terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

KOTSCHO AVALIA PRIMEIRO MÊS DE DILMA

Ricardo Kotsscho é um dos melhores jornalistas do Brasil, autêntico repórter investigativo, daqueles que vai a campo para pesquisar e depois transforma seus dados num texto sempre delicioso. Temos vários amigos em comum, a começar do Audálio Dantas, e nos encontramos várias vezes, sempre brevemente, e não creio que ele se recorde de mim. 
Depois de deixar a Secretaria de Imprensa do presidente Lula, ao fim do primeiro mandato, tornou-se um dos editores (e repórteres) da revista Brasileiros, e mais recentemente criou seu blog, hospedado no iG, onde publica desde crônicas quase poéticas (mas sempre fundadas em fatos e pessoas reais), até furos de reportagens e entrevistas exclusivas.
Sou um grande admirador de Ricardinho (como o chamam seus amigos, mesmo agora que é um senhor maduro), e  recomendo-lhes que o leiam sempre que puderem. Especialmente os alunos de Jornalismo, mas todos nós, sempre teremos muito a aprender com este Mestre que, além de talentoso, é um excepcional ser humano. 
Aqui um pequeno trecho de um de seus posts recentes:




31/01/2011 - 10:31

É bom governo ficar fora das manchetes?


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Quase todos os analistas que fizeram neste final de semana um balanço do primeiro mês do governo de Dilma Rousseff destacaram o estilo discreto da nova presidente, uma gestora mais dedicada à administração, em comparação ao seu antecessor, um líder político de massas, que gostava de discursar e viajar.
Era natural que assim fosse, já que Dilma e Lula têm personalidades e trajetórias de vida muito diversas. Fora isso, é como se o novo governo fosse apenas uma continuidade do anterior, não só pela manutenção de metade do ministério, mas, principalmente, por ter optado pela mesma política econômica e as mesmas prioridades na área social.
Isso é bom ou ruim? Pois eu acho muito bom o governo e a presidente ficarem fora das manchetes, dando espaço para outros setores da sociedade e temas da vida real. Isto é um sinal de normalidade democrática. Sempre falei em palestras que tinha Brasília demais e Brasil de menos na nossa imprensa, quer dizer, muito espaço para o mundo oficial e suas autoridades, mais do que em qualquer outro país por onde eu tenha passado.
Sem entrar no mérito se esta cobertura foi positiva ou negativa no governo passado, já que há avaliações diferentes dos dois lados do balcão, o fato é que ela foi exagerada, onipresente, quase sufocante. Cheguei a comentar isso numa reunião com a direção de jornalismo da Rede Globo no Rio, ainda no começo do primeiro mandato, para espanto dos meus colegas: “A meu ver, tem noticiário do governo demais no Jornal Nacional”. É que pessoas na função que eu estava, de secretário de imprensa, tendem a reivindicar sempre mais espaço na mídia.
Em seu comentário radiofônico desta segunda-feira, Alberto Dines reparou que os jornalistas estavam mal acostumados na cobertura do governo Lula, que dava manchete quase todo dia cada vez que falava, e ainda não descobriram como fazer para contar o que está acontecendo no governo Dilma.

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