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segunda-feira, 9 de junho de 2014

NO BRASIL, BRICS CRIARÃO SEU PRÓPRIO FUNDO MONETÁRIO. SOBERANIA É ISSO.

Cúpula do Brics se reunirá em Fortaleza; encerramento será em Brasília


A 6ª Cúpula do Brics - grupo formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul - reunirá os chefes de Estado dos cinco países-membros do bloco em Fortaleza, no Centro de Eventos do Ceará, no dia 15 de julho, e terá seu encerramento em Brasília, no Palácio Itamaraty, no dia 16, com a presença de presidentes das nações da América do Sul.


Na capital federal, os líderes sul-americanos serão convidados a apresentar sua perspectiva sobre o tema da cúpula: Crescimento Inclusivo: Soluções Sustentáveis. O convite aos líderes regionais, novidade para essa cúpula, faz parte da estratégia do Brics de aproximação com países não membros, priorizando nações em desenvolvimento.

Segundo o professor de economia política internacional da Universidade de Brasília, Roberto Goulart Menezes, a novidade representa uma vitória da diplomacia brasileira e uma grande contribuição dos demais países do Brics, reforçando o papel do Brasil como liderança regional.

“É o Brasil dizendo: estou indo ao grupo [Brics], mas não estou esquecendo a região”.

O Brasil é o único país do bloco até agora a sediar o encontro dos chefes de Estado do Brics pela segunda vez e deve ser palco de duas importantes decisões. A expectativa dos governos do grupo é que até 15 de julho esteja tudo acertado para as assinaturas do Tratado Constitutivo do Arranjo Contingente de Reservas, que instituirá um fundo no valor de US$ 100 bilhões para auxiliar os membros que, no futuro, estejam em situação delicada no balanço de pagamentos e do acordo para a criação do banco de desenvolvimento Brics.

O fundo de reservas internacionais contará com US$ 41 bilhões da China, US$ 18 bilhões do Brasil, da Rússia e da Índia, e US$ 5 bilhões da África do Sul. Já o banco, com orçamento de US$ 100 bilhões, terá aportes fiscais igualitários entre os países-membros. A previsão é que a instituição leve cerca de dois anos para entrar em funcionamento porque precisará ser aprovada pelos parlamentos dos cinco países, definir suas regras internas e receber o aporte inicial, que deverá ser US$ 50 bilhões, sendo US$ 10 bilhões em dinheiro e US$ 40 bilhões em garantias.

Em discussão há dois anos dentro do Brics, o banco pretende atender a demandas não contempladas totalmente pelas grandes instituições financeiras globais, como o financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento. Os últimos detalhes dos dois acordos devem ser acertados no fim deste mês, em Melbourne, na Austrália, em reunião paralela ao encontro de representantes de finanças e dos bancos centrais do G20, e, se necessário, no dia 14 de julho, em Fortaleza, na reunião pré-cúpula entre ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais dos países do Brics.

Menezes explica que o principal objetivo da criação do Brics foi discutir e pressionar a reforma das instituições financeiros multilaterais. Com a criação de banco e fundo próprios, segundo ele, o grupo se apresenta como mais uma fonte para investimentos, que futuramente devem alcançar países periféricos, e mostra força para pressionar a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), determinando um grau de autonomia e um “colchão” financeiro aos países-membros enquanto a reforma não ocorre.

Em sua sexta cúpula, os líderes terão reunião fechada, e, em seguida, durante seus discursos públicos na capital cearense, deverão destacar o papel do bloco na inclusão de pessoas no mercado de consumo, seja pelo crescimento econômico ou por meio de políticas públicas, e reforçar o compromisso com o desenvolvimento sustentável. O tema Crescimento Inclusivo: Soluções Sustentáveis está relacionado à contribuição dos países do Brics na redução da pobreza e no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), não apenas em seus territórios. A expectativa dos organizadores é que cerca de 3 mil pessoas estejam envolvidas na reunião de líderes em Fortaleza, sendo a metade jornalistas, cerca de 800 empresários e o restante membros das delegações dos cinco países.

Além das reuniões da Cúpula do Brics, alguns presidentes devem ter encontros bilaterais com a presidenta Dilma Rousseff. Vladimir Putin, da Rússia, já confirmou presença na final da Copa do Mundo, dia 13 de julho. Jacob Zuma, da África do Sul, sede da última Copa, também deve estar presente.

