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sábado, 25 de julho de 2015

REFLEXÕES NO DIA DO ESCRITOR

Minha carteirinha da União Brasileira dos Escritores diz que sou um deles, mas considero-me muito mais um Jornalista que publica livros. Escritor, para mim, é aquele que cria ficção, poesia, liberando sua criatividade e compartilhando-a com a criatividade dos leitores. Meu talento, se é que o tenho, é mais o de relatar e analisar fatos e personagens reais. 
Como todos os jornalistas, guardo na cabeça e em anotações várias idéias para livros de ficção, mas ainda não me entreguei ao pesado trabalho de redigí-los porque isso necessidade um acúmulo de energia, a vontade precisa tornar-se incontrolável. Um livro é sempre um desafio, uma enorme dedicação, quando não se consegue pensar em outra coisa. E o leitor está sempre na mente de quem escreve, sendo seu maior juiz.
Meus quatro livros tratam de temas variados, mas todos poderiam ser classificados como Reportagens. O primeiro, em 2007, foi um exercício: cada capítulo tem o formato de uma carta a um amigo, tratando dos temas que mais lhe interessavam, depois de minha primeira visita de três meses à Holanda. Naturalmente, chama-se "Cartas da Holanda" e teve capa da minha mulher, a querida Marianne Lemmen. Fiz pequena tiragem e ele está esgotado.



Na Bienal do Livro de São Paulo 2008, lancei "A Bolívia de Evo Morales", que teve alguma repercussão. Foi motivo de uma página inteira na revista Caros Amigos", uma longa entrevista na revista "Sociologia", com belas fotos de um profissional paulistano, entrevista no programa "Record Internacional", da TV Record News, quando conheci o jornalista Rodrigo Vianna, que veio a tornar-se um grande amigo. Neste livro tive o prazer de receber uma "Apresentação do Autor" pelo grande jornalista Audálio Dantas e um prefácio do ex-ministro José Dirceu.


O terceiro livro foi "A Imprensa x Lula - golpe ou sangramento?", lançado na Bienal do Livro de 2012. Também foi bem recebido, e contém entrevistas exclusivas que fiz com o próprio Rodrigo Vianna, o colega Paulo Henrique Amorim, a deputada federal (e grande amiga há décadas)  Luiza Erundina, e o querido Eduardo Guimarães, presidente do Movimento dos Sem-Mídia. 
Esses dois livros eu vendi razoavelmente, e doei a muitas bibliotecas no Brasil e em vários países que visitei desde então. É bom saber que estão nas Universidades de Coimbra, Lisboa, Buenos Aires, La Paz, Berlim, Caracas, Havana, Delft, Haia, Amsterdã, Paris, entre muitas outras onde, quem sabe um dia, algum brasileiro ou conhecedor do idioma Português poderá consultá-los. 
Dizem que uma das razões pelas quais publicamos livros é para nos sentirmos menos finitos, para deixarmos algo material para nossos pósteros. Acho que isso é verdade, em certa medida. Assim como sou devedor de tantos escritores que já morreram, alguns há muitos séculos, lá no fundo tenho aquela tola vaidade de que meus livros poderão chegar à mãos de pessoas que virão muito depois que eu deixar esta vida. A começar, é claro, por meus filhos e netos, esses ainda muito pequenos.
Finalmente, acabo de publicar "O Brasil na 'era dos imbecis' - o discurso de ódio da Direita". Como os anteriores, trata de um tema extremamente atual, que espero torne-se superado o quanto antes. Desejo que esses grupos fascistas que pululam nos debates políticos das redes sociais amadureçam e aprendam a viver em Democracia, acatando suas regras. Hoje, no entanto, eles se articulam de forma irresponsável, eu diria criminosa, e podem causar danos graves às nossas Liberdades Democráticas, que nos incumbe a todos defender. Novamente tive a ajuda do Eduardo Guimarães que cedeu-me gentilmente um de seus brilhantes textos, e do jornalista Paulo Nogueira, do blog "Diário do Centro do Mundo", que teve igual gesto de colaboração. 
Estou na fase mais difícil para um jornalista/escritor", que é divulgar e tentar vender nosso trabalho. Este é o primeiro livro que publico também em versão eletrônica, tentando adaptar-me às modernas tecnologias do mercado do livro. Estou satisfeito até o momento, mas preciso intensificar a publicidade, já que o assunto é urgentemente atual. Para isso, continuo contando com o apoio de amigos reais e virtuais - que não têm me faltado.
O livro está disponível no Clube de Autores, por este link: https://www.clubedeautores.com.br/book/188020--O_Brasil_na_era_dos_imbecis#.VbN8fflVhBc

segunda-feira, 20 de julho de 2015

DIA 25 É O DIA DO ESCRITOR

Dia do Escritor

O Dia do Escritor é comemorado dia 25 de Julho, no Brasil. 

A data celebra as pessoas dedicadas às palavras escritas. Sejam nos textos científicos 
ou fictícios, os escritores precisam ter a grande habilidade de entreter os leitores e, para 
isso, é necessário um vasto conhecimento de vocabulários, da gramática e ortografia, 
além de uma boa dose de criatividade e conhecimentos gerais do mundo. 

Origem do Dia Nacional do Escritor

A ideia de homenagear todos os escritores no dia 25 de Julho surgiu a partir do I Festival 
do Escritor Brasileiro, organizado na década de 60 pela União Brasileira de Escritores, 
sob a presidência de João Peregrino Júnior e Jorge Amado, um dos principais nomes 
da literatura nacional. 

Frases para o Dia do Escritor

"Escrever é estar no extremo de si mesmo" (João Cabral de Melo Neto)
"Comemorando a solidão diante da palavra, a verdade, o medo, a alegria, o amor indizíveis de só saber escrever"
“Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.” (Carlos Drummond de Andrade)
“Quando os escritores morrem, eles se transformam nos seus livros. O que, pensando bem, não deixa de ser uma forma interessante de reencarnação.” (Jorge Luis Borges)

sábado, 18 de julho de 2015

PUBLICAÇÃO INGLESA ANALISA LIVRO SOBRE MACHADO DE ASSIS

Machado, o mulato que conquistou o Rio de Janeiro e ganhou projeção internacional.

