉM é objetivo do Conselho fomentar uma identidade sul-americana em matéria de defesa.
FONTE: MD
Inerente ao MARAVILHOSO discurso no ministro Nelson Jobim convém estas duas reportagens:
Vídeo do PROSUB – Programa de Desenvolvimento de Submarinos
19 de maio de 2011
Por Wiltgen
Este texto é de um leitor do Luis Nassif e pode ser lido em:
DERROTADO DA DIREITA GANHA CARGOS DE KASSAB E DE AÉCIO
Pureza na administração pública
Publicado em 18-Mai-2011
Parafraseando a coluna Panorama Político, de O Globo, na 3ª. Feira, o nosso casto candidato derrotado ao Senado em 2010, o ex-deputado pernambucano Raul Jungmann (PPS-PE), está fazendo “o seu pé meia”. E o faz com grande responsabilidade, dando conselhos mensais a três empresas de economia mista no eixo Rio-São Paulo.
Sua última nomeação chegou por vias mineiras. Por indicação da tucana Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), acionista majoritária da Light-Rio, foi apontado para aconselhar da empresa de energia atende 31 municípios fluminenses, a R$ 6 mil por mês.
Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, já o havia nomeado conselheiro da Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo (PRODAM) e da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET-SP). Nesta última empresa, seu vasto conhecimento de engenharia de trânsito será muito apreciado pelos paulistanos. Nos dois acumula salários de R$ 12 mil.
Jungmann confirma os R$ 18 mil por participação nos três conselhos. Ele justifica: "Eu tenho experiência". É mesmo longa a experiência do ex-deputado, tão puro enquanto oposição e agora tão governista, pendurado em empregos públicos de fachada.
Foto: site PPS
Fonte:
GRANDE AULA DE JORNALISMO
Uma lição do genial Luiz Cláudio Cunha
O SENTIDO DO JORNALISMO
Todos temos que lembrar
Por Luiz Cláudio Cunha
Publicado no Observatório da Imprensa em 11/5/2011
Publicado no Observatório da Imprensa em 11/5/2011
Discurso proferido na cerimônia de diplomação do autor com o título de Notório Saber em Jornalismo, outorgado pela Universidade de Brasília (UnB), em 9 de maio de 2011
O jornalismo é a atividade humana que depende essencialmente da pergunta, não da resposta. O bom jornalismo se faz e se constrói com boas perguntas. O jornalismo de excelência se faz com excelentes perguntas.
A pergunta desafia, provoca, instiga, ilumina a inteligência, alimenta o pensamento. Ao longo de milênios, o homem evoluiu seguindo a linha tortuosa de suas dúvidas, das perguntas que produziam respostas, das respostas insatisfatórias que geravam novas questões, que provocavam mais incertezas, mais perguntas.
Perguntando, o homem saiu da caverna, cresceu, evoluiu e se definiu como ser pensante. O homem se agrupou em tribos, criou hábitos, estabeleceu regras de convívio, preservou a espécie, expandiu habilidades, depurou a fala, criou a escrita, disseminou experiências, inventou ferramentas, desenvolveu recursos, ganhou qualidade de vida, garantiu o alimento para o corpo e para o espírito. Um processo civilizatório irrefreável sempre escoltado por perguntas, outras perguntas, mais perguntas.
Este nobre recinto, a universidade, é o santuário desta saudável circunstância humana: a busca incessante pelo conhecimento, pela informação, pelo saber. O ambiente universitário resume nos últimos dez séculos, desde a pioneira escola italiana de Bolonha, o ofício incessante do cérebro humano iluminado por sua ancestral e redentora curiosidade. Aqui, como no jornalismo, cultiva-se o princípio desafiador do ceticismo e se estimula a dúvida sistemática que realimenta o conhecimento. Posso dizer, portanto, que me sinto em casa.
Este é o lugar, este é o momento para lembrar que aqui – na universidade – se faz o bom combate da dúvida, da luz e da ciência contra as certezas, as trevas e as crendices das religiões que tentam submeter o pensamento criador pelo conformismo da fé ou pelo fanatismo destruidor dos sectários. A ameaça se faz maior quando o Estado laico assiste, inerte, à invasão da mídia eletrônica por instituições religiosas que compram espaços e vendem milagres em rádio e TV, maldizendo regras da concessão pública de meios de comunicação que deveriam estar imunes a credos e a pregadores de telemarketing.
