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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

PT NADA TEM DE "BOLIVARIANO", UM FANTASMA CRIADO PELA DIREITA

MAIS RESPEITO COM BOLIVAR E COM CHÁVEZ, POR FAVOR!

Uma pretensa inclinação bolivariana 
do PT vem sendo, há bom tempo, o 
principal espantalho que a direita 
golpista utiliza em suas tentativas 
de recriar o clima de 1964.

Então, quando o ministro Gilmar 
Mendes, do Supremo Tribunal 
Federal, bate de novo nesta 
desafinada tecla, vem bem 
a calhar a desmistificação da dita 
falácia por parte de Demétrio Magnoli 
(o qual, aliás, ostenta o pitoresco 
título de "doutor em geografia 
humana" -existirão também doutores 
em antropologia territorial?). A sua 
coluna deste sábado  (8) na Folha 
de S. Paulo,  'Bolivariano', você 
disse?pode ser acessada aqui.

Há quem considere inadmissível um 
homem de esquerda concordar em 
seja lá o que for com Magnoli, mas 
isto não passa de grotesquerie stalinista 
com ranço de fanatismo religioso medieval. Lembrando um velho chavão, 
até um relógio quebrado (daqueles antigos, com ponteiros) marca a hora 
certa duas vezes ao dia. Eu julgo quaisquer argumentos por seu valor 
intrínseco, ponto final.

De quebra, Magnoli desfaz outra empulhação, a de que o PT atual tenha 
conservado um mínimo que seja do revolucionarismo presente no 
seu DNA de 1979.  Nem a pau, Juvenal...

Eis os oportunos esclarecimentos de Magnoli:
"A revolução 'bolivariana' definiu como meta política a unificação

da América Latina contra os EUA e, como meta econômica, a

implantação de um sistema estatista. 
O lulopetismo não compartilha tais metas. Na economia, procura

modernizar o capitalismo de estado varguista. Na política, almeja

apenas uma perene hegemonia. O regime chavista é

revolucionário; o lulopetismo é populista e conservador... 
Há uma diferença crucial de origem. O movimento 'bolivariano' é

fruto da ruptura: nasceu do colapso da democracia oligárquica

venezuelana, no 'caracazzo', o levante popular de 1989, e

consolidou-se após o frustrado golpe antichavista de 2002.
O lulopetismo, pelo contrário, é fruto da continuidade:

surgiu com a redemocratização e conquistou o Palácio na

moldura da estabilização da democracia. O chavismo

substituiu a desmoralizada elite política venezuelana; o

lulopetismo integrou-se às elites políticas tradicionais, até

converter-se no fiador principal de seus negócios e interesses.
Palavras servem para iludir. Os ataques 'bolivarianos' da

campanha de Dilma contra Aécio funcionaram como toque de

reunir para os movimentos sociais, o PSOL e os intelectuais

de esquerda. Confrontado com o risco de derrota, o

lulopetismo precisava recuperar uma franja periférica do

eleitorado que se dispersava.
...ahora, no más. O fervor das massas ficou na saudade. 
Concluída a disputa,

o governo realiza

o giro

ortodoxo, abandonando

a 'nova matriz

econômica'. 
O estelionato, anunciado pela elevação dos juros, tem roteiro

conhecido: recomposição de preços de combustíveis, choque de

tarifas de energia, ajuste fiscal. Os chavistas vestem-se de vermelho

o tempo todo; Lula e Dilma trocam o vermelho pelo branco

assim que as urnas se fecham".
Nada a objetar. Magnoli está certíssimo ao concluir que "a Venezuela 
não é aqui" e que inexiste risco de o STF se transformar numa corte 
bolivariana, "pois não será posto a serviço de um projeto político 
revolucionário".

E, para esquerdistas que não abdicaram do espírito crítico, ele não 
conta nenhuma novidade ao constatar que o PT só retira a retórica 
antiga do arquivo morto em períodos eleitorais, logo remetendo-a 
de volta para o esquecimento.