The Times Literary Supplement, publicação semanal britânica, mas com larga circulação nos meios intelectuais dos Estados Unidos e outros países de língua inglesa, traz na sua última edição uma resenha do livro "Machado de Assis - a literary life" (M de A - uma vida literária), de K. David Kackson, publicado pela editora da Universidade norte-americana de Yale.
No texto crítico, Miranda France afirma que Machado de Assis "é um dos mais importantes escritores latino-americanos, mas nunca chegou a ser tão famoso quanto Jorge Luis Borges ou Gabriel García Márquez, talvez porque ele escreveu em Português, ou porque seu estilo lacônico não atende a nossas expectativas coloridas sobre aquele continente". Outra explicação para a menor popularidade de Machado no exterior, segundo a crítica do TLS, é que "Machado parece uma grande anomalia: um neto de escravos libertados escrevendo prosa urbana; um escritor do século 19 que nos soa contemporâneo".
Para o autor do livro, Machado é um "cético desestabilizador de sistemas" e suas personagens nunca deixam suas idéias totalmente claras ao leitor, o que contribui para a ativa participação deste nas estórias. "Um estuda durante anos numa escola de Direito, mas sai dela sem convicções, 'nem mesmo sobre libertar os escravizar pessoas", outro rejeita sua nomeação como governador da província porque a data é o dia 13, mas depois aceita uma segunda indicação porque ela ocorre num dia 31". 

O cineasta Woody Allen, leitor de Machado.

A crítica do TLS menciona que "Susan Sontag, John Updike e Woody Allen estão entre os admiradores de Machado (...). Freud teria gostado dos muitos sonhos eróticos, da ansiedade sexual. A cena na qual Bento, protagoinista de Dom Casmurro, vê uma mulher cair na rua e pensa ao mesmo tempo em moças francesas deixando ver suas roupas íntimas e nas batinas usadas no seminário, são puro Buñuel".
Ao final, o texto crítico diz que o livro falha no propósito de detalhar a vida literária de Machado de Assis, que continua aberta a novas análises. Mas "o rigor e energia de K. David Jackson faz deste livro, mesmo assim, um útil manual para um estudo mais próximo de Machado".
O livro, de 360 páginas,  está à venda pela Yale University Press,  e custa 40 dólares, ou 25 libras esterlinas.
(texto e tradução das citações: A. Barbosa Filho)

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

MAIS UM PRÊMIO PARA NOSSO AMIGO AUDÁLIO DANTAS

Pois é, quem diria, Audálio Dantas está na moda

Ricardo Kotscho, em seu blog (link ao final)

Na Universidade de Taubaté, debate com Audálio Dantas, prof. Robson, eu e jornalista Irani Lima.

O tempo passa, o tempo voa, o tempo não perdoa, mas ele continua aí firme e forte, na batalha. Aos 85 anos de idade e 60 de profissão, em plena atividade, o jornalista Audálio Dantas, alagoano de Tanque D´Arca, testemunha e protagonista da nossa História, prepara-se para receber esta noite mais um premio pelo conjunto da obra. Muito justo.
Audálio está entre os "Cem Mais Admirados Jornalistas Brasileiros" que receberão seus troféus nesta noite de segunda-feira, em São Paulo. Prêmios e homenagens já fazem parte da sua rotina, principalmente nestes últimos anos, mas o de hoje é especial: foi baseado numa pesquisa inédita promovida pelas empresas Maxpress e Jornalistas & Cia., com mais de dois mil executivos de Comunicação Corporativa de todo o país, em votação direta, num universo que reúne 55 mil jornalistas profissionais.
Firme nos gestos e lhano no trato, Audálio foi e é mestre e exemplo de várias gerações de jornalistas. Repórter por gosto e vocação, está fora do mainstream da grande imprensa desde o final dos anos 1970, quando foi presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e nele teve papel central na denúncia do assassinato do nosso colega Vladimir Herzog, tema do livro As duas guerras de Vlado Herzog _ Da perseguição nazista na Europa à morte sob tortura no Brasil, que lhe valeram os prêmios "Jabuti" (Livro-reportagem e Livro do Ano de não ficção) e "Intelectual do Ano" (Juca Pato), em 2013.
Somos amigos desde esta época, mas nunca tive a oportunidade de trabalhar junto com ele numa redação. Foi em feiras de livros, debates, seminários e nas diretorias e conselhos de entidades sindicais que passei a admirar cada vez mais este cidadão brasileiro, que teve papel fundamental na longa e penosa trajetória da ditadura à democracia, sempre fiel a seus princípios, colocando os interesses da sociedade acima daqueles da sua vida pessoal. Sei o quanto isto lhe custou, e ainda está custando, mas nunca o vi reclamar da vida. Ao contrário, está sempre disposto a encarar o próximo desafio, ao lado da inseparável Vanira, sua mulher, geralmente em atividades não remuneradas, sua especialidade.
"Você está ficando muito rabugento", queixou-se ele, com razão, na última vez em que viajamos juntos para participar do Fórum das Letras de Ouro Preto, em novembro. Para Audálio, ao contrário, não tem tempo ruim, mesmo tendo enfrentado seríssimo problema de saúde no ano passado. Não fosse por seus cabelos branqueados já faz tempo, ninguém seria capaz de adivinhar a idade desta figura, sobre a qual, alias, ainda há controvérsias.
Esta é apenas uma das muitas lendas que se criaram em torno dele, tantas quanto as reportagens e os livros que escreveu, desde que começou a trabalhar como repórter da Folha da Manhã ( hoje Folha de S. Paulo). Uma das suas primeiras reportagens premiadas foi uma entrevista "não dada" por Guimarães Rosa, quando o escritor veio lançar Grande Sertão: Veredas em São Paulo. Sem conseguir falar com Rosa, Audálio ficou fuçando em torno da mesa em que ele dava autógrafos, anotando as respostas dadas aos leitores e copiando algumas dedicatórias.
Além das características inatas de repórter que nunca desiste da pauta, Audálio sempre levou uma grande vantagem sobre a concorrência: sabe escrever, e escreve muito bem. Outra vantagem que levava nas redações é que saia para fazer uma matéria e voltava com várias, sobre os mais diversos assuntos. Nunca foi um especialista em nada. Claro que não dá para resumir neste breve texto os seus 60 anos de carreira, com passagens marcantes pelas revistas O Cruzeiro e Realidade.
Uma das passagens mais marcantes da longa trajetória de Audálio foi a descoberta, durante uma reportagem, da fantástica personagem Carolina Maria de Jesus, favelada que se tornou escritora, com o best-seller Quarto de Despejo, editado também no exterior.
Nas voltas que a vida dá, foi deputado federal pelo extinto MDB e primeiro presidente eleito pelo voto direto da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), onde ainda atua como conselheiro, atividades que lhe renderam o Premio de Defesa dos Direitos Humanos da ONU.
De tão boas, suas reportagens acabaram transformadas em livros, a começar por O Circo do Desespero, vindo depois O Chão de Graciliano, O Menino Lula e muitos outros. Até o mês passado, foi diretor-executivo da revista Negócios da Comunicação e agora trabalha em diversos projetos na área cultural, entre eles um programa de entrevistas na televisão, que ainda está negociando. É membro da Comissão Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo e da Comissão Nacional da Verdade dos Jornalistas Brasileiros, entre muitas outras atividades.
Se tem mesmo um jornalista admirável neste país, sem dúvida é o tal de Audálio Dantas, que nunca sai de moda... Jornalista não tem muito o hábito de falar bem de outro jornalista, mas hoje acordei disposto a abrir uma exceção.
Valeu, velho Audálio!
Vida que segue.
 http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2014/12/08/pois-e-quem-diria-audalio-dantas-esta-na-moda/#r7-comentarios