Agência Brasil

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=243739#.U5W3AQ6l5VE.facebook

quinta-feira, 15 de maio de 2014

PROTESTOS NÃO SÃO CONTRA A COPA, DIZ MINISTRO

Ministro diz que a Copa não é o foco 
das manifestações pelo país


Andreia Verdélio - O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse hoje (15) que não há como caracterizar as manifestações que estão acontecendo pelo país como sendo contra a Copa do Mundo. Rebelo participou de audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, para apresentar as diretrizes do ministério para 2014.
Segundo o ministro, as manifestações trazem reivindicações específicas de determinadas categorias. "Geralmente as manifestações são mais a favor de alguma coisa, da moradia, do ensino público, da segurança, do transporte. Não sei por que transformar manifestações de reivindicações em manifestação contra a Copa e o governo", disse, acrescentando que aquelas que se tornarem violentas serão coibidas.
Hoje, movimentos sociais e ativistas convocaram o Dia Internacional de Lutas contra a Copa, intitulado 15M. Eles apontam violações de direitos humanos ocorridas durante a preparação das cidades-sede do Mundial e cobram medidas como o reassentamento de famílias que foram removidas, a garantia de moradia digna, medidas contra a exploração sexual de crianças e adolescentes.
Durante a preparação da Copa, também a Fifa e parte da mídia internacional criticaram a organização do evento. O ministro afirmou, entretanto, que esses questionamentos são "normais" e que eles têm sido respondidos por meio de notas de esclarecimentos.
"Em determinados momentos o país é alvo de críticas, principalmente quando há coisas importantes em disputa. Eu lembrei o caso do Código Florestal, quando o país, o Congresso, o governo, todos os que queriam uma legislação que protegesse o meio ambiente e a agricultura, todos foram alvo de pressões internas e externas. Acho que o Brasil, naturalmente como a sétima economia do planeta, em um mundo que vive dificuldades econômicas, o Brasil incomoda e, às vezes, acho que isso exacerba os rumores sobre ao país", disse Rebelo.
Para Rebelo, os grandes eventos esportivos são uma oportunidade para o país que os realiza, não só na área econômica, mas também na projeção da imagem, influência e poder do país. Rebelo argumentou que a Alemanha e a África do Sul também usaram a Copa para se desfazer das imagens de eventos históricos, como o nazismo e o apartheid. Segundo ele, a Fifa e a Organização das Nações Unidas (ONU) também querem usar o alcance e a dimensão do Mundial na luta pela paz e contra o racismo.
Texto da Agência Brasil

domingo, 15 de dezembro de 2013

MANDELA FALA DE FIDEL CASTRO; OBAMA FALA DE MANDELA

O encontro de Mandela com Fidel

Carlos Pompe *

Em seu discurso na terça-feira, 10, nos funerais do Nelson 

Mandela, o presidente de Cuba, Raúl Castro, relembrou a 

visita do homenageado ao seu país, em julho de 1991. Na 

época, Mandela foi recebido por Fidel Castro e lhe agrade-

ceu o apoio à luta sul-africana. Mandela e Fidel compartilha-

ram a tribuna na comemoração de 26 de julho, em Matanzas.


Em abril de 1994, Mandela assumiu a presidência da África 
do Sul e, em novembro de 1994, Angel Dalmau Fernández 
apresentou suas credenciais como primeiro embaixador de 
Cuba naquele país. Nelson Mandela fez ao embaixador três 
perguntas: Como está Cuba? Como está meu irmão Fidel? 
Como está Teófilo Stevenson?

Mandela foi boxeador quando jovem e, durante quase suas 

três décadas de preso político na ilha de Robben e em outros 
cárceres, foi seguidor da carreira do cubano Stevenson, o 
melhor boxeador amador naquele período. Em julho de 1991, 
quando visitou Cuba, Mandela havia conhecido pessoalmente 
Fidel Castro e Teófilo.

