247 – Dias atrás, numa conversa reservada, o chefe de um grande
banco de investimentos no Brasil fez uma inconfidência. Afirmou
que, se pudesse, investiria todo o seu patrimônio pessoal em ações
da Petrobras, estatal brasileira que vem sendo castigada pelo mercado financeiro desde o início do ano. Só não o faz porque, como responsável
pela corretora de um banco, sofre restrições legais para investir
diretamente em ações da companhia.
Pessoas desse tipo, com acesso a informações qualificadas, estão
convencidas de que algo muito inusual ocorre hoje com a Petrobras.
Desde o início do ano, a ação da empresa comandada por Graça Foster
recuou 26,7%, sem nenhuma razão objetiva. Além disso, analistas do
Brasil e de fora vêm alardeando a tese de que a empresa, sem novos
reajustes nos preços dos combustíveis, poderia ter sua nota de risco
rebaixada e ficaria impossibilidade de investir nos campos do pré-sal.
Mas será que é realmente isso o que mostram os números da empresa?
Nada disso. A produção no pré-sal bate recordes sucessivos, acima de
415 mil barris/dia, e os indicadores econômico-financeiros também são positivos.
Uma comparação feita entre os balanços da Petrobras com quatro
grandes rivais internacionais – Exxon Mobil, Shell, Chevron e BB – revela
uma verdade inconveniente para muitos arautos do caos: a Petrobras,
ao contrário do que dizem, ostenta números mais saudáveis do que
suas rivais.
A começar pela última linha do balanço: a do lucro. De 2012 para 2013,
a Petrobras avançou 1%, em dólar, enquanto Exxon caiu 27%, Shell
recuou 35%, Chevron perdeu 18% e apenas a BP avançou
impressionantes 113%.
A foto mais ampla, com dados de 2006 a 2013, também traz dados
muito positivos para a Petrobras. Entre as cinco, foi a única que
expandiu sua produção (11%), enquanto as outras caíram ou ficaram
no mesmo lugar: Exxon (-1%), Shell (-8%), Chevron (0%) e BP (-18%).
Outro ponto importante diz respeito aos investimentos. Das cinco, a
Petrobras, de novo, foi a que mais cresceu, com um salto de 228%,
contra 114% da Exxon, 85% da Shell e 152% da Chevron.
Ataque especulativo?
Diante dos dados, fica claro que a Petrobras, maior empresa brasileira,
está sob ataque. Sim, um ataque especulativo, movido por forças que gostariam que o Brasil adotasse um novo modelo para a gestão das
reservas do pré-sal – de preferência, seguindo a inspiração mexicana,
onde a estatal Pemex aderiu a um regime de concessões aberto aos investidores externos.
No Brasil, desde a escolha do modelo de partilha, a empresa tem sido submetida a vários questionamentos. Recentemente, em editorial,
o jornal Folha de S. Paulo defendeu um modelo mais mexicano e
menos brasileiro. “A Petrobras não pode nem precisa se envolver em
todos os blocos. O interesse nacional de produzir o máximo de
petróleo no menor tempo possível – e de coletar impostos e royalties –
será mais bem atendido se houver outros participantes na empreitada”,
dizia o texto da Folha. Antes, a mesma tese havia sido defendida pela
revista Exame, da Editora Abril.
No entanto, uma ampla reportagem do jornal El Pais, publicada na
semana passada, afirmou que a Petrobras está anos-luz à frente da
mexicana Pemex. Os dados financeiros revelam que ela também não
deve nada a gigantes como Shell, Exxon-Mobil, Chevron e BP.
Confira, abaixo, uma análise comparativa dos balanços da Petrobras
com os de suas grandes concorrentes internacionais:
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/132467/Petrobras-bate-rivais-
em-todos-os-indicadores.htm
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