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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

COM FIRMEZA E COMPROMISSO, DILMA NADA TEM A TEMER

ALIADOS DO GOVERNO 

NÃO DEVEM FALAR EM IMPEACHMENT

1
Aprovação de Dilma mostra que essa palavra só interessa a quem tenta enfraquecer a presidente
Velhos amigos reclamam que os jornalistas têm usado e abusado da palavra impeachment para se referir aos ataques da oposição ao governo Dilma Rousseff. Pensando bem, é uma crítica correta.
Em primeiro lugar, impeachment é uma forma democrática de um país declarar o impedimento de um presidente que, condenado  gravemente numa investigação criminal, tornou-se incapaz de responder pelas  responsabilidades de governar.
Não é isso o que assistimos no Brasil de hoje: temos uma oposição que faz ensaios para um golpe de Estado, mascarado pelo apoio de uma parcela do Judiciário e dos meios de comunicação, na esperança de dar ares de legalidade a uma  infâmia. A palavra ” impeachment”  aqui serve como um eufemismo, equivalente a dizer que a Republica do Galeão que levou Getúlio ao suicídio pretendia apurar o atentado da rua Toneleiros.
(Não pretendia.  Como lembra Lira Neto, não se fez sequer uma perícia no ferimento de Carlos Lacerda, coberto por um gesso  minutos depois do atentado. Não se identificou sequer a arma que teria –sim, teria — sido usada naquela noite, matando  o major Vaz, que o acompanhava).
Não há um fiapo de prova capaz de sustentar a tese de que esse movimento tenha base em fatos verdadeiros. Há manchetes tendenciosas,  suposições, ilações, fantasias. Mas não há um enredo crível,  demonstrado, com começo, meio e fim,  capaz de envolver a presidente nem qualquer um de seus auxiliares em qualquer trapaça contra a honra do Brasil e dos brasileiros.
Nesta circunstância, a palavra impeachment tem um único efeito:   enfraquecer uma presidenta que se movimenta para dar novas bases ao segundo mandato.
Num bolivarianismo ao contrário, a oposição tenta ir às   massas na tentativa de construir uma base social para um jogo sujo. Encontra o vazio político, que é produto da  aprovação do governo, que permanece em patamares vergonhosamente altos para seus adversários. Enquanto gatos pingados carregam cartazes que pedem intervenção militar, 66% da população confirma seu apego a democracia — um valor que cresceu  na ultima década, e nós sabemos muito bem por quê. E quem não sabe só precisa entender que as verdadeiras democracias do século XX só criaram raízes quando concordaram em integrar os trabalhos e os mais pobres em sistemas de bem-estar social.
A aprovação da própria Dilma segue no  patamar que permitiu sua vitória numa campanha que teve até uma tentativa de golpe midiático nas ultimas 72 horas.
Um governo se faz basicamente por dois elementos químicos: o poder e a perspectiva de poder. Poder é materia morta: envolve aquilo que o governante já fez, ontem, anteontem, no ano passado. Acaba ao fim de cada dia. O que interessa é a matéria viva, que se encontra na perspectiva do poder: aquilo que se pode fazer no futuro, no amanhã e no ano que vem, em 2016 e 2018. A perspectiva do poder se alimenta da capacidade de atender compromissos, confirmar sua lealdade e assegurar o progresso de seus aliados. O impeachment coloca em questão, justamente, a perspectiva de poder, corroi sua credibilidade. Joga uma dúvida desnecessária, funciona como um sinal de fraqueza.
O golpismo de 2014, que se inspira em 1964 e 1954, deve ser repudiado como aquilo que é: um ataque a democracia, que prefere entregar o país à treva em vez de respeitar a vontade da maioria.
A melhor forma do governo  enfrentar aventuras dessa natureza é manter seus compromissos históricos, e, mesmo em circunstâncias externas e internas menos favoráveis, deixar claro quem está ao lado da maioria dos brasileiros.
(Agradeço a Laurez Cerqueira pelas sugestões que ajudaram a produzir este artigo)
 http://paulomoreiraleite.com/2014/12/08/impeachment-e-palavra-fora-de-lugar/

