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sexta-feira, 31 de julho de 2015

O MEU LIVRO ADVERTIU SOBRE O TERRORISMO. LAMENTO TER RAZÃO

sábado, 11 de julho de 2015

exclusivo: DILMA APONTA O DEDO AOS GOLPISTAS. NÓS O FIZEMOS ANTES.

DISCORDANDO DO BEPE DAMASCO: DILMA REAGIU TARDE
Antonio Barbosa Filho (*)

O Blog do Miro publicou excelente texto do blogueiro Bepe Damasco, do qual ousarei discordar, ou melhor, ao qual oporei alguns reparos que julgo pertinentes. Discordo de uma de suas premissas: “Bastou a presidenta Dilma enfrentar pela primeira vez os golpistas na entrevista à Folha de S. Paulo, para a atmosfera golpista ficar um pouco menos carregada”.
Penso, ao contrário, que a presidenta só resolveu apontar o dedo para os inimigos do seu governo e, pela maneira de agirem contra o processo democrático, muito depois que membros do PT, do PC do B, intelectuais e internautas já estavam no campo de batalha. Louvo que ela tenha começado a falar a respeito, mas lamento dizer que deveria tê-lo feito muito antes. Na verdade, esta dívida com o Brasil o PT tem desde o governo Lula, igualmente condescendente com os discursos golpistas e de ódio. Os resultados que vemos hoje, com grupelhos e indivíduos querendo agredir petistas e democratas nas ruas ou ameaçando-os de morte pelas redes sociais, devem-se à inação e ao silêncio covarde dos dois governos e do PT na questão da regulação  da mídia.
A inoculação do veneno do ódio é processo lento, que poderia ter sido inibido desde o início. Vejo suas origens bem lá atrás no tempo, mas poderíamos citar a gritaria histérica de um Datena e seus imitadores, relativizando a violência, criminalizando os pobres, aterrorizando a população e estimulando a violência policial. São anos e anos desta pregação do terror, que só resultou em mais e mais violência, de ambos os lados: marginais e policiais. Enriqueceram-se os que promovem este festival na TV, e os que realmente controlam o crime organizado, o tráfico, a corrupção policial, o Judiciário tendencioso.
Nas pessoas que receberam este tratamento midiático, especialmente os mais jovens, a violência incorporou-se ao mundo como algo natural, e que violentos são os “outros”, os “diferentes” (cada um escolha os seus: brancos, negros, homossexuais, ateus, petistas, etc). Sheherazade é alunas de Datena, e acha o linchamento aldo “compreensível”. De fato, é.
Defendo todo o direito do Datena dizer as besteiras que quiser, mas acho que um governo progressista deveria, ao menos, oferecer um contraponto. Nunca houve. Experiências bem sucedidas de redução da criminalidade pela prevenção, e pela  inteligência policial, jamais aparecem na TV, e os governos responsáveis não têm meios de divulgá-las.
Isso é, digamos,  o caldo de cultura. Aí aparecem os radicais de direita, os ministros pop-stars do tipo Joaquim Barbosa ou Sérgio Moro, pastores das teologias estelionatárias da “prosperidade”, setores da Polícia Federal, do Ministério Público e, óbvio, a mídia cartelizada e anti-nacional de sempre, para completarem o serviço: “bandido merece apanhar e morrer” + “o PT só tem bandidos, é uma ‘organização criminosa ”como repete a rádio Jovem Pan a cada 15 minutos). Logo, eliminar o PT, como ensina Olavo de Carvalho à sua seita de fanáticos, é uma necessidade social, uma limpeza igual a que Hitler qualificou a extinção dos judeus, ou a Ku-Klux-Klan, aos negros.Olavo diz que esquerdista é sub-humano – e penso em como se esmaga uma barata.
As falas da presidenta Dilma são essenciais, mas não bastam se não forem seguidas do cumprimento rigoroso das leis que defendem a sociedade e a Democracia. Ou seja; identificar, processar e denunciar publicamente os autores de atos terroristas, das calúnias nas redes ao xingamento da presidenta num hotel de Nova Iorque, dos que ameaçaram Jô Soares, Fernando Morais, Eduardo Guimarães, aos que dizem que o filho de Lula é o homem mais rico do Brasil.
A ABIN deve ter (se não tiver é muito incompetente, no que não creio)  a “ficha” dos que pregam o ódio e a violência. A Polícia Federal não precisa de ordem do ministro ( que diz não querer controlá-la, abdicando  da hierarquia que a lei estabelece) para prender em flagrante quem premedita ou prega em qualquer espaço um magnicídio ou o assassinato de qualquer cidadão brasileiro.
Antes da presidenta falar sobre o assunto, o ex-ministro Guido Mantega já tomara a necessária attitude de processar um elemento (mais um confessadamente da seita de Olavo de Carvalho, um olavete) pelos insultos que recebeu num restaurante. O ex-presidente Lula também interpela na Justiça um deputado que o chamou de ladrão.
Se houverem dezenas de processos como esses, ou seja, um para cada acusação ou ameaça, talvez retornemos ao curso normal do Sistema Democrático, no qual todos temos direitos, mas também limites e responsabilidades.
Bepe conclui seu texto com uma frase que eu assinaria: “Se quiserem derrotar os golpistas, governo e Dilma serão forçados a subir o tom, dando nomes aos bois e denunciando para a população os atores envolvidos na conspiração pelo rompimento da ordem constitucional do país. Não há outra saída”.

