domingo, 16 de março de 2014

EMPRESÁRIOS FINANCIARAM O GOLPE E A DITADURA MILITAR

Comissão da Verdade debate participação de empresários na ditadura

Por Agência Brasil 

Quatro pesquisadores apresentaram trabalhos que mostram como as empresas se beneficiaram e apoiaram a ditadura

Agência Brasil
A participação de civis, especialmente do empresariado, no golpe militar de 1964 foi tema de seminário, neste sábado (15), na capital paulista, organizado pelo grupo de trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical em parceria com a Comissão Nacional da Verdade (CNV). Na ocasião, quatro pesquisadores apresentaram trabalhos que mostram a forma como as empresas se beneficiaram e apoiaram a ditadura militar no País.
Leia mais:
“Estamos buscando entender o elemento civil no golpe e na própria ditadura, sobretudo a participação de empresários. Esse documento vai compor o relatório final da comissão, porque é um tema fundamental para entender esse período”, declarou Rosa Cardoso, advogada criminalista e membro da CNV. As apresentações ocorreram no auditório da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Um dos trabalhos foi apresentado pela jornalista Denise Assis, que analisou o acervo em vídeo do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipês). Criado por empresários cariocas e paulistas, o grupo tinha como objetivo criar as bases de uma oposição para impedir o avanço dos ideais socialistas no país. “Foram produzidos 14 filmes que serviram de instrumento de convencimento da sociedade para que aceitasse e ansiasse pelo golpe”, explicou a pesquisadora.
Em seu trabalho de mestrado em história, Jorge José de Melo analisou o financiamento do empresariado paulista à Operação Bandeirantes (Oban), estrutura governamental que antecedeu o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Ele estuda, sobretudo, a trajetória de Henning Albert Boilesen, presidente, à época, da empresa Ultragaz. “A estrutura da Oban foi montada por empresários, por iniciativa deles, e encampada pelo Exército. Houve uma participação civil maior [dos empresários] do que a gente imagina na ditadura brasileira”, avaliou.
O professor Pedro Campos, do Departamento de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), apresentou sua tese sobre a participação das empreiteiras no financiamento do golpe militar. “Trata-se de uma ditadura militar, mas é necessário qualificar esse elemento civil. Não foi toda a sociedade brasileira que aderiu à ditadura e ao golpe”, declarou. Durante o debate, avaliou-se que é preciso responsabilizar institucionalmente essas organizações, pois grupos que se fortaleceram naquele momento continuam existindo e detém grande poder econômico.
O procurador da República, Marlon Alberto Weichert, mestre em direito constitucional, também contribuiu para o debate com a análise do financiamento dos atos de violação aos direitos humanos por empresários durante a ditadura militar.
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2014-03-15/comissao-da-verdade-debate-participacao-de-empresarios-na-ditadura.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários são bem-vindos, desde que não contenham expressões ofensivas ou chulas, nem atentem contra as leis vigentes no Brasil sobre a honra e imagem de pessoas e instituições.