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quarta-feira, 11 de junho de 2014

DILMA VENCERIA NO PRIMEIRO TURNO, CONSTATA O VOX POPULI

Da Carta Capital


 
Pesquisa encomendada por CartaCapital mostra salto do tucano de 16% para 21% na corrida presidencial. A presidenta tem 40% e Eduardo Campos segue com 8%
 
A nova rodada da pesquisa Vox Populi / CartaCapital sobre as eleições presidenciais mostra que a intenção de voto no candidato do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), teve uma alta de cinco pontos porcentuais em dois meses, enquanto a presidenta Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), permanecem no mesmo patamar.
Assim como no último levantamento, publicado em 16 de abril, Dilma segue em primeiro lugar, com os mesmos 40% de intenção de voto. Aécio Neves continua em segundo lugar, mas com 21% dos votos --e não mais 16%. Eduardo Campos também segue estagnado, com 8%, assim como o pastor Everaldo (PSC), que tinha 2% em abril e tem os mesmos 2% em junho. Pela primeira vez, José Maria Marin (PSTU) pontuou na pesquisa Vox Populi / CartaCapital e aparece com 1%.
Os demais candidatos apresentados aos eleitores, Randolfe Rodrigues (PSOL), Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Eduardo Jorge (PV), Mauro Iasi (PCB) e Denise Abreu (PTN), não chegaram a 1% dos votos.
Entre abril e junho, o número de eleitores indecisos caiu de 18% para 14% e o número de votos brancos e nulos variou de 15% para 14%
Como a diferença entre a intenção de voto em Dilma (40%) e a soma dos demais candidatos (32%) supera a margem de erro da pesquisa (2,1 pontos porcentuais), é possível dizer que, se a eleição fosse hoje, ela seria reeleita no primeiro turno.
Para a pesquisa, registrada na Justiça Eleitoral e protocolada sob o número BR-00156/2014, foram entrevistadas 2,2 mil eleitores em 161 municípios nos dias 31 de maio e 1º de junho. Mais detalhes do levantamento estarão disponíveis na edição 804 deCartaCapital, que começa a circular nesta sexta-feira 13.
http://jornalggn.com.br/noticia/aecio-sobe-e-dilma-se-estabiliza-na-pesquisa-vox-populi

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

DESESPERADA, OPOSIÇÃO PODE OPTAR POR MAIS TERRORISMO

Em 1989, para derrotar Lula na primeira eleição direta pós ditadura, a direitona e sua mídia não hesitaram em fazer terrorismo, como o lançamento de boatos assustadores. Se o PT vencesse, iria tomar um quarto em casa casa que tivesse mais de dois - esta e outras mentiras foram largamente espalhadas. A mesma tática vem sendo seguida desde então, como recentemente quando a mídia golpista promoveu o festival do "mensalão" no qual o Judiciário agrediu diversas leis e direitos universalmente consagrados, como o próprio direito de defesa.
Para quem pensa que terrorismo só se faz com sangue, lembro apenas o boato espalhado pela jornalista tucana Eliane Cantanhêde, de que todos deveriam correr para vacinar-se contra uma epidemia inexistente, e pelo menos duas pessoas morreram por reações a vacinas desnecessárias e contra-indicadas a elas.
Nos recentes protestos de junho, também a mídia golpista estimulou a violência seletiva, o que poderia ter causado sangue e mortes que logo seriam atribuídas ao Governo Dilma e ao PT. A direita brasileira não é mais "civilizada" do que a de Honduras, Paraguai ou Egito: pouco lhe importa que para voltar a saquear o Brasil seja preciso causar perdas de vidas humanas.
O brilhante artigo do jornalista Jeferson Miola, da Carta Capital,  traz uma advertência que todos devemos levar em conta. Ele traça o quadro de desespero da direita e de seu braço midiático, e prevê que, sem alternativas para vencer pelas urnas, tal grupamento político radical poderá apelar para mais terrorismo, boicotes, sabotagens, etc. Não seria novidade na América Latina, nem mesmo no Brasil. Recomendo fortemente a leitura, e indico o link abaixo:

A sina da oposição: sobrevivência e terrorismo

A sina da oposição: sobrevivência e terrorismo

A oposição não se dará por vencida, e poderá promover um terrorismo político, econômico, moral e midiático jamais visto na política brasileira.