Sem maiores perguntas, o Brasil e suas instâncias do poder temporal assistem de joelhos ao choque de credos numa área de interesse direto do jornalismo e do distinto público: a mídia eletrônica. A igreja católica agrupa mais de 200 rádios e quase 50 emissoras de TV, contra 80 rádios e quase 280 emissoras de oito braços do ramo evangélico. A postura mais agressiva dos pastores acua padres e fiéis da maior nação católica do mundo. Entre 1940 e 2000, os católicos caíram de 95,2% para 73,8% entre os brasileiros, enquanto os evangélicos saltaram de 2,6% para 15,4%. A explosão de 50% apenas na última década coincide com a compra da Rede Record em 1989 pela Igreja Universal.
A overdose de pregadores que já ocupam as manhãs e o horário nobre das TVs abertas deve piorar ainda mais: os quatro maiores grupos evangélicos disputam agora o horário da madrugada em rede nacional do Grupo SBT. O combalido Sílvio Santos topa tudo pelo dinheiro farto dos pastores, que negociam o aluguel mensal da telinha por R$ 20 milhões. Os usos e abusos dessa invasão nada silente e sempre sonante despertam uma pergunta no repórter mais crédulo: até onde isso vai?
Nome e sobrenome
Cinco séculos antes de Cristo, a dúvida sobrevoou a cabeça de um general ateniense: por que os sobreviventes de uma epidemia não sucumbiam aos surtos posteriores da doença? Ele não sabia, mas percebeu ali os fundamentos do que a ciência mais tarde reconheceria como o sistema imunológico do organismo. O conflito de 27 anos entre Atenas e Esparta acabou e o general, que também se curou da praga do tifo, teve força e talento para escrever oito volumes sobre a Guerra do Peloponeso, o clássico de Tucídides que é tido como o primeiro trabalho acadêmico em História. Ao contrário de Heródoto, seu ilustre predecessor, Tucídides registrava a história como produto das escolhas e das ações dos seres humanos, não como resultado da ira dos deuses. Desprezando lendas, superstições e relatos de segunda mão, Tucídides preferia ouvir testemunhas oculares e entrevistar participantes dos eventos, desprezando a suposta intervenção divina nos assuntos humanos.
Com o faro de jornalista e o rigor de historiador, Tucídides eternizou a Oração Fúnebre de Péricles, o maior dos gigantes da Era de Ouro de Atenas, na fala onde o estadista exalta os mortos e defende a democracia: “Toda a Terra é o sepulcro dos homens famosos. Eles são honrados não só por colunas e inscrições em sua própria terra, mas também em terras estrangeiras por monumentos esculpidos não em pedra, mas nos corações e mentes dos homens”, exaltou Péricles.
Assim, Tucídides pode ser considerado de fato o primeiro repórter da história, mesclando nele as virtudes e os atributos que a academia identifica no profissional da imprensa: o historiador do presente, o repórter da atualidade que, pelo conhecimento acumulado, acaba de fato registrando a história do passado que vai prevalecer no futuro. Como fez o repórter Tucídides, que transpôs a crônica contingente de seu tempo para a lembrança imanente de todas as gerações.
A memória da humanidade é um patrimônio de todos e de cada um de nós. Nem sempre sabemos, mas todos lembramos. Todos precisamos lembrar. O jornalista, como o historiador, além de lembrar, tem o dever de contar.
Minha geração dos anos 1950 é marcada por uma tragédia: a ditadura mais longa da história brasileira.
Eu era uma criança de 12 anos quando irrompeu o golpe de março de 1964. Mas, como as crianças da escola de Realengo, já tinha a idade suficiente para reconhecer a violência, para sofrer o trauma, para sentir o medo. Os efeitos do longo pesadelo de 21 anos se projetaram no calendário. Meu primeiro voto para presidente da República só aconteceu quando tinha 38 anos. Cassaram nossa cidadania, limitaram nossa liberdade, calaram nossos amigos, exilaram nossos líderes, machucaram nosso povo.
