sábado, 29 de janeiro de 2011

SURPRESA NO EGITO?


Meu querido amigo Eduardo Guimarães, fundador do Movimento dos Sem-Mídia e dono de um dos melhores blogs brasileiros (endereço na coluna da direita), escreveu mais um belo texto, desta vêz sobre a manipulação que a mídia faz da revolta do povo egípcio contra o ditador Hosni Mubarak.

Fica parecendo que tudo acontece de repente, uma surpresa histórica, já que os brasileiros nada sabem sobre a opressão e a corrupção do homem que governa o país há 30 anos, sob lei marcial, e com total apoio dos Estados Unidos. Leiam este texto, inclusive a continuação dele no blog do Edú. Vocês vão gostar.

(Na foto, de Marianne Lemmen, um dos momentos mais agradáveis de minha vida: navegando sobre o Rio Nilo, entre Assuan - Aswan - e Luxor. Tempo maravilhoso, quente mas com uma brisa deliciosa, vendo o cenário milenar do rio sagrado e suas margens férteis, com o deserto ao fundo, nos dois lados. Sensação de Paz, como raras vezes senti.)


De repente, não mais do que de repente, os brasileiros descobriram um país chamado Egito, suas contradições e o sofrimento do seu povo, imposto por um regime ditatorial a que está submetido desde 1981, há exatos 30 anos, por obra e graça do ditador Mohamed Hosni Mubarak, quem, durante esse tempo todo, só disputou eleições consigo mesmo.

Apesar de ser um dos berços da civilização humana, porém, até há pouco nada sabíamos sobre o país além de que tem pirâmides, esfinges e do que nos informou Hollywood no decorrer da vida com seus filmes bobalhões sobre múmias egípcias que ressuscitam para nos aterrorizar ou com aquelas versões pasteurizadas sobre a saga de Cleopatra, a Rainha do Nilo.

Somos mantidos na ignorância pela mídia ideológica que controla as comunicações e até a própria cultura, no Brasil. Por isso, temos conhecimentos seletivos e limitados sobre a geopolítica mundial.

Sobre um país como Irã, no entanto, onde as eleições, ainda que pouco transparentes, pelo menos têm candidatos de oposição, supostamente sabemos muito, mas o que sabemos são informações filtradas que nos dão só o lado oposicionista da história por lá.

Só poderia ser assim mesmo, porque o Egito, à diferença do Irã, é uma daquelas ditaduras “do bem” que os Estados Unidos e a mídia “brasileira” poupam de críticas porque se submetem aos interesses geopolíticos, comerciais e estratégico-militares dos americanos.

Então, de repente, com a verdadeira avalanche de imagens que se abateu sobre o mundo dando conta da repressão que o ditador egípcio desencadeou sobre um povo aparentemente disposto a não aceitar mais viver sob seu regime de força, a mídia serviçal dos EUA teve que expor uma de suas ditaduras de estimação, contra a qual não costuma dizer um A.


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