Depois da incandescência das ruas em junho, análises apressadas pintavam um cenário de terra arrasada para a Dilma. Foi incrível a seletividade de determinados analistas, que alardeavam o pior dos mundos para a Presidenta, mas omitiam que a insatisfação era generalizada e difusa, e abarcava todo o sistema político, a política, os governos e os políticos.

Passado o rescaldo daqueles acontecimentos, sucessivas pesquisas de opinião indicam um ambiente de melhora do desempenho eleitoral de Dilma. Em todas as simulações - de todos os institutos de pesquisa -, a Presidenta ostenta considerável chance de reeleição, inclusive no primeiro turno.

A oposição, entretanto, segue colecionando dificuldades. Para ela, o cenário mais alentador é, curiosamente, aquele no qual figuram as “candidaturas-sombras” de Marina Silva e José Serra. Os até agora “candidatos titulares” Eduardo Campos e Aécio Neves peleiam com seus fantasmas para manterem suas candidaturas, podendo chegar em 2014 menores do que são hoje.

A potencial reeleição de Dilma, que culminaria um ciclo de 16 anos de governos dirigidos pelo PT, levará o reacionarismo capitaneado pelo PSDB, PPS e DEM ao ocaso. Com sua visão de um país arcaico, excludente e colonizado, aqueles partidos perdem a capacidade de interpretação e de aderência ao Brasil contemporâneo. A profecia deles, do “fim da raça”, finalmente terá se realizado; porém, com as setas invertidas – em desfavor deles mesmos.

Nesse contexto, a candidatura do Aécio é tão sólida quanto a chance de se converter em pó. O PSDB, pela primeira vez na trajetória do partido, enfrenta a perspectiva real de uma derrota acachapante no próximo ano. Para os tucanos [mas também para seus satélites PPS e DEM], a eleição de 2014 terá como prioridade a sobrevivência partidária e a preservação dos espaços de poder ameaçados de mudar de guarda.

Não se pode descartar, por isso, a hipótese da candidatura presidencial de José Serra em lugar da de Aécio. Alckmin e Aécio teriam, assim, a função de proteger a jóia da coroa do PSDB: os governos de SP e MG. Aliás, uma tarefa difícil, para quem terá de se explicar sobre escândalos escabrosos: cartel do metrô e o genuíno mensalão.

Adicionalmente, outros dois espectros rondam as eleições. O primeiro, de nome Joaquim Barbosa. Sua candidatura, se confirmada, materializaria eleitoralmente o bloco de poder conformado pela mídia conservadora e setores reacionários do Judiciário. É esse bloco que, na realidade, agenda e articula o combate ideológico ao PT e ao governo Dilma, substituindo os partidos da direita, que estão aos frangalhos e minguando sua audiência na sociedade.

Não existe espaço no Brasil contemporâneo para uma nova farsa do gênero “caçador de marajás”. A Rede Globo não conseguirá converter Joaquim Barbosa em um santo; aliás, um Ministro adepto de manobras fiscais para investir em Miami. O império da família Marinho não conseguirá construir essa nova mitificação da política brasileira, como fez com Fernando Collor em 1989 para derrotar Lula.

A opção Joaquim será calculada não pela aspiração de vitória com ele, mas como variável para levar a eleição para o segundo turno. O contexto proclive para a ocorrência de segundo turno é aquele que apresenta na cédula eleitoral os nomes de Dilma, Serra, Marina e Joaquim. O justiceiro, jacobino, vingativo, exemplar e inexpugnável Barbosa seria um veículo para se tentar barrar a reeleição direta de Dilma.

O outro espectro que ronda a próxima eleição de 2014 atende pelo nome de Lula.
Com considerável insistência é cogitada a candidatura dele em lugar da de Dilma; insinuação que se propaga na base de apoio do governo, nos meios empresariais, no sistema financeiro e junto a setores militantes. Os pretextos são uníssonos, tanto dentro como fora do PT: a heterodoxia econômica e o estilo da Presidenta.

Embora o próprio Lula rechace, essa insinuação paira no ar como uma bruma, fomentada na mídia pelas manjadas “fontes próximas ao ex-Presidente”.

É problemático esse procedimento, porque involuntariamente [ou deliberadamente?] expõe Dilma a tensões conservadoras [e inclusive regressivas] na definição do programa e no perfil do eventual segundo governo. Porém, ao mesmo tempo, não deixa de ser cômodo para o governo – e terrível para a oposição - saber que pode contar com um suplente eleitoralmente insuperável, caso a conjuntura econômica e política degringole.