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

HILDEGARD ANGEL CONVIDA OS JOVENS A REFLETIREM

É meu dever dizer aos jovens o que é um Golpe de Estado, por Hildegard Angel

Hildegard Angel
**Há cheiro de 1964 no ar. Não apenas no Brasil, mas também nas vizinhanças. Acho então que é chegada a hora de dar o meu depoimento.
Dizer a vocês, jovens de 20, 30, 40 anos de meu Brasil, o que é de fato uma ditadura.
Se a Ditadura Militar tivesse sido contada na escola, como são a Inconfidência Mineira e outros episódios pontuais de usurpação da liberdade em nosso país, eu não estaria me vendo hoje obrigada a passar sal em minhas tão raladas feridas, que jamais pararam de sangrar.
Fazer as feridas sangrarem é obrigação de cada um dos que sofreram naquele período e ainda têm voz para falar.
Alguns já se calaram para sempre. Outros, agora se calam por vontade própria. Terceiros, por cansaço. Muitos, por desânimo. O coração tem razões…
Eu falo e eu choro e eu me sinto um bagaço. Talvez porque a minha consciência do sofrimento tenha pegado meio no tranco, como se eu vivesse durante um certo tempo assim catatônica, sem prestar atenção, caminhando como cabra cega num cenário de terror e desolação, apalpando o ar, me guiando pela brisa. E quando, finalmente, caiu-me a venda, só vi o vazio de minha própria cegueira.
Meu irmão, meu irmão, onde estás? Sequer o corpo jamais tivemos.
Outro dia, jantei com um casal de leais companheiros dele. Bronzeados, risonhos, felizes. Quando falei do sofrimento que passávamos em casa, na expectativa de saber se Tuti estaria morto ou vivo, se havia corpo ou não, ouvi: “Ah, mas se soubessem como éramos felizes… Dormíamos de mãos dadas e com o revólver ao lado, e éramos completamente felizes”. E se olharam, um ao outro, completamente felizes.
Ah, meu deus, e como nós, as famílias dos que morreram, éramos e somos completamente infelizes!
A ditadura militar aboletou-se no Brasil, assentada sobre um colchão de mentiras ardilosamente costuradas para iludir a boa fé de uma classe média desinformada, aterrorizada por perversa lavagem cerebral da mídia, que antevia uma “invasão vermelha”, quando o que, de fato, hoje se sabe, navegava célere em nossa direção, era uma frota americana.
Deu-se o golpe! Os jovens universitários liberais e de esquerda não precisavam de motivação mais convincente para reagir. Como armas, tinham sua ideologia, os argumentos, os livros. Foram afugentados do mundo acadêmico, proibidos de estudar, de frequentar as escolas, o saber entrou para o índex nacional engendrado pela prepotência.
As pessoas tinham as casas invadidas, gavetas reviradas, papéis e livros confiscados. Pessoas eram levadas na calada da noite ou sob o sol brilhante, aos olhos da vizinhança, sem explicações nem motivo, bastava uma denúncia, sabe-se lá por que razão ou partindo de quem, muitas para nunca mais serem vistas ou sabidas. Ou mesmo eram mortas à luz do dia. Ra-ta-ta-ta-tá e pronto.
E todos se calavam. A grande escuridão do Brasil. Assim são as ditaduras. Hoje ouvimos falar dos horrores praticados na Coreia do Norte. Aqui não foi muito diferente. O medo era igual. O obscurantismo igual. As torturas iguais. A hipocrisia idêntica. A aceitação da sobrevivência. Ame-me ou deixe-me. O dedurismo. Tudo igual. Em número menor de indivíduos massacrados, mas a mesma consistência de terror, a mesma impotência.
Falam na corrupção dos dias de hoje. Esquecem-se de falar nas de ontem. Quando cochichavam sobre “as malas do Golbery” ou “as comissões das turbinas”, “as compras de armamento”. Falavam, falavam, mas nada se apurava, nada se publicava, nada se confirmava, pois não havia CPI, não havia um Congresso de verdade, uma imprensa de verdade, uma Justiça de verdade, um país de verdade.
E qualquer empresa, grande, média ou mínima, para conseguir se manter, precisava obrigatoriamente ter na diretoria um militar. De qualquer patente. Para impor respeito, abrir portas, estar imune a perseguições. Se isso não é um tipo de aparelhamento, o que é, então? Um Brasil de mentirinha, ao som da trilha sonora ufanista de Miguel Gustavo.
Minha família se dilacerou. Meu irmão torturado, morto, corpo não sabido. Minha mãe assassinada, numa pantomima de acidente, só desmascarada 22 anos depois, pelo empenho do ministro José Gregory, com a instalação da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos no governo Fernando Henrique Cardoso.
Meu pai, quatro infartos e a decepção de saber que ele, estrangeiro, que dedicou vida, esforço e economias a manter um orfanato em Minas, criando 50 meninos brasileiros e lhes dando ofício, via o Brasil roubar-lhe o primogênito, Stuart Edgar, somando no nome homenagens aos seus pai e irmão, ambos pastores protestantes americanos – o irmão, assassinado por membro louco da Ku Klux Klan. Tragédia que se repetia.
Minha irmã, enviada repentinamente para estudar nos Estados Unidos, quando minha mãe teve a informação de que sua sala de aula, no curso de Ciências Sociais, na PUC, seria invadida pelos militares, e foi, e os alunos seriam presos, e foram. Até hoje, ela vive no exterior.
Barata tonta, fiquei por aí, vagando feito mariposa, em volta da fosforescência da luz magnífica de minha profissão de colunista social, que só me somou aplausos e muitos queridos amigos, mas também uma insolente incompreensão de quem se arbitrou o insano direito de me julgar por ter sobrevivido.
Outra morte dolorida foi a da atriz, minha verdadeira e apaixonada vocação, que, logo após o assassinato de minha mãe, precisei abdicar de ser, apesar de me ter preparado desde a infância para tal e já ter então alcançado o espaço próprio. Intuitivamente, sabia que prosseguir significaria uma contagem regressiva para meu próprio fim.
Hoje, vivo catando os retalhos daquele passado, como acumuladora, sem espaço para tantos papéis, vestidos, rabiscos, memórias, tentando me entender, encontrar, reencontrar e viver apesar de tudo, e promover nessa plantação tosca de sofrimentos uma bela colheita: lembrar os meus mártires e tudo de bom e de belo que fizeram pelo meu país, quer na moda, na arte, na política, nos exemplos deixados, na História, através do maior número de ações produtivas, efetivas e criativas que eu consiga multiplicar.
E ainda há quem me pergunte em quê a Ditadura Militar modificou minha vida!
Hildegard Angel
**O primeiro parágrafo original deste texto, que fazia referência à possível iminente tomada do poder de um governo eleito democraticamente, na Venezuela, foi trocado pela frase sucinta aqui vista agora, às 15h06m deste dia 24/02/2014, porque o foco principal do assunto (a ditadura brasileira) foi desviado nos comentários. Meus ombros já são pequenos para arcarem com a nossa tragédia. Que dirá com a da Venezuela!
*** Pelo mesmo motivo acima exposto, os comentários que se referiam à questão na Venezuela referida no antigo primeiro parágrafo foram retirados pois perderam o sentido no contexto.Pedindo desculpa aos autores dos textos, muitos deles objeto de reflexão honesta e profunda, e merecedores de serem conhecidos, mas não há motivação para mantê-los aqui no ar. O nível de truculência a que levou a discussão não me permite estimulá-la.
http://jornalggn.com.br/noticia/e-meu-dever-dizer-aos-jovens-o-que-e-um-golpe-de-estado-por-hildegard-angel

