Em cerca de uma hora e meia de palestra, o acadêmico e escritor americano David Harsanyi expôs suas ideias para um mundo livre que, segundo ele, ainda é “regido pelas elites que decidem o que é certo e errado para os indivíduos”.
Criado em Nova York, o autor cita a proibição de ingredientes como gordura trans e foie gras naquela cidade como radical para os seus moradores. Em São Francisco, lembra ele, quem é dono de animais de estimação deve dar uma determinada quantidade diária de ração para o bicho. Tudo regulado pelo governo. São exemplos de comportamento babá. Regulações, isoladamente, não parecem ruins, “mas esse ataque à liberdade tem a ver com infantilizar o outro para justificar esse tipo de comportamento paternalista. Não tem a ver com esquerda ou direita. Seria como uma bola de neve que vai aumentando à medida que desce a montanha”, avalia.
Para o acadêmico, o presidente Obama é pai desse estado babá: “Obama quer que as pessoas não tenham mais liberdade de escolha”. Harsanyi acredita que o Estado babá começa quando se faz uso da coerção. “Tenho 41 anos e me lembro que quando era criança brincava nas ruas e voltava para casa machucado. Quando fui morar em Denver, levei meus filhos para brincar no parque e fiquei preocupado que se ferissem no meio da brincadeira. Mas como colocar uma placa, com os dizeres ‘Não corra no parque’? Acho que devemos considerar como proteger nossas crianças, mas sem vetar o direito de escolha e a própria natureza das crianças”.
“Eu não gosto de movimentos populistas porque eles são antiéticos num certo nível, mas gosto da ideia central de que as pessoas devem ser livres. Isso tem a ver com vida coletiva. Acho que não estamos indo para o caminho certo”. Vivemos a era do elogio da liberdade, diz. “Viramos uma sociedade muito mais controlada do que imaginamos nos anos 60. Mas, curiosamente, temos mais liberdade ainda. Temos um bom fluxo de informação através da internet e o direito de expressão”.
O escrito admite que há um exagero nos Estados Unidos nessa questão do controle e diz que o Brasil não deve copiar o modelo americano. “Acho que nós copiamos os europeus, da mesma forma que você nos copiam. De todo modo, somos um país muito livre e vocês tambem. Os brasileiros são muito abertos e acho que não precisam copiar outro país. Não sabemos o que é uma ditadura, por exemplo. Temos nossos problemas culturais particulares e uma forma muito nossa de resolvê-los”.
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