247 - Embora a oposição derrotada nas urnas já esteja se mobilizando para levar às últimas consequências as investigações da Operação Lava-Jato, que registrou, nesta sexta-feira, um de seus principais capítulos, com as prisões de executivos de grandes empreiteiras, o "big bang" promovido pelo juiz Sergio Moro, pelo Ministério Público e pela Polícia Federal fortalece a agenda de reformas defendida pela presidente Dilma Rousseff.
Mais uma vez, o Brasil se vê diante de um escândalo ligado ao financiamento privado de campanhas eleitorais. Um tema que a presidente Dilma pretende enfrentar já no início do seu segundo mandato.
"A minha disposição mais profunda é liderar da forma mais
pacífica e democrática esse momento transformador. Estou
disposta a abrir um grande espaço de diálogo com todos os setores
da sociedade para encontrarmos as soluções mais rápidas para os
nossos problemas", disse ela, em seu discurso de vitória. "Entre as
reformas, a primeira e mais importante deve ser a reforma política."
A prioridade do segundo governo Dilma é lutar pelo fim das doações
privadas, que vêm de grandes empresas, como as empreiteiras. Esse
tema, já discutido no Supremo Tribunal Federal, teve seis votos
favoráveis ao fim das contribuições empresariais, mas só não foi
sacramentado em razão de um pedido de vistas do ministro Gilmar
Mendes – favorável às doações, ele diz não ter prazo para devolver o
caso ao plenário.
No discurso de vitória, Dilma explicitou sua posição. "Meu compromisso,
como ficou claro durante toda a campanha, é deflagrar essa reforma,
que é responsabilidade constitucional do Congresso, e que deve
mobilizar a sociedade por um plebiscito, por meio de uma consulta
popular. Como instrumento desta consulta, nós vamos encontrar a
força e a legitimidade exigida neste momento de transformação para
levarmos à frente a reforma política", disse. "Quero discutir esse tema profundamente com o novo Congresso Nacional e com toda a população brasileira, e tenho convicção de que haverá interesse dos setores do
Congresso, dos setores da sociedade, de todas as forças ativas na
nossa sociedade para abrir uma discussão e encaminhar as medidas
concretas. Quero discutir igualmente com todos os movimentos sociais
e as forças da sociedade civil."
A agenda da oposição, no entanto, será outra. Como o escândalo da
vez atinge partidos da base aliada, como PT, PMDB e PP, muito embora
as empreiterias doem para todas as legendas, a estratégia foi anunciada
pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que pretende recolher assinaturas
para uma nova CPI no início de 2015. Além disso, como Gilmar Mendes
será o relator das contas da campanha da presidente Dilma em 2014,
o PT já dá como certo que ele votará por sua reprovação.
Isso significa que haverá, nos próximos meses, o embate entre duas
forças. De um lado, os que defendem a reforma política e o fim das
doações de empresas. De outro, os que usarão o escândalo atual para
criar instabilidade política e, eventualmente, inviabilizar o segundo
governo Dilma.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/160588/Big-bang-da-corrup%C3%A7%C3%
A3o-fortalece-agenda-de-Dilma.htm
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