Atacaram com violência maior o que mais assusta os tiranos: a universidade, o santuário do conhecimento, a trincheira do livre-pensamento, a sede da consciência crítica. Profanaram o espaço desta universidade, a Universidade de Brasília, a academia que estava no coração da nova ordem sem coração, o regime que combatia a força das ideias pela ideia da força armada, desalmada, desatinada.
Um regime que expurgou da UnB seus dois primeiros reitores, nomes primeiros da educação e do compromisso ético com a escola e com a liberdade do pensamento: Darcy Ribeiro, criador e fundador da UnB, e Anísio Teixeira, lançador do movimento da Escola Nova – uma escola que enfatizava o desenvolvimento do intelecto e a capacidade de julgamento. Juntos, Darcy e Anísio assentaram os pilares desta universidade. Anísio inventou na Liberdade, o bairro mais populoso e pobre de Salvador nos anos 1940, a Escola Parque, que tinha padaria, um jornal diário e uma rádio comunitária por alto-falante, com médico e dentista e turno integral para as crianças. O modelo revolucionário inspirou Darcy a criar os CIEPs anos depois, no Rio de Janeiro. Anísio também ajudou a fundar a SBPC e a Capes e dirigiu o INEP, Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, onde defendia o fim do ensino religioso obrigatório nas escolas.
A nova ordem que trazia a desordem institucional afastou ambos, Darcy e Anísio, da UnB, de Brasília, das escolas, dos jovens, do país. Em 12 de março de 1971, auge da violência do mandato do notório general Médici, Anísio desapareceu no Rio, depois de visitar o amigo Aurélio Buarque de Holanda. Os militares disseram que ele estava detido, mas não informaram o seu paradeiro. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado, sem sinais de queda nem hematomas, no fundo do poço do elevador do prédio de Aurélio, na praia de Botafogo. Causa da morte: “acidente”. Aqueles eram tempos estranhos, muito estranhos, quando nem os acidentes deixavam rastro.
Pensadores e mestres como Darcy e Anísio resumem bem a história do país e da UnB. E nenhum estudante simboliza melhor esta universidade do que o primeiro lugar em Geologia do ano de 1965, um jovem goiano de 18 anos chamado Honestino Guimarães. É um dos 144 desaparecidos políticos do país. Presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília, foi preso pelo Exército e expulso da universidade por reagir à invasão do campus da UnB, em 1968. Caiu na clandestinidade com o AI-5, chegou à presidência nacional da UNE e foi preso em outubro de 1973.
A jornalista brasiliense Taís Morais fez as perguntas certas e, no seu livro Sem Vestígios (Prêmio Jabuti de 2006), descobriu o macabro trajeto final de Honestino, percorrendo todo o alfabeto de siglas letais da repressão brasileira: detido no Rio de Janeiro pelo Cenimar (Centro de Informações da Marinha), trazido a Brasília pelo CIE (Centro de Informações do Exército), torturado durante cinco meses no PIC (Pelotão de Investigações Criminais, no subsolo do prédio do Comando do Exército, na Esplanada dos Ministérios) e levado em fevereiro de 1974 a Marabá num jatinho fretado da Líder Táxi Aéreo por quatro agentes do CIE liderados por um certo major-aviador Jonas, do CISA (Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica).
Lá, no sul do Pará, Honestino foi executado e enterrado na selva pelas tropas que combatiam a guerrilha do Araguaia. Honestino desapareceu aos 26 anos, mas o hoje coronel-aviador da reserva (R-1), com nome, sobrenome e endereço conhecido, circula sem chamar a atenção por Brasília, sem que nenhum jornalista se aproxime dele para fazer uma simples e básica pergunta:
− Coronel Jonas, o que aconteceu com Honestino?
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EX-BBB DESTRÓI CAMPANHA ANTI-HOMOSSEXUAIS
Homossexual assumido, vencedor de uma das edições do idiotizante programa BBB, da TV Globo, e professor universitário, Jean Wyllys de Matos Santos foi atacado em cartas publicadas no site do Jornal do Brasil, por defender o projeto que criminaliza a homofibia. O projeto tem sido combatido com todas as forças por fanáticos religiosos e picaretas do Evangelho, que costumam pregar que o homossexualismo é uma doença e um pecado mortal.
