quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

MIRIAM LEITÃO TEM MEDO DA INTERNET


Paulo Henrique Amorim: Calma, Miriam Leitão! Internet e celular não fazem revolução
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Este ansioso blogueiro teve a infelicidade de assistir ao Bom (?) Dia Brasil, esta manhã. (Não seria gentil desligar a tevê da cozinha …) E viu, perplexo, a urubóloga Miriam Leitão exibir um gráfico sobre a venda de celulares no Egito.
Um espanto. O Renato e a Renata pareciam diante de um milagre de Fátima! A venda de celulares aumentou vertiginosamente – como em todos os cantos do mundo, inclusive no Brasil. Logo, a revolução!
A revolução americana de 1776, a Francesa de 1789 e a Bolchevique de 1917 – algumas revoluções de razoável consequência – dispensaram a internet e o celular. Não consta que Lenine ou George Washington mobilizassem forças e traçassem estratégias com a ajuda do twitter.
No Irã, onde se diz que houve uma profusão de torpedos, os torpedos deram n’água. Não fizeram revolução nenhuma. Quem estava lá, lá ficou.
Essa fetichização da tecnologia não passa de papo furado de conservador para desqualificar movimentos populares. O Mubarak não vai cair por causa dos celulares da urubóloga. Ele vai cair porque a galera foi para a rua. E iria com ou sem os celulares de urubóloga.
Essa fetichização é um merchandising da Indústria da Telecomunicação. A TIM e a Vivo deveriam patrocinar o Bom (?) Dia Brasil. (Recomenda-se a Globo não aceitar o patrocínio da BrOi, porque lá na Bahia o pessoal tem uma certa implicância com a BrOi.)
Mark Zuckerberg, o quindim de Iaiá da Time, que o escolheu o Homem do Ano, ficou muito feliz com a “revolução” da urubóloga. Se ele é capaz de derrubar o ditador do Egito (não sem, antes, obter a aprovação do Departamento de Estado) o que mais ele poderá fazer?
Ele poderá vender esse “poder” miraculoso a meia dúzia de anunciantes. A capa da TIME revela que o Facebook hoje tem os maiores anunciantes convencionais dos Estados Unidos – da Proctor and Gamble, à Nike e ao Viagra.
Já imaginou? O Zuckerberg oferecer num mesmo pacote, com bonificação de volume, “Viagra + derrubar o rei Abdullah da Arábia Saudita”? Quem sabe WPP, a maior agencia de publicidade do mundo, não compra isso? E repassa aos dois gênios do Google?
Faz parte da pseudo ingenuidade do pensamento conservador imaginar que a “ciência é neutra”. Que a tecnologia é neutra. Os neoliberais, por exemplo, pregavam que o Banco Central é “neutro”. É tudo a mesma “teologia”. Agora, celular faz revolução.
Daqui a pouco o jornal do Murdoch para Ipad, The Daily, vai vender à Chevron um anúncio com a promessa de derrubar o Chávez.
(Conversa Afiada)

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