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2014/11/mais-respeito-
com-simon-bolivar-por.html

sexta-feira, 25 de abril de 2014

MEU 25 DE ABRIL EM PORTUGAL, ARTIGO NO "OUTRAS PALAVRAS"

Festa num país dividido

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

HERÓI DE VOLTA A CUBA: FIZ O QUE MILHÕES DE CUBANOS FARIAM"

Para bem compreender esta entrevista e a história do "Cinco Heróis", procure informar-se de outras fontes. No Brasil, sem dúvida, a melhor delas é o livro "Os últimos soldados da Guerra Fria" do meu amigo Fernando Morais. É importante buscar fontes isentas, e não limitar-se à propaganda norte-americana e de seus divulgadores no Brasil. Os cinco foram presos por terem se infiltrado em organizações terroristas norte-americanas que usam a Flórida como base de treinamento de mercenários e plataforma para vôos diários sobre a ilha socialista. Fazem panfletagens anti-comunistas, espalham veneno sobre plantações e convidam os cubanos a desertarem e fugirem, ou a provocar atos de sabotagem. Esses mercenários já explodiram bombas em hotéis, para prejudicar o Turismo, uma das principais fontes de renda de Cuba, e causaram pelo menos uma morte num desses atentados. A entrevista pode ser lida na íntegra no link apontado ao final: 

Yo simplemente hice y he hecho lo que estoy seguro que millones de cubanos habrían hecho
Entrevista que le concediera Fernando González Llort, uno de los cinco cubanos que fueron condenados en Estados Unidos, a varios miembros de la comunidad de blogueros cubanos Blogosfera Cuba, días antes del cumplimiento de su injusta condena
Compartimos con los lectores deGranma una entrevista que le concediera Fernando González Llort, uno de los cinco cubanos que fueron condenados en Estados Unidos, a varios miembros de la comunidad de blogueros cubanos Blogosfera Cuba, días antes del cumplimiento de su injusta condena. La entrevista se hizo posible gracias a la intermediación de René González, que sirvió de enlace con su hermano de lucha. Sirva esta entrevista para movilizar conciencias y evitar que los tres cubanos que aún permanecen encarcelados tengan que cumplir sus sentencias completas como sucedió con René y Fernando.
1-¿Podrías mencionar las cinco palabras que más han venido a tu mente en los años de prisión injusta? Si deseas comenta alguna o todas.
Cuba, Familia, Gratitud, Lucha, Libertad.
2-Este 14 de febrero será el último tuyo tras las rejas sin tu Rosa. ¿Cómo piensas organizar el próximo, cuando al fin podrás pasarlo entre los brazos de tu amada?
Muchas gracias por tu pregunta que está dirigida al ámbito humano y de los sentimientos, lo cual contribuye a que los lectores nos conozcan mejor como seres humanos. Cuesta trabajo en estos momentos en que se acerca vertiginosamente la fecha de mi salida de prisión y regreso a Cuba después de tantos años de encierro, pensar en cómo quisiera organizar algo de tanta significación, pero para lo cual falta un año. Son muchas las cosas que en estos días finales en la prisión pasan por mi mente sobre las experiencias que me esperan en los próximos días, todas seguramente muy intensas. Hay muchas incógnitas y muchos deseos por llevar a la realidad. Esto hace difícil pensar en algo que ahora se observa distante, como es el 14 de febrero del 2015. Sé que me vas a comprender aunque mi respuesta no es la que deseabas o esperabas. Pero te puedo asegurar que, teniendo un año para pensar en cómo celebrar ese día, haré todo lo que esté a mi alcance para que sea uno bien especial. Eso es lo que me propongo desde ahora.
3-Si pudieras hablar con el presidente Barack Obama qué le dirías sobre tu caso y el de tus compañeros.
Un saludo a Iroel Sánchez. Soy un lector asiduo de sus trabajos y de otros que se publican en La Pupila Insomne, y me parece un blog de mucha calidad por el contenido de los trabajos que publica y una contribución muy importante en la batalla en el campo de las ideas y la información.
Si pudiera hablar con el presidente le pediría que como ex profesor de Derecho Constitucional mirara sin prejuicios la evidencia sobre nuestro caso y las opiniones que importantes y prestigiosos juristas norteamericanos y de otros países han emitido sobre el mismo. Que lea sin prejuicio, por ejemplo, los Amicus Briefs que se presentaron a la Corte Suprema, diez de ellos ganadores del Premio Nobel.
Le pediría que como ex activista comunitario tratara de ver de una manera desprejuiciada la realidad cubana. Estoy seguro que vería allí solucionadas muchas de las dificultades por las que trabajó para solucionar en las calles de Chicago durante su juventud. Vería los esfuerzos de nuestro pueblo por tener una sociedad cada vez más justa, y que eso era lo que defendíamos Los Cinco.
Le pediría que como político revisara la historia; esa que nos ha propuesto repetidas veces olvidar, y que vea cómo Cuba ha tenido que enfrentar más de 50 años de agresiones, muchas de ellas violentas, y cómo desde Miami se organizan estas sin ser debidamente combatidas por los organismos que deberían hacerlo. De ahí la necesidad del trabajo que Los Cinco hacíamos.
Después de ver esos tres ángulos del asunto, que llegue a sus propias conclusiones. Si logra hacerlo sin prejuicios, estoy seguro de que al siguiente día estaríamos los cuatro en La Habana junto a René.

