Com a cidade de Arnhem ocupada pelas tropas nazistas, e a tentativa dos ingleses e poloneses de retomá-la na fracassada e sangrenta "Operação Market Garden", os moradores passaram muita fome. Muita gente morreu na rua, de inanição, enquanto outras comiam folhas de tulipas e outras flores para sobreviverem. Quando a cidade foi libertada, já no final da guerra, Audrei chegou a passar mal por tomar uma lata inteira de leite condensado, tal era a sua fome.
E foi observando o trabalho dos que socorriam a população maltratada e ferida pela guerra que ela adotou uma postura humanitária para o resto de sua vida. Foi embaixadora da Unicef, viajando a lugares muito pobres em missões de solidariedade. Durante a guerra, serviu de correio para a resistência holandesa, e fez espetáculos clandestinos para arrecadar dinheiro. "Os melhores públicos que eu tive não podiam fazer o menor barulho ao fim de minhas performances", lembraria mais tarde.
Acima, com Cary Grant.
Em janeiro deste ano (2013), pelo transcurso do vigésimo aniversário de sua morte, o portal Globo1 publicou esta bela homenagem, que trará saudade aos fãs e admiração aos que não conheceram esta diva dos melhores tempos de Hollywood:
http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2013/01/morte-de-audrey-hepburn-ultima-heroina-romantica-completa-20-anos.html
Morte de Audrey Hepburn, a última
heroína romântica, completa 20 anos
Atriz belga morreu aos 63 anos de um câncer de apêndice.
Ela estrelou filmes como 'Bonequinha de luxo' e 'A princesa e o plebeu'.
Custa acreditar que uma das mulheres mais adoradas pelo público durante gerações tivesse tanto azar no amor. Audrey Hepburn, heroína romântica na tela e cuja morte completa 20 anos hoje, teve uma vida cheia de carências afetivas que só foi suprida como embaixadora do Unicef.
Cinco indicações ao Oscar... e cinco abortos. Duas estatuetas... e dois casamentos fracassados. Audrey Hepburn, provavelmente o ícone do cinema clássico mais lembrado junto com Marilyn Monroe, cativou na audiência algo que ela sentiu saudades desde menina: o carinho e a adoração.
Musa da Givenchy na moda, de Stanley Donen, Billy Wilder, George Cukor e Blake Edwards no cinema... mas rejeitada por Albert Finney e Ben Gazzara na vida real. Sua beleza era mais etérea que sexy e sem a aura do glamour de filmes como "A Princesa e o Plebeu" e "Bonequinha de Luxo", Audrey se sentia menor.
"Acho que o sexo é supervalorizado. Não tenho "sex appeal" e sei disso. De fato, prefiro ter um aspecto curioso. Meus dentes são curiosos e não tenho os atributos que deveria ter uma deusa do cinema", falava sobre si mesma.
Nos registros oficiais, dois casamentos: um com Mel Ferrer, notavelmente maior que ela e de um físico pouco felizardo, e outro com o aristocrata e neuropsiquiatra italiano Andrea Dotti. Com o primeiro substituiu o verdadeiro amor pela admiração profissional. Com o segundo, pela "dolce vita".
Com eles teve seus dois filhos, Sean e Luca, outra de suas obsessões, pois por esterilidade tinha descartado alguns de seus amantes mais apaixonados, como William Holden e Robert Anderson.
Conheceu Ferrer em uma festa na casa de Gregory Peck e ele lhe ofereceu um papel em "Ondine", uma peça na Broadway, e, como dizem, uma coisa levou à outra.
Em 1954 já estavam se casando na Suíça em grande estilo e Audrey tentou combinar sua emergente carreira e seu novo casamento, até o ponto de rejeitar "Gigi" para rodar "Cinderela em Paris" na capital francesa, onde Ferrer trabalhava com Jean Renoir em "Elena et les Hommes".
Em pouco tempo, Ferrer foi tomado de ciúmes pelo sucesso de sua esposa e o divórcio chegaria em 1968, pouco após seu último êxito, "Um Clarão nas Trevas", produzido por Ferrer.
