terça-feira, 29 de abril de 2014

MAIOR SABUJO DA VEJA OUSA CRITICAR LULA...

Uma eterna lição de antijornalismo: 

a resenha triunfal da Veja sobre 

o romance de seu redator-chefe


Um veterano desinspirador: Graieb
Um veterano desinspirador: Graieb
Um artigo do jornalista Carlos Graieb, da Veja, dá uma contundente lição de moral em Lula.
Lula criticou o julgamento do Mensalão. Hoje, é amplamente sabido que foi um ato político e 
não jurídico. Lula disse isso.
Mas, segundo a peculiar lógica de Graieb, Lula teria que elogiar o julgamento do Mensalão.
Graieb. O nome me era familiar. E então lembrei.
Ele entrou para a história da infâmia jornalística ao escrever, na Veja, um panegírico multipáginas 
de um romance escrito por seu chefe, o então redator-chefe da revista Mario Sabino. O 
romance se chamava O Dia em que Matei meu Pai.
Foi uma indecência. E um marco no processo de desagregação moral da Veja. Nenhuma 
publicação civilizada faz resenhas extensas e bajulatórios de chefes de redação, por razões 
óbvias.
Um trecho de Graieb: “Dois tipos de sedução aguardam o leitor de O Dia em que Matei 
Meu Pai (Record; 221 páginas; 25,90 reais). Primeiro, a sedução do bom texto literário, 
à qual ele pode se entregar sem medo. O romance de estréia do jornalista Mario Sabino, 
editor executivo de VEJA, é daqueles que se devoram rápido, de preferência de uma vez 
só, porque a história é envolvente e a linguagem, cristalina. Sabino possui atributos 
fundamentais para um ficcionista, como o poder de criar imagens precisas: em seu texto, 
ao ser atingido pelas costas um personagem não apenas se curva antes de desabar; ele 
se curva como se fosse `para amarrar os sapatos´.”
Pausa para rir.
Nas escolas de jornalismo, o episódio poderia ser um exemplo prático, aos jovens 
estudantes, de coisas que são moralmente inaceitáveis e repulsivas.
Graieb chegou, num arroubo servil, a comparar Sabino a Machado de Assis.
Lembrei disso e fui dar uma pesquisada para reavivar minha memória. Na época, 
eu pertencia ao Comitê Executivo da Abril.
O Comitê não tinha jurisdição nenhuma sobre a Veja. Roberto Civita monopolizou 
a Veja até o final de sua ida. O diretor da revista respondia apenas a ele.
Mesmo sem poder nenhum na Veja, o artigo de Graieb sobre o livro de Sabino foi 
debatido no Comitê. E provocou repulsa.
Fui ver agora, passados alguns anos, o que o mundo real, longe da Veja, de Graieb e 
de Sabino, falou do prodigioso romance.
No site de compartilhamento de impressões de livros Goodreads, você logo topa com o
 seguinte depoimento: “Não terminei”.
Em outro site, o Skoob, você lê isso: “Infelizmente o autor foi muito previsível A leitura é 
rápida e maçante.” Mais um trecho sobre o romance:   ”O livro é muito chato, muitas 
divagações e cenas mal descritas que me deixaram entediada. Quase desisti de ler e não 
sei que milagre me fez voltar.”
Graieb bateu a carteira do leitor com uma propaganda enganosa e abjeta. Mesmo assim, 
consegue se comportar como se fosse Catão, como se vê pelo artigo acusatório sobre Lula.
Bonito isso.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/uma-eterna-licao-de-antijornalismo/

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