http://www.granma.cubaweb.cu/2014/02/28/nacional/artic06.html

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

SOB PROTESTOS, ITAÚ SUSPENDE HOMENAGEM AO GOLPE DE 64

Do blog do Mário Magalhães, no UOL: 

Itaú anuncia recolhimento de agendas que promovem ‘revolução de 1964′

Mário Magalhães


O Itaú anunciou que começou o recolhimento das agendas 2014 que promovem o dia 31 de março como “aniversário da revolução de 1964″. De acordo com o banco, todas as agendas restantes serão recolhidas. O Itaú não respondeu às perguntas do blog sobre quantos exemplares foram impressos e quantos foram distribuídos aos clientes.
Eis a nota enviada há pouco pela assessoria do banco:
“A inclusão da frase na agenda foi equivocada, em nada reflete o DNA e as crenças do Itaú Unibanco. Lamentamos o desconforto causado. Somos uma instituição financeira que respeita a diversidade de pensamentos e ideias e a democracia. Reiteramos que o banco nunca pretendeu defender uma posição política no conteúdo entregue aos correntistas e que já estamos recolhendo as agendas com esta frase que ainda existem em nossas agências''.
...
Os vínculos do Itaú com a ditadura (1964-85) foram tamanhos que um dos seus controladores, Olavo Setubal (1923-2008), foi prefeito nomeado (sem voto popular) de São Paulo, de 1975 a 79.
A notícia sobre o recolhimento das agendas foi dada em primeira mão pelo blog do meu velho e querido companheiro de redação Marcelo Rubens Paiva.
http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/02/20/itau-anuncia-recolhimento-de-agendas-que-promovem-revolucao-de-1964/

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

DIPLOMATA CUBANO DÁ LIÇÃO A FALIDO JORNAL ESPANHOL

O quase-falido jornal El País, da quase-falida Espanha, publicou um editorial ofensivo a Cuba e à Revolução 
cubana - como faz a mídia conservadora e direitista de todo o mundo há 55 anos. Enquanto a família do Rei 
Juan Carlos se debate na Justiça sob graves acusações de corrupção,  algumas regiões lutam por suas independências e o PP - Partido Popular, afunda o país na mais grave depressão, além de ter seus quadros, 
da cúpula à base, envolvidos em roubos e escândalos, o jornal prefere atacar o povo cubano e seus dirigentes, empenhados em elevar seu padrão de vida sob o implacável bloqueio imposto pelos Estados Unidos (aliás, 
também vivendo tremenda crise, com 43 milhões de cidadãos comendo graças a vales dados pelo governo). 
O embaixador de Cuba na Espanha deu ao jornal direitista uma elegante, mas contundente resposta. Embora 
se diga "democrático" e "defensor da liberdade de expressão" (a mesma mentira que os jornais brasileiros apregoam), El País não publicou a histórica resposta do Embaixador. Leiam aqui o texto que repõe a verdade 
dos fatos:

