DATAFOLHA FOI
FEITO SOB MEDIDA CONTRA DILMA
Questionário do instituto do grupo Folha, de Otávio Frias Filho, traz
uma série de perguntas sobre insegurança, Pasadena e risco de apagão,
antes de entrar no que realmente interessa, que é a sucessão
presidencial; estrutura das perguntas tende a criar um certo mal-estar
no entrevistado e, por isso, deve apontar índices menores da
presidente Dilma Rousseff e maiores dos oposicionistas Aécio Neves
e Eduardo Campos; resultado sai apenas no sábado, mas a especulação
já corre solta na Bovespa, onde as estatais registraram ontem fortes
altas.
3 DE ABRIL DE 2014 ÀS 06:56
247 - A pesquisa Datafolha que será divulgada neste fim de semana
deve apontar queda da presidente Dilma Rousseff e alta dos
oposicionistas Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB. O
motivo para isso é a própria estrutura do questionário preparado
pelo Datafolha, que foi obtido pelo 247.
Isso porque o entrevistado vai sendo preparado para uma percepção
de mal-estar antes de responder o que realmente interessa, que é
em quem pretende votar nas eleições presidenciais de outubro,
segundo análise do siteMudamais.com.
A intenção de voto para presidente da república é abordada em oito
questões. No entanto, antes disso, são colocadas quatro sobre a
percepção do governo Dilma, três sobre a percepção do país atual,
sete sobre a percepção da economia, quatro sobre violência, duas
sobre a Copa do Mundo, uma sobre os protestos de junto, cinco
sobre a questão da refinaria de Pasadena, comprada pela Petrobras,
cinco sobre a percepção de emprego e três sobre a falta de chuvas
e o abastecimento de água e energia – neste caso, com um detalhe:
embora São Paulo esteja à beira de um racionamento de água, o
problema é apresentado como federal, capaz de produzir apagões.
Segundo o professor Dioney Moreira Gomes, do Departamento de
Linguística da Universidade de Brasília, a sequência e os termos
usados na pesquisa do instituto Folha, de Otávio Frias Filho,
demonstração tendenciosidade e o desejo de produzir um resultado:
queda da presidente Dilma, alta dos oposicionistas.
A revista começa pela percepção sobre alta dos alimentos (clique
nas imagens para ampliá-las):
O verbo notar já pressupõe alteração, ou seja, traz carga de indução. Em seguida,
vem violência:
A palavra agressão é um termo bem abrangente do que assalto
ou roubo. Serve até para uma briga de trânsito ou uma discussão
no trabalho. No entanto, a resposta positiva pode ampliar a
percepção sobre violência.
Depois disso, vem a Copa:
Aqui começa a se revelar a importância da sequência das perguntas.
Após ser aproximado de uma realidade de violência em três
momentos (perguntas 24, 25 e 26), o entrevistado ouve uma
pergunta sobre Copa do Mundo. E a percepção positiva de um
evento festivo nem chega perto da associação de ideias. A tendência
de resposta vai ser negativa, contrária ao evento.
“Por trazer duas impressões distintas, a impressão pessoal e a
coletiva, essa pergunta permite respostas contraditórias. Se você
for fanático por futebol, eis a brecha para dizer que a Copa vai ser
positiva – e ainda pode dizer que o evento vai ser negativo para o
resto do Brasil”.
Na sequência de oito perguntas anteriores, o entrevistado foi levado
a pensar em insegurança, violência, alta de preços e Copa do Mundo
realizada em momento inapropriado. Esta pergunta fala de protestos.
Ainda que o entrevistado não tenha ouvido falar em protesto nenhum,
ele vai inferir que, se há protesto, é porque algo está errado. Eis o
motivo pelo qual uma única pergunta sobre protestos é mais que
suficiente neste questionário Datafolha.
Mais uma vez, destaca. Em seguida, depois de dez questões que o
induziram a pensar em caos, o entrevistador quer saber do
entrevistado suas impressões a respeito da questão da compra
da refinaria de Pasadena pela Petrobras.
Outro detalhe: “Tomar conhecimento” significa estar por dentro dos
fatos; “não tomar conhecimento” é estar por fora. A tendência de
resposta do entrevistado é de que sim, tomou conhecimento – ainda
que nem saiba do que se trata. Mas isso não é motivo para
preocupação, pois o Datafolha induzirá as próximas respostas.
Acompanhe.
Segundo o professor da UnB, o leitor é induzido a responder a segunda
opção. Com um raciocínio simples: “ainda que eu não tenha ouvido
falar em nada, se algo aconteceu de errado tem a ver com maracutaia,
corrupção”, explica Dioney.
Na sequência, o questionário Datafolha chegou à pergunta que, para
Dioney, equivale à que foi feita a respeito do ex-presidente Lula à
época do mensalão. A intenção aqui é imputar a culpa na presidente.
E as perguntas seguintes ajudam a sacramentar no entrevistado a
ideia de que algo muito errado se passa na Petrobras.
Depois disso, vêm as chuvas, capazes de produzir um racionamento
de energia, mas não a falta de água em São Paulo.
O Datafolha trará as respostas a todas essas indagações no próximo
fim de semana, quando serão divulgados os resultados da pesquisa
registrada no TSE sob número PO 813739.
Mas o resultado já é previsível. Tanto que a especulação corre solta
na Bovespa, onde, ontem, as ações de estatais dispararam – diante
da perspectiva de queda da presidente Dilma.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/135452/Datafolha-foi-feito-
sob-medida-contra-Dilma.htm
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