quinta-feira, 27 de março de 2014

COMO A VELHA MÍDIA APOIOU O GOLPE DE 64

A MÍDIA E O GOLPE MILITAR DE 1964

LIGADO .
A próxima semana, no dia 1º de abril, marca os 50 anos do fatídico golpe civil-militar de 1964. Na ocasião, o imperialismo estadunidense, os latifundiários e parte da burguesia nativa derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart. Naquela época, a imprensa teve papel destacado nos preparativos do golpe. Na sequência, muitos jornalões continuaram apoiando a ditadura, as suas torturas e assassinatos. Outros engoliram o seu próprio veneno, sofrendo censura e perseguições.
Por Altamiro Borges, em seu blog
Nesta triste data da história brasileira, vale à pena recordar os editoriais dos jornais burgueses – que clamaram pelo golpe, aplaudiram a instalação da ditadura militar e elogiaram a sua violência contra os democratas. No passado, os militares foram acionados para defender os saqueadores da nação. Hoje, esse papel é desempenhado pela mídia privada, que continua orquestrando golpes contra a democracia. Daí a importância de relembrar sempre os seus editorais da época:
O golpismo do jornal O Globo
“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais”. O Globo, 2 de abril de 1964.
“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada..., atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... As Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal. O Globo, 2 de abril de 1964.
“Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos... Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada”. O Globo, 4 de abril de 1964.
“A revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista”. O Globo, 5 de abril de 1964.
Conluio dos jornais golpistas
“Minas desta vez está conosco... Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições”. O Estado de S.Paulo, 1º de abril de 1964.
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu”. Tribuna da Imprensa, 2 de abril de 1964.
“Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.
“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.
“Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la”. Jornal do Brasil, 6 de abril de 1964.
“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade”. O Estado de Minas, 2 de abril de 1964.
“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento”. O Dia, 2 de abril de 1964.
“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil”. O Povo, 3 de abril de 1964.
“Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve”. Correio Braziliense, 16 de abril de 1964.
Apoio à ditadura sanguinária
“Um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social – realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama”. Folha de S.Paulo, 22 de setembro de 1971.
“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o país, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”. Jornal do Brasil, 31 de março de 1973.
“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. Editorial de Roberto Marinho, O Globo, 7 de outubro de 1984.
http://www.baraodeitarare.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=467:a-midia-e-o-golpe-militar-de-1964&catid=12&Itemid=185