Eugenio Martínez Enríquez, Embajador de Cuba en España.
Estimado director:
En referencia al editorial publicado en ese diario el día 5 de enero “Y van 55 años”, deseo respetuosa-
mente expresar que su definición de la Revolución cubana como “un fracaso” y de nuestros dirigentes 
como “cínicos” no se corresponde con la realidad. 
No puedo comprobar cómo un periódico editado a miles de kilómetros de distancia de Cuba pueda 
asegurar, sin temor a equivocarse, que “nadie hay más consciente del fracaso de la revolución que 
los propios cubanos”, hecho ampliamente refutado por los millones de mis compatriotas y amigos en 
el mundo que defendieron, defienden y defenderán al sistema que garantizó por primera vez la digni-
dad e independencia de los cubanos.
En 1958, el 45% de los niños cubanos no iban a la escuela, en un país que había 10 mil maestros sin 
trabajo. Hoy, como todos los días desde hace 55 años, todos los niños que en Cuba viven, son inmuni-
zados gratuitamente contra las principales enfermedades y asisten a la escuela a recibir una instruc-
ción que no sólo es gratuita, sino de un alto nivel internacional. En el mismo país donde cada ciuda-
dano, sin excepción, puede recibir tratamiento médico en un hospital, de forma gratuita y con un alto 
nivel humano y profesional. Cuba es el país donde apenas mueren 4,2 niños por cada mil nacidos vi-
vos, mejor que el dato registrado en Canadá que es 5 o en los EEUU que es 6. Cuba es un país sin 
analfabetos desde hace 52 años.
Reto a su diario que busque, encuentre y publique en qué país esta escena se repite, a pesar del siste-
ma de coerción económica y política que ha mantenido por más de 50 años los EEUU contra Cuba, un 
auténtico bloqueo.
Ustedes han dicho que mi país está “En bancarrota”. Me sorprende que hable de bancarrota un diario 
que tal como he leído está en “quiebra técnica” que en términos de sus propios auditores significa que 
“de acuerdo al artículo 363 del Texto Refundido de la Ley de Sociedades de Capital, se encuentra en 
causa de disolución” y sólo busca su salvación financiera y existencia en los “fondos buitres”.
Tal vez, ese sea el motivo que usted publique mentiras sobre Cuba. Alguien paga para cubrir su ban-
carrota. Seguro que no será la Revolución cubana. Nuestra ética impide a utilizar esos métodos.
Saludos.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

BELA ENTREVISTA COM FIDEL CASTRO, HÁ TRÊS SEMANAS

Mais duas horas com Fidel

Fidel me esperava na entrada do salão de sua casa, uma peça ampla e 

luminosa aberta sobre um ensolarado jardim. Aparentava estar em 

estupenda forma.



Ignacio Ramonet
Divulgação
Fazia um dia de primaveral doçura, submer-
gido por essa luz refulgente e esse ar crista-
lino tão característicos do mágico dezembro 
cubano. Chegavam cheiros do oceano pró-
ximo e se ouviam as verdes palmeiras em-
baladas por uma lânguida brisa. Em um 
desses « paladares » que abundam agora 
em La Habana, estava eu almoçando com 
uma amiga. De repente, tocou o telefone. 
Era meu contato: « A pessoa que desejavas ver, está te esperando em meia 
hora. Apressa-te.  » Deixei tudo, me despedi da amiga e me dirigi ao lugar in-
dicado. Ali me aguardava um discreto veículo cujo chofer guiou de imediato 
rumo ao oeste da capital.

Eu tinha chegado a Cuba quatro dias antes. Vinha da Feira de Guadalajara 
(México) onde estive apresentando meu novo livro “Hugo Chávez. Mi primera 
vida - conversaciones con el líder de la revolución bolivariana”  . Em La Habana, 
se celebrava com imenso êxito, como cada ano por essas datas, o Festival do 
Novo Cinema Latino-americano. E seu diretor Iván Giroud teve a gentileza de 
me convidar para a homenagem que o Festival desejava prestar a seu funda-
dor Alfredo Guevara, um autêntico gênio criador, o maior impulsionador do 
cinema cubano, falecido em abril de 2013.

Como sempre, quando pouso em La Habana, havia perguntado por Fidel. E, 
através de vários amigos comuns, havia transmitido minhas saudações. Fazia 
mais de um ano que não o via. A última vez tinha sido em 10 de fevereiro de 
2012 no marco de um grande encontro « pela Paz e a preservação do Meio 
Ambiente », organizado à margem da Feira do livro de La Habana, no qual o 
Comandante da revolução cubana conversou com uma quarentena de inte-
lectuais.

Foram abordados, naquela ocasião, os temas mais diversos, começando pelo 
« poder midiático e a manipulação das mentes » do qual me tocou falar em 
um tipo de palestra inaugural. E não me esqueço da pertinente reflexão que Fi-
del fez ao final de minha exposição: « O problema não está nas mentiras que 
os meios dominantes dizem. Isso não podemos impedir. O que devemos pen-
sar hoje é como nós dizemos e difundimos a verdade. »

Durante as nove horas que durou essa reunião, o líder cubano impressionou 
seu seleto auditório. Demostrou que, já com 85 anos de idade, conservava in-
tacta sua vivacidade de espírito e sua curiosidade mental. Intercambiou ideias, 
propôs temas, formulou projetos, projetando-se para o novo, para a mudan-
ça, para o futuro. Sensível sempre às transformações em curso do mundo.

Quão diferente o encontraria agora, dezenove meses depois? Me perguntava 
a bordo do veículo que me aproximava dele. Fidel havia feito poucas aparições 
públicas nas últimas semanas e havia difundido menos análises ou reflexões 
que em anos anteriores .