(*) Antonio Barbosa Filho é jornalista, de Taubaté-SP e Delft-Holanda, e acaba de lançar seu quarto livro, “O Brasil na ‘era dos imbecis’- o discurso de ódio da Direita”, pelo Clube de Autores.




quarta-feira, 8 de julho de 2015

ÍNDICE DO LIVRO QUE DESMASCARA A SEITA FASCISTA DE OLAVO DE CARVALHO

Para que os amigos(as) conheçam os temas tratados no meu novo livro, "O Brasil na 'era dos imbecis'- o discurso de ódio da Direita", transcrevo abaixo o índice da obra. O livro está entre os mais vendidos, na área de Ciências Humanas, da editora Clube de Autores, e pode ser comprado com desconto especial pelo sítio https://www.clubedeautores.com.br/book/188020--O_Brasil_na_era_dos_imbecis#.VZuHzfmqpBd




ÍNDICE




Introdução                                                                                                                        
Porque “direita-burra”?                                                                                                 
A matriz das idéias do guru Olavo                                                                                 
Olavo mente: “A CIA não atuava no Brasil em 1964”                                                 
Olavo mente de novo: a censura no Brasil foi branda                                                  
Armando Abreu e o “vira-bosta da Virgínia”                                                               
A terrorista Graça Salgueiro                                                                                           
Mais uma mentira de Olavo: o PT é um partido comunista                                        
Olavo merece contestação ou desprezo?                                                                        
“Olavo de Carvalho cresceu no vazio intelectual da Direita”                                    
Mais uma mentira: o Foro de São Paulo é secreto                                                        
Olavo excomungou o Papa Francisco!                                                                            
Olavetes partem para a violência                                                                                    
Atentado ao Papa: Olavo mente de novo                                                                        
Quando um olavete será nosso Breivik?                                                                        

