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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

KIRSCHNER CHAMA DE IDIOTA QUEM QUER VOLTAR A 2003

Cristina Kirchner: ‘Lembremos o que éramos em 2003 para não sermos idiotas’

Ao lado de Lula, durante inauguração de hospital em Buenos Aires, presidenta da Argentina cita avanços sociais na América do Sul e alerta sobre esforço do conservadorismo por retorno ao neoliberalismo
por Redação da RBA publicado 09/09/2015
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RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA
Lula
Governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, aponta placa de hospital que homenageia ex-presidente Lula
São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, criticou hoje (9), ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, os especuladores que culpam países em desenvolvimento pela extensão crise econômica mundial. A declaração foi feita em Buenos Aires, durante a inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no distrito de José C. Paz, província de Buenos Aires. O hospital leva o nome do ex-presidente brasileiro.
Ontem (8), em sua conta no Twitter, a presidenta argentina havia criticado a transferência da responsabilidade da crise econômica para os países em desenvolvimento. “O mundo foi arrastado para a crise de 2008, pela especulação financeira, e nunca se recuperou. O que têm a ver os Brics? Fora o papel de vítimas, não lhes cabe nenhuma outra qualificação”, disse a presidenta.
Em sua fala de hoje, Cristina ressaltou a importância da integração latino-americana e afirmou que enquanto as nações ricas são “praças de especulação financeira”, países como Brasil e Argentina são economias que buscam se consolidar como “praças de produção”. Apesar disso, advertiu que “se observa em toda região, em toda América do Sul, um intento de voltar às políticas neoliberais” que levaram “ao fracasso, à fome e ao desemprego.”
“Peço a cada argentino que, com sua história, sua identidade, suas ideias, pense um instante no que era 2003, não para olhar para o passado como um fiscal, mas para não sermos idiotas, não nos equivocarmos e para que não voltemos a cometer os mesmos erros”, disse. Ela pediu que Lula seja um embaixador ante os países membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), para que a Argentina possa se somar ao bloco.
Cristina também criticou a postura dos países europeus que fecham as fronteiras para os refugiados de países em guerra. “Somos um país de imigrantes e não quero que nos pareçamos com os que deixam pessoas morrerem em barcos, quero ser como nós somos: solidários, trabalhadores, porque aí está o futuro.”
Assista a vídeos com falas de Lula e de Cristina Kirchner

Heroína

Em seu discurso, Lula comparou as dificuldades enfrentadas por Cristina Kirchner e afirmou que a colega terminará o mandato como uma heroína.
"Espero, Cristina, que o projeto que começou a construir em 2003 (o ex-presidente argentino) Néstor Kirchner e que você continuou, possa ser concluído e continuado, por meio da eleição de outro candidato que leve a frente esse projeto que mudou a história da Argentina”, disse Lula. “Foi junto com Kirchner, com Cristina, com (Hugo) Chávez (ex-presidente da Venezuela), com Evo Morales (presidente da Bolívia), com (Rafael) Correa (presidente do Equador) que nós enterramos a Alca (Área de livre comércio das Américas) aqui em Mar del Plata e fortalecemos o Mercosul.”
O ex-presidente agradeceu a homenagem e lembrou que os modelos de UPA surgiram no Rio de Janeiro e se estenderam por todo o Brasil nos últimos 12 anos. "Fizemos 444 unidades e vamos chegar a 918", disse. "É uma maneira de evitar que as populações mais pobres tenha de se deslocar a hospitais distantes para recorrer a atendimento. A UPA fazem com que 95% das pessoas prescindam de hospital", afirmou Lula.
"Em dois temas a Argentina e o Brasil ainda não chegaram em um acordo: se Maradona é melhor que Pelé e se Messi é melhor que Neymar”, brincou Lula, arrancando risos do auditório. “No futebol nós ainda temos divergências, mas no comércio e nas relações políticas eu tenho orgulho de dizer que Brasil e Argentina construíram a mais importante relação entre os dois países e se os dois continuarem unidos, a América Latina estará unida.”
O governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, candidato a presidente apoiado por Cristina Kirchner e líder nas pesquisas para as eleições de outubro, agradeceu a Lula pela experiência das UPA: "Trouxemos essa experiência do Brasil, que enfrentou o mesmo problema de ter ser seu principais hospitais instalados longe das periferias".
Com informações da Agência Télam
http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2015/09/ao-lado-de-lula-cristina-kirchner-critica-quem-culpa-paises-emergentes-por-crise-7009.html

quinta-feira, 16 de julho de 2015

MESTRE BOSI EXPLICA PALAVRAS DO PAPA AO PHA E A TODOS NÓS

Bosi e o Papa:
a economia do lucro mata !

O Papa retoma os princípios básicos da Teologia da Libertação.
Para o professor Bosi, os movimentos sociais oxigenam a Democracia


Conversa Afiada entrevistou por e-mail o professor Alfredo Bosi sobre o pronunciamento do Papa aos Movimentos Sociais na Bolívia e a Encíclica Laudato Si’.

Bosi é um dos maiores pensadores e ensaístas brasileiros.

Conversa Afiada se orgulha de entrevistá-lo.


PHA – A mensagem de Francisco I aos Movimentos Populares, na Bolívia,  inova o pensamento social da Igreja em relação à Rerum Novarum e a Pacem in Terris ?

