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terça-feira, 13 de maio de 2014

DITADURA MILITAR DO EGITO PREPARA FALSAS ELEIÇÕES

Em Luxor, no Egito, defronte a uma estátua do deus Horus.

DELFT (Países-Baixos) - Em visita à Espanha para denunciar o que chama de "governo dos traidores", o ex-ministro do Investimento do Egito, Yahia Hamed afirmou que seu país "não é um país que possui um Exército, mas um Exército que possui um país". O Egito terá eleições presidenciais nos próximos dias 26 e 27, mas devido à repressão e banimento políticos das principais forças políticas, é certa e vitória do ex-ministro da Defesa e marechal da reserva Abdel Fatah al Sisi. 
O Egito de hoje é uma ditadura militar, resultante de um golpe que derrubou o primeiro presidente eleito em eleições limpas, Mohamed Mursi, do partido Irmandade Muçulmana. A eleição de Mursi desagradou aos Estados Unidos, que não admitem um governo muçulmano num país estratégico como o Egito, mesmo tendo ele 80% de sua população muçulmana. Yahia pertence ao partido Liberdade e Justiça, também muçulmano.

Yahia Hamed, ex-ministro egípcio.

Mursi encontra-se preso e seu ex-ministro afirma temer por sua vida, pois o militares já mostraram não ter limites na perseguição a qualquer força de oposição. Com o apoio de tribunais amedrontados, colocaram na ilegalidade não apenas a Irmandade Muçulmana (classificada em dezembro passado como "organização terrorista") mas também o Partido Nacional Democrático, do antigo ditador Hosni Mubarak e até o movimento juvenil 6 de Abril, que teve papel central na derrubada deste último. 
O candidato da ditadura, al-Sisi, terá apenas um adversário, Hamdin Sabbaki, um progressista de 59 anos que ficou em terceiro lugar na última eleição, quando Mursi foi o vencedor. Sabbaki tem ideologia nasserista (de Gamal Abdel Nasser - 1958-1970) ou seja, nacionalista árabe, e é apoiado por grupos laicos e esquerdistas.
As eleições deste final de mês devem ocorrer um clima de instabilidade, já que as forças de oposição alijadas do processo possuem grupos radicais que tem praticado atentados que já custaram cerca de 300 mortes, muitas delas de policiais e funcionários do governo ditatorial. Em represália, juízes ligados ao regime militar tem decretado muitas sentenças de morte, como a que atinge o guia supremo da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie e 652 de seus seguidores. Antes, outra sentença do mesmo juiz condenou à morte mais de 300 muçulmanos ligados ou simpatizantes do ex-presidente Mursi.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O FIM DA DITADURA NO EGITO

A insustentável leveza das ditaduras

Eduardo Guimarães, no blogcidadania.com.br

Após quase três semanas de luta, dezenas de milhões de egípcios conseguiram fazer renunciar um dos ditadores “do bem” da direita mundial, Hosni Mubarak, encastelado no poder havia trinta anos. Um déspota contra quem nunca se ouviu ou leu um milésimo do que a imprensa internacional não pára um só dia de dizer contra Cuba ou contra o Irã.
De repente, de algumas semanas para cá, no entanto, a ditadura egípcia entrou no noticiário e não saiu mais. Não era mais possível esconder que um dos tentáculos dos Estados Unidos no Oriente Médio estava se putrefazendo em alta velocidade.
Mas a questão que me acorre à mente diante de um desfecho da crise institucional no Egito que muitos – este blogueiro incluído – duvidaram de que pudesse ocorrer é sobre a natureza das ditaduras, sobre como vão levando as sociedades sobre as quais se abatem a um ponto de esgotamento como esse a que chegou o país do Oriente Médio.
Ditaduras são insustentáveis. Podem durar décadas valendo-se da força, mas não conseguem se manter indefinidamente. Vejam o caso da ditadura egípcia. Nem o apoio americano ou da grande mídia internacional foi suficiente para impedir que o povo colocasse um ponto final naquilo. E não foi por falta de tentativas.
Mubarak, a mídia e os EUA tentaram enrolar o mundo com aquela tal de transição “lenta, gradual e segura” que já foi imposta ao Brasil, mas no Egito não rolou. Na manhã de hoje, já se falava em uma mobilização de VINTE MILHÕES de pessoas. Além disso, o país estava paralisado. Nada funcionava. Imaginem tudo parar por quase três semanas.
Nesse momento, lembro-me de Cuba. Jamais houve nada parecido por lá. Não se tem nem notícia de repressão de manifestações contra o governo. Figuras isoladas promovem greves de fome que são recebidas com frieza pela população, apesar de a mídia lhes dar extrema visibilidade, como se tais ações tivessem alguma representatividade.
O regime cubano não cai e não é contestado pelo povo. Por que? Os cubanos não saem às ruas porque são covardes? A repressão em Cuba seria maior do que em qualquer outra nação supostamente submetida a ditadura? Não creio. O que me parece é que não há, naquele país, um sentimento de que vive sob regime ditatorial.
Acima de tudo, portanto, o que se deve extrair do que aconteceu no Egito é um modus operandi de luta pela liberdade que promete infernizar ditaduras nos quatro cantos da Terra. O povo mostrou que tem o poder. Que é só sair as ruas e se recusar a permitir que o país funcione sob o jugo de ditadores.
Ditaduras não têm base popular e, assim, não têm o peso de governos legitimamente constituídos, ungidos pelo desejo das maiorias democráticas. Essa “leveza” das ditaduras, portanto, é o que as torna insustentáveis, como o Egito acaba de mostrar ao mundo, para desespero de todos aqueles aos quais as ditaduras beneficiam.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