Hoy por hoy - como se diz em castelhano -, a perspectiva é desalentadora para a oposição conservadora, que vive o dilema de tentar sobreviver enfrentando uma tendência de derrota e de definhamento de sua representação política. A realidade para a direita é tão mais dramática quanto mais evidente é a obsolescência programática e a incapacidade de oferecer uma visão generosa de futuro para um país que, não sem importantes limites e contradições, finalmente passou a ingressar na modernidade.

Devemos nos preparar para uma conjuntura complicada até as eleições de 2014. A oposição não se dará por vencida, e poderá promover um terrorismo político, econômico, moral e midiático jamais visto na política brasileira. Não se pode menosprezar a capacidade de sabotagem, de difusão de ódio e a vilania deles nessa luta derradeira de sobrevivência. Eles querem sequestrar o Brasil dos brasileiros.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

OS ENDEREÇOS DOS ESPIÕES GRINGOS NO BRASIL, QUE A FOLHA NÃO QUIS VER

Nas cercanias do palácio  


Leandro Fortes  (na revista Carta Capital, link abaixo)

Nesta semana, o debate a respeito da espionagem foi retomado, com reportagens que 
mostram como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) realizou operações de contra-
espionagem em território brasileiro. Entre os diversos alvos estavam, segundo apurou 
a Folha de S.Paulo, salas alugadas pela embaixada dos Estados Unidos em Brasília. Em 
agosto de 2013, CartaCapital publicou a reportagem abaixo, na qual revela que algu-
mas instalações usadas pela Embaixada americana em Brasília continuam ativas. Confira 
a íntegra:
Desde a terça-feira 6 um grupo de assessores brasileiros liderados pelo Ministério das 
Comunicações está em Washington para ouvir as explicações do Departamento de 
Estado americano sobre as denúncias de espionagem contra o País. É um lance para a 
plateia. Nas principais instâncias de inteligência do governo federal e, portanto, no 
Palácio do Planalto, desde sempre se sabe, ou se deveria saber, da movimentação de 
espiões dos Estados Unidos no território nacional sob proteção da Embaixada em 
Brasília.
Manter agentes de inteligência em representações diplomáticas não chega a ser uma 
novidade. Quase todos os países possuem alguma estrutura desse gênero. O problema 
é que os norte-americanos vão além, operam com uma liberdade incomum e extrapolam 
os limites da soberania. Segundo os documentos vazados pelo ex-funcionário da CIA 
Edward Snowden, até 2002 Tio Sam valia-se de 16 instalações em território nacional para 
atividades de “inteligência”. CartaCapital apurou que ao menos parte dessa rede ainda 
continua ativa. E pior: está instalada em Brasília, no coração do poder político do País.
A série de documentos secretos e reservados do governo federal obtidos pela revista, 
vários deles encaminhados a assessores diretos da presidenta Dilma Rousseff, relata o funcionamento de ao menos seis endereços em Brasília utilizados pela Embaixada dos 
EUA 
como centros de operação e análise de inteligência. São quatro imóveis no Lago Sul, área tradicionalmente residencial da cidade, um no Setor de Indústria e Abastecimento e outro 
no Setor de Autarquias Sul, região central da capital, a pouco mais de 1 quilômetro do 
prédio dessa embaixada. Os imóveis, casas e salas comerciais, cobrem com frequências 
de rádio toda a extensão do Plano Piloto de Brasília, a partir de antenas de radiocomu-
nicação e telefonia exclusivas autorizadas pela Agência Nacional de Telecomunicações 
(Anatel), que tem um representante na missão enviada pelo governo aos Estados 
Unidos. A outorga para o uso “limitado-privado” foi concedida à Embaixada dos EUA no 
fim do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, e tem 
validade até 20 de julho de 2019. Ao todo, abrange 841 licenças de frequências de rádio 
para uso exclusivo dos americanos em solo brasileiro.
Na sala comercial número 209 do Bloco H da QI 9, no Lago Sul, funcionava a principal 
divisão de segurança das embaixadas e consulados dos Estados Unidos, responsável 
pela movimentação de diversos equipamentos de comunicação. Lá, o Regional Security 
Office (RSO) funcionou por oito anos até se mudar, no fim do ano passado, para a sala 
411 de um movimentado edifício de lojas e escritórios no Setor de Autarquias Sul. No local, 