OLAVO MENTIU: CIA ORGANIZOU MARCHAS PELA DITADURA, EM 64



Frei Betto: CIA financiou Marchas da Família com Deus

Por Redação
CIA utilizava o padre Patrick Peyton para vir ao Brasil e organizar as Marchas da Família com Deus pela Liberdade que preparam todo o caldo golpista de 1964
Por Redação
Em entrevista ao portal UOL, Frei Betto, que foi preso e torturado durante a ditadura, conta que as Marchas da Família com Deus pela Liberdade eram patrocinadas pela CIA. Betto conta que na véspera do golpe militar de 1964 a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) estava dividida entre apoiar ou não os militares.
“Em meados de abril de 1964, numa reunião no Rio da qual participei como membro da direção nacional da Ação Católica, houve uma furiosa discussão entre bispos conservadores e progressistas, tendo ganhado o setor conservador. E a CNBB oficialmente apoiou o golpe por ter livrado o Brasil da ameaça comunista”, disse o frei dominicano.
Posteriormente, o religioso revela que o clima de golpe já era alimentado pela CIA a partir do padre Patrick Peyton, “que era o pároco de Hollywood” e que vinha ao Brasil “pago pela CIA para fazer as Marchas da Família com Deus pela Liberdade”. De acordo com Betto, Peyton “promovia grandes mobilizações nesse sentido. Portanto, quando veio o golpe, a igreja agradece a Nossa Senhora da Aparecida ter livrado o Brasil da ameaça comunista”.
Após o AI-5, em 1968, Frei Betto relata que setores da igreja apoiadores do  golpe perderam espaço. “Alguns foram morrendo, outros foram aposentados por razão de idade ou de doença, mas eles foram perdendo a hegemonia da CNBB, que passou para as mãos dos progressistas, que eram críticos contundentes da ditadura e, portanto, defensores dos direitos humanos. Você vê surgir uma igreja progressista, das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), das pastorais populares, assumindo uma posição bastante consequente, contundente, contra a ditadura militar”.
http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/03/frei-betto-cia-financiou-marchas-da-familia-com-deus/

sábado, 22 de março de 2014

NA DITADURA, TORTURADORES MUTILAVAM CADÁVERES!

Torturadores arrancavam arcadas dentárias e cortavam 

dedos, para impedir identificação dos mortos

Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade do Rio, o coronel reformado Paulo Malhães, de 76 anos, acaba de dar importante contribuição para se entender melhor como a ditadura mutilou e desapareceu com os corpos de presos políticos. Segundo o coronel, para evitar que fossem encontrados, os agentes dos serviços de repressão jogavam os mortos em rios, em sacos impermeáveis e com pedras de peso calculado. Isso impedia que afundassem ou flutuassem.
O ventre da vítima também era cortado, evitando assim que inchasse e voltasse à superfície. O objetivo era criar condições para que o corpo fosse arrastado pelo rio. No caso de serem encontrados, os restos mortais dificilmente seriam identificados, porque os militares tomavam a precaução de arrancar as arcadas dentárias e os dedos das mãos, antes de lançá-los às águas.
Essas informações foram divulgadas nesta sexta-feira (21) pelo repórter Chico Otávio, do jornal O Globo, que teve acesso a trechos das declarações. Elas estão localizadas na primeira parte das gravações feitas pela comissão, nas duas visitas que fez à casa do coronel. No total foram gravadas 17 horas de conversa. Desse total, ainda existem 7 horas que não foram integralmente degravadas. Nelas, o coronel trata sobretudo de sua ação na Guerrilha do Araguaia.
O coronel Malhães foi uma peça das mais importantes na engrenagem do Centro de Informações do Exército (CIE), que atuava na área de informação e repressão. Integrava o núcleo mais duro da instituição, ao lado de Freddie Perdigão Pereira e Ciro Guedes Etchegoyen, entre outros oficiais. Também atuou na Casa da Morte, o maior centro de tortura e desaparecimento de presos políticos do País entre 1971 e 1973; e na Guerrilha do Araguaia, no Sul do Pará.
O presidente da Comissão Estadual, advogado Wadih Damous, vai encaminhar cópias do depoimento ao Ministério Público Federal e à Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ele disse ao Estado que as informações dadas pelo coronel reformado ainda precisam ser melhor analisadas e cotejadas com outros depoimentos.
“Foi um depoimento relevante, de um quadro qualificado da repressão política, que esteve envolvido em diversos episódios da época, entre eles o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, a idealização da Casa da Morte e a Guerrilha do Araguaia”, afirmou. “Sua palavra tem que ser levada em conta. Talvez esteja apontando o caminho adotado pela ditadura em sua política de desaparecimentos. Mas é preciso também cruzar os dados para verificar sua veracidade. Particularmente não estou satisfeito com a informação de que o corpo do deputado Rubens Paiva foi jogado ao mar. Não digo que ele está mentindo, mas também não afirmo que seja tudo verdade.”
O advogado destacou no depoimento do coronel a seguinte declaração: “Podem escavar o Brasil todo, mas não vão achar ninguém, por nós desaparecemos com todo mundo.”
As dúvidas sobre a veracidade das informações do coronel do antigo CEI devem-se sobretudo ao fato de não ter apresentado nenhum documento comprovando sua veracidade. Ele se baseou exclusivamente na memória e, em diversos momentos, confundiu fatos.
http://blogs.estadao.com.br/roldao-arruda/torturadores-arrancavam-arcadas-dentarios-e-dedos-para-impedir-identificacao-dos-mortos-conta-agente-da-repressao/

