segunda-feira, 8 de setembro de 2014

VEJA ACUSA MAS NÃO MOSTRA A MÍNIMA PROVA

Conversa Afiada republica do Facebook do Leandro Fortes: ​


Dei-me ao trabalho de macular minha manhã de domingo e ler a matéria da Veja sobre a tal 

delação premiada de Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras.

Como era de se esperar, o texto não tem nem uma mísera prova e está jogado naquele 

apagão de fontes que, desde 2003, caracteriza o jornalismo denunciativo de boa parte 
da mídia nacional. 

A matéria elenca números e nomes sem que nenhum documento seja apresentado ao leitor, 

de forma a dar ao infeliz assinante uma mínima chance de acreditar naquilo que está 
escrito. Nada. Nem uma fotocópia do cabeçalho do inquérito da Polícia Federal. 

O autor do texto, então, deve ter lançado mão de duas opções, ambas temerárias no 

ofício do jornalismo:

1) Teve a orelha emprenhada por uma fonte da PF – agente ou delegado – e decidiu publicar 

a matéria mesmo sem ter nenhuma prova de nada. Dada as circunstâncias da Veja e a 
maneira como seus repórteres ascendem dentro da revista, esse tipo de irresponsabilidade 
tanto é admirado quanto estimulado;

2) Inventou tudo, baseado em deduções, informações fragmentadas, desejos, ilusões e 

ordens do patrão.

No texto, uma longa e entediante sucessão de clichês morais, descobre-se lá pelas 

tantas que os depoimentos estão sendo gravados em vídeo e criptografados, para, assim, 
se evitar vazamentos.

Logo, é bem capaz que Veja, outra vez, faça esse tipo de denúncia sem que precise – nem 

se sinta pressionada a – jamais provar o que publicou. Exatamente como o grampo sem 
áudio entre o ministro Gilmar Mendes e o ex-mosqueteiro da ética Demóstenes Torres.

Novamente, o Frank​en​stein jornalístico montado pela Veja visa, única e exclusivamente, 

atingir o PT às vésperas das eleições, a tal “bala de prata” que, desde as eleições de 2002, 
acaba sempre saindo pela culatra da velha e rabugenta mídia brasileira. 

O esqueminha de repercussão, aliás, continua o mesmo: sai na Veja, escorre para o Jornal 

Nacional e segue pela rede de esgoto dos jornalões diretamente para as penas alugadas de 
uma triste tropa de colunistas. 

Embrulhado o pacote, os suspeitos de sempre da oposição se revezam em manifestações 

indignadas e em pedidos de CPI. 

Uma ópera bufa que se repete como um disco arranhado.

Mas é o que restou à combalida Editora Abril, depois que a candidatura de Aécio Neves 

morreu junto com Eduardo Campos naquele trágico desastre de avião.

http://www.conversaafiada.com.br/pig/2014/09/07/a-veja-para-iniciantes-so-ze-nao-sabia/

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