tanto os funcionários da portaria como a vizinhança do corredor estranham a movimentação constante de servidores da Embaixada, quase sempre no turno da manhã. Muitos 
costumam passar a noite no escritório.
A Embaixada dos EUA mantém ainda um conjugado de salas comerciais de números 311 
e 312 no Conjunto 12-A do Setor de Mansões Dom Bosco, também no Lago Sul. Na sala 
311, segundo os relatórios encaminhados ao Palácio do Planalto, funciona o escritório 
da Drug Enforcement Administration, a DEA, órgão do Departamento de Justiça dos 
Estados Unidos encarregado da repressão e controle de drogas. Como se verá mais 
adiante, a DEA tem uma longa história no Brasil. Nos anos FHC, financiava atividades 
da Polícia Federal e, em troca, tinha carta branca para atuar em território nacional, 
conforme denunciou uma série de reportagens de CartaCapital entre 1999 e 2004.
Na sala 312 fica um contingente do Information Program Center (IPC), responsável pela comunicação de rádio e telefonia da Embaixada norte-americana, principalmente na área 
de inteligência. As duas salas são fortemente gradeadas e permanentemente refrige-
radas. Aparentemente, funciona como uma estação de rádio que opera em diversas 
frequências, a partir das licenças concedidas pela Anatel.
O maior imóvel alugado pela Embaixada americana é uma chácara na QI 5 do Lago Sul. 
No terreno vigiado por câmeras e guaritas foram construídos alojamentos para fuzileiros 
navais e é um dos endereços com licença de funcionamento de radiofrequência da Anatel. 
Em outro terreno menor, ocupado por uma casa no Conjunto 2 da QL 16 do Lago Sul, os americanos montaram aparentemente um bunker rodeado de câmeras de segurança e 
com uma guarita de vidros espelhados. No galpão do CIA, em uma zona afastada do 
Plano Piloto, a antiga movimentação de funcionários e furgões da Embaixada americana 
foi interrompida no início do ano. O imóvel foi esvaziado e, atualmente, há apenas uma 
placa de “aluga-se” na entrada.
Segundo documentos publicados pelo jornal O Globo, outra unidade de espionagem 
funcionou em Brasília, até 2002, controlada pela Agência Nacional de Segurança dos 
Estados Unidos (NSA, em inglês), em conjunto com a CIA. Era parte da rede de 16 bases 
das agências de inteligência dos EUA que coletavam informações em todo o País, a partir 
de satélites de outros países. Embora o Brasil não tenha satélites próprios (o único foi 
repassado à Embratel na privatização de 1997), o governo mantém alugados oito desses. 
Os satélites estão estacionados sobre a Linha do Equador e, por isso, colhem muitas e 
importantes informações sobre a Amazônia, região de grande interesse estratégico e alvo 
de cobiça internacional. Outros documentos, datados de 2010, dão conta da possibilidade 
de os EUA terem grampeado escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da 
missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York. Outros papéis vazados à mídia 
nacional revelam que o então presidente Lula foi monitorado durante a tentativa de 
fechar um acordo com o Irã em 2009.
CartaCapital entrou em contato com a Embaixada dos Estados Unidos na sexta-feira 2 
para saber qual a utilidade dos seis imóveis apontados como bases de espionagem em 
relatórios internos do governo federal. Todas as informações, inclusive os endereços das 
casas e salas comerciais, foram encaminhadas à assessoria de comunicação da Embaixa-
da via e-mail, mas nenhuma resposta foi enviada até o fechamento desta edição.
As informações sobre o megaesquema de espionagem dos Estados Unidos começaram 
a se tornar públicas a partir de 6 de junho, quando o jornal britânico The Guardian iniciou 
a publicação de uma sequência de reportagens do jornalista Glenn Greenwald baseadas 
nos documentos vazados por Snowden. Soube-se assim que a NSA não cuidava apenas 
da segurança interna, mas estendia seus tentáculos a países aliados, inclusive o Brasil. A 
partir de bases espalhadas planeta afora e de uma rede de satélites, os Estados Unidos 
montaram um sistema monstruoso de monitoramento de e-mails e ligações telefônicas 
com a cooperação de empresas de telecomunicações e de gigantes da internet, entre 
eles o Google e o Facebook. Os espiões americanos desenvolveram um programa 
chamado PRISM, dedicado ao monitoramento em tempo real da circulação de informa-
ções na rede mundial de computadores, em tese para prevenir ataques terroristas.

