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sexta-feira, 31 de julho de 2015

NASSIF "DESENHA" O ANTI-JORNALISMO DA FOLHA DE S. PAULO

O jornalismo espírita invade encontro de Dilma com governadores

http://jornalggn.com.br/noticia/o-jornalismo-espirita-invade-encontro-de-dilma-com-governadores

Eu, Luis Nassif, Audálio Dantas e Vanira Kunc.

No jornalismo existem as reportagens e as análises. As reportagens baseiam-se em fatos; as análises, em raciocínios.
Uma das formas de burlar o leitor é rechear um artigo com meras impressões pessoais - do gênero que os compêndios jornalísticos denominam de gossips – e atribuí-las a fontes, anônimas ou não. É diferente da análise propriamente dita, que exige raciocínio, levantamento de ângulos não percebidos pelo leitor.
O gossip tem sido fartamente utilizado para desqualificar qualquer ato de Dilma, uma declaração solta, uma proposta política. Em vez de se debruçar sobre as implicações da atitude, montam-se análises superficiais baseadas no achismo, mas atribuídas a fontes em off para ganhar alguma verossimilhança.
É o caso do encontro de ontem, de Dilma com 27 governadores.
Comparem a reportagem “Dilma manda a governadores recados que eles não queriam ouvir” (http://migre.me/qZcq4) da colunista Vera Magalhães, da Folha – que não estava no evento – com os relatos dos repórteres que assistiram o evento. Basicamente as reportagens do Estadão “Aos governadores Dilma diz que país tem condições de se recuperar” (http://migre.me/qZcrX)-, de O Globo – “Governadores defendem governabilidade e pedem retomada dos investimentos” (http://migre.me/qZcwe) e “Dilma diz a governadores  que o país passa por transição” (http://migre.me/qZcxW) - e da própria Folha – “Dilma pede a governadores ajuda para sair da crise” (http://migre.me/qZczE).
Do lado esquerdo, as afirmações contidas no artigo de Vera; no direito, informações dos repórteres que cobriram o encontro.
O jornalismo de suposição
O jornalismo dos fatos
Os dias que antecederam a reunião de Dilma Rousseff com os governadores foram cercados de certo desconforto por parte dos convidados.
Quais convidados? Nenhum é identificado.
Diante da crise econômica e política e da popularidade em franco derretimento da presidente, os chefes dos Executivos estaduais temiam ser chamados para dividir o fardo pesado que Dilma carrega desde que se reelegeu.
Quais chefes dos Executivos? Nenhum.
Diante da crise econômica e política e da popularidade em franco derretimento da presidente, os chefes dos Executivos estaduais temiam ser chamados para dividir o fardo pesado que Dilma carrega desde que se reelegeu.
Quem temia ser chamado para dividir o fardo?
Mais: os que foram reeleitos no ano passado guardavam ainda fresca na memória a experiência pós-junho de 2013, quando Dilma chamou os 27 governadores para assistirem ao famoso discurso dos "pactos" nacionais –eram cinco, no fim nenhum deles se concretizou.
Conversou com todos os governadores e selecionou a opinião dos que foram reeleitos? Dificilmente. Fonte espírita.
Os oposicionistas temiam cair na cilada de serem convidados a ajudar numa governabilidade que nem lhes interessa nem é sua responsabilidade. E os dos partidos aliados, que sentem no dia a dia a dificuldade de apoiar um governo impopular, também não queriam se tornar sócios nessa empreitada.
Nenhum oposicionista e nenhum aliado é mencionado. Fonte espírita.
Foi com essa (pouca) disposição que a maioria dos 27 viajou a Brasília. Some-se a isso as trapalhadas de cerimonial, que só distribuiu os convites poucos dias antes do encontro, com pauta genérica e sem deixar claro quem falaria ou não, e dá para se ter ideia do clima pré-encontro.
A troco de que reunião com a presidente precisa de pauta detalhada? Não explica.
Aí se parte para o encontro propriamente dito e os fatos teimam em discordar das suposições atribuídas a fontes em off. Mas a colunista não desiste.
Na parte televisionada do encontro, a presidente leu um papel sem olhar nos olhos dos convidados. Citou de forma ensaiada um ou outro dos presentes, para afetar alguma intimidade e consideração –o efeito foi nulo, o truque retórico é manjado e não funcionou com o pouco traquejo de Dilma para o improviso.
A rigor, nenhuma informação que contribua para entender o encontro.
Não explica como olhar nos olhos de 27 convidados. E não explica como soube se o tal truque retórico não funcionou, se não conversou com uma fonte sequer a quem supostamente se dirigiam os truques retóricos.
No mundo real, repórteres extraíram um bom conjunto de informações:
Estadão - Em seu discurso, a presidente indiretamente reconheceu que o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, na prática, exerce o cargo de Secretário das Relações Institucionais, responsável pela coordenação política e relação com os partidos e parlamentares. Foi ao informar que o ministro Padilha, logo depois, iria relatar aos presentes as propostas que estão no Congresso e poderão ter grande impacto financeiros nas contas públicas.
Neste momento, a presidente Dilma cobrou "responsabilidade de todos" no combate às chamadas pautas-bomba que estão para ser votadas. "Como algumas medidas afetam também os Estados, os governadores têm de ter clareza do que está em discussão", disse a presidente, ao defender a estabilidade fiscal e econômica do País. Dilma lembrou que algumas das medidas ela "assumiu e vetou", mas que outras "ainda estão em andamento" no Congresso. Por isso, precisava do apoio dos governadores, sugerindo que eles deveriam influenciar as suas bancadas para que não fossem aprovadas.
E, já no finzinho, mandou o recado que os governadores não queriam ouvir: precisa da ajuda deles para barrar a pauta-bomba no Congresso. Pior: insistiu que a crise é uma "travessia", sem assumir nenhuma responsabilidade pela instabilidade econômica, e repetiu várias vezes que ela atinge "to-dos'', assim mesmo escandido, os governos.
Folha -  Em uma fala de pouco mais de trinta minutos, Dilma elencou problemas econômicos que o Brasil enfrenta, segundo ela, desde agosto de 2014, como "o colapso no preço das commodities, a grande desvalorização da moeda, com impacto nos preços e na inflação". Mas afirmou que "isso não é desculpa para ninguém". (...) Dilma disse ainda que o governo federal "tem que arcar com a responsabilidade e assumir suas condições" mas, ao mesmo tempo, "algumas medidas afetam os Estados e, portanto, os governadores têm que ter clareza" da situação.
Equivaleu a dizer aos que se abalaram a Brasília: me ajudem a embalar Mateus porque não pari sozinha.
Acontece que os governadores pensam o contrário: a crise é do governo federal, que a criou e a agravou. Se Dilma quer ajuda para o ajuste fiscal, algo que muitos estão dispostos a ofertar, deveria pedir especificamente para isso e assumir a responsabilidade que lhe tange, sem tergiversar.

