quinta-feira, 24 de abril de 2014

ANISTIADO, LUNGARETTI ESPERA A JUSTIÇA HÁ DÉCADAS

ESTOU SOFRENDO UM COVARDE E DISSIMULADO ABUSO DE PODER

Neste sábado (8) se completarão 7 (SETE) anos de tramitação do meu 
MANDADO DE SEGURANÇA cobrando o que me é devido pela União, 
como parte da reparação a mim concedida pelo ministro da Justiça em 
função dos danos físicos, psicológicos, morais e profissionais que a 
ditadura militar me causou em 1970 (já se passaram 43 anos, quão 
longevo precisarei ser para receber em vida o que me devem, não 
negam, mas parecem decididos a embaçar o quanto puderem?).

O mandado de segurança é um instrumento jurídico que deveria 
se constituir numa alternativa à tradicional morosidade da Justiça 
brasileira, assegurando uma solução mais rápida em casos nos quais 
o "direito líquido e certo" do autor estiver sendo atingido por 
"ilegalidade ou abuso de poder" cujo responsável seja "autoridade 
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições 
do Poder Público". Então, sete anos, desta vez, não é conta de 
mentiroso, mas sim UMA ABERRAÇÃO.

Recorri ao mandado de segurança depois de passar 16 meses 
esperando que a União me liberasse o montante da indenização 
retroativa que, pela lei que criou o programa federal 
de anistia a ex-presos políticos, DEVERIA SER PAGA EM ATÉ 60 DIAS.

Logo em seguida, sem alterar a lei nem as regras do programa, 
o Governo instituiu um plano de pagamento parcelado, ao qual 
os anistiados deveriam aderir VOLUNTARIAMENTE.

Preferi não fazê-lo, pois meu mandado de segurança já tramitava 
no Superior Tribunal de Justiça. E, desde então, a Advocacia Geral 
da União tudo tem feito para retardar o desfecho inevitável.

O mérito do caso foi julgado em 23/02/2011: "A seção, por 
unanimidade, concedeu a segurança, nos termos do voto do 
sr. Ministro relator". No futebol teria sido uma goleada 
acachapante: oito ministros a favor e nenhum contra.

Por quê? Porque, em termos legais, não está errado quem exige o 
cumprimento estrito das leis e normas em vigor. Portanto, eu jamais 
poderia ser punido por não haver aceitado uma proposta do Governo  
que, teoricamente,  era VOLUNTÁRIA e não COMPULSÓRIA
Terei eu cometido, sem perceber, um crime de lesa-majestade, 
ao ignorar o que realmente se pretendia dos anistiados?

O fato é que eu estou sendo punido, sim; só que de forma covarde 
e dissimulada. 

Com um arsenal inesgotável de MEDIDAS PROTELATÓRIAS, a AGU 
já conseguiu empurrar o caso até 2014 -que, por sinal, é o ano 
no qual deverão ser zerados todos os débitos com os anistiados 
(se não houver outra prorrogação, claro...).

A última dessas saídas pela tangente foi no sentido de que mandado 
de segurança não se aplicaria ao processo em questão. O relator 
anterior, Luiz Fux, já rechaçara tal alegação... EM 2007! E o STJ também 
a desconsiderou em vários outros feitos.

Espantosamente, o novo relator, Napoleão Nunes Maia Filho, a 
acolheu, numa decisão monocrática que cancelou os efeitos do que oito 
dos seus colegas haviam decidido em pleno julgamento. Todos os 
juristas que consultei me garantiram ser um procedimento, no 
mínimo, inusual  -ainda mais se tratando da mera reapresentação de 
uma tese que havia sido fulminada noutra fase do processo.  

Depois que meus patronos contestaram a bizarra decisão, o processo 
simplesmente não andou mais. PASSOU 2013 INTEIRO 
SEM UMA ÚNICA MOVIMENTAÇÃO!!!

Quando companheiros e amigos se queixaram destes absurdos ao 
ministro da Justiça e à própria presidenta da República, a resposta 
foi de que se tratava de um problema da alçada de outro Poder, 
o Judiciário. MAS, NA JUSTIÇA TERIA SIDO FINALIZADO HÁ MUITO 
TEMPO SE A AGU RESPEITASSE O QUE A DITA CUJA DECIDIU DE 
FORMA ESMAGADORA, AO INVÉS DE DESENCAVAR FILIGRANAS 
JURÍDICAS PARA INTERPOR CONTESTAÇÕES PERIFÉRICAS, 
POIS NÃO TEM NEM JAMAIS TERÁ COMO CONTESTAR O 
ESTABELECIDO NO JULGAMENTO DO MÉRITO DA QUESTÃO!!!

Mais: o próprio Estatuto do Idoso está sendo desrespeitado, pois me 
garante celeridade nos procedimentos judiciais. Processos totalmente 
parados há mais de um ano estão longe de serem céleres.

Sou um cidadão polêmico, detestado pelos remanescentes e pelas 
viúvas da ditadura militar, por veteranos da resistência que 
me recriminam por ocorrências de quando eu tinha 19 anos (sem 
levarem em conta evoluções posteriores que desmentiram certas 
versões da época), por setores de esquerda menos antagônicos do 
que eu em relação ao capitalismo e pelas burocracias arrogantes 
que não suportam a minha atitude de não submeter-me a elas, 
sempre as contestando e várias vezes saindo vitorioso. 

ISTO JUSTIFICA O ESTUPRO DOS MEUS DIREITOS? É ACEITÁVEL 
QUE SE COMETA CONTRA MIM UM ABUSO DE PODER QUE TODOS 
RECRIMINARIAM SE A VÍTIMA FOSSE UM DESCONHECIDO 
QUALQUER?

Meu processo é o de nº 0022638-94-2007.3.00.0000.  Quem o 
consultar, constatará a veracidade de tudo que afirmei.

Espero não estar escrevendo um texto igual em 08/02/2015. 
Por mim, claro, mas também pelas instituições brasileiras, que se 
comprovariam falidas. Pelos cidadãos com espírito de justiça, 
que se comprovariam impotentes. E pela esquerda brasileira, 
que comprovaria ter esquecido o significado da solidariedade 
revolucionária.

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2014/02/estou-
sofrendo-um-covarde-e-dissimulado.html

Um comentário:

  1. Obrigado, companheiro. É sempre gratificante encontrar outros cidadãos com espírito de justiça. Mais dia, menos dia, conseguiremos dar um fim a esses abusos. Um forte abraço!

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