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

ESCRITORA QUE AUDÁLIO DESCOBRIU NA FAVELA É HOMENAGEADA EM SP

Pioneira, escritora que vivia do lixo é homenageada em seu centenário

Rodrigo Casarin
Do UOL, em São Paulo

  • Acervo UH/Folhapress
    A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus durante noite de autógrafos do lançamento de seu livro "Quarto de Despejo", em uma livraria na rua Marconi, em São Paulo (SP), no ano de 1960
    A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus durante noite de autógrafos do lançamento de seu livro "Quarto de Despejo", em uma livraria na rua Marconi, em São Paulo (SP), no ano de 1960
Se as favelas e as periferias conseguiram construir um movimento literário próprio, com escritores, editores e eventos que fomentam a arte escrita nos bairros mais carentes e isolados –a dita literatura marginal–, em muito isso se deve a Carolina Maria de Jesus, que completaria 100 anos em 2014.
Em celebração ao seu centenário, a autora está sendo homenageada pela Balada Literária, que reunirá escritores em torno de mesas de discussões entre os dias 19 e 23 de novembro, em diversos pontos de São Paulo (confira a programação aqui).
Mãe solteira de três filhos, catadora de papel e ferro velho, Carolina vivia na favela do Canindé, entre a zona norte e o centro de São Paulo, quando chamou a atenção do jornalista Audálio Dantas. Ele conheceu a moça durante a apuração de uma reportagem e achou interessante seus 35 cadernos repletos de anotações que formavam um diário. Contou a história de Carolina, então, em algumas matérias e conseguiu com que uma editora publicasse parte dos escritos.
"Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada" saiu em 1960, vendeu mais de 80 mil exemplares e foi traduzido para 13 línguas. Esse sucesso, como não poderia ser diferente, mexeu bastante com a vida de Carolina.
"Ela é uma guerreira, é única na história da literatura brasileira. Tem uma linguagem autêntica, própria. Precisa ser celebrada agora e eternamente", justifica Marcelino Freire, escritor, criador e curador do evento.
Para ele, a escritora ainda pode ensinar que "não podemos esperar que os acadêmicos ou as escolas venham dizer qual literatura devemos fazer. Carolina fez. Ao seu estilo, na sua verdade. A obra dela é fruto dessa verdade, desse impulso. Atente para o vocabulário, a força, a oralidade, a verdade que salta de suas páginas".
Alessandro Buzo, um dos escritores mais famosos da cena marginal, complementa Marcelino. "Ela é pioneira quando se fala em pessoa da classe periférica, favelada, lançando livros. Se hoje existem vários, ela é a mãe. Acho que a grande maioria de nós, escritores marginais, tem ela como referência e inspiração". Buzo também se diz influenciado por "Quarto de Despejo", livro que leu quando estava em uma situação financeira bastante instável e que lhe serviu de inspiração. "Tive a certeza de que qualquer pessoa, em qualquer situação, poderia ser leitor e até autor".
Acervo UH/Folhapress
17.jun.1960 - A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus, autora de "Quarto de Despejo", entre seus livros
Trajetória
Carolina nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 1914. Frequentou a escola por apenas dois anos; precisou abandoná-la para seguir com a família para Lageado, também em Minas, onde trabalhou como lavradora. Em busca de uma melhor condição financeira, tentou a vida em Franca, no interior de São Paulo, e, em 1937, rumou para a capital paulista. Foi viver na favela do Canindé, onde escreveu seus diários, em 1948.
Seu primeiro livro, "Quarto de Despejo", revela o cotidiano miserável de Carolina e levanta discussões sociais sobre os marginalizados. Os dias relatados na obra têm sempre o mesmo objetivo: aplacar a fome. Após o sucesso comercial do título, Carolina conseguiu dinheiro para comprar uma residência na zona norte de São Paulo, de onde escreveu "Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-Favelada", publicado em 1961.
"Pedaços de Fome", seu terceiro livro e único romance, sai em 1963 e chama pouca atenção. Carolina já vinha enfrentando diversos problemas decorrentes das mudanças que ocorreram em sua vida após o sucesso. A escritora não conseguiu se adaptar à nova realidade. Não se sentia à vontade em um bairro de classe média, desentendia-se com seus editores e lutava para se manter em alguma evidência.
"Penso que como todo artista, ela reagiu ao sucesso com regalo e deslumbramento. O assédio da mídia a transformou num 'case' extraordinário, pois do dia para a noite saiu do anonimato para o estrelato: seu primeiro livro causou frisson nas pessoas, tornou-se objeto de consumo da elite e dos intelectuais, e logo despertou curiosidade do exterior", analisa Uelinton Farias Alves, professor e escritor, que trabalha para publicar uma biografia da autora em 2015.
Alves explica que o sucesso meteórico e a ascensão de classe fizeram com que conflitos se apossassem da personalidade de Carolina, "já tantas vezes abalada pelo processo de massacre vivido desde a infância, constantemente humilhada e vítima dos mais mesquinhos preconceitos". O biógrafo lembra que a autora saiu da favela "quase apedrejada", pois colegas que temiam ter suas vidas expostas nos diários da escritora a viam como uma ameaça.
Acervo UH/Folhapress
05.jun.1960 - A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus, autora de "Quarto de Despejo", na janela de sua casa
Volta à pobreza
Sem conseguir se adaptar à nova realidade, sem poder retornar à favela, Carolina pensou em suicídio, mas, em 1969, optou por se mudar para um sítio em Parelheiros, onde tentaria fugir de tudo que a cercava. Por lá ficou praticamente esquecida até a sua morte, em 1977. Já em seus últimos dias, segundo Alves, chegou a lamentar sua vida e a declarar que nunca deveria ter saído da favela. "Ela morreu pobre e desiludida com o mundo da escrita. Ela fazia outra ideia desse mundo, que a salvaria de todos os problemas e misérias", diz o biógrafo.
Após a sua morte, em 1986 saiu "Diário de Bitita", publicado primeiro na França, com suas memórias da infância e adolescência. Após algum tempo no ostracismo, Carolina voltou a ser alvo de interesse a partir da década de 1990, principalmente por parte de estudiosos.
Além da homenagem prestada pela Balada Literária, Carolina também é relembrada por diversas outras iniciativas, como uma exposição sobre sua vida e obra no CEU Butantã, uma sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo e o lançamento do livro "Onde Estaes, Felicidade?", que reúne contos inéditos da autora organizados pela escritora Dinha Maria Nilda e a pesquisadora Raffaella Fernandez. Uelinton Farias Alves, seu biógrafo, ainda planeja "resgatar a ideia de publicação de sua obra completa, que inclui os romances inéditos, contos, provérbios, poesias..."
  • http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2014/11/19/escritora-que-vivia-do-lixo-e-homenageada-na-balada-literaria.htm