- Quando ele fala em

“esterco do diabo”;

“reina ambição desenfreada do dinheiro”;

“o capitalismo é uma ditadura sutil”;

“o novo colonialismo”;

“o poder anônimo do ídolo do dinheiro”

é uma condenação frontal, inequívoca ao capitalismo que se pratica hoje, no Brasil e nos Estados Unidos, ou, como li de um padre americano, “uma critica ao capitalismo sem freios”, sem condená-lo na essência ?


Bosi -  As expressões do papa Francisco não deixam margem a dúvidas Trata-se de uma condenação formal a todo tipo de economia centrada exclusivamente no lucro e não na pessoa humana. Essa economia “mata” – é o verbo usado pelo papa – e tem um nome conhecido. Chama-se capitalismo, hoje globalizado. O papa não está, a rigor, inovando: apenas retoma a frase incisiva de Cristo: “Não se pode servir a dois senhores: ou servir a Deus ou servir às riquezas” (Mateus, 6, 24). As versões mais antigas do Novo Testamento, gregas e latinas, assim como a de Lutero e a inglesa do King James, não dizem “riquezas”, mas “Mammon”, uma divindade arcaica, pré-cristã, que personificava o apego idolátrico ao dinheiro. Nas versões modernas, inclusive na da Bíblia de Jerusalém, preferiu-se falar em “riquezas”, ou diretamente a “dinheiro”. Os leitores estranhariam a referência a Mammon. Mas, a rigor, “esterco do diabo” é bem expressivo, e a própria psicanálise freudiana sempre associou a paixão pelo dinheiro à regressão ao estágio anal…

Não sei quem é esse “padre americano”, que vestiu a carapuça. O fato é que as encíclicas de João 23 e Paulo VI estão voltadas para o uso social da propriedade, que inclui a reforma agrária, o direito à habitação e ao emprego, Terra, Teto, Trabalho.  Recomendo a crentes e céticos, isto é, a todos os homens e mulheres de boa vontade, que leiam a encíclica de Paulo VI, Sobre o desenvolvimento dos povos,  ”Populorum Progressio”, lançada em 1967.  O texto já condena o colonialismo financeiro e a ingerência indevida dos países ricos nas políticas internas dos povos em desenvolvimento. Quem inspirou e praticamente redigiu essa encíclica foi o dominicano Pe. Lebret, fundador do movimento “Economia e Humanismo”, grande amigo do Brasil onde influiu no nascente catolicismo de esquerda dos anos 50 e 60.



PHA – O Papa Francisco I é um teólogo da libertação ?
Bosi – Francisco não é um teólogo profissional. Mas a sua doutrina social retoma os princípios básicos da Teologia da Libertação, que agora pode reviver sem receio de trancas institucionais. 


PHA – Quando ele diz que “os movimentos sociais” são “poetas sociais: criadores de trabalho, construtores de casas, produtores de alimentos, sobretudo para os descartados pelo mercado global” – e considera que eles tem um “papel essencial” na tarefa de “pôr a economia ao serviço do povo” – isso pode ser interpretado como um reconhecimento de que esses movimentos são instrumentos de renovação mais poderosos que os partidos políticos ?
Bosi – Quanto à ênfase nos movimentos sociais e populares, evidente no discurso do papa, significa uma saudável desconfiança em relação à grande maioria dos partidos políticos que se converteram em toda parte em entidades burocráticas voltadas sobretudo para se manterem no poder ou para alcançar o mesmo poder a todo e qualquer custo. Os movimentos sociais populares oxigenam a democracia e a tornam mais participativa. 

PHA – Por que ele se refere a uma “Patria Grande”, ao tratar da América Hispânica ?
Bosi – Pátria Grande é uma expressão usada para unir moralmente os povos latino-americanos  em torno de características e problemas comuns aos países da América do Sul e Central. Como sacerdote argentino e portanto latino-americano, o papa Francisco não pode deixar de ser sensível às dificuldades sofridas por esses povos que, embora já livres do colonialismo ibérico, não ficaram de todo livres dos colonialismos contemporâneos. É uma palavra  de solidariedade que deveria estender-se a todos os povos do planeta, aspiração que já estava explícita na encíclica Pacem in Terris, de João 23, que em 1963 advertia os estados contra o armamentismo e os males da Guerra Fria, que, infelizmente, ainda nos infelicitam. 


PHA – Sobre a Encíclica Laudate Si’: é próprio concluir que os ricos são os que poluem e os pobres as maiores vitimas da poluição? Não é uma simplificação, que, por exemplo, omite a responsabilidade da classe média na destruição do meio ambiente – com esse “consumismo descartável” – e, ao mesmo tempo, os efeitos dessa destruição sobre a classe média ?
Bosi – A encíclica Laudato si’ , cujo título repete o primeiro verso da belíssima oração de São Francisco, tem uma destinação planetária. É sabido que todas as nações poluem a Terra, umas mais intensamente, como os Estados Unidos e a China, outras menos em virtude de sua menor capacidade de emitir CO2.  Por isso, todos somos responsáveis. Por isso, papa Francisco fala em defesa da nossa “casa comum”. As classes médias, no seu anseio de imitar as classes altas, são, ao mesmo tempo, culpadas e vítimas do consumismo, um dos alvos constantes do discurso do papa. 


PHA – A Mãe Terra de Francisco de Assis tem salvação ?
Bosi – Não tenho competência para prever se a nossa Mãe Terra, tão amada por Francisco de Assis, terá salvação ou já esteja condenada à destruição. De todo modo, o papa nos pede insistentemente que façamos o nosso dever de defendê-la, cumprindo as decisões das várias conferências ecológicas mundiais, que tantas vezes ficaram apenas no papel. 