Chegamos. Acompanhado de sua sorridente esposa Dalia Soto del Valle, Fidel 
me esperava na entrada do salão de sua casa, uma peça ampla e luminosa 
aberta sobre um ensolarado jardim. O abracei com emoção. Aparentava estar 
em estupenda forma. Com esses olhos brilhantes como estiletes sondando a 
alma de seu interlocutor. Impaciente já de iniciar o diálogo, como se tratasse, 
dez anos depois, de prosseguir nossas longas conversações que deram lugar 
ao livro « Ciem horas com Fidel  ».

Ainda não havíamos sentado e já me formulava uma infinidade de perguntas 
sobre a situação econômica na França e a atitude do governo francês... Duran-
te duas horas e meia, falamos de tudo um pouco, pulando de um tema a ou-
tro, como velhos amigos. Obviamente se tratava de um encontro amistoso, 
não profissional.
Nem gravei nossa conversação, nem tomei nenhuma nota durante o trans-
curso da conversa . E este relato, além de dar a conhecer algumas reflexões 
atuais do líder cubano, só aspira responder a curiosidade de tantas pessoas 
que se perguntam, com boas ou más intenções: como está Fidel Castro?

Já disse: estupendamente bem. Perguntei-lhe por que ainda não havia publi-
cado nada sobre Nelson Mandela, falecido havia já mais de uma semana. 
« Estou trabalhando nisso, declarou, terminando o rascunho de um artigo . 
Mandela foi um símbolo da dignidade humana e da liberdade. O conheci mui-
to bem. Um homem de uma qualidade humana excepcional e de uma nobre-
za de ideias impressionante. É curioso ver como os que ontem amparavam 
o Apartheid, hoje se declaram admiradores de Mandela. Que cinismo! A gen-
te se pergunta, se ele só tinha amigos, quem então prendeu Mandela? Como 
o odioso e criminoso Apartheid pode durar tantos anos? Mas Mandela sabia 
quem eram seus verdadeiros amigos.
 
Quando saiu da prisão, uma das primeiras coisas que fez foi vir visitar-nos. 
Nem sequer era ainda presidente da África do Sul! Porque ele não ignorava 
que sem a proeza das forças cubanas, que romperam a coluna vertebral da 
elite do exército racista sul-africano na batalha de Cuito Cuanavale [1988] e 
favoreceram, assim, a independência da Namíbia, o regime do Apartheid não 
teria caído e ele teria morrido na prisão. E isso que os sul-africanos possuíam 
várias bombas nucleares, e estavam dispostos a utilizá-las! »

Falamos depois de nosso amigo comum Hugo Chávez. Senti que ainda esta-
va sob a dor da terrível perda. Evocou o Comandante bolivariano quase com 
lágrimas nos olhos. Me disse que havia lido, « em dois dias », o livro « Hugo 
Chávez. Mi primera vida ». « Agora tens que escrever a segunda parte. Todos 
queremos ler. Deves isso a Hugo. », completou. Aí interveio Dalia para comen-
tar que esse dia [13 de dezembro], por insólita coincidência, fazia 19 anos do 
primeiro encontro dos dois Comandantes cubano e venezuelano. Houve um 
silêncio. Como se essa circunstância lhe conferisse naquele momento uma in-
definível solenidade à nossa visita.

Meditando para si mesmo, Fidel se pôs então a lembrar daquele primeiro en-
contro com Chávez no dia 13 de dezembro de 1994. « Foi uma pura casuali-
dade, relembrou. Soube que Eusebio Leal tinha convidado ele para dar uma 
conferência sobre Bolívar. E quis conhecê-lo. Fui esperá-lo ao pé do avião. Coi-
sa que surpreendeu muita gente, incluindo o próprio Chávez. Mas eu estava 
impaciente por vê-lo. Nós passamos a noite conversando. » « Ele me contou, 
eu disse, que sentiu que você estava fazendo ele passar por um exame... » Fi-
del se larga a rir:
« É verdade! Queria saber tudo dele. E me deixou impressionado... Por sua 
cultura, sua sagacidade, sua inteligência política, sua visão bolivariana, sua gen-
tileza, seu humor... Ele tinha tudo!  Me dei conta que estava em frente a um 
gigante da talha dos melhores dirigentes da história da América Latina. Sua 
morte é uma tragédia para nosso continente e uma profunda desdita pes-
soal para mim, que perdi o melhor amigo... »

« Você vislumbrou, naquela conversa, que Chávez seria o que foi, ou seja, o 
fundador da revolução bolivariana? » « Ele partia com uma desvantagem: era 
militar e havia se sublevado contra um presidente socialdemocrata que, na 
verdade, era um ultraliberal... Em um contexto latino-americano com tanto 
gorila militar no poder, muita gente de esquerda desconfiava de Chávez. Era 
normal.
 