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

NO LANÇAMENTO DO "PRIVATARIA TUCANA", LIÇÕES SOBRE SERRA E O PSDB

Um debate sensacional no lançamento do livro "A Privataria Tucana" entre o autor, Amaury Ribeiro Jr., Protógenes Queiróz e Paulo Henrique Amorim. Meu amigo Irani Lima e eu estávamos na fila do gargarejo.
O importante são os dados ditos, em tom informal, pelos participantes. Vejam e compartilhem:

quarta-feira, 11 de junho de 2014

UM GUIA PARA BRASILEIROS, DAS SEDES DA COPA DAS COPAS

Para entender o Brasil, o país do futebol

Por Redação


Livro “Para Entender o Brasil, o país do futebol” traz curiosidades, dicas e 
histórias das cidades que sediarão jogos do Mundial. E, ainda bem, não 
segue o padrão Fifa

por Mauricio Ayer, do Futepoca publicado 30/05/2014 

Reprodução
Para Entender o Brasil, o país do futebol
Capa do livro de Mouzar Benedito: uma viagem que vale a pena

Se eu tivesse que indicar alguém pra apresentar o Brasil a um estrangeiro, 
eu não teria a menor dúvida: falaria com o Mouzar Benedito. Ele não só é 
geógrafo e jornalista, bom de prosa e especialista em cultura popular, como 
faz décadas que está rodando o Brasil com o único intuito de conhecer 
nossa terra e nossa gente. É difícil encontrar algum lugar por onde ele ainda 
não tenha passado.
Daí que o lançamento da Liz Editorial é realmente um achado: chamaram 
o Mouzar pra escrever sobre as 12 capitais que serão sede da Copa do 
Mundo 2014. Para Entender o Brasil, país do futebol só não tem “copa” no 
mundo porque não é publicação oficial, e ainda bem que não é. Pois em vez 
do “padrão Fifa”, temos o “padrão Mouzar”, garantia de que você vai descobrir 
coisas inusitadas e muito interessantes sobre cenários e culturas tão 
diferentes quanto as de Porto Alegre, Manaus e Recife.
A grande experiência de cronista deu ao Mouzar um olhar particularmente 
aguçado para o inusitado. E pra terminar, ele é um verdadeiro erudito no que 
se refere à história do Brasil, à língua portuguesa falada nos quatro cantos desta
 terra e às peculiaridades dos costumes de cada lugar.
Vou dar um exemplo: você sabe por que o patronímico (calma, é isso aqui) do 
nosso país não segue o padrão de outras nacionalidades (italiano, francês, 
chileno, salvadorenho…) e sim o padrão dos substantivos que denominam 
ofícios (ferreiro, marceneiro, tintureiro, etc.)? Aprendi isso no livro do Mouzar: 
é porque “brasileiro” inicialmente era o profissional dedicado à extração e 
comercialização do pau-brasil. Os portugueses os chamavam de brasileiros, 
que depois acabou sendo ampliado a todos que aqui nasceram ou que aqui 
vivem.
Para quem já programou se deslocar para alguma das sedes para ver algum 
jogo da Copa, este livro é um excelente guia. Para quem não, é um ótimo 
aperitivo para ficar com vontade de viajar e conhecer o Brasil. Por conta disso, 
talvez esse livro cumpra o principal objetivo de se ter feito uma Copa espalhada 
pelas cinco regiões: ele nos faz lembrar da diversidade dessa terra, quase 
milagrosamente unida pela língua portuguesa e, evidentemente, pelo futebol.
Para constar: o livro é bilíngue (português e inglês) e fartamente ilustrado com 
lindas fotos coloridas.
Pra fechar o pacote, o ingrediente final: o preço é bem convidativo. A versão 
ebook está saindo, no site da Livraria Cultura, por apenas R$ 12,00. Só doze 
reais. Vale o show?