sábado, 2 de novembro de 2013

BELA LIÇÃO DE JORNALISMO, POR MINO CARTA

Na rota da qualidade

Quem supõe a agonia da mídia impressa não percebe que a garantia da permanência está no jornalismo honesto, na análise independente e na reportagem investigativa
por Mino Carta — publicado 01/11/2013 05:57

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Na festa de CartaCapital, o encontro cordial entre dois futuros adversários à Presidência da República
Segunda 28 realizou-se a já tradicional festa de CartaCapital, destinada a entregar os prêmios das empresas e dos empresários mais admirados no Brasil e a celebrar, com o atraso de dois meses, também tradicional, o aniversário da revista, no caso o décimo nono. Como se deu desde o começo do seu mandato, contamos com a presença, muito honrosa para nós, da presidenta Dilma Rousseff. A cobertura do evento está nesta edição e uma edição especial nas bancas.

Limito-me aqui a comemorar uma trajetória de longo curso: dezenove anos não é pouco, tanto mais para uma publicação que rema contracorrente e se defronta com um critério dito técnico cultuado por quem valoriza as tiragens sem atentar para a importância da audiência. Diga-se que a busca de tiragens cada vez mais elevadas, e nem tanto, levou o jornalismo brasileiro a uma indiscutível decadência. A partir da ideia nefasta: o público é primário, talvez monoglota.
A mídia nativa esforçou-se para baixar o nível, na firme determinação de despencar de estágios bem mais altos, atingidos décadas atrás, ao menos do ponto de vista formal. O Brasil contou com jornalistas notáveis, que não foram solitários na prática da boa escrita. A operação a favor da mediocridade foi, porém, vitoriosa, e os profissionais mergulharam nos redemoinhos que haviam provocado. Confrontado com o jornalismo dos países do ex-Primeiro Mundo, o nosso dá pena.

Ouço e leio, de uns tempos para cá, que a mídia impressa está em xeque diante do avanço avassalador da tecnologia. Verdade factual: somos alcançados diariamente por um alude de informações, onde quer que nos encontremos, a agravar a situação criada pelo advento, antes do rádio, depois da televisão. Quem esperava pelo jornal diário para saber das novidades hoje verifica logo de manhã que já sabe de tudo.
Na noite de segunda passada, ao dar as boas-vindas à festa de CartaCapital, arrisquei-me a dizer que para a mídia impressa há saídas, até bem convenientes, para ela e seus leitores. Trata-se de partir, com o devido destemor, para o rincão feliz da qualidade. Pertenço a uma geração de jornalistas voltados dia e noite à tarefa de ilustrar o público. De iluminá-lo. No Brasil, andamos no sentido oposto, embora seja justo acentuar que o problema da concorrência tecnológica abarca o mundo todo. E esta também é verdade factual.
Não é preciso inquirir os botões para entender que significa qualidade. Ou, por outra: além de honesto, atrelado ao interesse dos leitores em lugar daquele da casa-grande e afeito ao melhor emprego do vernáculo, o jornalismo haverá de percorrer os dois atalhos que as circunstâncias lhe oferecem. O primeiro, da análise, competência de quem dispõe de autoridade e cultura, donde de credibilidade, não para pretender a concordância do leitor, habilitado, contudo, a contribuir para que o próprio forme livremente sua opinião.
O segundo, da informação exclusiva, o furo, como se diz na linguagem das redações. Trata-se da notícia que somente alguns profissionais conseguem colher, fiéis da chamada reportagem investigativa, há tempo abandonada pela mídia nativa, a bem de telefones e computadores e da aposentadoria dos perdigueiros da informação. CartaCapital rema contracorrente, como disse acima, mas na convicção de que este exato rumo leva à permanência da mídia impressa. O amanhã avisa: as tiragens perdem sentido, em proveito de um jornalismo dirigido a plateias restritas, no entanto decisivas. Diziam os sábios da antiga Roma: verba volant, scripta manent, as palavras voam, a escrita fica.

O neoliberalismo alargou a distância entre ricos e pobres, o avanço da tecnologia ameaça alargá-la entre letrados e iletrados. Corremos o risco de recriar, pelas rotas deste progresso, uma Idade Média cultural, a exprimir altíssimas e crescentes taxas de superficialidade, quando não de ignorância. Não ouso, porém, perguntar a respeito aos meus botões, por ora não quero alongar-me no assunto.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

QUAL REVISTA SEMANAL VOCÊ LÊ?


