247 - Protagonista do maior vexame editorial da história do jornalismo brasileiro, ao ser condenada a publicar direito de resposta em pleno dia das eleições por tentar golpear a democracia, Veja dobrou sua aposta na infâmia. Sua edição deste fim de semana demonstra que seus acionistas, executivos e editores perderam de vez a noção do ridículo.
O exemplo maior é a reportagem chamada "Manual de sobrevivência no segundo mandato". Segundo o texto de Mariana Barros e Marcelo Sakate, o Brasil estaria vivendo uma grande ameaça. A "imprensa livre" desaparecerá, o Supremo Tribunal Federal será aparelhado,
o Brasil financiará mais e mais ditaduras e até os investimentos
pessoais estarão sob risco. Detalhe: a primeira semana pós-
eleições foi marcada pela queda acentuada do dólar e disparada
da Bovespa. Ou seja: quem leu Veja e apostou contra o Brasil
perdeu dinheiro.
Em seguida, no texto "A arte de iludir", Dilma é comparada a
personagens como Mussolini e Hitler por defender o plebiscito
sobre a reforma política. A qualidade da argumentação de Veja
pode ser medida pela última frase da reportagem. "Então, à
luz da experiência histórica, fica combinado o seguinte:
plebiscito com o PT no poder, não, não e não!".
A piada da edição, no entanto, mais uma vez coube a Eurípedes
Alcântara, o diretor de Redação da publicação. "Veja não procurou
criar efeitos eleitorais contra ou favor de nenhum candidato ao
publicar a capa da semana passada com a revelação de que o
doleiro Alberto Youssef disse aos policiais e procuradores
federais que Lula e Dilma sabiam do funcionamento do esquema
de corrupção na Petrobras", afirma ele, em sua Carta ao Leitor.
Como diria o célebre jornalista Paulo Nogueira, editor do
gargalhar.
Aliás, na reportagem sobre a Operação Lava Jato, Veja reafirma
as acusações da semana passada, mas não as comprova. O tal
"depoimento" de Youssef, mais uma vez, não aparece. Continua
a ser o que aparentemente é: uma peça de ficção.
Honestidade intelectual só se encontra na coluna de José Roberto
Guzzo, membro do conselho editorial da Abril. Diz ele que a
eleição trouxe uma boa e uma má notícia, pela ótica da Abril.
Começando pela má: Dilma venceu. A boa: "agora está garantido,
sem margem de erro, que ela ficará no cargo só mais quatro anos".
O que seria, segundo Guzzo, "um alívio". Para os brasileiros, o
alívio parece ser o fato de que, pelo menos Guzzo, não irá abraçar
teses golpistas, respeitando os quatro anos de mandato de Dilma.
Pelo que se lê na edição, a família Civita, o executivo Fábio
Barbosa, que preside a Abril, e o jornalista Eurípedes Alcântara,
que dirige Veja, fizeram uma escolha. Optaram pela irrelevância.
Em vez de se adaptar à realidade e tentar compreendê-la,
dobraram a aposta na infâmia. Ao que tudo indica, terão que
se preocupar com a própria sobrevivência da Abril, enquanto o
Brasil e os brasileiros avançam.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/159083/Os-
Civita-perderam-de-vez-a-no%C3%A7%C3%A3o-do-rid%C
3%ADculo.htm
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