sexta-feira, 14 de março de 2014

GOLPE NÃO SERÁ MOTIVO DE "COMEMORAÇÕES" EM QUARTÉIS

Dilma não vai aceitar celebrações militares

Postado em 14 de March de 2014 às 9:14 am

Após 50 anos, o golpe militar de 31 de março de 1964 é uma lembrança a cada dia mais tênue na memória nacional, mas também uma história sem ponto final que ainda hoje contamina com rancor e ódio o ambiente político.
O conflito é particularmente visível na relação do atual governo com as Forças Armadas, sobretudo com militares da reserva, e na Comissão Nacional da Verdade, criada em 2011 para investigar e esclarecer o que ocorreu com 153 militantes de esquerda desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985).
Antecipando-se a eventuais celebrações, o governo tomou providências para evitar uma nova crise com o meio militar, como se deu em 2012 e 2013 por ocasião do aniversário de 31 de março.
Por orientação de Dilma, uma ex-combatente da luta armada contra o regime dos generais, o ministro da Defesa, Celso Amorim, chamou os comandantes militares e passou o recado: o governo não vai tolerar manifestações do pessoal da ativa.
As punições podem ir da simples advertência à prisão e exclusão das Forças Armadas.
Amorim recebeu a garantia dos chefes militares de que não haverá nada de iniciativa do pessoal da ativa.
A rigor, desde o governo de Lula o 31 de março foi banido do calendário de comemorações militares, o que nem sempre impediu um ou outro oficial de levantar a voz para fazer a apologia da “Redentora” – o apelido da “Revolução de 31 de março de 1964″, como se referiam ao golpe os militares e civis que apoiaram a deposição do ex-presidente João Goulart (1961-1964).
Atualmente, os bolsões que combatem o governo do PT falam em “contrarrevolução”.
O Palácio do Planalto também autorizou “conversas do alto escalão” das Forças Armadas com o pessoal da reserva reunido em torno dos clubes militares. O mais importante deles é o do Exército, chamado de Clube Militar – a Casa da República.
Há um “entendimento” para que a “Casa” evite se manifestar. Realisticamente, no entanto, na avaliação do Ministério da Defesa o simbolismo da data – os 50 anos – é muito forte: o pessoal da ativa e até o Clube Militar, eventualmente, podem ser mantidos sob rédea curta.
Mas dificilmente o grupo mais radical – ligado aos porões da repressão – deixará de celebrar o 31 de março.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/dilma-nao-vai-aceitar-celebracoes-militares/

