Em 1944, a Holanda estava ocupada pelos nazistas há quatro anos. Os aliados haviam desembarcado na França (o "Dia D"), e libertado aquele país e a Bélgica. Para entrarem na Alemanha e chegarem a Berlim antes dos russos teriam que cruzar a Holanda, e para isso era preciso retomar as pontes sobre o rio Reno e outros, abrindo um corredor e empurrando as tropas alemãs.
A célebre ponte de Arnhem, sobre o Rio Reno.
Para realizar o objetivo foi montada a Operação Market-Garden, em duas frentes: Market (Mercado), seria o lançamento de 10 mil paraquedistas ingleses e poloneses nas imediações da ponte de Arnhem; Garden (Jardim), o avanço por terra do II Exército, norte-americano, que estava na Bélgica, na fronteira com a Holanda.
Imaginava-se que não haveria grande resistência, pois os alemães já estavam em retirada desde o desembarque aliado na Normandia. Mas tudo deu errado: por condições climáticas na Grã-Bretanha, os mil aviões envolvidos e os 600 planadores transportando carros de combate e todo tipo de munição e suprimentos, tiveram que dividir as decolagens em três dias. Foi impossível colocar os paraquedistas muito perto da ponte, e eles acabaram se lançando sobre as clareiras desta região, a 11 quilômetros do alvo.
Apenas um grupo de cerca de 250 homens conseguiu chegar à ponte, onde combates sangrentos mataram muitos dos dois lados. Cercados, os aliados passaram dias esperando que as tropas americanas chegassem do sul, mas isso não acontecia, e foi ordenada a retirada. Muitos tentaram cruzar o rio a nado ou em botes, mas foram alvo fácil para os alemães, abrigados nas partes altas das cidades.
Esta é a Batalha recordada hoje com muita emoção aqui em Arnhem, onde estamos.
Algumas fotos tiradas pela TV, do nosso hotel:
Veteranos vêem da Grã-Bretanha, Polônia e Estados Unidos.
Tropas homenageiam os veteranos, com os hinos dos países aliados que aqui combateram, generais dos vários exércitos depositam coroas de flores, e o público observa tudo em respeitoso silêncio.
Este coronel britânico participou da Batalha de Arnhem. Ele diz à repórter que não teve importância, e que fizeram o possível para libertar a Holanda e chegar a Berlim antes do Natal de 44, o que abreviaria a Guerra em seis meses. "Mas fracassamos", diz com comovente tristeza.
Algumas centenas de paraquedistas dos países aliados saltam em homenagem a seus antecessores que aqui pularam para a luta, e para a morte quase certa. Em 1944, o céu ficou coalhado de paraquedas, com 10 mil saltos, de mil aviões e 600 planadores
Hoje, os paraquedistas utilizam uniformes e paraquedas de modelo antigo, como os usados em 1944, na terrível Batalha de Arnhem. E nas estradas da região, vejo muitos jipes, caminhões, motocicletas, de colecionadores e filhos de militares da II Guerra, que os dirigem trajando uniformes de época. É muito bonito, e muito respeitoso.
Impossível não pensar nos 500 pracinhas que o Brasil perdeu naquela Guerra. Lembro-me especialmente daqueles de Taubaté, que foram os primeiros a desembarcar na Itália. Alguns deles pude conhecer, já idosos, e os filmei num dia 8 de Maio em Taubaté, para o Jornal Nacional da TV Globo. Foi legal porque Cid Moreira anunciou primeiro a cerimônia no Aterro do Flamengo, com imagens coloridas de muitos generais da ditadura, nenhum dos quais esteve em guerra alguma, apenas combatiam brasileiros aqui dentro do país. Dali passou-se a São Paulo, com cerimônia semelhante, tudo em cores. E finalmente entrou Taubaté, com imagens preto-e-branco, as faces cansadas daqueles velhinhos, boa parte deles empregados de favor pelos Correios, todos humildes. Só que esses eram os verdadeiros heróis...
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