Em tempo: a oração Laudato si’, de São Francisco de Assis:

Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,
a ti o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.
A ti só, Altíssimo, se hão-de prestar
e nenhum homem é digno de te nomear.
Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão Sol,
o qual faz o dia e por ele nos alumias.
E ele é belo e radiante, com grande esplendor:
de ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Lua e as Estrelas:
no céu as acendeste, claras, e preciosas e belas.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Vento
e pelo Ar, e Nuvens, e Sereno, e todo o tempo,
por quem dás às tuas criaturas o sustento.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Água,
que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Fogo,
pelo qual alumias a noite:
e ele é belo, e jucundo, e robusto e forte.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã a mãe Terra,
que nos sustenta e governa, e produz variados frutos,
com flores coloridas, e verduras.
Louvado sejas, ó meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor
e suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados aqueles que as suportam em paz,
pois por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, ó meu Senhor, por nossa irmã a Morte corporal,
à qual nenhum homem vivente pode escapar:
Ai daqueles que morrem em pecado mortal!
Bem-aventurados aqueles que cumpriram a tua santíssima vontade,
porque a segunda morte não lhes fará mal.
Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças
e servi-o com grande humildade…
http://www.conversaafiada.com.br/economia/2015/07/16/bosi-e-o-papa-a-economia-do-lucro-mata/

sexta-feira, 10 de julho de 2015

O PAPA CRITICA CAPITALISMO EM SANTA CRUZ, CORAÇÃO DOS COXINHAS DA BOLÍVIA!


Em discurso anticapitalista, Francisco prega "mudança de estruturas"




No discurso mais político em pouco mais de dois anos de pontificado, o papa Francisco defendeu nesta quinta-feira (9) uma "mudança de estruturas" mundial, chamou o capitalismo de "ditadura sutil" e exortou os movimentos sociais a realizar "três grandes tarefas" na economia, na união entre os povos e na preservação do ambiente.
"Reconhecemos que este sistema impôs a lógica dos lucros a qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza?", perguntou o papa a algumas centenas de representantes de movimentos sociais de vários países, entre os quais o MST, sem-teto, indígenas e quilombolas brasileiros,durante o 2º Encontro Mundial de Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia).
"Se é assim, insisto, digamos sem medo: queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema já não se aguenta, os camponeses, trabalhadores, as comunidades e os povos tampouco o aguentam. E tampouco o aguenta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia são Francisco", completou o papa no encontro, realizado no auditório da Expocruz (feira agropecuária de Santa Cruz).
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/07/1653938-em-discurso-anticapitalista-francisco-prega-mudanca-de-estruturas.shtml

NA BOLÍVIA, PAPA DEFENDE JUSTIÇA SOCIAL E CRITICA GANÂNCIA

Desnorteada com o discurso do Papa na Bolívia, mídia foca em crucifixo

publicado em 10 de julho de 2015 às 00:13
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As fotos escolhidas pelos editores para ilustrar a entrega do crucifixo, ao contrário da que aparece acima, buscam mostrar o papa Francisco supostamente contrariado.
Da Redação
O Papa Francisco fez um discurso anticapitalista ontem na Bolívia, referindo-se ao sistema econômico como “ditadura sutil”.
Foi no Segundo Encontro Mundial de Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra.
“A distribuição justa dos frutos da terra e do trabalho humano não é mera filantropia. É um dever moral”, afirmou.
Também disse que a concentração da mídia é instrumento de “colonialismo ideológico”, pois “a concentração monopólica dos meios de comunicação social pretende impor pautas alienantes de consumo e certa uniformidade cultural”.
O papa pregou “mudança de estruturas” e disse que mesmo entre a elite econômica que se beneficia do sistema “muitos esperam uma mudança que os libere dessa tristeza individualista que os escraviza”.
Para João Pedro Stélide, líder do Movimento dos Sem Terra, que estava presente, o discurso do papa foi “irretocável”, ao atacar a busca do lucro sem considerações sociais e ecológicas como um dos grandes problemas da atualidade.
O colunismo brasileiro preferiu focar no presente inusitado que o presidente da Bolívia, Evo Morales, deu a Francisco: um Cristo crucificado em foice e martelo.
Na Folha, Igor Gielow chamou de “aberração” sem explicar a origem do presente.
É a reprodução de uma escultura do sacerdote espanhol Luis Espinal, que tinha ligação com movimentos sociais bolivianos e foi assassinado por paramilitares em 1980.
Fez parte da programação do papa em solo boliviano uma homenagem a Espinal, que era jesuíta como o atual pontífice.
O governo boliviano desmentiu oficialmente boatos disseminados pelas redes sociais segundo os quais o Papa teria manifestado desconforto ao receber o presente.
Francisco, segundo difundido por parte da mídia boliviana, teria dito “não se faz isso” ao receber o presente, quando o áudio deixa claro que ele afirma “não sabia disso” ao ouvir a explicação de Evo Morales sobre a escultura.
Em outras palavras, a direita midiática boliviana pirou com o progressismo de Francisco e, por extensão, a brasileira.
http://www.viomundo.com.br/denuncias/desnorteada-com-o-discurso-do-papa-na-bolivia-midia-foca-em-crucifixo.html

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

MARINA APÓIA AÉCIO MAS NÃO LEVA MAIORIA DO SEU PARTIDO-PROVISÓRIO

LIDERANÇAS DO PSB 

APOIAM DILMA 

POR TODO O BRASIL


Por: Equipe Dilma Rousseff -  - Atualizado em 10/10/2014 - 17h09

Lideranças do PSB, por todo o Brasil, mobilizam-se para distanciar-se da candidatura de Aécio Neves. A deputada federal Luiza Erundina (PSB), que foi coordenadora da campanha de Marina no primeiro turno, deixou clara a insatisfação com algumas declarações de seu partido, oriundas da crise que, segunda ela, divide a legenda. "É vexatório declarar voto para uma candidatura conservadora", afirmou.