Sobre essa vista, Mandela comenta com o escritor Richard 

Stengel, seu colaborador na biografia “Longo caminho para 
a liberdade”:

“Fidel é um sujeito realmente impressionante... Discursamos 

em um comício juntos. Como é o nome daquela cidade, rapaz? 
Uma multidão como aquela em um país pequeno? Era uma 
plateia fantástica, uma multidão; acho que havia cerca de 300 
mil pessoas. Todo mundo sentado em cadeiras. Ele falou du-
rante cerca de três horas sem um pedaço de papel, citou núme-
ros e demonstrou que a América estava falida, sabia? E nem 
uma única pessoa saiu, exceto para ir ao banheiro e voltar... Eu 
fiquei muito impressionado com Fidel e também com sua sim-
plicidade – é um sujeito muito simples. Quando... eu estava des-
filando com ele de carro aberto pela cidade, ele apenas sentou 
e cruzou os braços, e eu era a pessoa que estava acenando pa-
ra a multidão... Depois de discursarmos, nós... entramos no 
meio da multidão; ele saiu cumprimentando todo mundo... Eu re-
parei que ele cumprimenta... uma pessoa branca, depois vai 
cumprimentar alguém de cor. Não sei se aquilo foi puramente 
acidental ou intencional. [Ele era] muito caloroso, conversava 
com as pessoas por algum tempo... Foi então que percebi que 
aquele entusiasmo e todos aqueles acenos na verdade não eram 
para mim enquanto estávamos desfilando de carro pela cidade; 
eram para Fidel... Ninguém estava nem um pouco interessado em 
mim [risos]... fiquei impressionado com ele”.

O relato está no livro “Conversas que tive comigo”, de Nelson 

Mandela, de 2010, prefaciado pelo presidente dos Estados Unidos, 
Barack Obama. O único negro a chegar à Casa Branca diz que suas primeiras ações políticas “aconteceram nos meus anos de faculda-
de, quando participei de uma campanha a favor do desinvestimento, 
no esforço para pôr fim ao apartheid na África Sul”, quando já admirava Mandela. 

Mais de duas décadas depois, recém-eleito senador, visitou a África 

do Sul e a antiga cela do líder da luta contra o racismo, na Ilha Robben. 
Antes de ser eleito presidente norte-americano, Obama conheceu pessoalmente Mandela, e conta que “desde então conversamos ocasionalmente por telefone. Geralmente, nossas conversas são 
breves – ele está no crepúsculo dos anos, e eu estou às voltas com 
a intensa programação que meu cargo exige. Mas nessas conversas 
sempre há momentos em que brilham a gentileza, a generosidade e 
a sabedoria desse homem. Esses momentos me recordam que, sub-
jacente à história que foi construída, existe um ser humano que esco-
lheu sobrepor a esperança ao medo – sobrepor o progresso às prisões 
do passado. E me recordam que, mesmo depois que se tornou uma 
lenda, conhecer o homem Nelson Mandela é respeitá-lo ainda mais”.

(No Fórum Social Mundial de 2001, em Porto Alegre, pude conhecer 

e conversar informalmente com o grande campeão Teófilo Stevenson, 
um meu herói de infância pelo fato de ter recusados ofertas de mi-
lhões de dólares para deixar Cuba e fazer propaganda contra a Revolu-
ção. Preferiu viver com seu povo, ajudando a preparar as sempre ex-
celentes equipes de boxe de sua Pátria, que tantas medalhas conquis-
taram nos Jogos Olímpicos e campeonatos internacionais - ABF)


http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=5581&id_coluna=2

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

DONOS DA VEJA FORAM CARCEREIROS DE MANDELA!

Racistas controlam a revista Veja

Por Altamiro Borges

Ao tentar invadir o apartamento em que o ex-ministro José Dirceu se hospeda em Brasília e ao usar imagens ilegais dos corredores do hotel, o repórter Gustavo Ribeiro escancarou os métodos criminosos da revista Veja. Isto só confirma que a famiglia Civita não se diferencia muito do mafioso midiático Rupert Murdoch, com seus grampos e subornos. Esta postura, que não tem nada de jornalística ou ética, é bem antiga. O texto abaixo é de agosto de 2006 e mostra as relações sinistra dos donos da Veja:

*****



Na sua penúltima edição, a revista Veja estampou na capa a foto de uma mulher negra, título de eleitor na mão e a manchete espalhafatosa: “Ela pode decidir a eleição”. A chamada de capa ainda trazia a maldosa descrição: “Nordestina, 27 anos, educação média, R$ 450 por mês, Gilmara Cerqueira retrata o eleitor que será o fiel da balança em outubro”. O intuito evidente da capa e da reportagem interna era o de estimular o preconceito de classe contra o presidente Lula, franco favorito nas pesquisas eleitorais entre a população mais carente. A edição não destoava de tantas outras, nas quais esta publicação da Editora Abril assume abertamente o papel de palanque da oposição de direita e destila veneno de nítido conteúdo fascistóide.

