PE247 - A possibilidade cada vez mais próxima do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, votar pela admissibilidade dos embargos infringentes no julgamento da Ação Penal 470, o chamado escândalo do "mensalão", tem deixado a oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) de cabelos em pé.
Para o presidente do PSDB em Pernambuco e ex-presidente nacional da legenda tucana, deputado federal Sérgio Guerra, a sociedade já está saturada de tanta impunidade e que se o caso permanecer sem punição “será uma decepção para a população”, colocando mais pressão na caldeira do STF. Até mesmo o parlamentar parece demonstrar cansaço com o descrédito pelo qual passam as instituições públicas. “Sinceramente, dá pra gente pensar uma, duas, três vezes a validade de entrar na vida pública nesse País. Não está valendo a pena”, desabafou.
De acordo com o parlamentar, o descrédito da população foi ampliado a partir de episódios como a manutenção do mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO), que mesmo após ser condenado à prisão pelo STF conseguiu manter o seu mandato por meio de votação na Câmara Federal. Segundo Guerra, situações assim terão reflexos no pleito do próximo ano, sendo esta uma oportunidade para que o povo renove os atuais quadros políticos e partidários.
“Se mensaleiro nenhum for ser punido, vai ser um desastre. O fato concreto é que tem que ter punição. O problema da Justiça brasileira é a falta de punição. Vai ser mais uma decepção para a população. Vai pesar nas eleições seguintes”, afirmou o deputado em entrevista, nesta segunda-feira (16), à Rádio Folha FM.
O deputado e ex-presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, não deveria pedir cadeia para supostos "corruptos", como os réus do chamado "mensalão do PT". Em primeiro lugar, porque eles ainda não foram condenados e, em tese, poderão ser até absolvidos caso o novo julgamento leve em conta a falta de provas, a presunção de inocência, o fato de que não houve dinheiro público (do Banco do Brasil) desviado e que o esquema não passou de caixa-2 eleitoral, crime de muito menos gravidade - tanto que é prática generalizada de TODOS os partidos brasileiros, há décadas.
Em segundo lugar, falta ao deputado pernambucano autoridade moral para acusar quem quer que seja: ele ainda não explicou seu envolvimento na máfia que ficou conhecida como "os anões do Orçamento".
O ESCÂNDALO
Em 1972, o deputado João Alves (Arena-BA) ingressa na Comissão de Orçamento do Congresso e passa a incluir na peça orçamentária emendas destinando verbas a redutos eleitorais dos deputados do esquema.
Já em 1989, a Comissão passa a ter poder de criar despesas, e o número de emendas multiplica-se rapidamente. Em 89 foram 2.604 emendas, em 90, 13.000; em 91, 15.638; e em 92, 26.000.
Foi quando o ex-assessor da Comissão, José Carlos Alves dos Santos, preso sob suspeita de haver assassinado a própria mulher, denunciou o esquema que viria a ser conhecido como "Os Anões do Orçamento". Ele ciou sete anões (o apelido devia-se a que todos os deputados eram baixinhos), e foi criada uma CPI que investigou um total de 37, entre os quais o pernambucano Sérgio Guerra. Quem mais apareceu na CPI foi o então deputado João Alves que, para explicar seu enriquecimento, declarou que venceu 200 vezes na Loteria Esportiva. Ao final, vários deputados tiveram seus mandatos cassados, mas a maioria acabou em pizza. Anos depois, apenas o gaúcho Ibsen Pinheiro conseguiu provar sua inocência na Justiça, depois de ser achincalhado pela mídia irresponsável, que é a mesma de hoje.
Sobre o envolvimento de Sérgio Guerra, a revista IstoÉ publicou, em 25 de setembro de 2002, publicou o seguinte:
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