O slogan da revista é "Free enterprise with every copy" (Empreendedorismo livre em cada exemplar") e ela se considera "um baluarte do liberalismo clássico". Quando lançada, em 5 de agosto de 1843, anunciava sua linha editorial: "defensa do livre comércio, do internacionalismo e da mínima interferência do governo, especialmente nos negócios do mercado". Seus criadores foram empresários têxteis de Manchester, que desejavam fim de barreiras comerciais, baixos impostos e nenhuma regulação das relações trabalhistas. De 1861 a 1877, foi dirigida pelo banqueiro Walter Bagehot, genro do primeiro-ministro Wilson.
Em 1967, lançou uma edição em espanhol que fracassou e foi fechada três anos depois. Em 2001 sofreu reforma gráfica, passando a usar cores.
Hoje tem tiragem de 1,6 milhão de exemplares e quatrocentos funcionários dos quais 75 jornalistas, dois terços baseados em Londres.
Capa desta semana da revista liberal "The Economist", como circula aqui na Europa.
A matéria de abertura do caderno especial sobre o Brasil é de Helen Joyce, correspondente em São Paulo, e é ilustrada com a foto do Cristo Redentor voando em parafuso (deve ser a capa da edição que circula no Brasil, tão festejada pela mídia direitista local, que torce por um desastre econômico, social e político - na edição internacional, a foto aparece com uns 3 x 3 centímetros, repetida na página de índice, com o mesmo tamanho reduzido). Assim começa o texto:
"Quatro anos atrás, esta revista publicou na sua capa uma foto da estátua do Cristo Redentor subindo como um foguete da montanha do Corcovado, no Rio de Janeiro, com a epígrafe "Brasil decola". A economia estabilizada por Fernando Henrique Cardoso em meados dos anos 1990, acelerou sob Luis Inácio Lula da Silva, no começo dos anos 2000. Ela oscilou quase nada depois do colapso do Lehman Brothers em 2008 e em 2010 cresceu 7.5%, sua performance mais forte em um quarto de século. Para aumentar a mágica, Brasil foi premiada com a Copa do Mundo do próximo ano, e com os Jogos Olímpicos de verão em 2016. Com a força disso tudo, Lula persuadiu os eleitores no mesmo ano a escolherem como presidente sua tecnocrata protegida, Dilma Rousseff".
APOSENTADORIAS GENEROSAS
Um dos problemas apontados pela revista liberal são as aposentadorias no Brasil, que ela julga "absurdamente generosas":
"Mas o Brasil fez muito pouco para reformar seu governo nos anos de boom. Não está sòzinho nisso: a Índia teve chance similar e a perdeu. Mas o setor público no Brasil impõe um peso particular sobre seu setor privado, como nossa reportagem especial explica. Empresas enfrentam o código fiscal mais elevado do mundo, e os impostos elevam os salários pagos em 58%, e o governo inverteu suas prioridades de gastos.
"Compare as aposentadorias e a infraestrutura. Aquelas são absurdamente generosas. O brasileiro médio pode esperar uma pensão de 70% do salário, aos 54 anos. (...) Apesar de ser um país jovem, Brasil gasta uma fatia da renda nacional em aposentadorias igual à do sul da Europa, onde a população idosa é três vezes maior. Em contraste, apesar das dimensões continentais do país e más vias de transporte, seus gastos em infraestrutura são pequenos como um biquini fio-dental. Gasta apenas 1,5% do PIB em infraestrutura, comparado a média mundial de 3,8%, enquanto seu estoque de infraestrutura é avaliado em apenas 16% do PIB, comparado aos 71% em outras grandes economias. (...) Em Mato Grosso, um produtor de soja gasta 25% do valor do produto para levá-lo até um porto; a proporção em Iowa (Estado dos EUA) é de 9%".
(...)
Eleição difícil para Dilma, diz a revista, no mesmo dia em que as pesquisas lhe dão ampla e crescente vantagem...
DESCONFIANÇA DO DEUS MERCADO:
"Esses problemas se acumularam ao longo de gerações. Mas a Sra. Rousseff não quis ou não foi capaz de enfrentá-los, e criou novos problemas interferindo muito mais do que o pragmático Lula. Ela afastou investidores de projetos de infraestrutura e minou a reputação conquistada com dificuldade do Brasil ter uma retitude macroeconômica, ordenando publicamente que o Banco Central baixasse os juros. (...) Em lugar de admitir que não atinge suas metas fiscais, o governo recorreu a contabilidade criativa. A dívida pública bruta subiu a 60-70% do PIB - dependendo do cálculo - e os mercados não confiam na Sra. Roussef".A VELHA RECEITA NEOLIBERAL:
"Segundo, é preciso fazer os negócios no Brasil mais competitivos e encorajar o investimento. O jeito de fazer isso não é, como pensa o governo, proteger empresas, mas expô-las a mais competição estrangeira ao mesmo tempo em que se invista mais fortemente para eliminar os auto-inflingidos obstáculos internos. (...) Economias mais dinâmicas na América Latina fizeram acordos bilaterais de comércio. Brasil escondeu-se atrás do Mercosul, um bloco regional que inclinou-se para posições comerciais esquerdistas, e a moribunda Rodada de Doha comprova isso. É preciso se abrir".
A foto do Cristo perdido aparece no índice, 3 x 3 cm.
Em um ano, a Sra. Rousseff enfrenta eleição na qual vai buscar um segundo mandato de quatro anos. Pelos seus antecedentes, os eleitores do Brasil têm pouca razão para dar-lhe isso. Mas ela tem tempo para começar a fazer as reformas necessárias, contornar obstáculos, fundir ministérios e limitar gastos públicos. O Brasil não está fadado ao fracasso; se a Sra. Rousseff puser as mãos no acelerador, ainda há chances de decolar de novo".
A matéria de abertura, aqui mencionada.
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