AGENTES DE MUBARAK AGRIDEM JORNALISTAS

A Folha de S. Paulo traz extensa cobertura dos acontecimentos no Egito, inclusive matéria do enviado Samy Adhirni, da qual reproduzo trecho sobre a perseguição dos agentes da ditadura contra os jornalistas:




DO ENVIADO AO CAIRO 

Simpatizantes do ditador Hosni Mubarak espalharam pânico no centro do Cairo e apertaram ontem o cerco contra jornalistas estrangeiros, gerando temores de que um grande protesto oposicionista previsto para hoje termine em mais sangue.
O clima de calma e o silêncio que se instalaram ao amanhecer eram mera aparência: militantes pró-Mubarak hostis a estrangeiros circulavam do lado da calçada do hotel para intimidar jornalistas.
A Folha testemunhou uma equipe da rede britânica BBC correndo de manifestantes, que acabaram alcançando os jornalistas a poucos metros do hotel. Máquinas fotográficas foram destruídas, e os repórteres foram levados aos empurrões para um lugar desconhecido.
Uma funcionária do hotel circulava pela calçada gritando frases religiosas em tom apocalíptico. Uma garrafa foi jogada contra a porta.
Dentro do saguão, funcionários confiscavam máquinas fotográficas e filmadoras e pressionavam todos a sair.
Acompanhada de outros jornalistas, a Folha deixou o local em um táxi que foi parado na primeira esquina.
Soldados revistaram o carro e confiscaram uma fita cassete na qual estava a entrevista com um membro da Irmandade Muçulmana, grupo oposicionista de orientação islâmica (leia texto sobre o assunto na página A14).
Instantes após a saída da Folha, o hotel foi atacado e invadido duas vezes. O Exército reagiu e levou os jornalistas a outro hotel.
Ocorreram ao menos 15 ataques a repórteres só ontem, de acordo com a ONG britânica Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
Houve vítimas entre jornalistas brasileiros. Luiz Araujo, do jornal gaúcho "Zero Hora", foi agredido e teve o equipamento destruído. Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, foram detidos e obrigados a deixar o país.
Também há relatos de que foram presos integrantes das ONGs Human Rights Watch e Anistia Internacional. A ONU decidiu tirar cerca de 600 funcionários do país.

MUBARAK EXPULSA JORNALISTAS BRASILEIROS!


Esperneando nas suas últimas horas de poder, a ditadura de Hosni Mubarak perde todo o senso de realidade e comete atos de força totalmente estúpidos. Agora prende e expulsa dois jornalistas, como fez com profissionais de vários países. É o último espasmo do bando criminoso, derrotado pela Revolução Democrática do bravo Povo egípcio.


Ministério das Relações Exteriores

Assessoria de Imprensa do Gabinete

Nota à Imprensa nº 43

3 de fevereiro de 2011



Situação no Egito

O Governo brasileiro deplora os confrontos violentos associados aos últimos desdobramentos da crise no Egito, em particular os atos de hostilidade à imprensa reportados ontem e hoje.

O Governo brasileiro protesta contra a detenção dos jornalistas brasileiros Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, e manifesta a expectativa de que as autoridades egípcias tomem medidas para garantir as liberdades civis e a integridade física da população e dos estrangeiros presentes no país.