"Não posso explicar a desilusão que senti. Sabia que era difícil estar casado com uma estrela mundial. Mel sofreu muito. Mas, acredite, eu pus minha carreira em segundo lugar", disse a atriz na época.
Porém, um ano mais tarde, já estava se casando com Dotti, um dos solteiros mais cobiçados de sua época. Ela tinha 40 anos e ele 31, invertendo os papéis de seu casamento anterior, e foi Audrey que enlouqueceu de ciúmes ao ver os paparazzi fotografarem seu "latin lover" com outras mulheres.
Além disso, vários abortos a levaram a um estado de depressão, embora finalmente tenha conseguido dar à luz a seu segundo filho, Luca. O divórcio aconteceu apenas em 1982.
Mas, nesse meio tempo, a atriz continuou buscando o amor nos braços de seus companheiros de filmagem. "Chegou um momento em que sua vida se transformou em algo triste e patético e alcançou um grau de desespero no qual chegou a permitir que lhe tratassem mal", declarou Donald Spoto, ao apresentar sua biografia da atriz em 2006, a respeito da relação de Audrey com Ben Gazzara.
Gazzara lembrou assim seu romance em 1970. "Ela era infeliz com seu casamento e eu também e nos consolamos, mas era impossível. Ela tinha sua vida na Europa e eu em Los Angeles. A vida ficou entre nós", declarou o ator, que também ressaltou a insegurança de Hepburn como atriz.
Esse relacionamento seguiu o padrão de outro ocorrido poucos anos antes, quando ainda era casada com Mel Ferrer, durante seu romance extraconjugal mais famoso, com Albert Finney durante a filmagem de "Um Caminho para Dois". Porém, o ator não pôde com tanta intensidade.
As carências afetivas tinham nascido já na infância. "Nasci com uma enorme necessidade de receber afeto e uma terrível necessidade de dá-lo", dizia a atriz.
Abandonada por seu pai e com uma mãe incapaz de transmitir esse carinho, forjou uma insegurança que a tornou hidrofóbica e lhe fez chorar quando viu que não tinham respeitado sua voz nas canções de "My Fair Lady".
A delicadeza deslumbrante de Audrey Hepburn na tela tinha um revés preocupante na vida real. E assim, marcada pela filmagem de "Uma cruz à beira do abismo", acabou se entregando às causas humanitárias.
"No final encontrou o sentido de sua vida em seu trabalho com a Unicef. Mas foi praticamente por eliminação", resumiu Donald Spoto.
Missões na Somália e El Salvador como Embaixadora de Boa Vontade do Unicef, mas nas condições de uma voluntária a mais, lhe garantiriam um Oscar honorífico. E assim, faleceu, sentimentalmente realizada, finalmente, no dia 20 de janeiro de 1993 aos 63 anos.
"Tive momentos muito difíceis em minha vida. Mas fossem quais fossem, os superei e sempre encontrei uma recompensa no final", comentou a atriz
.
Custa acreditar que uma das mulheres mais adoradas pelo público durante gerações tivesse tanto azar no amor. Audrey Hepburn, heroína romântica na tela e cuja morte completa 20 anos hoje, teve uma vida cheia de carências afetivas que só foi suprida como embaixadora do Unicef.
Cinco indicações ao Oscar... e cinco abortos. Duas estatuetas... e dois casamentos fracassados. Audrey Hepburn, provavelmente o ícone do cinema clássico mais lembrado junto com Marilyn Monroe, cativou na audiência algo que ela sentiu saudades desde menina: o carinho e a adoração.
Musa da Givenchy na moda, de Stanley Donen, Billy Wilder, George Cukor e Blake Edwards no cinema... mas rejeitada por Albert Finney e Ben Gazzara na vida real. Sua beleza era mais etérea que sexy e sem a aura do glamour de filmes como "A Princesa e o Plebeu" e "Bonequinha de Luxo", Audrey se sentia menor.
"Acho que o sexo é supervalorizado. Não tenho "sex appeal" e sei disso. De fato, prefiro ter um aspecto curioso. Meus dentes são curiosos e não tenho os atributos que deveria ter uma deusa do cinema", falava sobre si mesma.
