247 - Acredite se quiser. Era este o título de uma notícia publicada por Reinaldo Azevedo, o blogueiro neocon de Veja, sobre as ciclovias em São Paulo: "Já que a porrada não funcionou, Haddad, o maníaco, agora quer a Bolsa Bicicleta: dar desconto de IPTU a quem incentivar o que os idiotas chamam de "bike". E ainda faltam 833 dias para a gente se livrar dele..." (leia aqui).
Somente uma mente doentia, de um maníaco, conseguiria encaixar tantas agressões num único título. De uma só tacada, Reinaldo chamou Haddad de maníaco, os paulistanos de idiotas (afinal, quase todo mundo usa a palavra bike) e ainda iniciou uma
contagem regressiva para a saída de um prefeito legitimamente
eleito.
No entanto, os dias que se seguiram ao post de Reinaldo foram
cruéis para o neocon da Marginal Pinheiros. Na quinta-feira, uma
pesquisa Ibope revelou que 88% dos paulistanos são favoráveis às
ciclovias que estão sendo implantadas em São Paulo, numa batalha
entre a metrópole que tenta se civilizar e a barbárie do automóvel.
No sábado, uma pesquisa Datafolha revelou que cresceu a aprovação
ao prefeito Haddad. O motivo: justamente as políticas de mobilidade
urbana, que privilegiam o transporte público e meios alternativos,
como as bicicletas.
Também no fim de semana, até a revista Veja, que abriga o blog do
"maníaco" Reinaldo, elogiou a política de ciclovias e comparou a
situação de Haddad à do ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa,
que se tornou um dos maiores especialistas do mundo em mobilidade
urbana.
Peñalosa implantou BRTs, ciclovias e estimulou o transporte urbano.
No início de seu mandato, enfrentou a fúria insana de seus opositores,
que o acusavam de provocar o caos na capital colombiana. No entanto,
terminou seu mandado com índices recordes de aprovação popular e
suas políticas começaram a ser copiadas mundo afora. Inclusive, em
São Paulo.
Derrotado e humilhado pelos resultados do Ibope e do Datafolha,
Reinaldo não recuou em suas posições minoritárias, elitistas e
ultrapassadas. Num novo post, publicado neste domingo, classificou
Haddad como "o Odorico Paraguassu da bike".
No entanto, a mente pervertida da Marginal Pinheiros deveria, agora,
comprar uma calculadora. Em vez de contar 833 dias para a saída de
Haddad, talvez seja o caso de acrescentar outros 1,461 dias – o
equivalente a mais quatro anos.
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