Por isso, muitas outras lideranças do partido concordam com ela e, por todo o Brasil, fazem questão de expressar seu apoio à candidatura de Dilma. Nesta sexta (10), foi a vez do PSB da Bahia anunciar seu apoio conjunto a Dilma. O mesmo já tinha acontecido com o PSB do Rio de Janeiro. Roberto Amaral, presidente nacional do PSB, declarou: “Eu sou fundador do PSB. Tenho 74 anos. Minha identidade ideológica é com a esquerda. Não tenho mais como mudar”.

O presidente do PSB no Amapá, senador João Capiberibe, contrariou a executiva nacional e votou a favor da aliança com Dilma. Na Paraíba, o governador Ricardo Coutinho (PSB), que disputa o segundo turno no Estado, também fez questão de subir ao palanque de Dilma e apoiar a reeleição da presidenta.
Marília Arraes, prima de Eduardo Campos e vereadora pelo PSB em Recife, também está com Dilma neste segundo turno. Em um post no Facebook, ela relembrou o histórico de esquerda e de lutas sociais do seu partido e do seu avô, o ex-governador Miguel Arraes. Clique AQUI para ler.

Aliás, dez dos 13 governadores escolhidos pelo povo em primeiro turno também estão com Dilma. Assista aqui ao vídeo de apoio gravado por eles.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

NEM PRESIDENTE DO PARTIDO-CARONA DA MARINA CONHECE O PROGRAMA DA CANDIDATA!!!

terça-feira, 1 de abril de 2014

URUGUAI DO SOCIALISTA PEPE MUJICA CRESCEU 4,4% EM 2013!

Economía uruguaya registró un crecimiento acumulado de 4,4% en el 2013

La economía uruguaya registró un nuevo incremento en la tasa de crecimiento interanual del Producto Bruto Interno (PBI) del cuarto trimestre que alcanzó al 4,6%, equivalente a una tasadesestacionalizada de 2,0%. En el año 2013 se acumuló un crecimiento de 4,4% en el nivel de actividad en relación al año anterior.

Este miércoles el Banco Central del Uruguay (BCU) presentó el informe de cuentas nacionales correspondiente al año 2013.
En el informe se presentan los resultados sobre la evolución del nivel de actividad económica en el país, en primer lugar, referidos al cuarto trimestre del año 2013, para el cual se analizan los mismos tanto desde el enfoque de la producción como por componentes del gasto final.
En términos desestacionalizados, el PBI del cuarto trimestre registró “un incremento de 2,0% en relación con el trimestre inmediato anterior”.
Todas las clases de actividad mostraron una evolución positiva respecto al tercer trimestre, donde los que más inciden son las “Industrias manufactureras, las actividades Agropecuarias, el Transporte, almacenamiento y comunicaciones, y el subsector que agrega a las Otras actividades”.
En términos interanuales, el crecimiento de 4,6% del cuarto trimestre fue el resultado de “un aumento de 4,1% del volumen físico del Valor Agregado Bruto (VAB) a precios básicos y de 6,8% de los Impuestos netos de subvenciones sobre los productos”, se asegura en el informe del BCU.
También se afirma que “todos los sectores tuvieron un desempeño positivo en este período con excepción del Suministro de electricidad, gas y agua debido a los mayores costos de generación de energía eléctrica”.
Las actividades que más contribuyeron a la generación del valor agregado global fueron Transporte, almacenamiento y comunicaciones tanto por la continua expansión de las telecomunicaciones como por el incremento de los servicios de transporte y Comercio, restaurantes y hoteles, con tasas positivas en los tres subsectores”.

PBI creció 50.4 millones de dólares

Según el informe del Banco Central, el PBI “ascendió” a 1.140.989 millones de pesos en 2013, unos 50.486 millones de dólares.
El aumento completó once años de crecimiento continuo de la economía local, al tiempo que superó el 3,9% de expansión del PBI con el que cerró 2012.
La expectativa de crecimiento del gobierno era de un 4,0%.
http://www.lr21.com.uy/economia/1166690-economia-uruguay-crecimiento-acumulado-44-2013#u

domingo, 23 de março de 2014

BELO DEPOIMENTO DE MEU AMIGO ALMINO AFFONSO

Meu querido e velho amigo Almino Affonso concedeu esta bela entrevista ao jornalista Paulo Totti, sobre os 50 anos do golpe militar. Ele foi ministro do Trabalho do presidente constitucional João Goulart, e líder do PTB, partido governista, na Câmara dos Deputados. Há alguns anos, comecei a escrever uma sua biografia, para o que gravei dezenas de horas de depoimentos, em seu escritório. Dele recebi cópias de todos os seus projetos e pronunciamentos, desde o primeiro mandato, muito antes de 64. Infelizmente, motivos alheios às nossas vontades suspenderam o projeto que ia pela metade. Suas palavras são importantes para recordarmos como foi o golpe que jogou o Brasil na terrível ditadura de 21 anos. E para darmos valor à Democracia afinal conquistada e ainda em permanente construção.


