247 - Desde que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu, num
encontro com empresários, a adoção de medidas impopulares,
talvez já no primeiro dia de mandato, esse debate começou a
crescer. A senadora Gleisi Hoffmann, por exemplo, cobrou dos
oposicionistas que explicitem que medidas seriam essas (leia
mais aqui). Neste domingo, em entrevista aos jornalistas Ricardo
Grinbaum e Alexa Salomão, do Estado de S. Paulo (leia aqui a
íntegra), o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco
Central, avançou no tema. "O custo de tomar as medidas porventura impopulares é muito menor do que o de não tomar", afirmou. "As
pessoas têm de cair na real".
Armínio, que deve ser anunciado por Aécio como seu ministro da
Fazenda, caso seja vitorioso nas eleições de outubro, tocou em vários
pontos que, aos olhos de muitos, seriam impopulares. Eis alguns
deles.
Salário mínimo
"É outro tema que precisa ser discutido. O salário mínimo cresceu
muito ao longo dos anos. É uma questão de fazer conta. Mesmo as
grandes lideranças sindicais reconhecem que, não apenas o salário
mínimo, mas o salário em geral, precisa guardar alguma proporção
com a produtividade, sob pena de, em algum momento, engessar o
mercado de trabalho."
Gasto público
"O Brasil precisa, urgentemente, pensar numa reforma tributária que simplifique o sistema. Isso envolveria, essencialmente num primeiro
momento, todo o aparato de tributação indireta. ICMS. IPI. Organizar
e simplificar seria muito bom. Cabe mencionar que, ao meu ver, o
crescimento da carga tributária precisa ser limitado. Para isso, volto
um pouquinho ao lado macro - o Brasil precisa também adotar um
limite para relação gasto público e PIB."
Privatizações
"Mas penso que todos os [setores] da infraestrutura se oferecem bem
para esse caminho - o que o governo chama de concessões. É a
mesma coisa. Eu não tenho medo de usar a palavra que acho correta.
Mas praticamente todos da infraestrutura cabem em regimes de
concessão, em parcerias público privadas, sem perda de controle do regramento que cabe ao Estado em vários desse setores."
Bancos públicos
"Mas o BNDES vem se agigantando, fazendo empréstimos a taxas
muito baixas, sem, ao meu ver, uma análise do impacto social desses programas, até para que se possa decidir se vale a pena continuar
ou não. Carece de transparência. Minha impressão é que vai ser
preciso fazer essa análise - e o papel do BNDES, a médio prazo, será
menor."
Autonomia do Banco Central
"Eu gosto de usar a nomenclatura "autonomia operacional". Ou seja:
a definição das metas ficaria com o governo e, claro, deveriam ser
metas de longo prazo para não ficarem expostas aos ventos do círculo
político. Mas o governo preservaria esse direito. Isso significa ter
mandatos para os dirigentes do Banco Central. Claro que se houvesse problemas na atuação, se não estiverem cumprindo os seus objetivos,
o governo, no limite, poderia pedir ao Senado a remoção de quem for,
inclusive do presidente. Esse é um sistema bem testado e requer um
Banco Central transparente."
Política externa
"Toda a política externa do Brasil precisa ser repensada. Essa estranha predileção por parcerias e aproximações com regimes autoritários,
como Cuba e outros exóticos, não tem trazido nenhum benefício ao
Brasil. Não quero dizer que o Brasil não precisa ter um diálogo com
todo mundo, com a Venezuela, por exemplo. Mas o Brasil precisa se
engatar nas grandes locomotivas mundiais."
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/136613/Arm%C3%ADnio-
defende-A%C3%A9cio-e-medidas-impopulares.htm
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