Uma comparação entre as revistas Veja, Época, Istoé e Carta Capital

21JUN
Toda segunda-feira pela manhã o Jornal da Massa (Rede Massa/SBT) divulga as capas das revistas Veja, Época e Istoé. Já os questionei várias vezes sobre o motivo de não divulgarem a também revista semanal Carta Capital. Resposta: tiragem menor. Esse é o conceito deles de democratização da mídia?
Ora, a revista Veja tem tiragem de menos de um milhão de revistas, e vem caindo. A Época tem menos de 400 mil de tiragem e a Istoé menos de 300 mil, e também vêm perdendo leitores. A revista Carta Capital tem tiragem de mais de 100 mil revistas e vem crescendo, sendo que é uma das mais novas das quatro (Veja 44 anos, Época 13 anos, com a força das Organizações Globo, Istoé 35 anos e Carta Capital 16 anos).
Fiz uma análise entre as quatro revistas das edições publicadas na semana dos dias 13 a 15 de junho de 2011.
A Veja e Istoé saem perdendo no preço (R$ 9,90), enquanto Carta Capital e Época custam R$ 8,90.
Praticamente metade da revista Veja é composta por propagandas de página inteira (49% da revista), enquanto que na Istoé 45% é propaganda, a Época 35% e a Carta Capital apenas 14%.
Ou seja, a Veja, além de ser a mais cara, metade do preço o leitor está pagando em propaganda. A revista fatura, e muito, duplamente.
Sobre a linha editorial, a capa da Veja trata de matéria irrelevante, sobre longevidade das pessoas. A entrevista é com o grande Ministro do STF Joaquim Barbosa, mas foram feitas apenas perguntas infantis e tendenciosas a ele. Por exemplo, sobre o caso Battisti, que ele respondeu, acertadamente, de forma seca, que o que ele tem a dizer sobre o caso está em seu voto. Os colunistas da Veja são inexpressivos. Talvez o que salve é o ex-Ministro Mailson da Nóbrega. No restante propaganda, propaganda e propaganda, divulgação de cartas dos leitores mais conservadores possíveis, ataques normalmente exagerados ao Governo Dilma e defesa de políticos tucanos. Para fechar, a parte cultural da revista é a mais fraca das quatro.
A revista Época, das Organizações Globo, concorre com a Veja para o prêmio de pior revista semanal do Brasil. A Época trata sobre o tamanho do Estado em sua capa, e a matéria faz uma defesa cega das privatizações do Governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, esquecendo de vários absurdos que ocorreram na década de 90 no Brasil. Faz uma apologia ao Estado Mínimo, esquecendo que nossa Constituição de 1988 prevê que busquemos um Estado do Bem-Estar Social. A revista ainda faz uma matéria/entrevista sobre o Partido “Novo“, uma partido “apolítico“ que não pretende ter políticos, o que até parece piada. Além de querer transformar o Brasil numa grande empresa, o que é um absurdo. Seus colunistas são tão ruins que o melhor é um professor que dá dicas de ginástica. Também com muita propaganda, a parte cultural da revista é ruim.
A revista Istoé também é muito fraca. Nem vou tratar do seu apelido (Quanto é), mas é um revista que tenta trazer questões pessoais da nova Ministra Gleisi Hoffmann a público, trata os bombeiros do Rio como marginais, trás uma entrevista patética com a irmã do Abilio Diniz, tem colunistas abaixo da crítica, e também com um setor cultural fraco.
A revista Carta Capital é uma exceção. É a mais barata, com menos propagandas, não tem o poder por trás de grandes impérios da mídia, mas conta com competentes colunistas, como seu editor Mino Carta, Celso Amorim, Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcos Coimbra, Delfim Netto (sim, a revista é pluralista), e o melhor comentarista esportivo do Brasil, o Doutor Sócrates. Ainda é ótima e divertida a seção Blog do Além, e seu setor cultural é o melhor das quatro revista de forma disparada.
Recomendo, portanto, que o leitor gaste seu estimado dinheirinho na revista Carta Capital, que vem crescendo, é a de melhor qualidade e não tem o discurso adesista ao grande capital.
Tarso Cabral Violin é blogueiro (blogdotarso.com), advogado do Bueno & Grande Advogados Associados, Professor de Direito Administrativo da Universidade Positivo e Mestre em Direito do Estado pela UFPR.