Inteligente e culto, Jean Wyllis, que hoje é deputado federal pelo PSOL, enviou ao sítio uma carta-resposta que merece ser lida com toda atenção. Ele destrói os argumentos daqueles que pregam o ódio e a discriminação. Leiam e vejam se não é um documento da máxima importância, lúcido e contundente:
Em primeiro lugar, quero lembrar que nós vivemos em um Estado Democrático de Direito e laico. Para quem não sabe o que isso quer dizer, “Estado laico”, esclareço: O Estado, além de separado da Igreja (de qualquer igreja), não tem paixão religiosa, não se pauta nem deve se pautar por dogmas religiosos nem por interpretações fundamentalistas de textos religiosos (quaisquer textos religiosos). Num Estado Laico e Democrático de Direito, a lei maior é a Constituição Federal (e não a Bíblia, ou o Corão, ou a Torá).
Logo, eu, como representante eleito deste Estado Laico e Democrático de Direito, não me pauto pelo que diz A Carta de Paulo aos Romanos, mas sim pela Carta Magna, ou seja, pelo que está na Constituição Federal. E esta deixa claro, já no Artigo 1º, que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana e em seu artigo 3º coloca como objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A república Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios da prevalência dos Direitos Humanos e repúdio ao terrorismo e ao racismo.
Sendo a defesa da Dignidade Humana um princípio soberano da Constituição Federal e norte de todo ordenamento jurídico Brasileiro, ela deve ser tutelada pelo Estado e servir de limite à liberdade de expressão. Ou seja, o limite da liberdade de expressão de quem quer que seja é a dignidade da pessoa humana do outro. O que fanáticos e fundamentalistas religiosos mais têm feito nos últimos anos é violar a dignidade humana de homossexuais.
Seus discursos de ódio têm servido de pano de fundo para brutais assassinatos de homossexuais, numa proporção assustadora de 200 por ano, segundo dados levantados pelo Grupo Gay da Bahia e da Anistia Internacional. Incitar o ódio contra os homossexuais faz, do incitador, um cúmplice dos brutais assassinatos de gays e lésbicas, como o que ocorreu recentemente em Goiânia, em que a adolescente Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, que, segundo a mídia, foi brutalmente assassinada por parentes de sua namorada pelo fato de ser lésbica. Ou como o que ocorreu no Rio de Janeiro, em que o adolescente Alexandre Ivo, que foi enforcado, torturado e morto aos 14 anos por ser afeminado.
O PLC 122 , apesar de toda campanha para deturpá-lo junto à opinião pública, é um projeto que busca assegurar para os homossexuais os direitos à dignidade humana e à vida. O PLC 122 não atenta contra a liberdade de expressão de quem quer que seja, apenas assegura a dignidade da pessoa humana de homossexuais, o que necessariamente põe limite aos abusos de liberdade de expressão que fanáticos e fundamentalistas vêm praticando em sua cruzada contra LGBTs.
Assim como o trecho da Carta de Paulo aos Romanos que diz que o “homossexualismo é uma aberração” [sic] são os trechos da Bíblia em apologia à escravidão e à venda de pessoas (Levítico 25:44-46 – “E, quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas…”), e apedrejamento de mulheres adúlteras (Levítico 20:27 – “O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles…”) e violência em geral (Deuteronômio 20:13:14 – “E o SENHOR, teu Deus, a dará na tua mão; e todo varão que houver nela passarás ao fio da espada, salvo as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu o SENHOR, teu Deus…”).
A leitura da Bíblia deve ensejar uma religiosidade sadia e tolerante, livre de fundamentalismos. Ou seja, se não pratica a escravidão e o assassinato de adúlteras como recomenda a Bíblia, então não tem por que perseguir e ofender os homossexuais só por que há nela um trecho que os fundamentalistas interpretam como aval para sua homofobia odiosa.
Não declarei guerra aos cristãos. Declarei meu amor à vida dos injustiçados e oprimidos e ao outro. Se essa postura é interpretada como declaração de guerra aos cristãos, eu já não sei mais o que é o cristianismo. O cristianismo no qual fui formado – e do qual minha mãe, irmãos e muitos amigos fazem parte – valoriza a vida humana, prega o respeito aos diferentes e se dedica à proteção dos fracos e oprimidos. “Eu vim para que TODOS tenham vida; que TODOS tenham vida plenamente”, disse Jesus de Nazaré.