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

JORNALISTA ADOTA INTERNET PARA DIVULGAR SEUS LIVROS

Jornalista e poeta filho do recôncavo, Fernando Coelho lança página para divulgar sua obra

Fernando Coelho PoetaO  jornalista, poeta e escritor Fernando Coelho, 66, nasceu em Conceição do Almeida, no recôncavo baiano. Entre outras atividades, durante anos, chefiou a reportagem da Rede Globo em São Paulo e atuou como diretor de Comunicação do IPHAN-ministério da Cultura.
Foi chefe de Reportagem da Editoria de Política do Estadão, ex-diretor de Esportes da Tv Cultura, repórter especial da Rádio Globo e implantou e dirigiu a Tv Legislativa, da Assembleia Legislativa de São Paulo, onde foi Diretor de Comunicação Social e Marketing. Fundou e dirigiu também a Tv Câmara, da Câmara de Vereadores de São Paulo, ambas no ar, pioneiras como televisões públicas.
Fernando Coelho teve atuação fundamental como Diretor de Comunicação Social e Marketing da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo e, recentemente, foi o Chefe de Redação Executivo do Jornalismo da Tv Cultura de SP.
Ao todo, o jornalista  tem 11 obras publicadas. A editora Aquariana, que publica as obras do jornalista, criou a coleção Museus do Mundo para o escritor. Duas obras iniciam a coletânea: o MAFRO, Museu Afro-Brasileiro de Salvador e o MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova York. Depois, Louvre e MASP. Vai publicar mais um livro de poemas no final do ano de 2014.
Em 2008, recebeu do Itamaraty, a Medalha da Imigração, por escrever a história da imigração japonesa no Brasil num livro ilustrado com obras de Manabu Mabe.
No Facebook, o baiano lançou uma página, Fernando Coelho Poeta, onde as pessoas podem ter acessos a trechos de suas obras e saber como comprá-las.
 http://www.primogenio.com.br/jornalista-e-poeta-filho-do-reconcavo-fernando-coelho-lanca-pagina-para-divulgar-sua-obra/