Agora, o escritor Renato Pompeu dá novos elementos que apimentam a discussão sobre a linha editorial racista desta revista. No artigo “A Abril e o apartheid”, publicado na revista Caros Amigos que está nas bancas, ele informa que “o grupo de mídia sul-africano Naspers adquiriu 30% do capital acionário da Editora Abril, que detém 54% do mercado brasileiro de revistas e 58% das rendas de anúncios em revistas no país. Para tanto, pagou 422 milhões de dólares. A notícia é de maio e foi publicada nos principais órgãos da mídia grande do Brasil. Mas não foi dada a devida atenção ao fato de a Naspers ter sido um dos esteios do regime do apartheid na África do Sul e ter prosperado com a segregação racial”.

Líderes da segregação racial 

A Naspers tem sua origem em 1915, quando surgiu com o nome de Nasionale Pers, um grupo nacionalista africâner (a denominação dos sul-africanos de origem holandesa, também conhecidos como bôeres, que foram derrotados pela Grã-Bretanha na guerra que terminou em 1902). Este agrupamento lançou o jornal diário Die Burger, que até hoje é líder de mercado no país. Durante décadas, o grupo, que passou a editar revistas e livros, esteve estreitamente vinculado ao Partido Nacional, a organização partidária das elites africâneres que legalizou o detestável e criminoso regime do apartheid no pós-Segunda Guerra Mundial.

Como relata Renato Pompeu, “dos quadros da Naspers saíram os três primeiros-ministros do apartheid”. O primeiro diretor do Die Burger foi D.F. Malan, que comandou o governo da África do Sul de 1948 a 1954 e lançou as bases legais da segregação racial. Já os líderes do Partido Nacional H.F. Verwoerd e P.W. Botha participaram do Conselho de Administração da Naspers. Verwoerd, que quando estudante na Alemanha teve ligações com os nazistas, consolidou o regime do apartheid, a que deu feição definitiva em seu governo, iniciado em 1958. Durante a sua gestão ocorreram o massacre de Sharpeville, a proibição do Congresso Nacional Africano (que hoje governa o país) e a prolongada condenação de Nelson Mandela.

Já P. Botha sustentou o apartheid como primeiro-ministro, de 1978 a 1984, e depois como presidente, até 1989. “Ele argumentava, junto ao governo dos Estados Unidos, que o apartheid era necessário para conter o comunismo em Angola e Moçambique, países vizinhos. Reforçou militarmente a África do Sul e pediu a colaboração de Israel para desenvolver a bomba atômica. Ordenou a intervenção de forças especiais sul-africanas na Namíbia e em Angola”. Durante seu longo governo, a resistência negra na África do Sul, que cresceu, adquiriu maior radicalidade e conquistou a solidariedade internacional, foi cruelmente reprimida – como tão bem retrata o filme “Um grito de liberdade”, do diretor inglês Richard Attenborough (1987).

Os tentáculos do apartheid 

Renato Pompeu não perdoa a papel nefasto da Naspers. “Com a ajuda dos governos do apartheid, dos quais suas publicação foram porta-vozes oficiosos, ela evoluiu para se tornar o maior conglomerado da mídia imprensa e eletrônica da África, onde atua em dezenas de países, tendo estendido também as suas atividades para nações como Hungria, Grécia, Índia, China e, agora, para o Brasil. Em setembro de 1997, um total de 127 jornalistas da Naspers pediu desculpas em público pela sua atuação durante o apartheid, em documento dirigido à Comissão da Verdade e da Reconciliação, encabeçada pelo arcebispo Desmond Tutu. Mas se tratava de empregados, embora alguns tivessem cargos de direção de jornais e revistas. A própria Naspers, entretanto, jamais pediu perdão por suas ligações com o apartheid”.