sábado, 4 de janeiro de 2014

TUMINHA ESCONDE QUE SEU PAI OCULTAVA CADÁVERES DE PRESOS



Organizador de “Habeas Corpus” acredita que livro contribuirá para a Comissão da Verdade

Carlos Azevedo pondera que sistematização de documen-
tos sobre desaparecidos da ditadura militar é fruto de 
décadas de esforço de familiares e ajuda a recontar epi-
sódios do regime repressor

por João Peres, da RBA publicado 13/01/2011 19:31, 
0 Comments
São Paulo – O livro “Habeas Corpus – Que se apresente o corpo”, recém-lan-
çado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, será 
um importante instrumento para a futura Comissão Nacional da Verdade, que 
terá o papel de restaurar a verdade sobre a ditadura militar.
Carlos Azevedo, editor-chefe da redação responsável pelo trabalho, entende 
que a grande contribuição é fazer a sistematização de um material acumulado 
ao longo de décadas. “Poderia dizer que é um trabalho de 40 anos de apuração. 
Foram se somando os documentos levantados pela sociedade desde que se 
abriram alguns arquivos, com o fim da ditadura. Nos últimos anos, a Secretaria 
de Direitos Humanos teve um papel de acelerar essa sistematização”, avalia.
Azevedo ressalta que os esforços do Ministério Público Federal em São Paulo 
como centrais para esse levantamento de dados foi importante para o trabalho.

    O livro teve como foco recontar a história de 184 desaparecidos políticos. Por 
    isso, o esforço de compilação do material trará importantes subsídios ao traba-
    lho da Comissão da Verdade. Enviado ao Congresso no ano passado, o Projeto 
    de Lei 7376 prevê a apuração dos crimes cometidos pelo Estado entre 1946 e 
    1988.
    A comissão a ser criada pela Casa Civil teria sete integrantes indicados pelo pre-
    sidente da República que tenham como pré-requisito o “respeito aos direitos hu-
    manos”. 
    Em 2007, a Secretaria de Direitos Humanos lançou os livros da série “O direito 
    à memória e à verdade”, que se tornaram um importante material de referência 
    para esclarecer alguns dos episódios da ditadura. Azevedo avalia que “Habeas 
    Corpus” é a sequência deste esforço de apuração, reunindo documentos e fatos 
    surgidos ao longo dos últimos anos. 
    Além da história de 184 desaparecidos políticos, a obra soma os avanços obtidos 
    nas buscas por corpos no Araguaia e joga novas luzes sobre o papel de Romeu Tu-
    ma no aparato repressor. Como narrado pela repórter Marina Amaral, o livro re-
    força o papel do político falecido no ano passado na produção de atestados de óbi-
    to com nomes falsos, na simulação de “suicídios” e “tiroteios” em inquéritos, na 
    ocultação dos fatos que levaram à morte de dezenas de desaparecidos e no sumiço 
    de seus corpos. “Os depoimentos dos camponeses do Araguaia indicavam que o 
    Tuma ia à região, com o nome de delegado Silva, e que sua equipe era especializa-
    da em ocultação de cadáveres. Ou seja, o grande coveiro da ditadura”, pondera 
    Azevedo.
    A ocultação de corpos é, sob a legislação internacional, um crime continuado, ou 
    seja, não prescreve enquanto não for localizada a vítima. É esse um dos fundamen-
    tos da decisão proferida no último mês de dezembro pela Corte Interamericana de 
    Direitos Humanos, que definiu que o Estado brasileiro é culpado por não haver so-
    lucionado esse capítulo da ditadura. Ao analisar os crimes cometidos por militares 
    no episódio da Guerrilha do Araguaia, a entidade integrante da Organização dos Es-
    tados Americanos (OEA) determinou que o Brasil adote as medidas necessárias a 
    virar esta página da história, entre elas a punição dos torturadores.
    O título de “Habeas Corpus” transforma-se, portanto, numa interessante sugestão, 
    à medida que resgata o sentido original da expressão em latim que significa “apre-
    sente-se o corpo”. “É uma provocação. Não para os militares em especial, mas pa-
    ra a sociedade como um todo, para que se dê conta de que é preciso encontrar os 
    corpos para poder virar essa página”, pontua o organizador da obra. 
    Paulo Vannuchi, ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, aponta na apre-
    sentação do trabalho que há uma dívida inegável que precisa ser resgatada. “O reco-
    nhecimento da responsabilidade do Estado pelas violações de Direitos Humanos 
    praticadas durante a ditadura já está consolidado. Mas ainda faltam alguns passos 
    indispensáveis para que se considere plenamente concluída a longa transição para 
    uma democracia irreversível.” 

    sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

    FHC NEGA MENTIRA DE TUMA JR. SOBRE LULA

    Paulo Moreira Leite
    Diretor da Sucursal da ISTOÉ em Brasília, é autor de "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".


    FHC ENTERROU TUMINHA


    Ex-presidente merece elogio por recusar-se a fazer parte de uma farsa


     Por duas vezes, no programa Manhattan Conection, Diogo Mainardi sugeriu 
    a  Fernando Henrique Cardoso que fizesse comentários sobre a denúncia do 
    delegado Romeu Tuma Jr de que Luiz Inácio Lula da Silva foi “alcaguete” 
    do ditadura.
     Nas duas vezes, FHC desmentiu Diogo e Tuminha. Deixou claro que a his-
    tória é falsa.
     É um testemunho importante, considerando quem é e quem foi. Lula fez 
    campanha para Fernando Henrique em 1978. Os dois percorreram portas 
    de fábrica e falaram em comícios. Mais tarde, estiveram juntos numa ar-
    ticulação pela criação de um partido político de esquerda, mas o projeto 
    não deu certo.
    Os dois tomaram caminhos separados a partir de então e hoje são os ad-
    versários que polarizam a política brasileira.
     Já fiz criticas duras ao comportamento de  Fernando Henrique diante 
    de fatos políticos recentes, como a ação penal 470. Considerando o que 
    ele sabe, viu e fez durante sua carreira política, eu acho que ele não 
    poderia unir-se ao coro dos ingênuos e dos espertalhões que esperam 
    derrotar o governo Lula na Justiça – já que não conseguem fazer isso 
    pelo voto. Não vamos criminalizar ninguém.
    Mas diante até de confissões gravadas de parlamentares que venderam 
    seus votos na emenda que permitiu sua reeleição FHC não precisava  
    bater palmas para o STF e dizer que o país precisa seguir em frente, 
    não é mesmo?
     O debate aqui é outro, porém.
     A divulgação orquestrada do livro de Tuma Jr não obedece a nenhum 
    interesse legítimo. É apenas mais uma operação destinada a atacar o ex-
    presidente, sem fatos concretos nem um fiapo de prova. Quem dá curso 
    a esse tipo de ação deveria sentir vergonha, até porque não entendeu o 
    país em que vive. 
    Pressionado a fazer parte de uma mentira, Fernando Henrique recusou-se 
    a agir  abaixo de sua dignidade.
     Respeitou a memória do país e sua própria história.
     Os brasileiros só tem a ganhar quando um ex-presidente lembra que a 
    única forma decente de participar da  luta política, tão natural numa 
    democracia, consiste em respeitar a verdade dos fatos.