VAI TER COPA: RESPOSTA
À GRANDE ALIANÇA
MARCO AURÉLIO GARCIA
Artigo publicado no portal Carta Maior
Desde Berlim, onde reside há alguns anos, Flávio Aguiar nos
escreve, em Carta Maior, sobre o recente apedrejamento da Embaixada brasileira na Alemanha em protesto contra a realização da Copa do
Mundo no Brasil.
O patético manifesto deixado pelos autores do atentado – misto de desinformação, má fé e de devaneio político – se insere, como explica
Aguiar, em uma campanha cuidadosamente articulada pela mídia
conservadora e pelo establishment financeiro europeus contra o Brasil
e o Governo brasileiro. Baluartes importantes dessa mobilização têm
sido o FINANCIAL TIMES e a ECONOMIST.
Um exame mais detalhado da situação permitiria incorporar outros
atores, dentre eles o SPIEGEL, na Alemanha, que há bem pouco
vituperou contra o Mundial-2014 no Brasil. Até o conservador EL
MERCURIO, do Chile, se somou à campanha.
Não se trata, assim, de um movimento puramente europeu. Uma
zapeada na maioria das televisões globais ou a leitura de jornais e
revistas internacionais revelam a extensão e profundidade que esta
campanha atingiu, reunindo paradoxalmente meios conservadores
da City londrina, e adjacências, a grupos supostamente revolucionários
que, na impossibilidade de reverter a tragédia econômica e social em
que está mergulhada a Europa, decidiram pontificar lições além-mar.
Deve incomodar muito, em um continente assolado pelo desemprego,
que a Copa se realize em um país que apresenta hoje os mais altos
índices de emprego no mundo e cujo salário mínimo aumentou 70%
acima da inflação na última década.
Da mesma forma, é constrangedor ver manifestações em uma Europa combalida pelo desmonte do Estado de Bem-Estar contra um país
que tem dado passos importantes na construção de uma sociedade
mais próspera, igualitária e democrática.
O Brasil dispensa essas lições, sobretudo quando provenientes de
uma aliança tão "heterogênea" como esta a que estamos assistindo.
Conhecemos bem os ardis da História. Em fins dos anos 20 e início
da década de 30, do século passado, ocorreu um trágico desencontro
das esquerdas alemãs. Comunistas e Socialdemocratas se acusavam mutuamente, enquanto a extrema direita se apropriava de grande
parte das classes trabalhadoras alemãs, mergulhadas que estavam
no desalento e na perplexidade política. Quem pagou esta conta não
foram somente os alemães, mas a humanidade inteira.
Não se pode negar que ouvimos a voz das ruas no Brasil. Não somente
durante as manifestações de 2013, mas nos quase 12 anos em que
Lula e Dilma Rousseff governaram e governam o país.
No Brasil, nesse período, iniciamos a construção de uma sociedade
mais igualitária e democrática. Caminho difícil de ser percorrido,
tendo em vista a pesada herança interna de décadas que nos foi
legada, o difícil contexto internacional dos últimos anos e também –
temos de reconhecer – nossos erros e deficiências.
Sabemos que a transformação que o povo e o Governo brasileiros
estão realizando não coincide com o roteiro previsto em muitos
textos "clássicos". Mas sabemos também que a mudança tem sido suficientemente importante para deixar profundamente preocupadas
as classes dominantes locais e, sobretudo, internacionais.
Vamos continuar neste caminho.
E vai ter COPA.
http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/139948/Vai-ter-Copa-
resposta-%C3%A0-grande-alian%C3%A7a.htm
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