DITADURA TEVE VÍTIMAS QUE NEM SABEM O QUE SOFRERAM

Os silêncios da sociedade sobre a ditadura

qui, 13/03/2014 - 12:46

Sugerido por sergior

Da Folha
Em sua exposição no seminário "1964: 50 anos depois", em São Paulo, a historiadora Heloisa Starling, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), listou o que ela classifica como "silêncios" da sociedade atual a respeito do período ditatorial. 
O primeiro desses silêncios, segundo ela, diz respeito à participação dos empresários no golpe e nas estruturas que sustentavam a ditadura, como o aparato repressivo. O segundo é sobre as ações dos militares contra alguns setores específicos da sociedade: "Sabemos pouco sobre o que aconteceu com os camponeses e nada sobre o que fizeram com os índios", afirmou.
Outra lacuna são os arquivos documentais de órgãos de segurança e inteligência daquela época, "material que os militares até hoje se recusam a entregar". O último silêncio, segundo ela, é com relação ao alcance e as estruturas do próprio aparato de repressão.
Ao lado do também historiador Carlos Fico, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro),Starling participou da quarta mesa do seminário, que é promovido pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) em parceria com o Sesc São Paulo.
A historiadora aproveitou a ocasião para apresentar dados já apurados de uma pesquisa que está conduzindo sobre o aparato de repressão. Para tentar desfazer a ideia de que a tortura só teria começado a ser usada de forma sistemática após 1968, com o AI-5 (Ato Institucional nº 5), ela reuniu todos os registros em jornais de denúncias de tortura feitas em instituições militares entre 1964 e 1968.
Conforme seu levantamento, os casos já eram constantes e numerosos em todos os anos pesquisados. Começou com 168 registros em 1964, caiu para 35 em 65, mas pulou para 66 no ano seguinte, 50 em 67, e foi a 85 no último ano pesquisado.
Essas ocorrências ocorreram em 36 quartéis ou outras instalações militares em sete Estados, pelo que conseguiu mapear até agora. E com modos sempre muito parecidos: pau de arara, afogamento e choques elétricos entre as principais modalidades de violação.
"A repressão pode ter se expandido ou se modificado durante os anos, mas a matriz dessa repressão foi a mesma desde 1964", afirmou.
Utopia autoritária
Carlos Fico fez uma explanação sobre o que ele chama de "utopia autoritária" dos militares: a ideia de que o Brasil poderia se transformar numa potência se alguns obstáculos como a corrupção e os políticos demagogos fossem removidos, segundo sua definição. Essa utopia, disse, é o que serviu de motivação para a repressão.
O historiador divide os militares em dois grupos: o dos saneadores, os radicais que queriam "fazer uma operação limpeza para prender, exilar e até matar, se fosse preciso"; e o dos pedagógicos, os que defendiam o desenvolvimento de projetos para suprir o que eles julgavam como deficiências do país.
O projeto saneador, segundo ele, é o que explica a tortura e outros instrumentos que inicialmente eram ocultados, como a censura à imprensa. Seus pilares eram a espionagem e a polícia política. Em documentos, tratavam dessas iniciativas como atos "revolucionários", afirmou. Esse projeto cresceu com a chegada de Costa e Silva à presidência, em 1967, e foi "vencedor" com o AI-5, disse.
Já o projeto pedagógico, diferentemente de seu concorrente, era orgulhosamente assumido. "Para esses, o brasileiros eram despreparados, não sabiam votar, não tinham noções básicas nem de higiene", afirmou, lembrando do Sugismundo, personagem de um desenho animado criado para campanhas educativas na TV. Seus instrumentos eram a censura moral e a propaganda política, explicou.
Fico criticou também o que ele chama de "discurso de vitimização" em relação à ditadura, um comportamento que, segundo ele, simplifica a história em uma mera disputa entre militares e opositores que tentaram combater o regime. "Esse discurso deixa de incluir no rol das vítimas muitas pessoas que foram atingidas e que nem sabem disso", afirmou.
O historiador citou um exemplo vivenciado por ele mesmo anos atrás. Contou que ao pesquisar arquivos da época, encontrou o caso de um engenheiro da Petrobras que deixou de ser promovido para um importante cargo graças a um relatório confidencial sobre ele produzido internamente por agentes da empresa que colaboravam com a repressão. "Esse engenheiro foi uma vítima, mas nunca soube disso. E ele nem era militante de esquerda, era até bastante discreto, só que era homônimo de um militante", explicou.
Fico contou que procurou o tal engenheiro para mostrar aquela documentação. "Me arrependi muito de ter feito isso", afirmou. "Ele viu aquilo, ficou em silêncio por uns 30 segundos e aí começou a chorar", afirmou.
Em outra mesa de debates realizada, os pesquisadores Marcos Napolitano (USP) e Ismail Xavier(Cebrap e USP) discutiram as manifestações culturais de contestação ao regime militar.
As exposições, que ocorrem no Teatro Anchieta, região central de São Paulo. No dia 25 haverá uma sessão especial com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os sociólogos Francisco de Oliveira e José Artur Giannotti.

http://jornalggn.com.br/noticia/os-silencios-da-sociedade-sobre-a-ditadura#.UyIGso0j-R4.facebook

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

LEMBRE-SE QUE A MÍDIA É GOLPISTA DESDE 1954. INFORME-SE (II)

Segunda parte do excelente artigo de Beto Almeida, membro do Conselho da Telesur, publicado no sítio Carta Maior:

Em recente encontro promovido pelo Centro Barão de Itararé, conversei longamente com o grande jornalista Beto Almeida.