Almino Affonso: a história de quem perdeu


Por Paulo Totti em 18/03/2014 na edição 790
Reproduzido do Valor Econômico, 14/3/2014; intertítulos do OI
Em 10 de abril de 1964, o Brasil soube que Almino Monteiro Álvares Affonso era o inimigo público número 14 da República. Esta foi sua posição na lista de 102 brasileiros que tiveram direitos políticos suspensos por integrar, ou apoiar, segundo registros da época, o governo “comuno-petebo-sindicalista” deposto pelas Forças Armadas entre os dias 31 de março e 2 de abril. João Goulart foi o primeiro. Seguiam-no Jânio Quadros, Luiz Carlos Prestes, Miguel Arraes, Leonel Brizola. O sexto era Rubens Paiva. Celso Furtado, o décimo. Em 9 de abril, o golpismo vitorioso se considerou “autêntica revolução” e se investiu em poder constituinte, conforme o Ato Institucional assinado nesse dia pela junta militar.
O Ato ficou sem número porque os autores não pensaram na hipótese de uma sequência. Mas, em outubro de 1965, veio o AI-2. Depois, o AI-3, o feroz AI-5, até o AI-17, em 1969, além de 104 Atos Complementares, com anexas cassações de mais políticos eleitos, ministros do STF, militares dissidentes e de potenciais candidatos à Presidência, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek e até o ex-governador Carlos Lacerda, líder civil, nos primórdios, do que também se chamou “redentora”.
Almino Affonso testemunhou em Brasília a agonia do regime constitucional. Em 44 horas, ruiu um governo que se considerava forte, confiado em apoio popular despido de organização para a resistência e em dispositivo militar que não agiu nem reagiu.
Aos 85 anos, Almino diz que o golpe foi mais que simples quartelada. “Fez parte da história do século XX, capítulo do entrechoque entre Estados Unidos e União Soviética. Sem considerar a Guerra Fria não se entende o golpe no Brasil.” O ex-deputado amazonense, na época líder do PTB, partido de Jango, rejeita a versão de que o país foi salvo do comunismo iminente. “Os comunistas não tinham como chegar ao poder. Por eleições, nem falar; por luta armada, nem falar; muito menos em aliança com Jango. A que título um proprietário de terras faria aliança que levasse ao comunismo?”
Sobre o fato de Jango abandonar o poder sem luta, é incisivo: “Não se pode chamar de covarde a quem, tendo um canivete, não reage ao ataque de alguém armado com metralhadora”.
– Houve traição, incompetência? O general Argemiro Assis Brasil, chefe da Casa Militar, dizia que armara invencível dispositivo militar para repelir tentativas golpistas.
– Não tenho condições de dizer se houve omissão traiçoeira. Mas houve, no mínimo, incompetência.
“Anulei a portaria”
As reflexões de Almino estão no livro “1964: Na Visão do Ministro do Trabalho de João Goulart”, a ser lançado em noite de autógrafos na Livraria Cultura, em São Paulo, no dia 31. Passados 50 anos, uma conversa com Almino é sempre uma revisita – com redescobertas – à história recente do país.
Bigodes e cabelos levemente grisalhos, glicemia sob controle, ainda vigoroso no vozeirão, no sorriso e na memória, indicou o Ristorante Santo Colomba para este “À Mesa com o Valor”. É casa de comida italiana na região dos Jardins, decoração transplantada de antigo bar do Jockey Club do Rio, com a peculiaridade de não aceitar cartões de crédito ou débito. Almino e o proprietário-chefe-de-cozinha, José Alencar de Souza, mineiro de Montes Claros, são amigos de longa data. Encontram-se no corredor e ali mesmo, de pé, decidem que se servirá no jantar arroz com frutos do mar para três. A fotógrafa Ana Paula Paiva e o repórter assistem. Alencar sugere vinho branco. Almino discorda: “No Chile, virei ‘tintero’, só tomo vinho tinto”. Chegam a feliz acordo. O arroz, perfeito no cozimento, e a textura suave do polvo, dos camarões, da lula, conviveriam em harmonia com o Carmenère.
Traçar o perfil de Almino requer recursos de “flashback”, recuos e avanços. Líder estudantil, candidato a vereador em São Paulo, deputado federal pelo Amazonas, ministro do Trabalho no governo Goulart, cassado, exilado, secretário de Negócios Metropolitanos no governo de Franco Montoro em São Paulo, vice no de Orestes Quércia, candidato a governador, novamente deputado federal e candidato ao Senado. Vitórias e derrotas nas passagens por siglas como PSB, PST, PTB, MDB, PMDB, PSDB e PDT. Às quais se agregaria PT, se frutificasse o flerte com Luiz Inácio Lula da Silva, em 1979/80 – “diálogos com Lula, razão talvez para outro livro”. Aposentado pelos três mandatos de deputado, vive em São Paulo. Sem partido e “inquieto com a falta de representatividade e respeitabilidade de todos os partidos”.
“Fale do que viveu, viu e ouviu naqueles dias”, pede o repórter.
