"É ESTA GENTE SEM EDUCAÇÃO QUE QUER
ASSUMIR O PODER?"
Jornalista Laura Capriglione, que já foi editora-executiva da
revista Veja, questiona as ofensas proferidas ontem contra a
presidente Dilma Rousseff (PT) na abertura da Copa do
Mundo; em seu blog no Yahoo, ela afirmou que os torcedores
que xingaram a presidente "são os mesmos endinheirados
que passaram os últimos anos dizendo que o estádio não
sairia e que não haveria aeroportos"
13 DE JUNHO DE 2014 ÀS 21:56
247 - A jornalista Laura Capriglione, que já foi editora-
executiva da revista Veja, questiona as ofensas proferidas
ontem contra a presidente Dilma Rousseff (PT) na abertura
da Copa do Mundo. Em seu blog no Yahoo (aqui), ela
afirmou que os torcedores que xingaram a presidente "são
os mesmos endinheirados que passaram os últimos anos
dizendo que o estádio não sairia". "Saiu", opõe ela.
"Há quem ache que o presidenciável Aécio Neves deve usar
o linchamento verbal contra Dilma em seu horário eleitoral
gratuito. Sabe de nada, inocente! Experimenta pôr a grosseria
na campanha... Porque vaiar, tudo bem. Mas xingar assim é
falta de educação demais, coisa de mal-agradecido traíra. E
isso não se perdoa. Os marqueteiros tucanos têm de ensinar
ao seu eleitorado um pouco mais de polidez. Nem que seja
para aparecer na TV", diz.
Abaixo texto:
“Isso, se a senhora me permite, eu não admito”, protestou
o ajudante de pedreiro Afonso de Medeiros, 48 anos, negro,
evangélico, ex-dependente químico, morador na Favela do
Moinho, centro de São Paulo. O homem se referia aos
xingamentos contra a presidente Dilma Rousseff, durante o
jogo de abertura da Copa do Mundo, no estádio de Itaquera.
“Ei, Dilma! Vai tomar no cu.”
O grito nasceu na ala vip e tomou a Arena Corinthians. Entre
os mais entusiasmados estava a colunista social do jornal “O
Estado de S.Paulo", que deve ter achado muito fina, elegante
e sincera a modalidade de protesto. Mas é isso que é a gente
que diz que quer tomar o poder?
“Isso não se faz com uma mulher, nunca”, disse o pedreiro
Medeiros, que assistia ao jogo em pé, diante da televisão
instalada no Bar do Grappite, logo na entrada da favela. “É
covardia.”
E olha que a favela do Moinho era no dia do jogo um reduto
de manifestantes anti-Copa. Os “vândalos” que denunciaram
os gastos excessivos com a construção de estádios
escolheram a favela para assistir juntos ao jogo.
Democraticamente, dividiram com torcedores fanáticos
de Neymar, Fred e Oscar o chão de terra batida do Moinho
(chama-se assim porque ali funcionou um antigo moinho
das Indústrias Matarazzo).
Os anti-Copa, entretanto, não chegavam aos pés dos vips
do estádio de Itaquera no quesito vandalismo verbal. Um
garoto vestido com a camisa da Croácia, por exemplo,
comemorou o gol adversário com uma adaptação do bordão
“Não vai ter Copa”. Virou “Não vai ter hexa!” Foi abraçado
entusiasticamente pelos demais e ficou nisso.
“Eu sou feminista, véi. Comigo não tem essa de xingar mulher,
mesmo que ela seja a presidente! A gente já é xingada demais
na vida: de puta, baranga, gorda, sapatona, malcomida,
burra”, explicou uma ativista que havia participado de
protestos naquela tarde.
Dilma sabia que ia pro sacrifício. Quem tem dinheiro para
comprar os cobiçados ingressos Fifa não é o brasileiro que
costuma frequentar estádio (na porta, cambistas ofereciam
os últimos tickets por até R$ 2.000).
São os mesmos endinheirados que passaram os últimos anos
dizendo que o estádio não sairia. Saiu.
Que não haveria aeroportos pros gringos aterrissarem. Houve.
O jornal da colunista até publicou que haveria ataques do PCC
na abertura. E necas.
Eles têm de estar revoltados mesmo: muita contrariedade. O
PT fundiu-lhes a cabeça.
O jeito foi extravasar nos moldes odientos consagrados pelas
redes sociais.
“Ei, Dilma! Vai tomar no cu.”
Há quem ache que o presidenciável Aécio Neves deve usar o
linchamento verbal contra Dilma em seu horário eleitoral
gratuito. Sabe de nada, inocente!
Experimenta pôr a grosseria na campanha... Porque vaiar,
tudo bem. Mas xingar assim é falta de educação demais,
coisa de mal-agradecido traíra. E isso não se perdoa.
Os marqueteiros tucanos têm de ensinar ao seu eleitorado
um pouco mais de polidez. Nem que seja para aparecer na TV.
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