Lula defende Lei de Meios e ataca os “bonecos de ventríloquo” da imprensa
Rodrigo Vianna, Luiz Azenha e eu.
O ex-presidente Lula entrou pra valer no debate sobre a Reforma das Comunicações no Brasil. A fase do “controle remoto” e do omelete com Ana Maria Braga parece ter ficado pra trás.
Já não se trata de emitir sinais em conversas fechadas. Lula falou sobre o tema de forma direta, e dura, durante o Congresso dos Jornais do Interior – realizado em Brasília. Atacou a subserviência da mídia brasileira ao modelo neoliberal dos anos 90:
“Dizem que perdemos o rumo e devemos seguir o exemplo de países obedientes à cartilha deles. Mas esquecem que desde 2008, enquanto o mundo destruiu 62 milhões de postos de trabalho, o Brasil criou mais de 10 milhões de novos empregos. O que eu lamento é que alguns jornalistas brasileiros fiquem repetindo notícias erradas que vêm de fora, como bonecos de ventríloquo.”
E defendeu, claramente, uma Lei de Meios:
Aprimorar a democracia significa também garantir ao cidadão o direito à informação correta e ao conhecimento da diversidade de ideias, numa sociedade plural. Esse tema passa pela construção do marco regulatório da comunicação eletrônica.
É pena que essa postura ofensiva tenha vindo tão tarde. Mas não tarde demais. Lula, em seu segundo mandato, já havia adotado medidas importantes: convocou a Confecom (Conferência de Comunicação), distribuiu verbas oficias de publicidade de forma mais ampla (antes de Lula, apenas 249 rádios e jornais recebiam anúncios; em 2009, o governo federal já estava anunciando em 4.692 rádios e jornais de todo o país), deu entrevista a blogueiros dentro do Palácio em 2010, e ainda pediu que Franklin Martins preparasse um projeto de Regulação da Mídia.
No governo Dilma, o projeto não andou. Não houve outra Confecom. A Secretaria de Comunicação foi entregue a Helena Chagas e ao atucanado Roberto Messias (que, aliás, segue na Secom).
Dilma preferiu se concentrar na batalha dos juros. Sem perceber que, ao evitar a batalha da comunicação, perderia também a luta para reduzir os juros. Justamente, porque a velha mídia brasileira é associada aos bancos e ao sistema financeiro, é associada ao rentismo – que precisa de juros como o vampiro precisa de sangue.
Lula e o PT demoraram pra perceber que a Comunicação deve estar no centro do debate. Mas esse agora é um debate sem volta. Na próxima sexta, Lula estará no IV Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais, em São Paulo.
A velha mídia vai cair de pau. As posições ficam cada vez mais claras: Globo/Abril/Folha/PSDB/DEM/banqueiros formam um bloco sólido, que tenta reocupar o governo central. A velha mídia é o núcleo duro do campo inimigo.
Não chega a ser novidade: o líder da oposição a Vargas era Lacerda – dono do principal jornal de oposição, secundado por Robert Marinho. “O Globo” e a “Tribuna da Imprensa” foram queimados pela massa enfurecida quando levaram Vargas ao suicídio em 1954.
Os lacerdinhas de hoje são os jabores, sherazades, mervais e outros que tais – como o Sardemberg, único locutor gago do rádio brasileiro. O Brasil evoluiu. Não é preciso queimar a Globo. Basta aprovar uma lei de comunicação para quebrar o oligopólio da família Marinho.
É preciso travar essa batalha. Não há escolha. Lula e o PT evitaram o confronto direto durante anos. Mas o confronto veio até eles.
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