Ao reafirmar a solidariedade e amizade do Brasil ao povo egípcio, o Governo brasileiro espera que este momento de instabilidade seja superado com a maior rapidez possível em um contexto de aprimoramento institucional e democrático do Egito.

A Embaixada do Brasil no Cairo continuará prestando assistência a turistas e residentes brasileiros que se encontram no país.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

MUBARAK É DITADOR, MAS "GENTE NOSSA"

Do blog tomandonacuia.blogspot.com:

Egito: ditadura amiga vale para o PIG


MUI AMIGOS
Uma ditadura amiga dos EUA sempre tem um tratamento diferenciado pela grande mídia internacional e pelo PIG nacional. A abordagem que o P.I.G faz sobre o colapso da ditadura egípcia em nada se assemelha ao que assistimos diariamente na cobertura dos noticiários sobre Venezuela, Cuba e o Irã. A tal falta de liberdade de imprensa só serve mesmo para os países com governos à esquerda.  Como o governo do Egito é financiado e armado até os dentes pelos americanos, a ditadura de Hosni Mubarak é desenhada como um apêndice que apodreceu e precisa ser removido, sem que ocorra a contaminação da região e dos negócios dos conglomerados e de empresas norte-americanas

O governo do Irã, por exemplo,  virou tema preferido do PIG nacional devido à aproximação do governo Lula no sentido de negociar uma saída pacífica para a falsa crise nuclear criada pelos americanos e seus aliados. Cuba então está sempre no top 10 das "crises" artificiais montadas pela mídia, tendo o apoio de filhotes da ditadura e a influência da CIA e de seus agentes disfarçados de adidos no Brasil.

 O PIG cobra democracia da Venezuela, de Cuba e do Irã, mas faz rodeios para condenar ditaduras aliadas dos americanos. Anualmente o PIG exalta às vítimas do Holocausto judeu, mas silencia vergonhosamente sobre o massacre do povo palestino, assim com da subtração dos seus territórios feito a ferro e a fogo pelo Estado de Israel. Da mesma forma esse exemplo serve para as ditaduras e os regimes fechados do oriente médio, que geralmente são  recebidos com honras de Estado pelo governo americano e seus aliados, tendo a paparicação midiática da imprensa internacional.

Saddan Russein e Osama Bin Laden também eram aliados de primeira hora dos americanos. O primeiro quis desafiar o seu criador e foi enforcado para nao deixar nenhum livro de mémorias solto por ai, e o segundo deve estar em alguma tenda bem protegida, afinal, sua família é grande aliada comercial dos americanos. 

O que vai ocorrer no Egito após a queda do ditador eu não faço a mínima idéia, mas o certo é que tem muito sheik árabe com as barbas de molho.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

