A Bolívia mostra avanços na luta contra a fome
Héctor Miranda
Correspondente/La Paz
Héctor Miranda
Correspondente/La Paz
OS 70 legisladores de vinte países da região que participaram do 4oFórum da Frente Parlamentar contra a fome na América Latina e o Caribe, retornaram aos seus países com a certeza de que a Bolívia trabalha com determinação para extirpar a fome, uma das mazelas que padece sua população.
A reunião, que teve sessões durante dois dias na cidade de Santa Cruz de la Sierra, no oriente do país, permitiu conhecer os planos do governo do presidente Evo Morales para melhorar a alimentação do povo, como parte dum projeto, em longo prazo, sem descurar ações no presente.
A partir da inauguração, na qual participou o vice-presidente Álvaro García Linera, enfatizou-se na importância de outorgar poder de determinação às organizações camponesas e aos pequenos produtores agropecuários disseminados pelo país todo.
García Linera ressaltou a importância de trabalhar para atingir a soberania alimentar, mas salientou que isso "requer de decisões políticas, transformação do sistema produtivo e dar maior poder às organizações sociais camponesas originárias no controle dos processos produtivos".
Linera se referiu, ainda, à importância de diversificar as culturas, depois que a colonização da América Latina aniquilasse os conhecimentos científicos, a engenharia, biotecnologia e astronomia herdados das civilizações com grande desenvolvimento agrícola e hidráulico, entre elas a dos incas.
Lembrou, igualmente, que a capitalização impôs na América Latina um regime de economia alimentar, sujeito ao livre mercado e ao lucro.
Quando o presidente Evo Morales assumiu o poder, a inícios de 2006, quatro dos 11 milhões de bolivianos tinham fome; uma quantia que caiu à metade até agora, mas que não satisfaz àqueles responsáveis por reger os destinos do país e facilitar melhores condições de vida aos seus povoadores.
Os dois milhões de famintos que ainda restam na Bolívia fazem parte dos 30 milhões que ainda se deitam com fome na América Latina, ou de 1,2 bilhão que há no mundo, um problema que cada vez parece mais difícil de resolver.
A BOLÍVIA, A ÁGUA E A AGENDA DO BICENTENÁRIO
Os primeiros passos para dar uma virada à situação começaram a ser dados no próprio ano 2006 e foram fixando-se com o tempo, com a consciência de que era necessário conquistar a soberania alimentar, a partir da democratização da terra e fortalecendo a maltratada economia camponesa.
O governo distribuiu tratores e outras ferramentas agrícolas, sementes e adubos e orientou fortes transferências para fomentar a produção de alimentos, à margem do apoio que recebem as grandes empresas agroindustriais.
Por outro lado, chegou aos recantos mais afastados do país com o programa Minha Água (Mais Investimento pela Água), que já vai por sua terceira edição, com o objetivo de garantir o referido líquido a todas as comunidades e não apenas para beber ou para o gado, mas também para aumentar as produções e possibilitar que os que vivem da terra possam realizar suas colheitas sem a incerteza de depender das chuvas, muitas vezes caprichosas.
O presidente Evo Morales reiterou, mais de uma vez, que conhece camponeses que antes colhiam um produto qualquer só uma vez por ano. E agora, com as bondades dos sistemas de rega, podem realizar várias colheitas.
A Bolívia implementou, também a partir de 2012, um seguro agrícola para proteger a economia dos pequenos produtores frente aos desastres naturais, com uma compensação de 1.000 bolivianos (145 dólares) para cada hectare.
Tudo isso se insere nos chamados pilares da Agenda Patriótica de 2025, uma estratégia encaminhada a resolver problemas vitais do país para o segundo centenário da independência da Bolívia e cujos objetivos coincidem com o tema central do Fórum, convocado para debater, trocar experiências e conhecer quais foram os avanços que teve a Bolívia no tema alimentar. (Extraído do Orbe)
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