247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, discordou da entrevista concedida pelo seu colega, o decano Celso de Mello que, em entrevista à Folha de S. Paulo, nesta quinta-feira (26), disse ter sido alvo de uma "brutal pressão" da mídia nos dias que antecederam seu voto sobre os embargos infringentes para 12 dos 25 condenados no julgamento da AP 470.
"Não é pressão, o que há é manifestação, a manifestação da sociedade, também o que é veiculado pela mídia. E logicamente nós não vivemos encastelados. É natural e ele próprio (Celso de Mello) reconheceu que um integrante do Supremo tem que estar sensível ao que é estampado nos veículos de comunicação ou o que é pretendido pela sociedade. Agora, o nosso compromisso maior é com o direito posto. A nossa atuação é uma atuação vinculada, especialmente à Constituição", disse.
O QUE CELSO DE MELLO DISSE
De acordo com o decano Celso de Mello, "nunca a mídia foi tão ostensiva para subjugar um juiz". No fim de semana que antecedeu a votação decisiva sobre os embargos infringentes, a revista Veja, da Editora Abril, produziu uma capa em que ameaçou crucificar o ministro Celso de Mello, caso ele não votasse em linha com os interesses da revista da família Civita.
O tiro disparado da Marginal Pinheiros, sede da Abril, em São Paulo, contra o STF, no entanto, saiu pela culatra. "Essa tentativa de subjugação midiática da consciência crítica do juiz mostra-se extremamente grave e por isso mesmo insólita", disse ele à jornalista Mônica Bergamo, da Folha, numa entrevista que também foi reproduzida pelo jornal Integração, de Tatuí (SP), sua cidade natal.
"Há alguns que ainda insistem em dizer que não fui exposto a uma brutal pressão midiática. Basta ler, no entanto, os artigos e editoriais publicados em diversos meios de comunicação social (os 'mass media') para se concluir diversamente! É de registrar-se que essa pressão, além de inadequada e insólita, resultou absolutamente inútil", afirmou ele, que também falou à própria Folha para confirmar o teor da entrevista.
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