Nos registros oficiais, dois casamentos: um com Mel Ferrer, notavelmente maior que ela e de um físico pouco felizardo, e outro com o aristocrata e neuropsiquiatra italiano Andrea Dotti. Com o primeiro substituiu o verdadeiro amor pela admiração profissional. Com o segundo, pela "dolce vita".
Com eles teve seus dois filhos, Sean e Luca, outra de suas obsessões, pois por esterilidade tinha descartado alguns de seus amantes mais apaixonados, como William Holden e Robert Anderson.
Conheceu Ferrer em uma festa na casa de Gregory Peck e ele lhe ofereceu um papel em "Ondine", uma peça na Broadway, e, como dizem, uma coisa levou à outra.
Em 1954 já estavam se casando na Suíça em grande estilo e Audrey tentou combinar sua emergente carreira e seu novo casamento, até o ponto de rejeitar "Gigi" para rodar "Cinderela em Paris" na capital francesa, onde Ferrer trabalhava com Jean Renoir em "Elena et les Hommes".
Em pouco tempo, Ferrer foi tomado de ciúmes pelo sucesso de sua esposa e o divórcio chegaria em 1968, pouco após seu último êxito, "Um Clarão nas Trevas", produzido por Ferrer.
"Não posso explicar a desilusão que senti. Sabia que era difícil estar casado com uma estrela mundial. Mel sofreu muito. Mas, acredite, eu pus minha carreira em segundo lugar", disse a atriz na época.
Porém, um ano mais tarde, já estava se casando com Dotti, um dos solteiros mais cobiçados de sua época. Ela tinha 40 anos e ele 31, invertendo os papéis de seu casamento anterior, e foi Audrey que enlouqueceu de ciúmes ao ver os paparazzi fotografarem seu "latin lover" com outras mulheres.
Além disso, vários abortos a levaram a um estado de depressão, embora finalmente tenha conseguido dar à luz a seu segundo filho, Luca. O divórcio aconteceu apenas em 1982.
Mas, nesse meio tempo, a atriz continuou buscando o amor nos braços de seus companheiros de filmagem. "Chegou um momento em que sua vida se transformou em algo triste e patético e alcançou um grau de desespero no qual chegou a permitir que lhe tratassem mal", declarou Donald Spoto, ao apresentar sua biografia da atriz em 2006, a respeito da relação de Audrey com Ben Gazzara.
Gazzara lembrou assim seu romance em 1970. "Ela era infeliz com seu casamento e eu também e nos consolamos, mas era impossível. Ela tinha sua vida na Europa e eu em Los Angeles. A vida ficou entre nós", declarou o ator, que também ressaltou a insegurança de Hepburn como atriz.
Esse relacionamento seguiu o padrão de outro ocorrido poucos anos antes, quando ainda era casada com Mel Ferrer, durante seu romance extraconjugal mais famoso, com Albert Finney durante a filmagem de "Um Caminho para Dois". Porém, o ator não pôde com tanta intensidade.
As carências afetivas tinham nascido já na infância. "Nasci com uma enorme necessidade de receber afeto e uma terrível necessidade de dá-lo", dizia a atriz.
Abandonada por seu pai e com uma mãe incapaz de transmitir esse carinho, forjou uma insegurança que a tornou hidrofóbica e lhe fez chorar quando viu que não tinham respeitado sua voz nas canções de "My Fair Lady".
A delicadeza deslumbrante de Audrey Hepburn na tela tinha um revés preocupante na vida real. E assim, marcada pela filmagem de "Uma cruz à beira do abismo", acabou se entregando às causas humanitárias.
"No final encontrou o sentido de sua vida em seu trabalho com a Unicef. Mas foi praticamente por eliminação", resumiu Donald Spoto.
Missões na Somália e El Salvador como Embaixadora de Boa Vontade do Unicef, mas nas condições de uma voluntária a mais, lhe garantiriam um Oscar honorífico. E assim, faleceu, sentimentalmente realizada, finalmente, no dia 20 de janeiro de 1993 aos 63 anos.
"Tive momentos muito difíceis em minha vida. Mas fossem quais fossem, os superei e sempre encontrei uma recompensa no final", comentou a atriz
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