31 de março. O líder do PTB chega à Câmara pela manhã e surpreende-se com tantos deputados nos corredores. “Não sabe? O general Olímpio Mourão Filho, comandante da guarnição de Juiz de Fora, desde as seis horas está em marcha para derrubar o Jango.” Almino liga para o líder do PTB no Senado, Artur Virgílio, pai do hoje prefeito de Manaus. O senador também nada sabe e convida Almino a ir até seu apartamento. De lá, Virgílio telefona para o Palácio das Laranjeiras, no Rio. Almino ouve na extensão. Jango diz que é tudo boato e faz uma pausa. Ouve-se alguém entrar no gabinete. “General”, diz Jango, “o que há de verdade sobre sublevação do Mourão?” Uma voz responde: “Nada, presidente, é um movimento de rotina, comum”. O interlocutor era o general Assis Brasil. “Nada mais, general?”. “Nada mais, presidente, é só isso”. Jango ao senador: “Ouviste, Artur? É mais uma falsidade dessa oposição”.
À tarde, a Câmara inteira está nos corredores. “Entro numa daquelas rodas e digo: ‘De onde vocês tiram tanta fantasia?’ E contei o que ouvi. O sobrinho do Juscelino, deputado Carlos Murilo, me tira da roda e diz: ‘Se o que você disse é jogada do presidente para criar um clima de distensão, não sei se tem utilidade. Mas, se diz isso porque acredita, está perdido. Belo Horizonte está em pé de guerra. O governador Magalhães Pinto assumiu o comando civil do que chamam de revolução, o general Carlos Luiz Guedes, comandante da IV Infantaria Divisionária, sediada em BH, é o comandante militar. Como é que o presidente não sabe disso?”
O presidente não sabia. A conversa com Virgílio foi ao meio-dia e o presidente só soube oficialmente da sublevação às seis da tarde, quando o ministro da Justiça, Abelardo Jurema, interrompeu um despacho e entregou-lhe um bilhete. A essa altura, Mourão estava às portas do Rio. Ainda agora, Almino se exaspera: “Do meio-dia às seis da tarde! Como é que o Assis Brasil, questionado por Jango ao meio-dia, não tomou providências, não se informou? Ligasse a um compadre. ‘Me conta aí, está havendo algo em Minas?’”
À noite, Jango recebe políticos, Juscelino entre eles, que aconselham recuos: “Rompa com os sindicatos”, “demita ministro tal”, “feche a UNE [presidida por José Serra]”. Jango se negava. Na manhã do dia 1º, voa para Brasília, depois de saber que o general Amaury Kruel, comandante do II Exército, até então amigo, além de compadre, aderira à sedição. O general Armando Âncora, substituto do ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, operado de câncer, alega não poder garantir a segurança do presidente no Rio.
Às duas da tarde, Jango chama a uma reunião na Granja do Torto o senador Artur Virgílio e os deputados Tancredo Neves, Doutel de Andrade, Temperani Pereira, Luiz Fernando Bocayuva Cunha e Almino. “Vi o presidente com fisionomia abatida, barba por fazer, terno amarfanhado. Telefona o general Ladário Pereira Teles, comandante do III Exército, e recomenda a ida imediata para Porto Alegre, onde imaginava poder resistir. Jango pede nossa opinião. Tancredo e sucessivamente os demais são a favor. Jango concordou, mas deixou claro que não queria dividir o país e repetiu o que já dissera: ‘Não suporto a hipótese de derramar sangue do povo em nome do meu mandato’”.
Conseguiram o avião mais moderno do país, o Convair 990 da Varig, conhecido como Coronado, 920 quilômetros por hora em voo cruzeiro. Com ele, Jango iria depressa para Porto Alegre. Era começo da noite, aeroporto cheio de aliados civis.
“Detalhe inquietante, o general Nicolau Fico, comandante militar de Brasília, chega de cara amarrada, mal cumprimenta o presidente e retira-se.” Jango vai para o avião, aos poucos as pessoas deixam o aeroporto. “Ficamos, Tancredo, Bocayuva, grande pessoa, meu irmão, e eu. E o avião enorme ali, todo iluminado, não saía do lugar. Já eram dez horas, e nada. Soldados da Aeronáutica fecham o acesso ao pátio do aeroporto. Fiquei com dor no estômago. ‘Tancredo, minha sensação é que vão prender o presidente aqui, na cara da gente’. Disse o Tancredo: ‘Vamos lá falar com o presidente, tomar alguma providência’”.
“Os soldados puseram baioneta na nossa cara. Aí, o Tancredo: ‘Abaixem as armas, somos representantes do povo’. Um coronel nos deixa passar. Jango, com Assis Brasil atrás dele, já descia a escada do avião. Abraça-nos e diz: ‘Pois é, houve uma pane. É o que dizem’. Levaram Jango para um Avro da FAB, turbo-hélice, um aviãozinho. E naquilo foi Jango para Porto Alegre”.
À saída do aeroporto, Tancredo disse: “Há dez anos, participei da última reunião presidida pelo doutor Getúlio. Agora me pergunto se a história se repete e foi a última vez que abracei Jango como presidente”.
“Ô, Tancredo, por que tanto pessimismo?”, disse Almino.
“Vocês são jovens. Acreditam que o Rio Grande tem condições de resistir sozinho.”
À meia-noite, vem o aviso de que o presidente do Senado, Auro Moura Andrade, convocava o Congresso para sessão extraordinária à uma da manhã. “Sentei na primeira fila, ao lado de Tancredo. Auro abre a sessão e lê uma carta do Darcy Ribeiro, chefe da Casa Civil, em que este informava ter o presidente viajado para o Rio Grande do Sul. Encontrava-se, portanto, em território nacional. Ato contínuo, Auro faz o discurso que todos conhecem, diz que o governo está acéfalo e pronuncia as frases célebres: ‘Declaro vago o cargo de presidente da República... O presidente da Câmara dos Deputados, Rainieri Mazilli, assume a Presidência da República’”.