O Globo - Preocupados com a situação econômica, que impacta os estados, os governadores se dizem dispostos a colaborar e a discutir uma pauta de interesse nacional. Esperam que sejam consideradas sugestões já feitas para minimizar os efeitos da crise e a abordagem de questões federativas, como a criação do fundo de compensação para a reforma do ICMS, cujo objetivo é acabar com a guerra fiscal.
— Acho que esse pacto pode se efetivar com medidas concretas. Essas medidas (reivindicadas pelos estados) apontam para a melhoria do ambiente econômico, o que significa melhora na governabilidade — disse o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB).
Estadão - "A União tem de liderar este processo e assumir todas as suas necessidades e condições, ao mesmo tempo, consideramos que, como algumas medidas afetam também os Estados, os governadores têm de ter clareza do que está em discussão."
Na parte aberta do encontro, no entanto, a presidente passou longe disso.
Folha - A presidente não deixou de lembrar que "assumiu" o desgaste de vetar algumas medidas de "grave impacto" nas contas públicas, como o reajuste do salário dos servidores do Judiciário, aprovado em junho pelo Senado, mas ressaltou que há outros projetos em pauta "que terão impacto sobre os Estados sem sombra de dúvida".
Resta saber se os políticos que faziam reparos ao modelo da reunião nos bastidores terão coragem de explicitar as críticas diante de Dilma, se for dada a palavra a todos. O mais provável é que também eles se atenham a observações genéricas.
O Globo - houve ampla discussão sobre a unificação do ICMS, com os governadores apresentando propostas conjuntas.
O Globo -  Após o encontro, o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB), representante da Amazônia Legal, defendeu claramente a “manutenção do mandato” da presidente Dilma. Ele disse que os governadores trataram da crise política:
— Uma síntese do que foi tratado por nós foi a preocupação com a agenda política. A defesa clara e inequívoca da estabilidade institucional, da ordem democrática, do Estado de direito e contra qualquer tipo de interrupção das regras constitucionais vigentes. Portanto, a manutenção do mandato legítimo da presidente Dilma Rousseff que foi eleita para cumpri-lo — afirmou o governador maranhense, representando a Amazônia Legal.
Ricardo Coutinho (PSB-PB), que representava o Nordeste, falou da importância de evitar a instabilidade política:
— O país não pode permanecer, a partir de uma instabilidade política, gerando uma instabilidade econômica, porque o setor produtivo pensa duas, três, quatro vezes em investir sem saber como será o dia de amanhã. Então, para todos, é importante que se resgate a estabilidade, garantindo a governabilidade para quem foi eleito. Como nós governadores, a presidente Dilma foi eleita — declarou.
(...)  — Foi um momento importante de diálogo, mesmo porque há muito tempo a presidente não se reúne com os governadores. Nesse momento de crise política foi uma boa oportunidade para passar a limpo uma agenda propositiva para o país — disse o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Nesse caso, o encontro terá sido mais uma reunião longa, cansativa e inócua, como aquela de 2013 e tantas outras. Dilma sairá dela tão impopular e desgastada quanto entrou, os governadores voltarão para seus Estados sem recursos e perspectivas de investimentos e a pauta-bomba continuará à espreita quando o Congresso retomar os trabalhos na segunda-feira.
O Globo – Vamos trabalhar a pauta que foi apresentada, de estabilidade política, soluções para garantir o crescimento econômico e a garantia que possamos ter uma agenda federativa. Foi uma reunião madura, com bastante serenidade, com uma posição pensando no Brasil – afirmou Wellington Dias (PT), governador do Piauí.