Não, eu não persigo cristãos. Essa é a injúria mais odiosa que se pode fazer em relação à minha atuação parlamentar. Mas os fundamentalistas e fanáticos cristãos vêm perseguindo sistematicamente os adeptos da Umbanda e do Candomblé, inclusive com invasões de terreiros e violências físicas contra lalorixás e babalorixás como denunciaram várias matérias de jornais: é o caso do ataque, por quatro integrantes de uma igreja evangélica, a um centro de Umbanda no Catete, no Rio de Janeiro; ou o de Bernadete Souza Ferreira dos Santos, Ialorixá e líder comunitária, que foi alvo de tortura, em Ilhéus, ao ser arrastada pelo cabelo e colocada em cima de um formigueiro por policiais evangélicos que pretendiam “exorcizá-la” do “demônio”.
O que se tem a dizer? Ou será que a liberdade de crença é um direito só dos cristãos?
Talvez não se saiba, mas quem garantiu, na Constituição Federal, o direito à liberdade de crença foi um ateu Obá de Xangô do Ilê Axé Opô Aforjá, Jorge Amado. Entretanto, fundamentalistas cristãos querem fazer uso dessa liberdade para perseguir religiões minoritárias e ateus.
Repito: eu não declarei guerra aos cristãos. Coloco-me contra o fanatismo e o fundamentalismo religioso – fanatismo que está presente inclusive na carta deixada pelo assassino das 13 crianças em Realengo, no Rio de Janeiro.
Reitero que não vou deixar que inimigos do Estado Democrático de Direito tente destruir minha imagem com injúrias como as que fazem parte da matéria enviada para o Jornal do Brasil. Trata-se de uma ação orquestrada para me impedir de contribuir para uma sociedade justa e solidária. Reitero que injúria e difamação são crimes previstos no Código Penal. Eu declaro amor à vida, ao bem de todos sem preconceito de cor, raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de preconceito. Essa é a minha missão.
Jean Wyllys (Deputado Federal pelo PSOL Rio de Janeiro)
Jean Wyllys (Deputado Federal pelo PSOL Rio de Janeiro)
terça-feira, 10 de maio de 2011
MÍDIA INVENTA INFLAÇÃO, MAS O MERCADO NÃO ACREDITA...
Na sexta-feira, enquanto a imprensa explodia de alegria, na internet, com o fato de o índice de inflação acumulado ter ficado o,01% acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, os escritórios de análise econômica das grandes instituições financeiras enviavam ao BC suas previsões de inflação para 2011.
E é mais do que curioso que, enquanto os jornais de sábado escancaravam que “o mundo está perdido”, aquela turma, que gosta tanto de dinheiro que não vai atrás de conversa fiada estivesse dizendo outra coisa nas informações que enviam ao Banco Central.
Algo que apareceu hoje cedo, quando o BC publicou o Boletim Focus, elaborado com as expectativas enviadas semana passada pelas instituições financeiras.E que é totalmente iferente das manchetes dos jornais.
O”mercado” sabe que a inflação vai cair, porque está puxada, basicamente, pelos combustíveis – que, apesar da inação da ANP, vai cair de preço – e reduziu de 6,37 para 6,33% sua previsão de taxa inflacionária.
E vai baixar mais, porque já conseguiu o aumento de juros que lhes foi possível (0,25%) e já sentiu que a dupla Guido Mantega (Fazenda) – Alexandre Tombini (BC) não vai funcionar na base de “o mercado estala os dedos e o Governo obedece” e não vão levar mais no grito. E também viram que a Presidenta Dilma Rousseff não tem medo de cara feia.
Reparem que é o mesmo que aconteceu com a cotação do dólar, na qual forçaram a mão e só cederam quando iam começar a perder dinheiro com suas posições em moeda americana.
O papel da imprensa, para o “mercado”, é só o de fazer fogo de barragem para que os interesses econômicos avançarem. Um papel a que muitos dos editores e “grandes nomes” do jornalismo econômico se entregam com grande prazer.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
EMPRESÁRIOS AINDA ACREDITAM NA IMPRENSA!