“Tancredo se levanta e grita: “Canalha! Canalha!” E o deputado Rogê Ferreira, do PSB de São Paulo, porte atlético, empurra os seguranças, vai até Auro e cospe nele duas vezes. Desde então, chamo isso de cusparada cívica. Aconteceu entre uma e meia e duas da madrugada de 2 de abril. Esta é a data do golpe”.
Jango chega a Porto Alegre às 3h15. Reúne-se com Ladário e constatam que também as guarnições do III Exército, no interior do Estado, em Santa Catarina e no Paraná, estavam com o golpe. O governador Ildo Meneghetti, golpista, fugira para Passo Fundo, mas controlava a Brigada Militar. Ladário ainda insiste: “Vamos lutar”. Jango é o mais sensato, conclui que, ante a total desarticulação, ou inexistência, do “dispositivo”, a luta seria suicida. Às 11h45 do dia 2, parte para o Uruguai.
- Onde entra a Guerra Fria nisso?
- A política externa não agradava aos americanos. O Brasil reatou relações com a União Soviética, foi contra a expulsão de Cuba da OEA. Na crise dos mísseis, Kennedy mandou uma carta que era verdadeira convocação para o Brasil acompanhar os Estados Unidos num ataque a Cuba. Lembro a data: 22 de outubro de 1962. Jango reuniu, no Palácio, Francisco Clementino de San Tiago Dantas, chanceler; Evandro Lins e Silva, procurador-geral da República; Antônio Balbino, ex-consultor geral da República; general Albino Silva, então chefe da Casa Militar, e este jovem. Jango mostra a carta e já traz sua opinião, com anotações à mão, uns garranchos. A opinião dele era o respeito ao princípio de não intervenção. San Tiago escreveu o texto da recusa. Em Genebra, numa conferência sobre desarmamento, o Brasil anuncia que é não alinhado, não se subordina a nenhum bloco militar. Tudo isso contrariava a estratégia dos Estados Unidos, que tinham a América Latina como território seu. Daí o apoio aos golpes em todo o continente. No caso do Brasil, está provado, tropas americanas desembarcariam em Pernambuco se houvesse resistência. Jango já sabia disso, avisado pelo ex-chanceler Afonso Arinos. Não precisaram intervir, pois o financiamento a entidades como Ibad e Ipes, a campanha massiva anti-Jango na imprensa, acabaram por convencer os militares de que o governo ia comunizar o país.
- Um ano depois, o Brasil invade a República Dominicana para derrubar o presidente Francisco Camaño, tido como castrista. Mas não foi só para alinhar o Brasil aos Estados Unidos que aconteceu o golpe.
- Claro que não. A crise social e econômica foi fator propiciatório. A inflação era galopante e havia greves. Em São Paulo houve uma greve de 700 mil trabalhadores, sem intervenção do Ministério do Trabalho. Imagine o que a Fiesp achou disso. As Ligas Camponesas assustavam os latifundiários com o radicalismo da reforma agrária “na lei ou na marra”.
- Saiu o Estatuto do Trabalhador Rural...
- O projeto era do tempo de Getúlio. O deputado Fernando Ferrari, então líder do PTB, desengavetou-o e fez dele sua bandeira. Foi aprovado já com Ferrari fora do partido. Ele fundou o Movimento de Renovação Trabalhista (MRT) e se candidatou a vice-presidente, direto contra Jango. Sem rancor, Jango promulgou a lei, que tem a assinatura dele, a minha, como ministro do Trabalho, e a de José Ermírio de Moraes, ministro da Agricultura. O Estatuto jogou os ruralistas contra Jango com violência maior do que a luta pela reforma agrária. Mesmo que fosse possível iniciarmos a reforma agrária, ela, por natureza, não seria instantânea, é um processo. O Estatuto, não. Publicada a lei, no dia seguinte já tem que pagar salário mínimo e dar outros direitos ao trabalhador rural. Dois meses depois, num desastre de avião, morre o Fernando...
– Que outros fatores levaram a quase totalidade dos empresários a apoiar o golpe?
– Uma portaria proibia os sindicatos de unir-se em torno da mesma reivindicação. Como ministro, anulei a portaria. Surgiram os Pactos de Unidade e Ação (PUA), o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), que organizou o comício de 13 de março na Central do Brasil. E havia a UNE, com greve pela participação dos estudantes na congregação da Universidade.
Quadro instável
“A Varig demite o comandante Melo Bastos, com imunidade sindical. A greve que começou na empresa se alastra para outras categorias. Jango me chama, preocupado com a Companhia Siderúrgica Nacional também parar. ‘Já pensaste naqueles fornos petrificados?’ Digo que ministro do Trabalho não agiria contra uma greve que queria o cumprimento da lei. ‘Mas se o senhor pensa diferente, é meu dever entregar o cargo agora mesmo.’ Jango reage: ‘Ah é? Tu sais de herói, e eu?’ Lembro ao presidente que ele foi ministro do Trabalho de Getúlio. ‘O senhor usaria a polícia contra os grevistas?’ Jango pensou um pouco. ‘Esquece.’ E ligou para o presidente da Varig, Rubem Berta. ‘Ô, Alemão, tá querendo complicar meu governo? Tu faz o favor de readmitir o Melo Bastos. Primeiro, porque tu erraste. Segundo, porque quem tá te falando é o presidente da República.’ Berta readmitiu Melo Bastos, a greve acabou, os fornos de Volta Redonda seguiram acesos. Tudo isso acumulou ódios intermináveis.”