terça-feira, 9 de setembro de 2014

POR QUE VOTAR EM JOÃO BATISTA DE ANDRADE PARA O TROFÉU JUCA PATO


Antonio Barbosa Filho (*)
 Delft (Países Baixos) - Concedido desde 1962 pela UBE - União Brasileira de Escritores, o troféu Juca Pato ao “Intelectual do Ano” não é propriamente um prêmio literário. Na verdade, são agraciadas personalidades das mais diversas áreas de atuação cultural que se utilizam do livro e que, por este meio, tenham alcançado repercussão no ano anterior. A indicação dos nomes parte de uma lista mínima de 30 sócios da UBE, e na atual presidência de Joaquim Maria Botelho, decidiu-se abrir a eleição a todos os que se considerem “amigos do livro”. No ano passado não houve disputa, e o jornalista e escritor Audálio Dantas foi eleito por unanimidade, devido ao lançamento de seu livro “As duas guerras de Vlado”, que ganharia também o prêmio de “Livro de Ano de Não-Ficção” e o prêmio Jabuti, outorgado pela Câmara Brasileira do Livro. Para 2014, foram apresentadas duas candidaturas ao Juca Pato: a respeitada crítica e professora de Literatura Nelly Novaes Coelho, que lançou no ano passado “Escritores Brasileiros no Século XX”, e o escritor e cineasta João Batista de Andrade, pelo seu romance “Confinados, memória de um tempo sem saída”. A votação irá do dia 1 de agosto até 15 de setembro, e a entrega se dará em data e local a serem divulgados junto com o nome do vencedor. Admirador da professora Nelly Novaes, que tem uma marcante trajetória na pesquisa e na divulgação da Literatura em Língua Portuguesa, inclino-me a dar meu modesto voto ao atual presidente da Fundação Memorial da América Latina, o agitador cultural João Batista de Andrade. Estando fora do Brasil e, por isso, não tendo ainda lido os dois livros mais recentes dos indicados, baseio-me exatamente na longa atuação do meu candidato em variadas frentes da vida cultural paulista e brasileira. Seus outros livros, seus quinze longa-metragens (vários deles premiados em festivais brasileiros e internacionais, como “O Homem que virou suco”, medalha de ouro no festival de Moscou, em 1981, e “O país dos tenentes”, que levou quase todos os prêmios no Festival de Brasília, em 87) e a criação da Lei da Cultura (PROAC) quando exerceu o cargo de secretário da Cultura do Estado de São Paulo, constituem méritos mais que suficientes para que o consideremos o “Intelectual do Ano” de 2014. João Batista começou a fazer cinema nos seus tempos de estudante, mas foi forçado a interromper seus passos logo depois de seu primeiro curta, dada a eclosão do golpe militar de 1964 e as dificuldades que dele decorreram para as atividades culturais. Não foi a única interrupção numa carreira que chegou a projetar-se internacionalmente e talvez pudesse ter-nos rendido ainda mais importantes obras: o governo Collor desmontou toda a estrutura de apoio estatal ao Cinema, com a extinção da Embrafilme e do Concine, tornando inviável a produção nacional. João entrou em recesso e só voltaria a produzir cinema em 1999, com o elogiado “O Tronco”, baseado no livro de Bernardo Élis. Em 2005, lançou o documentário “Vlado, 30 anos depois”, um registro da morte trágica, sob tortura, de seu amigo e colega na TV Cultura, Vladimir Herzog. Desde 2012, preside a Fundação Memorial da América Latina, dinâmico pólo cultural de abrangência continental, ao qual tem ! dado um ritmo e uma expansão notáveis - apesar do incêndio recente no seu principal Auditório. O candidato ao Juca Pato - 2014 tem uma linha muito coerente em suas obras, literárias, televisivas e cinematográficas, marcada por uma visão progressista do Brasil e da sociedade. Sobre sua formação, João Batista de Andrade escreveu há alguns anos: “Sou de uma geração que se preparou na primeira juventude, nos anos de 1950, para criar num país em progresso, confiante em seu futuro, democrático - aspiração que a História nos negou com bastante violência. (...) Ensaiamos um teatro crítico, viramos a música de ponta-cabeça, propusemos um cinema capaz de revelar a riqueza cultural e criticar as mazelas da nossa sociedade. “Minha geração acreditou nas idéias transformadoras, acreditou que elas agiriam sobre o real, modificando-o, empurrando o mundo para maior justiça, para o fim dos privilégios, para a democratização radical da sociedade”. E concluía: “A história da minha carreira pessoal - cujo valor não cabe a mim julgar - está marcada por essa circunstância da história. E valerá tanto por essa circunstância quanto pelos eventuais valores éticos e humanistas encontráveis em meus filmes e livros”. Caso seja o mais votado, João Batista passará a integrar uma galeria de premiados que inclue, entre muitos outros, nomes como Santiago Dantas, Caio Prado Jr., Jorge Amado, Cassiano Ricardo, Juscelino Kubitschek, José Américo de Almeida, Luís da Câmara Cascudo, Sobral Pinto, Sérgio Buarque de Holanda, Dalmo de Abreu Dallari, Fernando Henrique Cardoso, Carlos Drummond de Andrade, Antonio Callado, Dom Paulo Evaristo Arns, Raquel de Queiróz, Sábato Magaldi, José Mindlin, Lygia Fagundes Telles, Aziz Ab’Sáber, Tatiana Belinck e o já mencionado Audálio Dantas. E terá sido plenamente merecido. Aqueles que desejarem compartilhar desta justa homenagem a um grande ator do cenário cultural brasileiro da atualidade, e ao mesmo tempo, manifestar seu reconhecimento por uma carreira que enriquece nosso Cinema e nossa Literatura, podem enviar um e-mail para secretaria@ube.org.br manifestando seu voto. São aceitos também votos pelo correio, dirigidos à Secretaria da UBE, Rua Rego Freitas, 454, conjunto 121, Vila Buarque, 01220-010. E outras informações podem ser obtidas pelo fone (11) 3231-4447. (*) Antonio Barbosa Filho é jornalista, autor de “A Bolívia de Evo Morales”, e vice-coordenador do Núcleo Regional da UBE no Vale do Paraíba - SP

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

VOTE EM JOÃO BATISTA DE ANDRADE PARA INTELECTUAL DO ANO, "TROFÉU JUCA PATO", DA UBE

Começa a eleição para o Intelectual do Ano da UBE

O troféu Juca Pato está sendo disputado, neste ano, por Nelly Novaes Coelho e João Batista de Andrade. Veja como votar.
Imagem ilustrativa31.07.2014
Desde o dia 01 de agosto, todas as pessoas interessadas em cultura podem manifestar a sua escolha para o Intelectual do Ano da UBE - União Brasileira de Escritores, que receberá em novembro o troféu Juca Pato. Os votos podem ser encaminhados por email ou carta, para a Secretaria da UBE, até o dia 15 de setembro. 