Segundo documentos divulgados pela própria Naspers, em 31 de dezembro de 2005, a Editora Abril tinha uma dívida liquida de aproximadamente US$ 500 milhões, com a família Civita detendo 86,2% das ações e o grupo estadunidense Capital International, 13,8%. A Naspers adquiriu em maio último todas as ações da empresa ianque, por US$ 177 milhões, mais US$ 86 milhões em ações da família Civita e outros US$ 159 milhões em papéis lançados pela Abril. “Com isso, a Naspers ficou com 30% do capital. O dinheiro injetado, segundo ela, serviria para pagar a maior parte das dividas da editora”. Isto comprova que o poder deste conglomerado, que cresceu com a segregação racial, é hoje enorme e assustador na mídia brasileira.

Os interesses alienígenas 

Mas as relações alienígenas da revista Veja não são recentes nem se dão apenas com os racistas da África do Sul. Até recentemente, ela sofria forte influência na sua linha editorial das corporações dos EUA. A Capital International, terceiro maior grupo gestor de fundos de investimentos desta potência imperialista, tinha dois prepostos no Conselho de Administração do Grupo Abril – Willian Parker e Guilherme Lins. Em julho de 2004, esta agência de especulação financeira havia adquirido 13,8% das ações da Abril, numa operação viabilizada por uma emenda constitucional sancionada por FHC em 2002.

A Editora Abril também têm vínculos com a Cisneros Group, holding controlada por Gustavo Cisneros, um dos principais mentores do frustrado golpe midiático contra o presidente Hugo Chávez, em abril de 2002. O inimigo declarado do líder venezuelano é proprietário de um império que congrega 75 empresas no setor da mídia, espalhadas pela América do Sul, EUA, Canadá, Espanha e Portugal. Segundo Gustavo Barreto, pesquisador da UFRJ, as primeiras parcerias da Abril com Cisneros datam de 1995 em torno das transmissões via satélites. O grupo também é sócio da DirecTV, que já teve presença acionária da Abril. Desde 2000, os dois grupos se tornaram sócios na empresa resultante da fusão entre AOL e Time Warner.

Ainda segundo Gustavo Barreto, “a Editora Abril possui relações com instituições financeiras como o Banco Safra e a norte-americana JP Morgan – a mesma que calcula o chamado ‘risco-país’, índice que designa o risco que os investidores correm quando investem no Brasil. Em outras palavras, ela expressa a percepção do investidor estrangeiro sobre a capacidade deste país ‘honrar’ os seus compromissos. Estas e outras instituições financeiras de peso são os debenturistas – detentores das debêntures (títulos da dívida) – da Editora Abril e de seu principal produto jornalístico. Em suma, responsáveis pela reestruturação da editora que publica a revista com linha editorial fortemente pró-mercado e anti-movimentos sociais”.

Um ninho de tucanos 

Além de ser controlada por grupos estrangeiros, a Veja mantém relações estreitas com o PSDB, que é o núcleo orgânico do capital rentista, e com o PFL, que representa a velha oligarquia conservadora. Emílio Carazzai, por exemplo, que hoje exerce a função de vice-presidente de Finanças do Grupo Abril, foi presidente da Caixa Econômica Federal no governo FHC. Outra tucana influente na família Civita, dona do Grupo Abril, é Claudia Costin, ministra de FHC responsável pela demissão de servidores públicos, ex-secretária de Cultura no governo de Geraldo Alckmin e atual vice-presidente da Fundação Victor Civita.

Não é para menos que a Editora Abril sempre privilegiou os políticos tucanos. Afora os possíveis apoios “não contabilizados”, que só uma rigorosa auditoria da Justiça Eleitoral poderia provar, nas eleições de 2002, ela doou R$ 50,7 mil a dois candidatos do PSDB. O deputado federal Alberto Goldman, hoje um vestal da ética, recebeu R$ 34,9 mil da influente família; já o deputado Aloysio Nunes, ex-ministro de FHC, foi agraciado com R$ 15,8 mil. Ela também depositou R$ 303 mil na conta da DNA Propaganda, a famosa empresa de Marcos Valério que inaugurou um ilícito esquema de financiamento eleitoral para Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB. Estes e outros “segredinhos” da Editora Abril ajudam a entender a linha editorial racista da revista Veja e a sua postura de opositora radical do governo Lula.