Almino nasceu em Humaitá, às margens do rio Madeira. Começou o curso de advocacia em Manaus e o concluiu em São Paulo, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde venceu um concurso nacional de oratória. O dom seria reconhecido mais tarde até pelos inimigos. Carlos Lacerda, líder da UDN na Câmara, diria: “Que grande orador é o senhor, o senhor tem asas”. O general Mourão desancou Almino em suas memórias, mas destacou a “voz de barítono”, a “fluência verbal”. O jovem acabou presidente da União Estadual de Estudantes (UEE) e se candidatou a vereador pelo Partido Socialista Brasileiro. Os 870 votos não serviram sequer para boa posição entre os suplentes.
Em 1958, amigos sugerem que, se São Paulo lhe negava a vereança, fosse ao Amazonas e voltasse deputado federal. Em sua terra, filia-se ao PST e, em campanha de “três meses menos três dias”, torna-se, aos 28 anos, um dos sete da representação amazonense na Câmara. Usou megafone, banquinho e a voz potente para discursar pelas esquinas de Manaus. O discurso, porém, era diferente, mesclava temas locais aos federais, como a defesa da Petrobrás (ainda com acento).
Na Câmara, entrou para o PTB e chegou a líder da bancada. Integrou a Frente Parlamentar Nacionalista, reelegeu-se, e foi ministro do Trabalho de João Goulart por seis meses. Uma tarde, Juscelino o convidou para um café, disse que queria voltar à Presidência em 1965, faria a reforma agrária, e se sentiria honrado se Almino aceitasse ser seu vice. Veio o golpe, foram ambos cassados e não se falou mais nisso.
– No dia 3 de abril de 64, começou a caça às bruxas. Achou que ia ser preso?
– Rainieri Mazzilli, presidente por duas semanas, pois teve que entregar o poder ao general Humberto Castello Branco, mandou avisar que deputados seriam presos e ele não poderia evitar. Citou meu nome e o de Francisco Julião.
A notícia da cassação chegou quando recebia a visita de San Tiago. O ex-chanceler lhe disse: “O homem público não deve deixar-se prender. Apequena-se, humilha-se, é exposto a vexames. [Em Recife, dias depois, o comunista Gregório Bezerra, descalço, pés em carne viva e puxado por uma corda no pescoço, foi exibido como troféu pelas ruas do bairro da Casa Forte.] Opte pelo exílio. Passará alguns anos fora. No máximo, quatro. Você é jovem”. San Tiago morreu de câncer no pulmão cinco meses depois. Almino, no dia 11, entrou na embaixada da Iugoslávia. Exílio de 12 anos.
A embaixada estava vazia. Os móveis, vindos no ano anterior para a visita do marechal Josip Broz Tito a Brasília, voltaram para o Rio. Não sobrou uma cadeira. Na primeira noite, os asilados, eram uma dúzia, dormiram no chão, depois arrumaram camas de vento e se cotizaram para comida e sabonetes. No início, estavam lá os deputados Bocayuva e Lício Hauer, do Rio, Fernando Santana, da Bahia, e José Aparecido de Oliveira, da “bossa nova” da UDN mineira. Rubens Paiva, “outro amigo-irmão”, chegou mais tarde. Viajaram para Belgrado num navio cargueiro. Rubens Paiva conseguiu ir logo para Paris e, com a mulher, Eunice, foi de carro buscar Almino dois meses depois. Em Paris, Almino recebia “westerns” do Uruguai, “venha, venha”, porque Montevidéu se transformava na capital política do exílio. Atendeu ao chamado. O Uruguai ainda não ingressara no clube das ditaduras sul-americanas. Apesar disso, o governo brasileiro pressionou e o uruguaio, então um colegiado, expulsou Almino, em abril de 1965.
– Sua família, onde ficou?
– Ficou no drama, em Brasília. Estivemos 18 meses separados. Quando me asilei, tudo que tinha eram R$ 6 mil, dinheiro de hoje, sempre fui de marré-marré. Estava na embaixada quando nasceu meu quarto filho. Minha mulher, Lígia Britto, trabalhava no Ministério da Fazenda, concursada, já estava lá quando nos conhecemos. O salário dela, que não era alto, teve que suportar as despesas da casa e ainda sustentar sua mãe. Os amigos se cotizaram para nos ajudar. Do Uruguai fui para o Chile, contratado pela Organização Internacional do Trabalho, OIT. Pude, então, trazer a família para Santiago.
Lígia morreu há seis anos. O segundo dos quatro filhos, Sérgio Britto, é tecladista da banda Titãs, parceiro de Arnaldo Antunes.
Augusto Pinochet dá o golpe no Chile e a OIT o transfere para o Peru. Lígia e os filhos voltam para o Brasil, os garotos, alfabetizados em espanhol, estudarão em escolas brasileiras. O quadro político no Peru também era instável e a Argentina vivia curta, e tempestuosa, pausa entre ditaduras (governo Isabel Perón). Almino vai trabalhar na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) em Buenos Aires. De seis em seis meses, a família ia visitá-lo. Volta ao Brasil e à política brasileira em 1976, mas teria que esperar até 1985 para rever um civil no Palácio do Planalto.
Presidente eleito por voto direto, só em março de 1990.
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Paulo Totti, para o Valor Econômico
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed790_almino_