O troféu Juca Pato não é, a rigor, um prêmio literário. É oferecido, há 52 anos, pela UBE – União Brasileira de Escritores, a personalidade que, pela via do livro, tenha obtido repercussão nacional no ano anterior.
Para a edição de 2014 do Prêmio Intelectual do Ano, duas candidaturas cumpriram as formalidades exigidas pelo regulamento – publicação de livro de impacto no ano anterior e indicação da inscrição por 30 associados da UBE. Concorrem ao prêmio o cineasta e escritor João Batista de Andrade, com o romance “Confinados” e a crítica literária Nelly Novaes Coelho, com o livro “Escritores brasileiros do século XX”.
Os candidatos
Nelly Novaes Coelho foi professora titular de Literatura Portuguesa na USP, até a aposentadoria, em 1992. Atuou como crítica e ensaísta literária, colaborando no Suplemento Literário de “O Estado de São Paulo” e em vários jornais e revistas do Brasil e do exterior. Presidiu a APCA -Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1990. Participou da APC -Association pour La Pensée Complexe, convidada por Edgar Morin. Também lecionou em Lisboa e em Los Angeles.
Com a publicação de seu primeiro livro, O ensino da literatura, obra destinada à formação de professores, na área da Literatura, e que propunha princípios teóricos e respectivas práticas analíticas, visando a introduzir estudos literários desde as primeiras séries escolares, foi convidada a implantar o curso de Literatura Infantil e Juvenil na USP. Destacam-se outras obras: Mário de Andrade para a nova geração, 1970; Escritores portugueses, 1973; Escritores portugueses do século XX/Lisboa, 2007; Literatura e linguagem, 1974; Guimarães Rosa, 1975 (com o qual recebeu o Prêmio Jabuti); Literatura: arte, conhecimento e vida, 2000; A literatura infantil, 1980; Panorama histórico da literatura infantil/juvenil brasileira, 1982 e 2006; Dicionário crítico de escritoras brasileiras, 2002; O conto de fadas (Símbolos/Mitos/Arquétipos), 2003; Primeiro dicionário escolar, 2005, e outros. Dentre as antologias: Ética, solidariedade e complexidade (Edgar de Assis Carvalho, Maria da Conceição de Almeida, Nelly Novaes Coelho, Nelson Fiedler Ferrara, Edgar Morin. 1998); Edgar Morin religando fronteiras (Edgar Morin, André Baggio, Nelly Novaes Coelho, Humberto Mariotti, Mauro Maldonato. Org: Tania M. K Rosing e Nurimar Maria Falci. 2004). 
João Batista de Andrade é escritor, cineasta e doutor em Comunicações pela USP. Tanto na literatura quanto no cinema iniciou carreira artística ainda estudante da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Escritor, cineasta, ativista cultural e político, pensador, João Batista de Andrade foi secretário de Cultura do Estado de São Paulo, quando criou o PROAC – Programa de Ação Cultural – e é presidente da Fundação Memorial da América Latina. Como escritor seu primeiro livro é “Perdido no meio da rua”, 1989. Depois veio o juvenil “A terra do deus dará”, 1991, os romances “Um olé em Deus”, 1997, “O portal dos sonhos, 2001, e sua tese de doutorado “O povo fala”, 2002. Em 2013 lançou seu sexto livro: “Confinados, memórias de um tempo sem saídas”, ficção em que seus personagens, visionariamente, convivem com situações de conflito social e político semelhantes ao que se vê atualmente pelas ruas do país
No cinema, com 17 longas-metragens e inúmeros filmes para TV e circuitos alternativos, tem uma carreira premiada nacional e internacionalmente, com títulos como os clássicos “Liberdade de Imprensa”, 1967, “Doramundo”, 1978, “Wilsinho Galiléia”, 1987, “O home que virou suco”, 1980, “Céu Aberto”, 1985, “O País dos Tenentes”, 1987, “O Tronco”, 1998, “Vlado, trinta anos depois”, 2005 e “Veias e vinhos, uma história brasileira”, 2006.
Seu trabalho também foi reconhecido pela dedicação em defesa dos Direitos Humanos. Dessa lista, o mais recente é o XXX Prêmio Direitos Humanos “Franz de Castro Holzwarth”, que lhe foi outorgado no início de junho de 2014 pela Ordem dos Advogados do Brasil/OAB.
O troféu – Juca Pato, personagem idealizado pelo cartunista Belmonte, era o herói de tiras de quadrinhos publicadas no jornal Folha de S. Paulo, nas décadas de 1930 a 1960. Simbolizava o homem de classe média, de olhar crítico e inteligência aguda, que desancava os poderes e aguilhoava os malfeitos das autoridades. Belmonte, em razão do espírito contestador do seu personagem, foi proibido de entrar na Alemanha de Hitler, tendo sido considerado persona non grata, antes mesmo de deflagrada a Segunda Grande Guerra. Marcos Rey, diretor da UBE em 1962, propôs a instituição do prêmio Intelectual do Ano, criando o troféu Juca Pato para simbolizar o escritor brasileiro, mal pago e inconformado, embora insistentemente produtivo.
O prêmio – O Prêmio Intelectual do Ano foi concebido na antessala do golpe militar de 1964. Talvez seja por isso que o gesto de entrega do Troféu Juca Pato ao seu ganhador tenha se notabilizado como uma espécie de pièce de résistance no panorama contemporâneo da cultura brasileira.
Seu criador, em 1962, o escritor Marcos Rey, diria, tão logo iniciado o regime militar no país, que “a imagem do Juca, mesmo sem legendas, amordaçada, imobilizada em bronze, é presença incômoda para a ditadura”. E, não por coincidência, mas por ligação íntima com o governo que seria deposto, o então ministro Santiago Dantas, vaticinaria em seu discurso ao receber o Juca Pato, em 1963:
“O nosso esforço se legitima na medida em que formos capazes de lutar contra a opressão, que muda de formas ao longo da história. E será por esta senda de reflexão sobre o país e seus problemas; sobre nossa cultura e soberania e tudo que as ameaça; será sempre por esse caminho que o Prêmio Intelectual do Ano irá se firmar como dos mais valorosos em nosso país”.
O Juca Pato é uma réplica do personagem idealizado pelo jornalista Lélis Vieira e imortalizado pelo ilustrador e chargista Benedito Carneiro Bastos Barreto, o Belmonte (1896-1947). A escultura ganhou vida pelas mãos do artista húngaro László Zinner, cuja obra foi tema de recente exposição em São Paulo.
A caricatura criada por Belmonte retratava um sujeito simples, trabalhador e honesto, que representava o típico paulistano da classe média. Nacionalista, inteligente e culto, era o alter ego do seu criador que, com sua arte, foi colaborador de Monteiro Lobato e Viriato Correia.