MENTIRAS SOBRE O EGITO

Pepe Escobar: Fúria, fúria, contra a contrarrevolução

Fúria, fúria, contra a contrarrevolução
1/2/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
Fúria, fúria, contra a morte da luz (Dylan Thomas)
Islamófobos de todo o mundo calem o bico e ouçam o som do poder do povo. A dicotomia artificial que inventaram para o Oriente Médio – ou a ditadura de vocês ou o jihadismo – jamais passou de truque barato. Repressão política, desemprego em massa e comida cara são mais letais que um exército de homens-bomba. Assim se escreve a história real; um país de 80 milhões – dois milhões dos quais nascidos depois de o ditador de hoje ter chegado ao poder em 1981, e nada menos que o coração do mundo árabe – põe afinal abaixo o Muro do Medo e passa para o lado do autorrespeito.
O neofaraó egípcio Hosni Mubarak ordenou toque de recolher; ninguém arredou pé das ruas. A polícia atacou; os cidadãos organizaram a própria segurança. Chegaram os tanques; a multidão continuou a cantar “de mãos dadas, o exército e o povo são aliados”. Nada de revolução colorida parida em think-tanks, nada de islâmicos em ordem unida; são egípcios médios, carregando a bandeira nacional, “juntos, como indivíduos num grande esforço cooperativo para exigir de volta o país que nos pertence” – nas palavras do romancista egípcio e Prêmio Nobel Ahdaf Soueif.
E então, inevitável como a morte, a contrarrevolução levantou a cabeçorra armada. Jatos bombardeiros made in USA e helicópteros militares atacaram “bravamente” em voos rasantes as multidões na Praça Tahrir [Praça Liberdade] (retrato do governo de Mubarak como exército de ocupação no Egito; e imaginem o ultraje do ocidente, se o ataque acontecesse em Teerã). Comandantes militares falando sem parar pela televisão estatal. Ameaça de que tanques de fabricação norte-americana tomariam as ruas – conduzidos por soldados de batalhões de elite – para o ataque final (embora os próprios soldados dissessem a jornalistas da rede al-Jazeera que em nenhum caso disparariam contra a multidão). Para coroar, a “subversiva” rede al-Jazeera foi repentinamente cortada do ar.
Diga alô ao meu suave torturador…
A Intifada egípcia – dentre outros múltiplos significados – já reduziu a cacos a propaganda inventada no ocidente, de que “árabes são terroristas”. Agora, as mentes afinal descolonizadas, os árabes inspiram o mundo inteiro, ensinam ao ocidente como se faz mudança democrática. E adivinhem só! Ninguém precisou de “choque e horror”, rendições, tortura e trilhões de dólares do Pentágono para que a coisa funcionasse! Não surpreende que Washington, Telavive, Riad, Londres e Paris, todas, nem suspeitaram do que estava a caminho.
Hoje somos todos egípcios. O vírus latino-americano – bye-bye ditaduras e neoliberalismo arrogante, caolho, míope – contaminou o Oriente Médio. Primeiro a Tunísia. Agora o Egito. Depois o Iêmen e possivelmente a Jordânia. Logo a Casa de Saud (não surpreende que culpem os egípcios pelos “tumultos”). Mas o terremoto político do norte da África, na Tunísia, em 2011 também colheu a faísca dos movimentos de massa na Europa em 2010 – Grécia, Itália, França, Reino Unido. Fúria, fúria contra a repressão política, contras as ditaduras, contra a brutalidade da Polícia, contra os preços da comida, contra a inflação, contra empregos miseráveis, contra o desemprego em massa.
Faraó 2011 parece remix de Xá do Irã 1979. Claro, não há aiatolá Ruhollah Khomeini para liderar as massas egípcias, e o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, o egípcio Mohamed ElBaradei, está sendo acusado por alguns, nas ruas, de “assaltar nossa revolução”. Mas é difícil não lembrar que o Xá do Irã está enterrado no Cairo, porque os iranianos não permitiram que fosse enterrado na terra-mãe.
O Faraó reagiu à Intifada nomeando para a vice-presidência seu czar “suave” da inteligência, Omar Suleiman (o primeiro vice-presidente, desde que o Faraó assumiu o poder em 1981), e virtual sucessor. Suleiman é sinistro suave especialista em rendição, no qual a CIA confia e que supervisionou número incontável de sessões de tortura de ditos “terroristas” em território egípcio; senhor, que fala inglês, de sua Guantánamo árabe. Em Washington, o establishment gostou muito.
Leia mais em:

POVO FAZ HISTÓRIA NO EGITO

MUBARAK É O PROBLEMA

O povo egípcio decidiu mudar sua História, expulsando do poder o ditador Hosni Mubarak, sustentado durante 30 anos pelas potências ocidentais e por sua polícia repressora. Chegou a hora de o ditador retirar-se, para que o povo possa corrigir as tremendas injustiças sociais, a miséria, e encontrar caminhos democráticos. 



segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

FISK DESCREVE A LUTA NAS RUAS DO CAIRO

Robert Fisk é o correspondente no Oriente Médio do jornal britânico The Independent. Vive em Beirute há 25 anos, e já recebeu vários prêmios internacionais. Aqui a primeira parte de seu relato sobre os fatos que presencia nas ruas do Cairo.
Egito em erupção
29/1/2011, Robert Fisk, The Independent, UK
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Pode ser o fim. Com certeza é o começo do fim. Em todo o Egito, dezenas de milhares de árabes enfrentaram gás lacrimogêneo, canhões de água, granadas e tiroteio para exigir o fim da ditadura de Hosni Mubarak depois de mais de 30 anos.
Enquanto Cairo mergulha em nuvens de gás lacrimogêneo dos milhares de granadas lançadas contra multidões compactas, era como se a ditadura de Mubarak realmente andasse rumo ao fim. Ninguém, dos que estávamos ontem nas ruas do Cairo, tínhamos nem ideia de por onde andaria Mubarak – que mais tarde apareceria na televisão, para demitir todos seus ministros. Nem encontrei alguém preocupado com Mubarak.
Eram dezenas de milhares, valentes, a maioria pacíficos, mas a violência chocante dos battagi – em árabe, a palavra significa literalmente “bandidos” – uniformizados sem uniforme das milícias de Mubarak, que espancaram, agrediram e feriram manifestantes, enquanto os guardas apenas assistiam e nada fizeram, foi uma desgraça. Esses homens, quase todos dependentes de drogas e ex-policiais, eram ontem a linha de frente do Estado egípcio. Os verdadeiros representantes de Hosni Mubarak.
Num certo momento, havia uma cortina de gás lacrimogêneo por cima das águas do Nilo, enquanto as milícias antitumultos e os manifestantes combatiam sobre as grandes pontes sobre o rio. Incrível. A multidão levantou-se e não mais aceitará a violência, a brutalidade, as prisões, como se essa fosse a parte que lhe coubesse na maior nação árabe do planeta. Os próprios policiais pareciam saber que estavam sendo derrotados. “E o que podemos fazer?” – perguntou-nos um dos guardas das milícias antitumulto. “Cumprimos ordens. Pensam que queremos isso? Esse país está despencando ladeira abaixo.” O governo impôs um toque de recolher noite passada. A multidão ajoelhou-se para rezar, à frente da polícia.
Como se descreve um dia que pode vir a ser página gigante da história do Egito? Os jornalistas devem abandonar as análises e apenas narrar o que aconteceu da manhã à noite, numa das cidades mais antigas do mundo. Então, aí está a história como a anotei, garatujada no meio da multidão que não se rendeu a milhares de policiais uniformizados da cabeça aos pés e e milicianos sem uniforme.
(Leia o artigo completo no blog Redecastorphoto)

sábado, 29 de janeiro de 2011

SURPRESA NO EGITO?


Meu querido amigo Eduardo Guimarães, fundador do Movimento dos Sem-Mídia e dono de um dos melhores blogs brasileiros (endereço na coluna da direita), escreveu mais um belo texto, desta vêz sobre a manipulação que a mídia faz da revolta do povo egípcio contra o ditador Hosni Mubarak.

Fica parecendo que tudo acontece de repente, uma surpresa histórica, já que os brasileiros nada sabem sobre a opressão e a corrupção do homem que governa o país há 30 anos, sob lei marcial, e com total apoio dos Estados Unidos. Leiam este texto, inclusive a continuação dele no blog do Edú. Vocês vão gostar.

(Na foto, de Marianne Lemmen, um dos momentos mais agradáveis de minha vida: navegando sobre o Rio Nilo, entre Assuan - Aswan - e Luxor. Tempo maravilhoso, quente mas com uma brisa deliciosa, vendo o cenário milenar do rio sagrado e suas margens férteis, com o deserto ao fundo, nos dois lados. Sensação de Paz, como raras vezes senti.)


De repente, não mais do que de repente, os brasileiros descobriram um país chamado Egito, suas contradições e o sofrimento do seu povo, imposto por um regime ditatorial a que está submetido desde 1981, há exatos 30 anos, por obra e graça do ditador Mohamed Hosni Mubarak, quem, durante esse tempo todo, só disputou eleições consigo mesmo.

Apesar de ser um dos berços da civilização humana, porém, até há pouco nada sabíamos sobre o país além de que tem pirâmides, esfinges e do que nos informou Hollywood no decorrer da vida com seus filmes bobalhões sobre múmias egípcias que ressuscitam para nos aterrorizar ou com aquelas versões pasteurizadas sobre a saga de Cleopatra, a Rainha do Nilo.

Somos mantidos na ignorância pela mídia ideológica que controla as comunicações e até a própria cultura, no Brasil. Por isso, temos conhecimentos seletivos e limitados sobre a geopolítica mundial.

Sobre um país como Irã, no entanto, onde as eleições, ainda que pouco transparentes, pelo menos têm candidatos de oposição, supostamente sabemos muito, mas o que sabemos são informações filtradas que nos dão só o lado oposicionista da história por lá.

Só poderia ser assim mesmo, porque o Egito, à diferença do Irã, é uma daquelas ditaduras “do bem” que os Estados Unidos e a mídia “brasileira” poupam de críticas porque se submetem aos interesses geopolíticos, comerciais e estratégico-militares dos americanos.

Então, de repente, com a verdadeira avalanche de imagens que se abateu sobre o mundo dando conta da repressão que o ditador egípcio desencadeou sobre um povo aparentemente disposto a não aceitar mais viver sob seu regime de força, a mídia serviçal dos EUA teve que expor uma de suas ditaduras de estimação, contra a qual não costuma dizer um A.