Quando eu conversei com ele, há dezenove anos agora, entendi imediata-
mente que Chávez reivindicava a grande tradição dos militares de esquerda 
na América Latina. Começando por Lázaro Cárdenas [1895-1970], o gene-
ral-presidente mexicano que fez a maior reforma agrária e nacionalizou o 
petróleo em 1938... »

Fidel fez um amplo desenvolvimento sobre os « militares de esquerda » na 
América Latina e insistiu sobre a importância, para o comandante bolivariano, 
do estudo do modelo constituído pelo general peruano Juan Velasco Alvara-
do. « Chávez o conheceu em 1974, em uma viagem que fez ao Peru sendo 
ainda cadete. Eu também me encontrei com Velasco uns anos antes, em de-
zembro de 1971, regressando de minha visita ao Chile da Unidade Popular e 
de Salvador Allende. Velasco fez reformas importantes, mas cometeu erros. 
Chávez analisou esses erros e soube evitá-los.  »

Entre as muitas qualidades do Comandante venezuelano, Fidel sublinhou 
uma em particular: « Soube formar toda uma geração de jovens dirigen-
tes; a seu lado adquiriram uma sólida formação política, o que se revelou 
fundamental depois do falecimento de Chávez, para a continuidade da re-
volução bolivariana. Aí está, em particular, Nicolás Maduro com sua firme-
za e sua lucidez que lhe permitiram ganhar brilhantemente as eleições de 
8 de dezembro. Uma vitória capital que o afiança em sua liderança e dá 
estabilidade ao processo. Mas em torno de Maduro há outras pessoalida-
des de grande valor como Elías Jaua, Diosdado Cabello, Rafael Ramírez, 
Jorge Rodríguez... Todos eles formados, às vezes desde muito jovens, 
por Chávez. »

Nesse momento, se somou à reunião seu filho Alex Castro, fotógrafo, 
autor de vários livros excepcionais . Se pôs a tirar algumas imagens « para 
recordação » e se eclipsou depois discretamente.

Também falamos com Fidel do Irã e do acordo provisório alcançado em 
Genebra, no último dia 24 de novembro, um tema que o Comandante cu-
bano conhece muito bem e que desenvolveu em detalhe para concluir dizen-
do: « O Irã tem direito a sua energia nuclear civil. » Para em seguida advertir 
do perigo nuclear que corre o mundo pela proliferação e pela existência de 
um excessivo número de bombas atômicas em mãos de várias potências 
que « têm o poder de destruir várias vezes nosso planeta ».

Preocupa-o, há muito tempo, a mudança climática e me falou do risco que 
representa a respeito o relançamento, em várias regiões do mundo, da ex-
ploração do carvão com suas nefastas consequências em termos de emis-
são de gases de efeito estufa: « Cada dia, me revelou, moerem umas cem 
pessoas em acidentes de minas de carvão. Uma hecatombe pior que no sé-
culo XIX... »

Continua interessando-se por questões de agronomia e botânica. Me mos-
trou uns frascos cheios de sementes: « São de amoreira, me disse, uma 
árvore muito generosa da qual se pode tirar infinitos proveitos e cujas folhas 
servem de alimento para o bicho da seda... Estou esperando, dentro de um 
momento, um professor, especialista em amoreiras, para falar deste assun-
to. »

« Vejo que você não para de estudar. », lhe disse. « Os dirigentes políticos, 
me respondeu Fidel, quando estão ativos carecem de tempo. Nem sequer po-
dem ler um livro. Uma tragédia. Mas eu, agora que já não estou na política ati-
va, me dou conta de que tampouco tenho tempo. Porque o interesse por um 
problema te leva a interessar-te por outros temas relacionados. E assim vais 
acumulando leituras, contatos e, de repente, te dás conta que te falta o tempo 
para saber um pouco mais de tantas coisas que gostaria de saber... »
As duas horas e meia passaram voando. Começava a cair a tarde sem crepús-
culo em La Habana e o Comandante ainda tinha outros encontros previstos. 
Me despedi com carinho dele e de Dalia. Particularmente feliz por ter constata-
do que Fidel continua tendo seu espetacular entusiasmo intelectual.