PESQUISA SOBRE INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO! (Folha de SP, 06) 1. A Folha foi apontada como o jornal mais influente no meio empresarial brasileiro, de acordo com pesquisa do Instituto Máquina de Pesquisa, do Grupo Máquina PR. Foram ouvidos 262 executivos de 94 companhias de todo o país e que faturam, juntas, quase R$ 500 bilhões. A Folha foi citada como veículo mais influente. Em segundo lugar veio o jornal "O Estado de S. Paulo", que havia conquistado o primeiro lugar na primeira edição da pesquisa, em 2008. O jornal "Valor Econômico" ficou em terceiro lugar. 2. Em 2008, a mídia impressa tinha 56% da preferência dos executivos. No levantamento deste ano, realizado entre 10 de março e 6 de abril, a fatia recuou para 36%, (sem seus sites). Sites, agências de notícias e blogs ficaram com 20,8% das preferências. As mídias sociais (Facebook e Twitter), incluídas pela primeira vez no estudo, ficaram com 1,9%, mesma fatia que selecionou o rádio como veículo mais importante. 3. Em uma escala de 0 a 5, o meio jornal obteve grau de confiabilidade 3,9. Em seguida vem o meio revista (3,6), depois rádio (3,6), TV (3,5), internet (3,2) e mídias sociais (2,5). Dentre as emissoras de rádio e televisão, CBN e "Jornal Nacional" foram apontados como os mais influentes, repetindo o mesmo resultado de três anos atrás. 4. No segmento de sites e agências de notícias, o G1, do grupo Globo, praticamente divide a liderança com o UOL, controlado pela Folhapar, que integra o Grupo Folha. O G1 teve 28,4% da preferência, contra 28,1% do UOL. Em seguida vem a Folha.com, com 24,4%. |
domingo, 8 de maio de 2011
DIREITA É VÍTIMA DO SEU "SUCESSO"
Artigo do sociólogo Emir Sader, no sítio
A crise da direita brasileira pode ser remetida às derrotas que sofreu em três sucessivas eleições para presidente e a perspectiva de que essas derrotas sigam ocorrendo no futuro. No fundo dessas derrotas está o desencontro radical entre a direita brasileira e o país realmente existente.
Mas um episódio contribuiu para aprofundar sua crise e sua derrota: o episódio em que ela acreditou que tinha descoberto a chave para desconstruir a esquerda – a crise de 2005 – terminou gerando falsas avaliações na direita, e acabou fazendo com que ela fosse a principal vítima da crise de 2005, das ilusões que se gerou sobre sua onipotência e sobre a suposta fragilidade do governo Lula.
Avaliaram, com sua visão liberal, que o governo Lula havia assaltado o Estado, junto com sindicatos e partidos de esquerda, que teriam gerado os casos de corrupção. Acreditavam que tinham a maioria do país atrás deles, oscilavam entre o impeachment – de que tinham medo, pelas mobilizações populares de apoio ao governo - e o sangramento – para que, nas eleições de 2006, abatessem um governo exangue, isolado, desmoralizado.
Pagaram caro por essa visão reducionista. Quando foram derrotados, na primeira reunião da direção de um jornal estreitamente associado aos tucanos, seu editor circulava, furioso, em torno da mesa, que golpeava incessantemente, gritando: “Onde erramos? Onde erramos”
Erraram em tudo, mas principalmente na onipotência que se injetaram na veia, acreditando que tinham poder para derrubar a Lula e voltar, com os tucanos, ao governo, como nos tempos gloriosos (para eles), do FHC. Foram as principais vitimas da sua criação.
Acreditavam falar em nome de um sentimento nacional contra o Estado, por menos impostos, por menos gastos em politicas sociais, contra o PT, a esquerda, os sindicatos. Faziam a apologia do governo FHC, desprezavam a desigualdade social como o principal problema brasileiro. Como monopolizavam a formação da opinião pública, acreditavam na sua ilusão de que falavam em nome do país.
Depois confiaram na ilusão de que a popularidade do Lula – por seu “discurso populista, não por suas politicas sociais – era intransferível e que um candidato com fama de bom administrador, competente dirigente politico, como o Serra, seria imbatível. Se deixaram embalar por suas próprias pesquisas – avalizadas por quem as organizava, que jurava que não haveria transferência de votos e o Serra seria imbatível – para se considerarem favoritos.