sábado, 25 de julho de 2015

REFLEXÕES NO DIA DO ESCRITOR

Minha carteirinha da União Brasileira dos Escritores diz que sou um deles, mas considero-me muito mais um Jornalista que publica livros. Escritor, para mim, é aquele que cria ficção, poesia, liberando sua criatividade e compartilhando-a com a criatividade dos leitores. Meu talento, se é que o tenho, é mais o de relatar e analisar fatos e personagens reais. 
Como todos os jornalistas, guardo na cabeça e em anotações várias idéias para livros de ficção, mas ainda não me entreguei ao pesado trabalho de redigí-los porque isso necessidade um acúmulo de energia, a vontade precisa tornar-se incontrolável. Um livro é sempre um desafio, uma enorme dedicação, quando não se consegue pensar em outra coisa. E o leitor está sempre na mente de quem escreve, sendo seu maior juiz.
Meus quatro livros tratam de temas variados, mas todos poderiam ser classificados como Reportagens. O primeiro, em 2007, foi um exercício: cada capítulo tem o formato de uma carta a um amigo, tratando dos temas que mais lhe interessavam, depois de minha primeira visita de três meses à Holanda. Naturalmente, chama-se "Cartas da Holanda" e teve capa da minha mulher, a querida Marianne Lemmen. Fiz pequena tiragem e ele está esgotado.