Jornais apoiaram golpes contra Vargas e Jango

Dez anos depois, em 1964, o golpismo se lançou contra o presidente João Goulart, que havia recebido a Carta Testamento de Vargas, seu herdeiro político preferido, e, por isso mesmo, odiado até a medula pelo Presidente Kennedy  -   que preparou o golpe, embora incensado como democrata até hoje  -   pela cúpula militar e pelos capitalistas do campo e da cidade. Uma vez mais, o golpe recebe apoio disciplinado da mídia, com o apoio de recursos financeiros distribuídos pelos organismos inventados pela Cia para comprar parlamentares, sindicalistas, jornalistas e jornais. Foi o ex-presidente Tancredo Neves quem denunciou que a Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda, mais agressivo crítico de Goulart, recebera recursos financeiros da CIA para desestabilizar o governo. Desestabilização da qual fez parte também o Estadão, que publicou o artigo aqui comentado, que tenta naturalizar e eximir de golpismo a oposicionismo impresso.

Como é que “no Brasil não houve nada parecido”? Nós fomos pioneiros, os golpes contra Chávez e  Allende vieram depois. Contra Jango, não foi apenas apoio ao golpe, com editoriais demolindo a imagem de um presidente que possuía 73 por cento de popularidade e pedindo, diariamente  - basta pesquisar  -  a intervenção militar para derrubar este presidente, instalando uma ditadura de 21 anos, mas que ainda deixou seus entulhos autoritários por aí. Foi mais que isto: um governo estrangeiro, EUA,  enviou dinheiro, agentes, combustível, navios e armas para derrubar um governo democrático, Kennedy sugeriu uma invasão militar, Lyndon Jhonson cumpriu a cartilha, e este golpismo foi totalmente  apoiado pelos jornais, entre eles o Estadão. Como é que no Brasil não houve nada parecido? Já houve, em 1954, em 1964, e há, na atualidade, a mesmíssima sintonia editorial para demolir os governos petistas e seus programas. Senão, vejamos: tal como contra Jango,  os jornais não falavam abertamente em golpe militar  -  só quando este sinal veio da Casa Branca  -   agora , também, os jornais não se confessam desestabilizadores  dos governos petistas. Mas, o que estão fazendo é muito diferente de ser apenas jornalismo crítico. A Judith Brito tem razão quando confessa: os meios fazem o papel da oposição que , segundo ela, estaria enfraquecida.

Enfado de governar?

Bucci sugere que “as forças instaladas no governo, como que enfadadas do ofício de governar, começaram a fazer oposição à imprensa”. Seria o governo petista, que até o momento manteve intacta prática de milionária destinação de verbas publicitárias para a mídia em geral que lhe faz oposição, que estaria fazendo oposição à mídia, e não o contrário? Esta prática, segundo o texto em análise, decorreria de um enfado com o exercício do governo.  Como estariam enfadadas as forças governistas se conseguiram, com seus programas sociais, retirar milhões de pessoas da faixa de extrema miséria, reduzir a desnutrição e o trabalho infantil, como reconhecem a UNICEF e a OIT,  ampliar o mercado de consumo, como mostra a CEPAL, criar milhões de emprego com carteira assinada, recuperar a indústria naval demolida na Era da Privataria? Será motivo de enfado ter mudado o perfil da universidade brasileira, por exemplo, a ponto que hoje a UnB possua 40 por cento de matrículas de negros?  

Pesquisa realizada pela BBC apontou o Brasil como o sétimo país mais popular do mundo, à frente dos EUA, que ficam em oitavo lugar, enquanto numa outra enquete, realizada em 48 países, ficou constatado haver  “o sonho internacional de morar no Brasil”, único país latino-americano e dos Brics a ser escolhido pelos entrevistados como destino. Realmente, deve ser muito enfadonho governar um país como este, sendo esta a razão para “a oposição do governo à imprensa”.
 
Dilma Roussef, assim como Lula, demonstra seu elevado compromisso democrático, sem qualquer retaliação ao jornalismo oposicionista sintonizado com o discurso dos partidos oposicionistas. O que não impediu a presidenta de processar  jornalista da Folha de São Paulo, que publicou em destaque, na capa,  uma ficha falsificada como prisioneira no Dops, onde foi torturada no regime militar, apoiado também pelo Estadão. Mas, neste caso, nem estamos falando de jornalismo, mas de fraude, falsificação, é uma outra esfera das nossas leis, né?