Não entenderam o país, não entenderam a vitória de Lula em 2002 e em 2006, não entenderam a derrota do Serra para a Dilma e deles, com todo o monopólio dos meios de comunicação, para a esquerda. Sempre é o povo que ainda não está suficientemente esclarecido para entender sua mensagem.
Agora vive, como resultado de tudo isso, sua pior crise. Serra tentou aparecer como continuador do Lula, depois como seu mais radical crítico de direita - revelando as alternativas que tem, sempre deslocados em relação ao que pretendiam ser, explorando vazios que sobram do amplo espaço coberto pelo bloco que está no governo. Ou uma critica de esquerda – totalmente deslocada das suas bases sociais e sua ideologia – ou de extrema direita – confundindo-se com o DEM.
Vivem, com justiça, uma crise final da aliança organizada por FHC em 1994. Que se realizou e se esgotou na precária estabilidade monetária, que eles mesmos se encarregaram de sabotar e entregar a Lula uma economia descontrolada, em profunda crise recessiva.
Termina uma fase da história da direita brasileira, que busca rumos que lhe permitam encontrar uma outra cara.
Mas um episódio contribuiu para aprofundar sua crise e sua derrota: o episódio em que ela acreditou que tinha descoberto a chave para desconstruir a esquerda – a crise de 2005 – terminou gerando falsas avaliações na direita, e acabou fazendo com que ela fosse a principal vítima da crise de 2005, das ilusões que se gerou sobre sua onipotência e sobre a suposta fragilidade do governo Lula.
Avaliaram, com sua visão liberal, que o governo Lula havia assaltado o Estado, junto com sindicatos e partidos de esquerda, que teriam gerado os casos de corrupção. Acreditavam que tinham a maioria do país atrás deles, oscilavam entre o impeachment – de que tinham medo, pelas mobilizações populares de apoio ao governo - e o sangramento – para que, nas eleições de 2006, abatessem um governo exangue, isolado, desmoralizado.
Pagaram caro por essa visão reducionista. Quando foram derrotados, na primeira reunião da direção de um jornal estreitamente associado aos tucanos, seu editor circulava, furioso, em torno da mesa, que golpeava incessantemente, gritando: “Onde erramos? Onde erramos”
Erraram em tudo, mas principalmente na onipotência que se injetaram na veia, acreditando que tinham poder para derrubar a Lula e voltar, com os tucanos, ao governo, como nos tempos gloriosos (para eles), do FHC. Foram as principais vitimas da sua criação.
Acreditavam falar em nome de um sentimento nacional contra o Estado, por menos impostos, por menos gastos em politicas sociais, contra o PT, a esquerda, os sindicatos. Faziam a apologia do governo FHC, desprezavam a desigualdade social como o principal problema brasileiro. Como monopolizavam a formação da opinião pública, acreditavam na sua ilusão de que falavam em nome do país.
Depois confiaram na ilusão de que a popularidade do Lula – por seu “discurso populista, não por suas politicas sociais – era intransferível e que um candidato com fama de bom administrador, competente dirigente politico, como o Serra, seria imbatível. Se deixaram embalar por suas próprias pesquisas – avalizadas por quem as organizava, que jurava que não haveria transferência de votos e o Serra seria imbatível – para se considerarem favoritos.
Não entenderam o país, não entenderam a vitória de Lula em 2002 e em 2006, não entenderam a derrota do Serra para a Dilma e deles, com todo o monopólio dos meios de comunicação, para a esquerda. Sempre é o povo que ainda não está suficientemente esclarecido para entender sua mensagem.
Agora vive, como resultado de tudo isso, sua pior crise. Serra tentou aparecer como continuador do Lula, depois como seu mais radical crítico de direita - revelando as alternativas que tem, sempre deslocados em relação ao que pretendiam ser, explorando vazios que sobram do amplo espaço coberto pelo bloco que está no governo. Ou uma critica de esquerda – totalmente deslocada das suas bases sociais e sua ideologia – ou de extrema direita – confundindo-se com o DEM.
Vivem, com justiça, uma crise final da aliança organizada por FHC em 1994. Que se realizou e se esgotou na precária estabilidade monetária, que eles mesmos se encarregaram de sabotar e entregar a Lula uma economia descontrolada, em profunda crise recessiva.