A votação – O período de eleição está programado para ocorrer entre 01 de agosto e 15 de setembro. Com o objetivo de ampliar a divulgação do prêmio, a UBE, sob a presidência de Joaquim Maria Botelho, decidiu abrir o processo eleitoral para todos os amigos do livro. Anteriormente, a eleição era restrita a associados da UBE e representantes de entidades como academias de letras e universidades. A partir de 2014, qualquer pessoa pode manifestar o seu voto, por meio de mensagem de correio eletrônico para secretaria@ube.org.br
Também serão aceitos votos por carta, que deve ser enviada ao seguinte endereço:
UBE – União Brasileira de Escritores
a/c Secretaria
Rua Rego Freitas, 454 – conjunto 121
Vila Buarque
São Paulo – SP
CEP 01220-010
Mais informações: telefone 11 3231-4447

JOVENS PRECISAM SABER MAIS SOBRE A DITADURA

quinta-feira, 24 de julho de 2014

LULA E DONA LETÍCIA LAMENTAM A MORTE DE SUASSUNA



Nota de pesar pelo falecimento de Ariano Suassuna

23/07/2014 20:47 


É imensa a tristeza de receber a notícia de que um amigo tão querido como
Ariano Suassuna nos deixou. Este paraibano de língua afiada, alma solidária,
escrita ao mesmo tempo simples e profunda, sempre nos honrou com sua
amizade.
Ariano fez muito pelo povo brasileiro através de suas palavras, sabedoria
popular e compromisso político. Um escritor premiado e reconhecido, que
 nunca se esqueceu que era um homem do povo. Cresceu no sertão do
nordeste e traduziu tantas vezes em seus textos as alegrias e os sofrimentos
dos brasileiros.
Ariano representou com coerência e grandeza a cultura do nordeste e do
país.  
Com enorme tristeza, nos solidarizamos com seus familiares, amigos e
admiradores.
Como escritor e como militante das causas populares, Suassuna continuará
vivo em nossos corações.
Dona Marisa Letícia e Luiz Inácio Lula da Silva

http://www.institutolula.org/nota-de-pesar-pelo-falecimento-de-ariano-suassuna



sábado, 19 de julho de 2014

IMPERDÍVEL, HILARIANTE: MILLÔR ANALISA A OBRA LITERÁRIA DE FHC!!!

