segunda-feira, 10 de novembro de 2014

PT NADA TEM DE "BOLIVARIANO", UM FANTASMA CRIADO PELA DIREITA

MAIS RESPEITO COM BOLIVAR E COM CHÁVEZ, POR FAVOR!

Uma pretensa inclinação bolivariana 
do PT vem sendo, há bom tempo, o 
principal espantalho que a direita 
golpista utiliza em suas tentativas 
de recriar o clima de 1964.

Então, quando o ministro Gilmar 
Mendes, do Supremo Tribunal 
Federal, bate de novo nesta 
desafinada tecla, vem bem 
a calhar a desmistificação da dita 
falácia por parte de Demétrio Magnoli 
(o qual, aliás, ostenta o pitoresco 
título de "doutor em geografia 
humana" -existirão também doutores 
em antropologia territorial?). A sua 
coluna deste sábado  (8) na Folha 
de S. Paulo,  'Bolivariano', você 
disse?pode ser acessada aqui.

Há quem considere inadmissível um 
homem de esquerda concordar em 
seja lá o que for com Magnoli, mas 
isto não passa de grotesquerie stalinista 
com ranço de fanatismo religioso medieval. Lembrando um velho chavão, 
até um relógio quebrado (daqueles antigos, com ponteiros) marca a hora 
certa duas vezes ao dia. Eu julgo quaisquer argumentos por seu valor 
intrínseco, ponto final.

De quebra, Magnoli desfaz outra empulhação, a de que o PT atual tenha 
conservado um mínimo que seja do revolucionarismo presente no 
seu DNA de 1979.  Nem a pau, Juvenal...

Eis os oportunos esclarecimentos de Magnoli:
"A revolução 'bolivariana' definiu como meta política a unificação

da América Latina contra os EUA e, como meta econômica, a

implantação de um sistema estatista. 
O lulopetismo não compartilha tais metas. Na economia, procura

modernizar o capitalismo de estado varguista. Na política, almeja

apenas uma perene hegemonia. O regime chavista é

revolucionário; o lulopetismo é populista e conservador... 
Há uma diferença crucial de origem. O movimento 'bolivariano' é

fruto da ruptura: nasceu do colapso da democracia oligárquica

venezuelana, no 'caracazzo', o levante popular de 1989, e

consolidou-se após o frustrado golpe antichavista de 2002.
O lulopetismo, pelo contrário, é fruto da continuidade:

surgiu com a redemocratização e conquistou o Palácio na

moldura da estabilização da democracia. O chavismo

substituiu a desmoralizada elite política venezuelana; o

lulopetismo integrou-se às elites políticas tradicionais, até

converter-se no fiador principal de seus negócios e interesses.
Palavras servem para iludir. Os ataques 'bolivarianos' da

campanha de Dilma contra Aécio funcionaram como toque de

reunir para os movimentos sociais, o PSOL e os intelectuais

de esquerda. Confrontado com o risco de derrota, o

lulopetismo precisava recuperar uma franja periférica do

eleitorado que se dispersava.
...ahora, no más. O fervor das massas ficou na saudade. 
Concluída a disputa,

o governo realiza

o giro

ortodoxo, abandonando

a 'nova matriz

econômica'. 
O estelionato, anunciado pela elevação dos juros, tem roteiro

conhecido: recomposição de preços de combustíveis, choque de

tarifas de energia, ajuste fiscal. Os chavistas vestem-se de vermelho

o tempo todo; Lula e Dilma trocam o vermelho pelo branco

assim que as urnas se fecham".
Nada a objetar. Magnoli está certíssimo ao concluir que "a Venezuela 
não é aqui" e que inexiste risco de o STF se transformar numa corte 
bolivariana, "pois não será posto a serviço de um projeto político 
revolucionário".

E, para esquerdistas que não abdicaram do espírito crítico, ele não 
conta nenhuma novidade ao constatar que o PT só retira a retórica 
antiga do arquivo morto em períodos eleitorais, logo remetendo-a 
de volta para o esquecimento.

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2014/11/mais-respeito-
com-simon-bolivar-por.html

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