Termina uma fase da história da direita brasileira, que busca rumos que lhe permitam encontrar uma outra cara.
DIREITA PERUANA QUER LIBERTAR CORRUPTOS E ASSASSINOS
Exprocurador Ronald Gamarra dice que “Keiko busca implantar impunidad y restablecer la corrupción con indulto a Alberto Fujimori”. Publicamos la lista de los exmilitares y exfuncionarios Fujimoristas sentenciados por diversos delitos.
El verdadero objetivo y rostro del Fujimorismo y de Keiko Fujimori, es el de implantar la impunidad y restablecer la corrupción estatal con la liberación de su padre Alberto y de los principales cabecillas de su mafia gubernamental, advirtió a LA PRIMERA el ex procurador anticorrupción Ronald Gamarra.
El prestigioso jurista comentó así el peligro de un triunfo de la candidata, cuyo pase a la segunda vuelta fue celebrado el 10 de abril con gritos de júbilo por los miembros del criminal Grupo Colina y otros presos por delitos de lesa humanidad y corrupción.
Gamarra ratificó que la excarcelación de Fujimori y su banda delincuencial es la prioridad A1 del aparato criminal que sostiene la campaña de Keiko, lo que, anotó, ha quedado comprobado con las declaraciones de Carlos Raffo y de la propia postulante presidencial, a favor de este hecho; aunque estos ahora lo nieguen por intereses electorales.
“Es evidente que, aparte de algunas poses de las últimas semanas, para ganar simpatías electorales, la principal reivindicación y bandera del Fujimorismo es, únicamente, la libertad de Alberto Fujimori. Ya la ciudadanía está informada, y lo tiene muy claro”, enfatizó.
Tras indicar que en el supuesto negado de una administración Fujimorista, esta pretenderá la excarcelación del sentenciado mandatario, en principio, por la vía del indulto; pero, de no ser posible, “presionarán a cualquier otra entidad del Estado, como el Tribunal Constitucional o el propio Poder Judicial, para lograr algún tipo de facilidades”.
En ese sentido, Gamarra recordó que tanto Alberto Fujimori como su cúpula y sus principales colaboradores están acusados y condenados, no por actos políticos, sino por graves crímenes.
“Lo que tiene que quedar claro es que, tanto Fujimori como otros reos que pasaron por el Poder Judicial, fueron acusados y juzgados en procesos penales públicos y transparentes. Y fueron condenados, no por opiniones o por actos de gobierno, sino por la comisión de graves crímenes contra la humanidad y corrupción”, puntualizó.
Por lo tanto, manifestó que indultar a Alberto Fujimori y a sus principales secuaces y coacusados de la mafia que dirigió, “sería un premio para lo que han delinquido”.
“No me imagino, pues, algún tipo de perdón para aquel que ha cometido delitos absolutamente graves, como Alberto Fujimori. Sería una indecencia y una vergüenza”, subrayó.
El ex procurador anticorrupción expresó que una acción de este tipo “sería un ridículomundial, al que se expondría al país”, ya que –anotó- “estos juicios al exjefe de Estado y sus principales colaboradores han servido para que la posición de la justicia peruana sea reivindicada, tanto a nivel nacional como internacional”.
“Si salen Alberto Fujimori y los principales cabecillas de su mafia que gobernó el país por una década, entonces igual derecho podrán alegar los cabecillas de las bandas delincuenciales del crimen organizado, como Los Injertos y otras tantas gavillas que operan en Lima y el interior del país”, alertó.
LOS FUJIMONTESINISTAS QUE PASARON POR EL BANQUILLO
Sentenciados
Principales cabecillas de la mafia fujimontesinista
1 Expresidente Alberto Fujimori, 6 años (Delito Contra la Administración Pública-Corrupción); 25 años (Delitos de lesa humanidad).
Sentenciados
Principales cabecillas de la mafia fujimontesinista
1 Expresidente Alberto Fujimori, 6 años (Delito Contra la Administración Pública-Corrupción); 25 años (Delitos de lesa humanidad).
2 Exasesor Vladimiro Montesinos; 8 años (Delito Contra la Administración Pública-Corrupción); 25 años (Violación de los derechos humanos).
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