LIÇÃO PRIMEIRA
De uma coisa ninguém podia me acusar — de ter perdido meu tempo lendo FhC (superlativo de PhD). Achava meu tempo melhor aproveitado lendo o Almanaque da Saúde da Mulher. Mas quando o homem se tornou vosso Presidente, achei que devia ler o Mein Kampf (Minha Luta, em tradução literal) dele, quando lutava bravamente, no Chile, em sua Mercedes (“A mais linda Mercedes azul que vi na minha vida”, segundo o companheiro Weffort, na tevê, quando ainda não sabia que ia ser Ministro), e nós ficávamos aqui, numa boa, papeando descontraidamente com a amável rapaziada do Dops-DOI-CODI.
Quando, afinal, arranjei o tal Opus Magno — Dependência e Desenvolvimento na América Latina — tive que dar a mão à palmatória. O livro é muito melhor do que eu esperava. De deixar o imortal Sir Ney morrer de inveja. Sem qualquerpartipri, e sem poder supervalorizar a obra, transcrevo um trecho, apanhado no mais absoluto acaso, para que os leitores babem por si:
“É evidente que a explicação técnica das estruturas de dominação, no caso dos países latino-americanos, implica estabelecer conexões que se dão entre os determinantes internos e externos, mas essas vinculações, em que qualquer hipótese, não devem ser entendidas em termos de uma relação “casual-analítica”, nem muito menos em termos de uma determinação mecânica e imediata do interno pelo externo. Precisamente o conceito de dependência, que mais adiante será examinado, pretende outorgar significado a uma série de fatos e situações que aparecem conjuntamente em um momento dado e busca-se estabelecer, por seu intermédio, as relações que tornam inteligíveis as situações empíricas em função do modo de conexão entre os componentes estruturais internos e externos. Mas o externo, nessa perspectiva, expressa-se também como um modo particular de relação entre grupos e classes sociais de âmbito das nações subdesenvolvidas. É precisamente por isso que tem validez centrar a análise de dependência em sua manifestação interna, posto que o conceito de dependência utiliza-se como um tipo específico de “causal-significante’ — implicações determinadas por um modo de relação historicamente dado e não como conceito meramente “mecânico-causal”, que enfatiza a determinação externa, anterior, que posteriormente produziria ‘conseqüências internas’.”
Concurso – E-mail:Qualquer leitor que conseguir sintetizar, em duas ou três linhas (210 toques), o que o ociólogo preferido por 9 entre 10 estrelas da ociologia da Sorbonne quis dizer com isso, ganhará um exemplar do outro clássico, já comentado na primeira parte desta obra: Brejal dos Guajas — de José Sarney.
LIÇÃO SEGUNDAComo sei que todos os leitores ficaram flabbergasted (não sabem o que quer dizer? Dumbfounded, pô!) com a Lição primeira sobre Dependência e Desenvolvimento da América Latina, boto aqui outro trecho — também escolhidoabsolutamente ao acaso — do Opus Magno de gênio da “profilática hermenêutica consubstancial da infra-estrutura casuística”, perdão, pegou-me o estilo. Se não acreditam que o trecho foi escolhido ao acaso, leiam o livro todo. Vão ver o que é bom!
Estrutura e Processo: Determinações Recíprocas
“Para a análise global do desenvolvimento não é suficiente, entretanto, agregar ao conhecimento das condicionantes estruturais a compreensão dos ‘fatores sociais’, entendidos estes como novas variáveis de tipo estrutural. Para adquirir significação, tal análise requer um duplo esforço de redefinição de perspectivas: por um lado, considerar em sua totalidade as ‘condições históricas particulares’ — econômicas e sociais — subjacentes aos processos de desenvolvimento no plano nacional e no plano externo; por outro, compreender, nas situações estruturais dadas, os objetivos e interesses que dão sentido, orientam ou animam o conflito entre os grupos e classes e os movimentos sociais que ‘põem em marcha’ nas sociedades em desenvolvimento. Requer-se, portanto, e isso é fundamental, uma perspectiva que, ao realçar as mencionadas condições concretas — que são de caráter estrutural — e ao destacar os móveis dos movimentos sociais — objetivos, valores, ideologias —, analise aquelas e estes em suas relações e determinações recíprocas. (…) Isso supõe que a análise ultrapasse a abordagem que se pode chamar de enfoque estrutural, reintegrando-a em uma interpretação feita em termos de ‘processo histórico’ (1). Tal interpretação não significa aceitar o ponto de vista ingênuo, que assinala a importância da seqüência temporal para a explicação científica — origem e desenvolvimento de cada situação social — mas que o devir histórico só se explica por categorias que atribuam significação aos fatos e que, em conseqüência, sejam historicamente referidas.
(1)  Ver, especialmente, W. W. Rostow, The Stages of Economic Growth, A Non-Communist Manifest, Cambridge, Cambridge University Press, 1962; Wilbert Moore, Economy and Society, Nova York, Doubleday Co., 1955; Kerr, Dunlop e outros, Industrialism and Industrial Man, Londres, Heinemann, 1962.”
Comentário do Millôr, intimidado:A todo momento, conhecendo nossa precária capacitação para entender o objetivo e desenvolvimento do seu, de qualquer forma, inalcançável saber, o professor FhC faz uma nota de pata de página. Só uma objeçãozinha, professor. Comprei o seu livro para que o senhor me explicasse sociologia. Se não entendo o que diz, em português tão cristalino, como me remete a esses livros todos? Em inglês! Que o senhor não informa onde estão, como encontrar. E outra coisa, professor, paguei uma nota preta pelo seu tratado, sou um estudante pobre, não tenho mais dinheiro. Além  do que, confesso com vergonha, não sei inglês. Olha, não vá se ofender, me dá até a impressão, sem qualquer malícia, que o senhor imita um velho amigo meu, padre que servia na Paróquia de Vigário-Geral, no Rio. Sábio, ele achava inútil tentar explicar melhor os altos desígnios de Deus pra plebe ignara do pequeno burgo e ensinava usando parábolas, epístolas, salmos e encíclicas. E me dizia: “Millôr, meu filho, em Roma, eu como os romanos. Sendo vigário em Vigário-Geral, tenho que ensinar com vigarice”.
LIÇÃO TERCEIRAHá vezes, e não são poucas, em que FhC atinge níveis insuperáveis. Vejam, pra terminar esta pequena explanação, este pequeno trecho ainda escolhido ao acaso. Eu sei, eu sei — os defensores de FhC, a máfia de beca, dirão que o acaso está contra ele. Mas leiam:
“É oportuno assinalar aqui que a influência dos livros como o de Talcot Parsons, The Social System, Glencoe, The Free Press, 1951, ou o de Roberto K. Merton, Social Theory and Social Structure, Glencoe, The Free press, 1949, desempenharam um papel decisivo na formulação desse tipo de análise do desenvolvimento. Em outros autores enfatizaram-se mais os aspectos psicossociais da passagem do tradicionalismo para o modernismo, como em Everett Hagen, On the Theory of Social Change, Homewood, Dorsey Press, 1962, e David MacClelland, The  Achieving Society, Princeton, Van Nostrand, 1961. Por outro lado, Daniel Lemer, em The Passing of Traditional Society: Modernizing the Middle East, Glencoe, The Free Press, 1958, formulou em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento, o enfoque do tradicionalismo e do modernismo como análise dos processos de mudança social”.
Amigos, não é genial? Vou até repetir pra vocês gozarem (no bom sentido) melhor: “formulou (em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento) o enfoque (do tradicionalismo e do modernismo) como análise (dos processos de mudança social)”.
Formulou o enfoque como análise!
É demais! É demais! E sei que o vosso sábio governando, nosso FhC, espécie de Sarney barroco-rococó, poderia ir ainda mais longe.
Poderia analisar a fórmula como enfoque.
Ou enfocar a análise como fórmula.
É evidente que só não o fez em respeito à simplicidade de estilo.
Tópico avulso sobre imodéstia e pequenos disparates do eremita preferido dos Mamonas Assassinas.
Vaidade todos vocês têm, não é mesmo? Mas há vaidades doentias, como as das pessoas capazes de acordar às três da manhã para falar dois minutos num programa de tevê visto por exatamente mais ou menos ninguém. Há vaidades patológicas, como as de Madonas e Reis do Roque, só possíveis em sociedades que criaram multidões patológicas.
Mas há vaidades indescritíveis. Vaidade em estado puro, sem retoque nem disfarce, tão vaidade que o vaidoso nem percebe que tem, pois tudo que infla sua vaidade é para ele coisa absolutamente natural. Quem é supremamente vaidoso, se acha sempre supremamente modesto. Esse ser existe materializado em FhC (superlativo de PhD). Um umbigo delirante.
O que me impressiona é que esse homem, que escreve mal — se aquilo é escrever bem o meu poodle é bicicleta — e fala pessimamente — seu falar é absolutamente vazio, as frases se contradizem entre si, quando uma frase não se contradiz nela mesma, é considerado o maior sociólogo brasileiro.
Nunca vi nada que ele fizesse (Dependência e Desenvolvimento na América Latina, livro que o elevou à glória, é apenas um Brejal dos Guajas, mais acadêmico) e dissesse que não fosse tolice primária. “Também tenho um pé na cozinha”, “(os brasileiros) são todos caipiras”, “(os aposentados) são uns vagabundos”, “(o Congresso) precisa de uma assepsia”, “Ser rico é muito chato”, “Todos os trabalhadores deviam fazer checape”, “Não vou transformar isso (a moratória de Itamar) num fato político”. “Isso (a violência, chamada de Poder Paralelo) é uma anomia”. E por aí vai. Pra não lembrar o vergonhoso passado, quando sentou na cadeira da prefeitura de São Paulo, antes de ser derrotado por Jânio Quadros, segundo ele “um fantasma que não mete mais medo a ninguém”.
Eleito prefeito, no dia seguinte Jânio Quadros desinfetou a cadeira com uma bomba de Flit.
E, sempre que aproxima mais o país do abismo no qual, segundo a retórica política, o Brasil vive, esse FhC (superlativo de PhD) corre à televisão e deita a fala do trono, com a convicção de que, mais do que nunca, foi ele, the king of the black sweetmeat made of coconuts (o rei da cocada preta), quem conduziu o Brasil à salvação definitiva e à glória eterna. E que todos querem ouvi-lo mais uma vez no Hosana e na Aleluia. Haja!
Millôr Fernandes

http://esquerdopata.blogspot.nl/2010/04/o-pensamento-de-fhc-analisado-por.html

terça-feira, 20 de maio de 2014

PAULO COELHO AVACALHA O BRASIL NO EXTERIOR. CONTINUA NA ACADEMIA BRASILEIRA?

O escritor Paulo Coelho deu entrevista a um jornal francês na qual critica pesadamente o Brasil e fala algumas mentiras como "A seleção ganhando ou não estou certo de que haverá uma explosão social". Ele diz que a violência é generalizada, induzindo os turistas a não virem ao Brasil para a Copa das Copas - nenhuma passagem foi cancelada até hoje...


WORLD CUP: PAULO COELHO CALLS RONALDO A FOOL AND SAYS HE IS NOT GOING

He is one of the best known Brazilian authors and was talking to the French newspaper Journal du Dimanche about his latest book Adultery (Flamarion, 200 pages ) but what repercuted in Brazil was the fact that he called fellow country man Ronaldo a fool and confirmed he was not going to Brazil for the World Cup,which starts 12th June.
I was in the official delegation with Lula, Dunga and Romario when FIFA chose Brazil. But I am very disappointed with everything that has happened since. We could use the money to build something other than stages in a country that needs everything: hospitals, schools, transport. Ronaldo is a fool for saying that it is not the role of the World Cup to build this infrastructure. He should have shut his mouth ..
Coelho in the group
Coelho, Dunga, President Lula, Romario and Teixeira
Living in Switzerland now, after a spell in France, Coelho has sold over 165 million books and chose a very simple plot (has he ever chosen any other kind?!)  for his latest: a married journalist’s relationship with a much younger woman. The interview is long acne mainly about his writing style and pirating in the internet but what caused headlines were his views on the World Cup.
The Seleção winning or not, I am sure there will be a social explosion. There will be people in the stadiums and even more people who will be demonstrating outside . It will be when the world will have their eyes on Brazil. The context is very tense.Violence returned. World Cup could be a blessing and a time of fellowship for us as it was for France or Germany. But it is a disaster. The country wants to show a face that is not the truth.There is a divide between the government and the people.
http://betisesportsworld.net/2014/05/20/world-cup-paulo-coelho-calls-ronald-a-fool-and-says-he-is-not-going/

terça-feira, 29 de abril de 2014

MAIOR SABUJO DA VEJA OUSA CRITICAR LULA...

Uma eterna lição de antijornalismo: 

a resenha triunfal da Veja sobre 

o romance de seu redator-chefe


Um veterano desinspirador: Graieb
Um veterano desinspirador: Graieb
Um artigo do jornalista Carlos Graieb, da Veja, dá uma contundente lição de moral em Lula.
Lula criticou o julgamento do Mensalão. Hoje, é amplamente sabido que foi um ato político e 
não jurídico. Lula disse isso.
Mas, segundo a peculiar lógica de Graieb, Lula teria que elogiar o julgamento do Mensalão.
Graieb. O nome me era familiar. E então lembrei.
Ele entrou para a história da infâmia jornalística ao escrever, na Veja, um panegírico multipáginas 
de um romance escrito por seu chefe, o então redator-chefe da revista Mario Sabino. O 
romance se chamava O Dia em que Matei meu Pai.
Foi uma indecência. E um marco no processo de desagregação moral da Veja. Nenhuma 
publicação civilizada faz resenhas extensas e bajulatórios de chefes de redação, por razões 
óbvias.
Um trecho de Graieb: “Dois tipos de sedução aguardam o leitor de O Dia em que Matei 
Meu Pai (Record; 221 páginas; 25,90 reais). Primeiro, a sedução do bom texto literário, 
à qual ele pode se entregar sem medo. O romance de estréia do jornalista Mario Sabino, 
editor executivo de VEJA, é daqueles que se devoram rápido, de preferência de uma vez 
só, porque a história é envolvente e a linguagem, cristalina. Sabino possui atributos 
fundamentais para um ficcionista, como o poder de criar imagens precisas: em seu texto, 
ao ser atingido pelas costas um personagem não apenas se curva antes de desabar; ele 
se curva como se fosse `para amarrar os sapatos´.”
Pausa para rir.
Nas escolas de jornalismo, o episódio poderia ser um exemplo prático, aos jovens 
estudantes, de coisas que são moralmente inaceitáveis e repulsivas.
Graieb chegou, num arroubo servil, a comparar Sabino a Machado de Assis.
Lembrei disso e fui dar uma pesquisada para reavivar minha memória. Na época, 
eu pertencia ao Comitê Executivo da Abril.
O Comitê não tinha jurisdição nenhuma sobre a Veja. Roberto Civita monopolizou 
a Veja até o final de sua ida. O diretor da revista respondia apenas a ele.
Mesmo sem poder nenhum na Veja, o artigo de Graieb sobre o livro de Sabino foi 
debatido no Comitê. E provocou repulsa.
Fui ver agora, passados alguns anos, o que o mundo real, longe da Veja, de Graieb e 
de Sabino, falou do prodigioso romance.
No site de compartilhamento de impressões de livros Goodreads, você logo topa com o
 seguinte depoimento: “Não terminei”.
Em outro site, o Skoob, você lê isso: “Infelizmente o autor foi muito previsível A leitura é 
rápida e maçante.” Mais um trecho sobre o romance:   ”O livro é muito chato, muitas 
divagações e cenas mal descritas que me deixaram entediada. Quase desisti de ler e não 
sei que milagre me fez voltar.”
Graieb bateu a carteira do leitor com uma propaganda enganosa e abjeta. Mesmo assim, 
consegue se comportar como se fosse Catão, como se vê pelo artigo acusatório sobre Lula.
Bonito isso.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/uma-eterna-licao-de-antijornalismo/