Na Bienal do Livro de São Paulo 2008, lancei "A Bolívia de Evo Morales", que teve alguma repercussão. Foi motivo de uma página inteira na revista Caros Amigos", uma longa entrevista na revista "Sociologia", com belas fotos de um profissional paulistano, entrevista no programa "Record Internacional", da TV Record News, quando conheci o jornalista Rodrigo Vianna, que veio a tornar-se um grande amigo. Neste livro tive o prazer de receber uma "Apresentação do Autor" pelo grande jornalista Audálio Dantas e um prefácio do ex-ministro José Dirceu.


O terceiro livro foi "A Imprensa x Lula - golpe ou sangramento?", lançado na Bienal do Livro de 2012. Também foi bem recebido, e contém entrevistas exclusivas que fiz com o próprio Rodrigo Vianna, o colega Paulo Henrique Amorim, a deputada federal (e grande amiga há décadas)  Luiza Erundina, e o querido Eduardo Guimarães, presidente do Movimento dos Sem-Mídia. 
Esses dois livros eu vendi razoavelmente, e doei a muitas bibliotecas no Brasil e em vários países que visitei desde então. É bom saber que estão nas Universidades de Coimbra, Lisboa, Buenos Aires, La Paz, Berlim, Caracas, Havana, Delft, Haia, Amsterdã, Paris, entre muitas outras onde, quem sabe um dia, algum brasileiro ou conhecedor do idioma Português poderá consultá-los. 
Dizem que uma das razões pelas quais publicamos livros é para nos sentirmos menos finitos, para deixarmos algo material para nossos pósteros. Acho que isso é verdade, em certa medida. Assim como sou devedor de tantos escritores que já morreram, alguns há muitos séculos, lá no fundo tenho aquela tola vaidade de que meus livros poderão chegar à mãos de pessoas que virão muito depois que eu deixar esta vida. A começar, é claro, por meus filhos e netos, esses ainda muito pequenos.
Finalmente, acabo de publicar "O Brasil na 'era dos imbecis' - o discurso de ódio da Direita". Como os anteriores, trata de um tema extremamente atual, que espero torne-se superado o quanto antes. Desejo que esses grupos fascistas que pululam nos debates políticos das redes sociais amadureçam e aprendam a viver em Democracia, acatando suas regras. Hoje, no entanto, eles se articulam de forma irresponsável, eu diria criminosa, e podem causar danos graves às nossas Liberdades Democráticas, que nos incumbe a todos defender. Novamente tive a ajuda do Eduardo Guimarães que cedeu-me gentilmente um de seus brilhantes textos, e do jornalista Paulo Nogueira, do blog "Diário do Centro do Mundo", que teve igual gesto de colaboração. 
Estou na fase mais difícil para um jornalista/escritor", que é divulgar e tentar vender nosso trabalho. Este é o primeiro livro que publico também em versão eletrônica, tentando adaptar-me às modernas tecnologias do mercado do livro. Estou satisfeito até o momento, mas preciso intensificar a publicidade, já que o assunto é urgentemente atual. Para isso, continuo contando com o apoio de amigos reais e virtuais - que não têm me faltado.
O livro está disponível no Clube de Autores, por este link: https://www.clubedeautores.com.br/book/188020--O_Brasil_na_era_dos_imbecis#.VbN8fflVhBc

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

NO LANÇAMENTO DO "PRIVATARIA TUCANA", LIÇÕES SOBRE SERRA E O PSDB

Um debate sensacional no lançamento do livro "A Privataria Tucana" entre o autor, Amaury Ribeiro Jr., Protógenes Queiróz e Paulo Henrique Amorim. Meu amigo Irani Lima e eu estávamos na fila do gargarejo.
O importante são os dados ditos, em tom informal, pelos participantes. Vejam e compartilhem: