sexta-feira, 16 de maio de 2014

SÃO PAULO HOMENAGEIA TEREZINHA ZERBINI, MÃE DA ANISTIA

THEREZINHA ZERBINI

Aos 86 anos, líder do primeiro movimento pela anistia a presos políticos da ditadura recebe homenagem



 As cinco da tarde de hoje, Therezinha Zerbini será homenageada pela prefeitura de São Paulo. 
Quem conhece a história das lutas contra a ditadura, sabe que é um ato de  Justiça que demorou tanto que daqui a pouco iria merecer reparação.
Therezinha Zerbini merece ser lembrada pelo papel que desempenhou na resistência civil ao golpe. Advogada, funcionária dos Correios, entrou na luta contra a ditadura logo depois do 1 de abril de 1964. Ao descobrir que o marido,  general Euryale Zerbini, um dos poucos oficiais de sua patente a resistir ao golpe, fora preso num quartel do Rio de Janeiro, ela não descansou enquanto não pode visitá-lo, em companhia de dois filhos pequenos. Pouco depois, cassado, o general voltou para casa. 
 Nos anos seguintes, Therezinha dedicou-se a defender outros maridos, outros filhos, esposas, mães e órfãos da luta contra o regime. Agindo uma época em que o medo dobrava o caráter de muitas pessoas,  e tantos marmanjos se acomodavam a partir de desculpas e argumentos variados, abrigou militantes feridos que conseguiu internar, clandestinamente, em hospitais da cidade. Ajudou em planos de fuga. Denunciou a tortura. Organizou um dos primeiros shows para levantar fundos contra os perseguidos. Foi presa e condenada por ajudar na organização do Congresso da UNE, em 1968. Mesmo na cadeia assumiu uma postura altiva, de quem não se dobra. 


Uma das experiências mais gratificantes de meus 40 anos de jornalismo foi conhecer e entrevistar Therezinha Zerbini. A partir de várias conversas, e de uma boa feijoada que é tradição da família, pude  escrever a reportagem A Mulher que Era o General da Casa, que dá o título de um livro sobre brasileiros que atuaram na resistência civil ao regime militar.
Vários episódios me deixaram impressionado na vida de Therezinha, que, hoje, completa 86 anos. Prefiro guardar um deles. É bom saber que, em plena ditadura, uma senhora de traços ainda belos, dois filhos para cuidar, assumiu seu lugar em nossa história e foi capaz até de vender uma joia de famíia para pagar as despesas de uma viagem internacional onde defendeu a  anistia aos presos políticos brasileiros. 
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE

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