Quem estaria desanimado?

Bucci afirma que a crítica ao oposicionismo da imprensa teria por finalidade “inflar o ânimo dos militantes de baixo e para inflar o ego dos militantes de cima”. Será mesmo verdade que o partido que elegeu por três vezes o presidente da república, elegeu a primeira presidenta da história do Brasil, que manteve ao longo destes 11 anos uma robusta popularidade, que lidera as pesquisas eleitorais para o próximo pleito e que foi apontado pelos eleitores como o partido de maior preferência nacional (mais de 30 por cento),  em níveis muito acima do segundo colocado, o PMDB, com 6 por cento, precisaria mesmo inventar um discurso artificial, de oposição à imprensa, para conseguir os objetivos fixados no texto, com uma boa dose de imaginação anti-petista?

Segundo Bucci, o discurso das forças governistas é autoritário e fanatizante e “está assentado em bases fictícias, completamente fictícias”. Será? Os governos petistas organizaram o programa Luz para Todos, permitindo que milhões de brasileiros conhecessem a luz elétrica somente em pleno século 21, mas os benefícios nada fictícios desta política têm sido desconstruídos pela imprensa oposicionista. Como parte do debate democrático, as forças governistas questionam, legitimamente, este modo de cobrir os fatos, o que é logo encarado pelo artigo em exame como “discurso autoritário e fanatizante”. 

Mais Médicos, menos jornalismo

O mesmo Estadão, em editorial,  chegou ao ponto de reduzir o Programa Mais Médicos, que possui elevada aprovação da população mais pobre, a uma caricatura intitulada “Mais Cubanos”, acusando, sem fundamentação alguma,  que o seu único objetivo seria o de financiar Cuba. Com isto, ignora-se, deliberadamente, o altíssimo conceito internacional que a saúde cubana goza em escala internacional, em instituições como a ONU, a OMS, a OPAS, e, também, pela eficiente presença solidária de seus profissionais de saúde, junto com suas vacinas, em mais de 70 países em todo o mundo. Talvez seja este exatamente o problema: junto com os médicos cubanos, instala-se um modelo mais eficiente de medicina  pública, de filosocia social e solidária, com médicos que não são apenas Office-boys da indústria de equipamentos médicos e farmacêutica. Por detrás da rejeição irracional e agressiva de entidades médicas brasileiras aos médicos cubanos, rejeição que atingiu as raias do criminoso racismo, desponta-se o medo da indústria de medicamentos ante a possibilidade de expansão de acordos entre laboratórios estatais de Cuba e do Brasil,  para a produção de vacinas destinadas realmente a uma política pública de saúde em escala internacional, o que ameaça os incalculáveis lucros daquela indústria oligopolista transnacional, vocalizada pelos médicos brasileiros. Brasil e Cuba selaram importantes acordos nesta área de saúde para atuação parceira e solidária no Haiti, na África (vacinas cubanas produzidas no Bio-Manguinhos custam 90 por cento menos que as das transnacionais) e também no Timor Leste. Estas informações nunca são difundidas pelo oposicionismo impresso, impedindo seus leitores de uma correta compreensão sobre as políticas públicas do setor, o que justifica uma queixa democrática por parte das forças governistas, o que nada tem de fanatizante ou autoritário. Ou não são informações relevantes estes acordos entre Brasil e Cuba?


Há  muitos exemplos a elencar, sobre a prática do oposicionismo impresso e seu distanciamento da boa técnica jornalística,  entre eles o daquele super noticiado surto da febre amarela que não ocorreu, o confisco da poupança que não se deu etc.  Mas, tem  sido no plano econômico um dos esforços mais concentrados do oposicionismo impresso para apresentar a economia brasileira como em derrocada generalizada. Critica-se o Pibinho, quando os baixos PIBs dos Eua e da França, com crescimento zero, causaram desemprego de trabalhadores brasileiros em filiais de empresas estrangeiras aqui, quando, no Brasil,  o nível de emprego vem mantendo-se elevado, sendo praticamente algo próximo ao pleno emprego.Enquanto o desemprego se alastra pela Europa, o trabalho infantil cresce nos estados unidos, aqui, o emprego formal avança e os  direitos trabalhistas da Era Vargas, são mantidos e expandidos como na lei da trabalhadora doméstica e no aumento da licença maternidade.
CONTINUA...